Primeiro Arco de Ume: Ato VII - Amigos e Família

As palavras carinhosas de Massi me fizeram sorrir, para ajudá-lo a segurar as lagrimas eu bagunçava de leve seus cabelos castanhos e macios, a oferta não era feita como uma obrigação, mas pelo mais simples gesto de amizade e companheirismo. Ambos eram meus primos e companheiros de ciclo, algo que não mudaria com o tempo.

“Espero que isso ajude os dois, eles precisam de seu próprio espaço e eu entendo isso.”

A chegada na casa de minha tia não demorou, vê-la a entrada me deixou preocupada aquilo não era comum e a ideia de Lucy nervosa me passou rapidamente a mente, as palavras de minha tia confirmavam o meu medo, mas as reações de Massi me superavam em muito.

O toque em meu ombro me fez sorrir, Belladona demonstrava mais e mais gostar de Massi, um bom sinal principalmente vindo de minha.

– Não se preocupe, nós vamos cuidar da Lucy e eu não vou esforçar meus pulmões. Obrigada por cuidar dela tia.

Beijando de leve a mão de Belladona eu apressava meu passo na direção de Lucy e Massi.

Massi corria na frente em um ritmo que você não conseguiria acompanhar nem se seus pulmões funcionassem perfeitamente, essa diferença de velocidade era até bem vinda para a ocasião, afinal você não tinha que se forçar a alguma dor já sabendo que Massi acudiria Lucy em poucos instantes. No segundo andar, você logo seguia Massi até vê-lo adentrar o banheiro, para fazer a mesma movimentação instantes depois e encontrar a pequena Lucy vestida com um roupão, sentada no chão e com as mãos na face em uma posição de muita vergonha. Massi estava sentando-se ao lado da irmã, tocando o joelho dela com carinho e dizendo:

-Lucy, tá tudo bem... Não foi nada de mais e já estamos aqui, trouxemos até seu desodorante.

A jovem resmungava em um tom choroso:

-Eu não sou assim, isso é tão vergonhoso! O que a Ume vai pensar de mim? Logo todos vão falar que eu sou uma má influência! E se eu não puder ir mais à casa dela e perder a chance de tutoria de Othello? Porque eu não consigo pensar nas consequenciais das coisas?!

Massi fazia um sinal para você se aproximar da jovem que ainda estava com os cabelos molhados, claramente pedindo que você pudesse dizer algo para acalmá-la:

-Ela está aqui Lucy, não somos só nós dois. Agora em diante, somos nós três... Né Ume?

Ver a velocidade de Massi me deixou surpresa, durante minha vida eu nunca fora a mais rápida, mas a preocupação parecia dar assas ao meu primo, algo que me fez sorrir pelo carinho que ele tinha por Lucy.

Subindo as escadas com a maior rapidez possível, não demorou para que eu chegasse ao banheiro, se Lucy era pequena, ali sentada no chão e enrolada no roupão minha Senpai parecia menor ainda.

“Quantas coisas são sustentadas por seus ombros Lucy?”

Ouvindo os lamentos de Lucy eu me sento ao seu lado abraçando-a com carinho, as palavras de Massi me fazem concordar com o mesmo, eu não os abandonaria numa hora dessas, não quando o que eu mais quero é ajuda-los.

– Hei, meu pai adorou vocês dois! Sério nunca vi ele mandar tanto em alguém em tão pouco tempo como ele fez com o Massi, garanto que ele vai adorar ter vocês sempre que possível lá em casa, ainda mais quando ele descobrir que você quer aprender com ele!

Colocando com delicadeza o cabelo molhado de Lucy atrás de sua orelha, eu beijava com carinho sua fronte comentando com leveza.

– Vamos, fui eu que escolhi a roupa e espero mesmo que você goste!

Lucy olhava na sua direção com vergonha, mas sorrindo por ouvir tudo que você tinha para dizer.

-Desculpe Ume, sabe eu são sou tão sensível assim. Mas é a segunda vez hoje que você me vê cair em um dos meu erros e falhas, não sei se isso é bom ou ruim, mas espero que você não deixe de me considerar por isso. As vezes faltam forças e normalmente é nesses momentos que eu tenho o Massi... É bem confortável saber que você também veio aqui sabe?!

Dizia a jovem que prontamente aceitava a sua ajuda. Massi observava tudo com bastante atenção, o amor dele pela irmã era algo fortíssimo e você notava isso com clareza. Ela então ficava de pé e sorridente pegava a mochila para ver as roupas, tirando a jaqueta e cheirando-a com um sorriso alegre.

-Adorei!

Massi então silenciosamente indicava o bolso da mochila onde estava posto o desodorante, enquanto Lucy iniciava a ação de vestir-se, uma ação intima que parecia muito normal para a jovem fazer em frente ao próprio irmão que também reagia sem nenhuma vergonha.

As primeiras reações envergonhadas de minha prima apenas me fizeram abraça-la com mais carinho ainda, ouvindo suas palavras eu sorria ao com carinho ao responde-la.

– Na minha cultura, os mais belos vasos já se quebraram uma vez, são seus remendos que o embelezam e que os transformam em algo especial. Eu juro que isso não afetou em nada o modo como a vejo, pelo contrario, me revelou que você assim como eu tem remendos, isso só nos deixa mais bonitas Lucy.

Com carinho eu bagunçava os cabelos ainda molhados de Lucy antes de beijar novamente sua fronte, os olhos de Massi demonstravam todo o amor que ele sentia pela irma e isso me deixava feliz, porque eu os amava a meu modo tímido, mas os amava.

“ Espero que ela entenda que eu me preocupo, não seria isso que me afastaria deles.”

Ainda sentada no chão eu fico feliz por ter acertado a roupa, seguindo as indicações de Massi eu abria o compartimento da mochila para retirar o desodorante e entregar a Lucy. O simples ato de se vestir em minha frente me fez sorrir, aquilo já soava natural entre os dois então eu não sentia vergonha, não quando Lucy não o sentia.

– Aqui, Massi disse que você gosta de passar.

Massi ouvia as suas palavras com atenção, enquanto Lucy não deixava de sorrir para elas. Esse sorriso crescia no exato momento em que você apontava a presença do desodorante, a jovem chegava até mesmo a suspirar e murmurar "obrigada". Para então pegar o frasco e aplicar nas axilas, ela era uma inteligentíssima Tremere e certamente sabia que isso não faria nenhuma diferença, todavia, como Abrielle lhe disse uma vez: "Pequenas rotinas humanas nos ajudam a compreender a vida que ainda reside em nós". E era essa a pequena rotina da sua amiga e prima e ela claramente adorava a sensação que o desodorante trazia, assim ela enfim terminava de se aprontar e abria um sorriso mais tímido na face:

-Bem, acho que a sua primeira visita a cidade vai ser inesquecível né Ume?! Teve diversão, drama, de um tudo um pouquinho! E obrigada, de verdade, obrigada!

A pequena italiana dizia bem mais alegre e confortável com a situação, para se aproximar de ti e esticar a mão convidando-a a se levantar para lhe abraçar em seguida.

-Bem, acho que temos que te levar em casa né Ume?! Melhor irmos antes que eu bata o horário que prometi a teu Pai!

Ver Lucy se vestir e como os pequenos hábitos mortais nos acompanhavam me fez sorrir, eram hábitos que nos acompanhavam e moldavam uma vida nova, muito embora eles já não fossem necessários.

“Abrielle tinha razão, não faz mal carregarmos velhos hábitos, ainda mais quando eles nos são benéficos.”

Finalmente vestida e melhor eu sorria com carinho para as palavras de Lucy, aceitando a ajuda para me levantar eu a abraçava com suavidade.

– Não se preocupe, a noite foi incrível, eu juro! Agora eu estou aqui para cuidar de vocês, da mesma forma que vocês vão cuidar de mim, então é bom você ficar bem Lucy Senpai!

Ouvindo as palavras de Massi eu concordava com ele, eu tinha que retornar para casa e continuar meus estudos, mas aquela noite ficaria marcada em minha vida, tomando a mão de Lucy eu sorria ao comentar de maneira breve.

– Você está certo Massi, ele vai ficar preocupado se nos atrasarmos.

Lucy adorava as suas palavras, sem mais conter a própria felicidade a jovem ficava na ponta dos pés para lhe dar um beijo carinhoso na face e então, a mesma pegava a sua mão e a conduzia para a saída do banheiro. Massi prontamente se adiantava para abrir a porta para você e dizer bem brincalhão:

-Senhoritas...

Ele imitava um mordomo e Lucy não resistia em rir do rapaz. Assim vocês saiam no corredor e logo ali, encostada na parede estava a figura alta e sempre bonita de Belladonna, sua tia certamente estava preocupada com a situação de Lucy. Mas ver a jovem sorrindo já a deixou bem a vontade e tranquila.

-Fico feliz que esteja tudo bem queridos! Bem, eu estou de saída agora está bem? Mas quero que vocês saibam, essa casa é aberta a vocês três sempre que quiserem! E se desejarem ficar por aqui ainda hoje, sintam-se a vontade!

Lucy balançava a cabeça positivamente e dizia:

-Obrigada Belladonna! De verdade, obrigada.

Sua tia se aproximava para tocar gentilmente na face de Lucy, posteriormente beijar o seu rosto e abraçar-lhe em um sinal de até logo e finalmente, ir até Massi e tocar na face do rapaz com carinho e bagunçar os cabelos dele.

-Cuide delas Massi...

O rapaz exibia confiança ao responder:

-Sempre! Vá em segurança Belladonna.

O beijo de Lucy em minha face me fez rir feliz, eu não podia conter tal felicidade ou extravasa-la de outra forma, mas era claro que ali com os dois eu não precisa ter vergonha ou medo, cuidaríamos um do outro sem problemas nenhum.

Deixando que Lucy me guiasse para fora do banheiro eu sorria com carinho ao ver Massi abrir a porta como um mordomo, aproveitando ao passar eu bagunçava os cabelos de meu primo apenas para rir um pouco deste.

"Lucy é incrível, tem uma recuperação muito rápida, mas suas recaídas são constantes. Talvez o foco pudesse ajuda-la, talvez!"

Encontrar minha tia a nos esperar me fez sorrir, era clara a preocupação da mesma, mas suas palavras e sorriso deixavam a mostra que ela estava feliz pela situação estar controlada. No abraço eu tomo a iniciativa de lhe beijar a face respondendo de maneira gentil ao convite.

- Massi prometeu que me levaria de volta, mas em uma outra noite iremos aceitar sim tia.

O carinho de Belladona com Massi me deixou feliz, o rapaz havia conquistado a confiança de minha tia e de meu pai na mesma noite, um feito e tanto.

Belladonna fazia um gentil carinho na sua face para então caminhar com vocês três até a saída da casa, deixando-os então seguir até o carro. Lucy era agora a que assumia a direção, o rapaz ia naturalmente para o banco de trás, sentando-se de uma maneira bem confortável.

-Então, vamos pra casa da Ume e do Othello né?!

Massi logo respondia alegre:

-Vamos sim! Afinal, eu fiz a promessa pro seu Pai Ume! Ah, ele me pediu também para me certificar que você não corresse por causa da sua respiração, é tão legal como ele se preocupa. Alias, nem comentei né, mas ele me disse que eu consigo aprender magia!

Ele comentava bem alegre, Lucy adorava a notícia e começava a dirigir o carro.

-É por isso que eu acho ele tão brilhante, ele consegue ver o mundo de uma maneira especial, além de ser um feiticeiro poderoso! É incrível, tenho a impressão de que a mente dele funciona numa velocidade sobrenatural! Deve ser fantástico conseguir manter uma comunicação mental com ele.

O veículo ia se movimentando pelas ruas da cidade, na direção da sua casa. Era uma viagem curta e marcada por uma conversa bem divertida e amigável, até que a sua casa enfim aparecia logo a frente e você notava ali o carro de Abrielle estacionado na entrada do local.

[Off: Ultimo post para o final do post]

A breve despedida de minha tia me deixou feliz e de certa forma animada, Lucy e Massi haviam conseguido uma boa primeira impressão e isso seria bom para nosso convívio, afinal minha família cianita era unida, a sua maneira e com a estranha exceção de Paco, mas unida.

- Sim, chegar no horário vai deixar meu pai muito feliz.

Comentava de maneira de maneira suave, por mais que eu quisesse ficar mais tempo com meus primos, era importante continuar com meus estudos, ainda mais quando meu pai queria avança-los.

As palavras de Lucy me fizeram sorrir, a mente de meu pai e sensei trabalhava de maneira magnifica, ao contrário de suas falas ou atos quando muito nervoso, talvez com um pouco de sorte pudêssemos interagir com Othello pelas vinhas com certa frequência.

"Ele tem que se focar nos exames de mudança de Ciclo, mas depois disso talvez seja possível. Tomara"

Virando-me no banco para olhar para Massi eu sorria com carinho ao falar com ele.

- Mas é claro que você pode, você só precisa aprender de outra maneira, só precisamos achar a maneira certa. E sim Lucy, a mente dele é magnifica, mas as pessoas o julgam pela fala, um erro bem comum eu diria.

A chegada a minha casa me deixou surpresa, o carro de Abrielle indicava que ela estava visitando meu pai, algo um pouco inesperado por mim.

- Abrielle Sama está nos visitando. Seria bom apresenta-los a ela! Alias Lucy, o truque que eu usei para me acalmar, talvez seja bom para lhe ajudar, isso caso você não tenho o Massi ou eu por perto.