Nascida em Berlim. Dinâmica, a cidade oferece diversas atrações, excelentes opções gastronômicas e uma vibrante vida noturna.
Filha única de uma família de classe média alta a jovem teve uma infância normal para os padrões sociais, nunca foi do tipo problemática para com seus pais. Tímida a seu modo a mesma sempre se manteve afastada de multidões e se expondo apenas o necessário para manter uma vida social saudável.
Com uma personalidade frágil e uma humanidade alta demais a mesma é adepta aos direitos humanos e dos animais, sentindo-se desconfortável com fotos, vídeos e textos sobre qualquer tipo de crueldade direcionada a qualquer ser vivo.
Isso ocorreu devido a educação que sua mãe lhe deu e juntamente com a convivência com a mesma que era voluntaria em diversas ONGs não governamentais. Gabrielle sempre foi levada a lugares distantes onde a igualdade social era um abismo de diferenças, fome, miséria, guerras e descaso com o próximo era sempre relatado e visto pela desde muito pequena.
Foi assim que ela adquiriu sua grande empatia para com as pessoas, nunca subjugando os demais a sua volta, sendo solidária tanto em pequeno como em grandes atos. O que fazia seu pai questionar sua mãe se criar uma criança assim era o certo a se fazer já que tanta bondade assim poderia deixa-la “frágil”.
Aos 14 anos por opção de seu pai um advogado de personalidade forte, mas amoroso com ela, lhe fez adentrar para uma academia de box para ver se a mesma poderia se soltar mais em sua atitude, no começo a jovem relutava em lutar com outras pessoas, mas com o tempo demonstrou grande paixão pelo esporte...o que não acarretava em uma choradeira desfreada quando atingia ou nocauteava uma adversaria.
Essas cenas faziam com que seu pai ficasse extremamente envergonhado e sempre a consolasse dizendo que aquilo não era uma briga e sim uma luta e que isso tinha uma grande diferença, que ela não estava fazendo mal ou muito menos ferindo alguém por gostar e sim por quê aquilo era necessário e ambas aceitavam os termos.
Um homem educado e feroz em seus casos, por vezes seu pai lhe levava para ver seus julgamentos e como ele agia na ambição de ver se a menina demonstrava alguma firmeza em suas ações, só que as ações dela sempre eram de olhos arregalados e depois falando como seu pai era tão determinado e sempre demonstrava tantas provas e convicção para todos de que seu cliente era inocente.
Sua Mãe lhe apoiava nessa atividade, ainda sim preferindo as aulas de etiqueta, dança e línguas que sua filha fazia. Com essa agenda Pringsheim até seus 17 anos não tinha muito tempo para pensar em namorados ou sair muito de seu mundo rotineiro, lhe fazendo ser inocente com cortejos e investidas de outros homens.
O que era uma alegria para seus pais, só que ela tinha desejos e sempre os guardava para si não achando necessário realiza-los naquele momento.
Já com seus 18 anos de idade, ela fazia agora jiu jitsu e vinculava a faculdade de veterinária, aprovada aos aplausos por sua mãe e com um certo descontentamento de seu pai que a queria ver ao seu lado como uma grande advogada. Gabrielle desejava ajudar o mundo e continuava firme em ajudar sua mãe e muito mais em ajudar aqueles que precisavam de algo.
No fundo ela mantinha a incerteza em seu peito de que estaria fazendo a coisa certa, apenas com dinheiro, obras, criação de hortas e poços ela sempre guardava em seu peito de que faltava algo entender melhor e agir muito melhor ainda.
Com 24 anos ela havia se formado e seu pai lhe deu uma clínica de presente, entre esse meio tempo a mesma encontrou e cedeu as tentativas de John que era seu colega de classe e ambos engataram em um namoro.
A vida estava perfeita, mas em uma certa noite ao voltar para casa mais cedo, se deparou com o homem que achava que seria seu único amor deitado com outra mulher, tomada pela raiva e com um coração partido, algo ali dentro explodiu, quebrou e pareceu muito mais doloroso que tudo que ela já havia visto e vivenciado com anos. Tomada pela raiva de ser traída Gabrielle quebrou o braço da moça e quebrou o nariz de seu namorado sendo imobilizada pelos vizinhos que ao ouvir os berros adentraram na casa e a acalmaram.
Ela lembra até hoje de seu olhar, tão vazio e irritado, com as manchas de sangue em sua roupa, seu ex-namorado agora com o nariz a jorrar sangue e sua amante aos choros segurando o braço.
Após esse acontecimento a mesma voltou para a casa dos pais, se sentindo completamente desamparada a mulher descontava sua raiva do mundo nos treinos e ringue. A fazendo criar uma válvula de escape, mas isso não a vez ser mais cruel, pelo contrário, se sentia cada vez mais emocionalmente abalada quando machucava alguém. Se lembrava da cena que criou a uns meses atrás, sangue, gritos e choros, ferimentos abertos e lagrimas. Isso a deixava realmente sensível quando lutava.
O que lhe causava um medo ainda maior em suas viagens como voluntaria, tinha medo de descontar em alguém que já estava com problemas de mais para entender os delas e que ela era um ponto de esperança para alguém.
Aos seus 26 anos parecia ter superado os malefícios causados pelo seu relacionamento desastroso e ter voltado ao normal. Engatou alguns romances, mas nada concretizado devido a sua insegurança e desconfiança com seus parceiros.
Esses que a achavam muito apegada e desconfiados da preocupação dela pensando que ela era uma possessiva, o que na verdade era apenas o reflexo da empatia dela em vê-los bem.
Aos 28 anos começava a fazer aulas de muay thai, uma luta mais pesada, o que a fez se negar em participar de lutas, pois o simples fato de pensar em machucar alguém a fazia se sentir tonta com aqueles golpes “mais violentos”.
Eram deslocamentos e fraturas, lutas que custariam semanas, meses e até anos de recuperação caso um golpe fosse mal aplicado ou se seu adversário se descuidasse um pouco.
Seu pai bem que tentou lhe incentivar para que ela o fizesse mas quando ela lhe explicou sua preocupação ele apenas sorriu e lhe beijou na testa falando que ela se preocupava mais com os outros do que com ela.
Na virada do ano 1992 em uma festa de fim de ano com seus colegas de trabalho em uma pub um pouco conhecida até na região, estavam todos felizes, era final de ano, todos estavam ansiosos para o novo ano que viria, expectativas, novas metas e experiências. Mas um de seus amigos saiu para fumar um cigarro e alguns minutos depois apenas uma gritaria podia ser ouvida do lado de fora, uma de suas amigas veio correndo e a puxou pelo braço para a saída da pub.
Lá estava seu amigo caído no chão gemendo de dor, um grupo de skinheads havia encrencado com ele pelo fato dele ser gay e lhe bateram até o deixa-lo naquele estado lastimável. Um dos membros teve a audácia de voltar para o local e tentar cuspir na cara do rapaz já debilitado no chão, mas Pringsheim o impediu, um debate caloroso se instalou novamente no local, até que o rapaz perdeu a cabeça e lhe deu um tapa na cara, naquele momento a mulher se virou para ele e lhe desferiu diversos golpes no rosto, mais membros foram chegando, durante alguns minutos uma violenta briga era gerada ali, Gabriele começava a defender seus amigos e derrubava um por um daquela gangue medíocre e odiosa, em sua cabeça ela apenas conseguia pensar em como alguém poderia fazer aquilo como uma pessoa que tinha apenas uma opção sexual diferente da deles. No fim já ofegante e com diversos hematomas pelo corpo a mesma deu uma pausa para respirar, todos estavam no chão agonizando de dor, ela olhava para todos já com um olhar triste, aquilo a fazia perder completamente a motivação para continuar ali, e foi quando ela ouviu os fogos de artifícios.
De certa forma era lindo, como um hino de vitória, mas que não tirava o pesar que sentia por machucar aquelas pessoas.
Ainda sim não conseguia entender o ódio deles, mesmo sendo algo cultural deles, uma educação distorcida e imatura. Mesmo com todo o ocorrido ela estava pensando no bem estar daquelas pessoas, queria ver se estavam bem e se poderiam levantar, não havia raiva dentro dela.
Frio e medo lhe tomou a espinha, ela sentia algo gelado lhe acertar pelas costas e perfurar seu pulmão, um skinhead lhe apunhalava pelas costas, mais gritos foram ouvidos quando o mesmo puxou uma arma e atirou para cima. Todos saiam correndo daquele lugar. Ela tentou se apoiar em algo próximo, mas seu corpo cambaleou para o lado a fazendo cair bruscamente no chão. Ali era frio, não conseguia ouvir nenhum som fora um coral de gatos de miavam de uma forma diferente...ela sorria enquanto fechava os olhos e tossia sangue, os animais que ela tanto amava agora choravam por ela.
Foi quando que uma sensação prazerosa lhe tomou o corpo, era como um delicioso orgasmo e ao mesmo tempo sentia a vida que agora lhe deixava o corpo. E dê repente como um soco certeiro no diafragma a mesma perdia completamente o ar ao abrir os olhos.
Após o abraço, minha senhora, optou por me levar para a Índia, na verdade ela fazia isso não por ela e sim para me ajudar a me ajudar a aceitar minha nova condição e um autoconhecimento sobre meus novos poderes.
O que ainda era muito difícil aceitar, ainda mais quando envolvia alimentação.
Um grande trauma se instaurou, me alimentar daquilo que um dia desejei e desejo ainda ajudar tanto a fazia depressiva e por anos ela e sua senhora lutaram contra tais pensamentos.
O que a fazia se sentir melhor era fugir algumas vezes para ajudar o pessoal que lá vivia, tudo visto por sua senhora de longe, auspícios ,presença e ofuscação, no final foi um aprendizado na pratica.
Agarrar com tanta força sua humanidade era uma luta constante e dolorosa.
Optando por transformar um rapaz que conheceu que estava fazendo intercambio por ser voluntario, um carniçal como sua senhora lhe explicou. Ele sofria de uma doença genética, seu corpo não produzia glóbulos brancos o suficiente, isso gerava diversas dificuldades para ele e incontáveis idas ao médico para realizar transfusões de sangue.
Conversando com ele ela podia sentir a esperança dele de tentar transformar sua fraqueza em força para ajudar os outros, que ele não sentia remorso por não estar vivendo em festas ou apenas vivendo, que desejava deixar uma marca antes de partir.
Se sentindo ruim com isso ainda sim Gabrielle o transformou em seu carniçal, de algum modo seu sangue salvou uma vida e está vida poderia ajudar muitas mais ainda.
20 de março de 2002, Berlim.
Aceitei de bom grado minha nova tutora recomendada diretamente por Katarina, eu já a tinha visto anteriormente no Elisio que algumas noites atrás eu estava, imponente e com um olhar determinado, como se nada pudesse ficar em seu caminho.
Está era e é a senhorita Viktoria Henriette Blucher, após uma ser apresentada para a outra fomos até minha casa, ela queria conhecer o lugar.
No caminho ela não disse nada e ficou apenas a me observar, eu conseguia sentir, eu pedi para Joseph que nós deixássemos a sós após explicar o que estava acontecendo. Ela me disse que Katarina lhe falou sobre mim, e disse que eu talvez tivesse alguma chance.
Eu absorvi seus ensinamentos nesses dois anos que se passaram e de alguma maneira eu mudei um pouco minha personalidade, não sou mais tão chorona assim, ainda sim cultivo minha humanidade com muito carinho, é o que ao meu ver me faz diferente dos demais cainitas que me rodeavam, conseguia ver e entender coisas que eles não compreendiam, emoções.
Por algumas vezes como ela me disse: “Abaixei a guarda criança!”, era assim que ela se referia a mim após conversamos ou até mesmo brincarmos uma com a outra, após esses acontecimentos que eram raros ela gostava de me levar a algum lugar com outros cainitas e ver como eu me portava. Que bom que podia ver um sorriso discreto em seu rosto em todas as ocasiões.
25 de outubro de 2004, Berlim.
Eu devo ser muito mais forte que isso e agir de acordo, mas quando temos que nos despedir mesmo que seja brevemente eu sinto como se meu peito ficasse pequeno demais e as lágrimas rolam de meus olhos sem controle. Foi assim que me despedi da senhorita Viktoria.
26 de outubro de 2004, Berlim.
Já havia chegado em San Gimignano, fui recebida por Marie di Medici, O Arauto. Seus olhos sempre demonstram uma confiança invejável, mas eu consigo ver mais, ela não chega a ser gentil como Katarina, porém, o respeito é cultivado por ambas.
Ela deixou claro sua posição e o que quer para o futuro da cidade, eu ouvi por diversas vezes isso e sinto que ouvirei ainda mais, me acolheu por um tempo e me instruiu na história da cidade, ocorridos e sempre me mantinha informada com novas notícias, acho que já estou mais envolvida nisso do que imagino.
Com o passar dos anos eu apenas colhi discretamente informações e criei minhas anotações sobre a cidade, as famílias, seus membros e como são.
Essa cidade tem histórias tristes, parece que ela está fadada a regredir quando alcança um bom status estatal aceitável para o crescimento financeiro e população.
Por mais que aparecesse ao lado de Marie em algumas ocasiões eu vivia mais reclusa, não por timidez e sim para não causar conflitos ou fazer com que julgassem que estava indo de encontro com as famílias.
Comecei com os neófitos, aproximação lenta e calma, em ambas conversas eu optava por lançar perguntas despretensiosas sobre um assuntos da cidade e suas respostas me faziam compreender algumas coisas, devo dizer que nesse processo eu tenha aprendido com a experiência de terceiros.
Um processo demorado, afinal, não ia de encontro diretamente, esperava convites de eventos para isso, mesmo assim me tornei uma frequentadora constante do Elísio quando tinha a sorte de encontrar um deles eu agia da mesma maneira de interagir com o mesmo.
Devo acrescentar que essas famílias devem se conter, pois a violência e irracionalidade lhes tomam quando se encontram. Não odeio nenhuma família, mas acho que todas agem de maneira arcaica e primitiva, todas têm suas belas e trágicas história, mas fazer uma cidade sangrar novamente para adquirir controle por mais terras ou poder absoluto é inaceitável.
Muitos ali se consideram reis por direito, mas um rei não deve se sentir confortável em seu trono.