Richard jamais havia enfrentado um inimigo tão poderoso, já havia estado na presença de alguns, mas não a este ponto de ter sua própria vontade esmagada com tanta facilidade. Mithras, era um poço de poder infinito, o cavaleiro apresentou-se ao mesmo em Londres quando caçava o antigo Justicar Tremere renegado, o matusalém lhe questionou muitas coisas devido a sua origem, a simples presença do mesmo já amedrontava a Besta do Ventrue.
Kemintiri, um monstro de origem Egipcia, tão velha quando o próprio Mithras, e de poder igual senão superior. Tudo que restava a Richard era balbuciar suas palavras desconexas e aguardar a morte iminente. Não conseguia erguer sua espada, não consegue levantar-se, as lágrimas rubras corriam sua face de horror e desespero. Ele era um simples cordeiro, aguardando o abate pelo lobo feroz que espreitava sua já enfraquecida mente.
Tentou levantar-se, mas suas pernas não se moviam, tentou pegar a sua grandiosa espada, mas seus braços não obedeciam, tentava avisar Wilhelm do perigo a sua frente, mas não conseguia falar. Os séculos de vida passavam aos seus olhos, desde o inicio quando foi escolhido como herdeiro de sangue do falso Hardestadt, quando defendeu por obrigação este mesmo cainita que o abraçou, quando foi oferecido como uma ferramenta para caçar tais Membros da Lista Vermelha aos Justicares, quando encontrou Lucinde e ela lhe contou sobre como essa seria uma caçada lendária, quando conheceu Natasha e não a liquidou porque lembrava sua esposa. Tudo era dor.
As faces dos muitos inimigos mortos durante a vida e a não-vida agora lhe passavam diantes dos próprios olhos, como um redemoinho de expressões de agonia, mortos e vivos. Sarracenos, Setitas, Carniçais e também rebanhos. Todos mortos pela mesma espada, pela mesma pessoa, pelo mesmo vampiro.
Após mais de oito séculos, o ancião Ventrue aguardava o seu final, sua Besta acuada pelo monstro interior da Seguidora de Set pouco lhe servia, nem mesmo em frenesi ele havia entrado, nada ele podia fazer diante daquele poder. Sentiu seu corpo pender para um dos lados e caiu sobre o asfalto frio da rua, sob as luzes dos postes que iluminavam aquele bairro pobre, ele se manteve estático no chão, suas lágrimas de sangue escorriam pela sua face e tocavam o solo.
Era uma agonia interminável.