Aibellee Lenoxx - Ato III: Headless Horseman

Seu pulmão se enchia de um ar frio e gélido. Era um sensação de vida muito conturbadora. Seu pé descalço tocava em um chão de terra úmido. O vento gélido corria por sua face inteira. Um calafrio percorria por todo o seu corpo desnudo. Nenhuma peça de roupa estava presente. Por exceção de dois instrumentos. Em sua mão direita estava sua adaga ritualística e na esquerda estava um arco de madeira clara, quase branca. O mesmo parecia ter sido esculpido por um grande artesão. Mas seu tato demonstrava que se o mesmo fosse mal empunhado, este lhe cortaria com farpas. Ambas as armas pareciam ser as únicas fontes de calor naquele lugar frio.

Vila:

O som ecoante de um corvo pôde ser ouvido por entre uma árvore seca. Estava uma noite nebulosa e parecia ser no outono. As folhas secas se acumulavam no chão enquanto outras voavam com a brisa. Já na sua frente se mostrava haver uma vila, parecia ser do período colonial. As casas da mesma pareciam estar decoradas para o evento cultural do outono com abóboras de iluminarias. Mas nenhuma alma viva parecia ser vista naquele lugarejo. Apenas o som do vento atravessando a madeira dos casebres. E neste momento que foi possível ouvir o relinchar de um cavalo à distância.

O ar invadindo os pulmões de Aibellee fizeram com que a negra tremesse, não só pela sensação viva esquecida, mas pelo frio que a circundava.

Seus olhos castanhos vasculharam a sua volta, sem roupas e descalça a negra se sentiu desprotegida, porem o calor... O Calor que emanava do arco de madeira branca, da adaga viva que a acompanhava desde seus tempos mortais, aquilo era um sinal de força, mesmo que não compreendesse por completo Aibellee sentiu que aquilo era um bom sinal.Uma pequena fonte de esperança em meio ao desconhecido.

" Agué... O guerreiro se mostra astuto... Seremos nós então mais do que ele?!"

O som do relincho chamou a atenção da negra, os olhos desta se depositarem na vila. As folhas de outono e o vazio de suas ruas, aquele mundo irreal, fizeram com que a cainita sentisse seu corpo retesar, forçando os movimentos Aibellee começou a andar em direção da vila, a mão que segurava Maneter se preparava para colocar o cabo da mesma entre seus dentes, já a mão do arco permanecia tencionada.

Todo o corpo da negra procurava por sinais do guerreiro, as lendas das negras africanas que doavam seu corpo a Agué deveria mais uma vez ser realizada, o caçador havia protegido sua Aguenisa e agora esta deveria se mostrar apta para a caça.

Era possível ver no chão de barro pegadas profundas. A maioria descalças, todas iam para as portes fechadas da vila. As janelas das casas estavam pregadas de madeira. Como se o lugar estivesse todo abandonado, não havia nenhum sinal de iluminação vindo de lá. Apenas das luminárias de abóbora pela rua. Fora as casas haviam arvores secas de grande porte ao redor da rua. Suas raízes eram enormes, podendo caber uma pessoa inteira por debaixo das mesmas. Outra marca chamativa no chão era o de casco de cavalo.

Havia um cemitério abandonado para o musgo na entrada do vilarejo. Algumas covas pareciam recém abertas. Era lápides antigas com uma língua indecifrável. A graças à erosão e o tempo ajudaram a deixar esse canteiro de descanso para os mortos mais abandonado possível, algo totalmente destinto do que você estava acostumada em ver em Nova Orleans.

Mas foi o som de trope do animal que ativou seus instintos. O mesmo estava vindo pela frente da vila, do outro lado da floresta negra. Talvez chegasse em você em menos de um minuto. Afinal o som era bastante forte, sugerindo uma alta velocidade da criatura. Antes de qualquer outra reação, seu olfato trabalhou junto de sua visão para perceber marcas de sangue indo até as portas das casas. Principalmente nas maçanetas das mesmas. Era vitimas do grande caçador local.

Em meio ao desconhecido Aibellee respirava fundo, mesmo que aquele ato não lhe pertencente mais a cainita o fazia. Era de impressões e pequenos detalhes que um caçador usava para a sua sobrevivência e mais do que nunca Aibellee se apegava a eles.

As casas marcadas pelo sangue, os pés descalços que marcavam o caminho e a entrada das moradias, as folhas mortas pelo caminho, tudo passa pelos olhos da negra com rapidez. Mas foi o som dos cascos que a alertaram.

Usando a empunhadura da agada para segurar a arma entre os dentes a cainita procurou um local onde pudesse se esconder, sair da rua principal, com o arco em riste Aibellee puxou a corda tensionando a arma enquanto se preparava para mirar.

Eram apenas três flechas que estavam em sua mão junto de seu arco. Seu instinto deixava claro a necessidade de precisão de pontaria. A adaga segurada em sua boca deixou sua mente mais compenetrada em sua arma de ataque a distância. Era necessário um ataque surpresa e logo você se posicionou atrás de um arbusto. Só que você conseguia notar que o mesmo não aparentava provir de uma boa cobertura. As folhas secas deixavam vários espaços expostos. Não lhe serviria como esconderijo descente.

Ao seu redor não havia escolhas muito melhores. As árvores não eram grossas o suficiente para lhe esconder atrás e não havia nenhum obstáculo chamativo na vila. Apenas a colina atrás de você lhe provia de alguma rota de fuga. Entretanto fugir seria o mesmo que determinar quem era o caçador e quem era o caçado. Essa determinação iria até o fim, e no fim a presa é sempre abatida. Sua espinha trepidava quando o som de casco ficou mais claro junto com a iluminação avermelhada que vinha do outro lado da vila. Ele estava chegando.

A luz amarela com riscos vermelhos cobria o foco de seu olhar. Por entre as chamas se encontrava o vazio que era a cabeça do cavaleiro. O mesmo vinha à galopes rápidos deixando uma mancha de sombras para trás e ao seu redor. Essa mancha negra se misturava com as chamas advindas de seu pescoço. Fazendo uma miscelânea de fogo e trevas. O poder do medo era forte. Era o elemento do espectro. Ele era feito daquilo. E emanava em sua direção aquele poder nefasto. Seu corpo trepidava ao sentir sua alma ser atacada pela visão daquelas chamas embrenhadas em trevas. Sua presença esmaecia seu espírito. Mas suas mãos permaneciam rígidas no arco. Apenas incapazes de soltar a flecha.

Teste Prolongado de Coragem 5 sucessos, dif 8

Aibellee sentiu o medo lhe tomar a mente o alvo arco em suas mãos trepidaram enquanto a tensão era mantida com muito custo, até mesmo o calor emanado das armas pareceu lhe faltar.

A imagem de fogo e trevas do cavaleiro despertavam temores na cainita, em seu mundo a sensação de estar viva era assustadora, a delicadeza da vida assim o era. Porem foi o relinchar do cavalo que chamou a mente da cainita de volta, seus olhos miraram a grande montaria, tão assustadora quanto seu senhor, porem mais selvagem e livre.

Segurando o arco com mais força Aibellee mirou no peito do cavaleiro, aquela arma já havia experimentado o sangue do guerreiro e não lhe falharia, a negra mais do que nunca não podia falhar, sua existência dependia daquele embate, e mesmo estando fora dos domínios de Agué ainda era uma Aguenisa e uma filha do caçador.

Teste de Destreza + Armas Brancas = 5d10 + 1FV

Uma flecha certeira voou contra o vento gélido daquele lugar sombrio e deturpado. O alvo foi preciso, entretanto a emenda foi melhor que o soneto. Entre os olhos da besta demoníaca que se aproximava a flecha se fincou. Os olhos vermelhos de criatura se apagaram para arder o corpo inteiro em chamas. O cavaleiro foi totalmente consumido por aquelas labaredas negras desaparecendo dentro das mesmas. O fogo foi forte e intenso. Você sentia seu corpo ainda trepidar da emoção de soltar tal disparo contra tal entidade. Era como se sua compenetração com o combate tivesse matado seu medo com as chamas.

Entretanto aquele ser era algo além de seu conhecimento. O mesmo caminhou para fora das chamas. Sua armadura ainda pegava fogo na medida que ele se aproximava a curtas passadas. Sua cabeça estava totalmente exposta pelo semblante negro de uma labareda. Seu machado ardia pelo fogo negro. E com o movimento de levantar a arma, o mesmo concentrou seu poder na ponta desta. Era uma energia negra em formas de labaredas. A qual sem hesitar por nenhum instante, a criatura em volta no fogo negro, lançou contra você. Uma pura rajada de chamas do abismo.

A energia de pura entropia se direcionou rachando a terra na direção de você, a Agenista. Sua mente não se trepidou ou pediu por fuga. Era o momento que o caçador se tornava um guerreiro. De pulso firme e sem hesitar suas mãos se posicionaram para se defender do bote negro do inimigo. Com sua lamina em lateral, o impacto foi repelido. Seu espírito conteve a energia dos mortos e conseguiu o redirecionar. Quase como uma explosão de fogo negro, a energia do reino dos mortos se voltou contra seu invocador. Ao qual teve sua armadura em chamas e então decidiu largar seu machado negro no chão.

Mas o guerreiro era poderoso demais. Afinal todo aquele mundo ao redor de vocês era apenas parte do poder deste. Mas o mundo estava ferido. As casas e as árvores queimavam em fogo negro na medida que o cavaleiro se preparava para o contra-ataque. E estou foi tão rápido quanto sua maestria. Levando suas mãos para as costas e tirando de lá duas foices de ébano. O mesmo partiu em um pulo para sua frente fazendo um corte horizontal acompanhado de um vertical.

A defesa pesou sobre os ombros de Aibellee, o mundo a sua volta parecia chorar e queimar, um grito de guerra ecoou pela garganta da negra ao avançar de encontro ao cavaleiro.

Eram amazona e guerreiro disputando ali e Aibellee ainda tinha o peso de Agué sobre seus ombros, com ele a cainita não ousaria falhar, usando a adaga para bloquear o primeiro ataque.

Colocando o arco para longe das laminas a cainita esperou pelo corte em sua carne, o sacrificio seria usado para segurar a arma e atacar no primeiro instante.

Off: Teste de Aparar, 3d Destreza + 3d Adaga Cerimonial + 4d Spiritus = 10d10

A foice entrou por detrás de seu umbro. Cortando sua carne e expondo mais sangue que normalmente havia em seu ombro. Afinal, na condição de cainita o sangue se concentrava em seu tórax, mas naquele plano ilusório era quase claro que você estava mais viva do que nunca antes. A outra foice foi aparada perfeitamente por sua adaga. Sua lâmina cerimonialista possui um vazado logo no meio dela, o qual foi por este que a foice entrou, para então ser bloqueada e jogada para longe das mãos do cavaleiro.

A dor em seu ombro fazia suas pernas trepidarem, seu arco já estava engajado e para ser mirado naquela criatura mais uma vez. A pressão das cordas fazia seu corpo enfraquecer lentamente. Mas sua concentração lhe deixava de pé para aquela ação. Se a flecha falhasse era claro que o próximo movimento do cavaleiro seria recolher sua foice por de trás de sua noca. Assim cortando seu pescoço.

Teste de Vigor
Teste de Consciência
Teste de Destreza + Armas Brancas, dif7