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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet

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Danto
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MensagemAssunto: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime11/11/2019, 15:39


Castelo de If:
Data: 10 de Maio de 1550
Local: Castelo de If

Você era conduzido pelo braço firme da misteriosa e baixa mulher de vestes verdes e cabelos negros que se movimentavam com o vento gélido que fazia a ponte improvisada de conexão entre o navio e o castelo tremer. Alguns homens que já seguiam a frente de vocês, se assustavam com o vento e causavam alguns risos nos soldados do forte, já habituados ao clima local. Passo a passo e sempre seguidos por Remí, vocês subiam e tinham acesso a muralha do castelo, vendo de cima para baixo, a parte central daquela propriedade real.
Lá, entre as proteções dos altíssimos muros do Castelo de If, havia uma verdadeira pequena cidade vívida a trabalhar fortemente como se a luz da manhã estivesse sobre seus ombros! Camponeses colhiam suas pequenas hortas ao redor de suas minúsculas  e apertadas casas, ferreiros e soldados trabalhavam juntos, seja no martelar de algumas peças de ferro ou no transporte de algumas armas e utensílios na direção do castelo. Comerciantes locais brandiam suas mercadorias, na esperança de atrair os olhos da sua tripulação, afinal, vinho, cerveja e prostitutas baratas sempre atraiam os marujos com facilidade!
Seguindo o caminho pela muralha e não descendo para o pátio central onde a vida era ativa e intensa, vocês seguiam caminhando pelas rochas da muralha, ouvindo tanto o mar quanto o som das pessoas logo abaixo de vocês. O vento frio ainda se fazia presente, menos intenso do que na ponte é claro, mas certamente lhe causava um certo incomodo.
Seus olhos então viam vários soldados abrindo caminho, eles reconheciam a figura de Altamira como uma autoridade e isso era estranho, mas não totalmente surpreendente.
O caminho era aberto até uma das torres, por onde vocês desciam até a metade da mesma, para seguirem por uma porta lateral que os levava, por dentro de um corredor de rochas, até a frente dos portões do castelo de If! Era uma vista incrível, duas portas de madeira enormes estavam a sua frente, ao seu lado oposto, um outro corredor parecia conectar-se até a outra torre do lado oposto ao qual vocês haviam chegado. E para trás de ti, haviam longas escadas de pedra que levavam ao pátio central onde os habitantes do castelo viviam e para onde a sua tripulação inteira havia sido direcionada.

-Seja bem vindo ao Castelo, aqui você irá...

A fala de Remí era interrompida pela ação dinâmica de Altamira de soltar seu braço e abrir as portas enormes de madeira que certamente precisariam de quatro soldados fortes para abrir a mesma, com o uso de apenas a mão esquerda. Fazendo um sol ato de ranger e de arrastar a madeira sobre a pedra.

-Sem mais delongas, estou faminta!

Remí esbugalhava os olhos e olhava na sua direção, sem palavras, nesse meio tempo de espanto e surpresa, a figura de Altamira havia simplesmente desaparecido!

-Caralho...

Amaldiçoava Remí, que logo arrumava as vestes e se aproximava de você com calma.

-Me perdoe por tudo isso. Garanto que o Senhor será ressarcido de qualquer imprevisto e incomodo que esse final de viagem possa lhe causar. A realidade é que eu não esperava que minha Senhora fosse convidá-lo ao jantar, ele normalmente é oferecido apenas aos membros aliados dela. E quando eu me refiro a membros, eu estou me referindo a pessoas da mesma natureza que Altamira...

Olhando de um lado para o outro, o rapaz parecia inseguro com a situação. Como se buscasse palavras para lhe explicar o que estava realmente ocorrendo ali no castelo.

-Enfim, por favor, vamos...

Ele tocava no seu ombro em um sinal claro de um pedido de paciência, para então guiá-lo com uma certa pressa pelos corredores de pedra maciça do castelo. Até que por fim, adentrava um corredor forrado por madeira, com algumas esculturas humanas de mármore antigas e armaduras completas postas lado a lado, contornando um carpete azul escuro que terminava na frente de uma porta única de mogno. O rapaz então abria a porta, permitindo que você adentrasse aquela bela sala de jantar, onde serviçais entravam e saiam por duas portas discretíssimas ao fundo, portas que só tinham maçanetas por suas partes internas, as dando uma característica curiosa de "desaparecer" quando fechadas. Essas mulheres preparavam um banquete incrível com maestria e pressa.

-Pode escolher qualquer lugar para ti, exceto as pontas é claro... Aliás, você tem alguma duvida?!

Por entre os serviçais, você via a figura de uma pequena jovem de cabelos ruivos, usando um lindo vestido de princesa e joias únicas que deveriam valer fortunas. Com risos divertidos e como uma pequena pestinha, a jovem surrupiava doces e atrapalhava as serviçais, mudando os talheres de lugares e até roubando alguns guardanapos dos carrinhos que as moças traziam para o interior da sala de jantar. Mas todas as mulheres pareciam não se importar com a figura da pequena travessa que se divertia sozinha com sua própria bagunça.

Jovem ruiva:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime11/11/2019, 18:34

A firmeza dos braços de Altamira e seus passos mais do que decididos não me deixavam muitas escolhas, seguindo a mulher ao meu lado era com um arrepio que sentia o vento frio bater em meu corpo, algo que eu e nem meus homens estávamos acostumados, mas os guardas do castelo sim.

Sendo guiado por Altamira, minha atenção se voltava para a cidade que se formava por dentro da muralha do castelo, ali a vida parecia se movimentar da mesma forma que o faria de baixo do sol escaldante, o que mais me chamava a noite que se apresentava sem nenhuma vergonha.

“Eles devem aproveitar o frescor da noite para trabalhar, as muralhes devem impedir a brisa marítima e o sol deve fazer as casas ferverem durante o dia.”

Perdido em meus pensamentos eu voltava meus olhos para os movimentos dos homens que trabalhavam comigo, ao que parecia a oferta de um pouco de diversão após um dia longo de trabalho se tornava tentadora, um contraste com o incomodo que eu sentia ao ser guiado por Altamira.

Observar os guardas abrirem passagem para a mulher ao meu lado não me surpreendia, apenas fazia que o incomodo aumentasse, eu estava me embrenhando em um território completamente desconhecido, algo que não aumentava em nada meus ânimos.

O caminho que nos levava até a porta de entrada foi estudado com curiosidade, aquele era com toda a certeza o ponto mais longe que já havia adentrado durante as entregas, e mesmo que estas não tivessem sido poucas minhas entradas sempre se limitará ao porto.

Diante da grande porta dupla minha atenção se voltava para Remí, acompanhado suas palavras era com um suspiro de alivio que via Altamira finalmente soltar meu braço, o suspiro, porém morreu em minha garganta ao ver o desconforto de Remí diante da estranha ação de Altamira. A porta que eu julgava ser pesada ao ponto de não conseguir abrir sozinho era simplesmente aberta, o som do ranger ecoava em meus ouvidos, e ali diante de um simples piscar de olhos a figura da mulher vestida com o manto verde desaparecia.

Foi o palavreado de Remí que me impediu de ficar atônito, balançando a cabeça e coçando de leve as orelhas para afastar o eco do ranger da porta eu respirava fundo tentando me manter calmo. Minha atenção se voltava para Remí, sua calma e palavras indicavam bem que aquela era uma situação comum em seus dias, ou pelo menos o simples fato de ver uma mulher forçar uma porta em que quatro homens teriam dificuldade em faze-lo lhe era normal.

– Acredito que eu também não esperava receber a visita translucida de sua senhora no convés do navio.

Era a primeira coisa que eu simplesmente conseguia dizer, respirando fundo eu balançava a cabeça ao levantar a mão em um pedido de calma, acalmando a confusão de pensamentos que assolavam minha mente eu finalmente me dirigia a Remí de forma mais educada.

– Peço desculpas, mas acredito que teria dificuldade em lhe cobrar qualquer tipo de ressarcimento, eu mal tenho palavras para descrever o que acabo de ver. Bem eu não esperava ser convidado para um jantar, mas posso lhe adiantar que não foi a mademoiselle Toulon e sim o monsieur Cochet que me ofereceu o convite na carta que me entregastes, então devo presumir que sua senhora e o monsieur Cochet compartilham a mesma natureza de Altamira?

As palavras me saiam sem receio, já que a estranha sensação de ser incapaz de entender completamente o sentido do que meus olhos presenciaram se tornava presente, talvez por isso eu não esperava uma real resposta de Remí que parecia ter suas próprias dificuldades em falar sobre o assunto.

Acenando de maneira breve ao pedido de paciência eu acompanhava Remí, incapaz de não olhar para a porta uma leve onda de ansiedade passou por meu corpo ao verificar a espessura da porta, porém isso deixava mais do que claro o porque do respeito dos guardas com a figura de Altamira.

“Eu não gostaria de ser o corajoso a desafia-la... Muito menos de presenciar o resultado de um desafio.”

Seguindo Remí meus olhos e mente se concentravam em memorizar o caminho seguido, um pequeno ato que alimentava a esperança de poder refazer aquele mesmo caminho no fim do jantar e de preferência faze-lo intacto.

Adentrar na sala de jantar me fez suspirar, o local me parecia normal se comparado ao que acabará de presenciar, embora o luxo fosse muito maior do que estava acostumado, a movimentação ativa das serviçais me ajudava a relaxar o suficiente para controlar a ansiedade que se instalava em meu corpo.

– Tomarei o cuidado de não cometer esse erro. Não acredito que seja sábio de minha parte dar vazão as minhas dúvidas agora Monsieur Chapelle. Mas se puderes me fazer o favor de sana-las em um momento mais propício eu ficaria agradecido.

O respondia com calma e da forma mais descontraída que eu podia faze-lo, olhando para o trabalho das mulheres, era com curiosidade que me deparava com a pequena figura da jovem ruiva ricamente vestida a se divertir, um sorriso simples nascia em meus lábios ao me lembrar de Elodie a fazer o mesmo em sua infância, relaxando diante das brincadeiras da jovem eu escolhia uma das cadeiras perto da lareira para me sentar enquanto as serviçais trabalhavam.

“Agora eu desejaria ardentemente ter aceitado compartilhar aquela garrafa de vinho!”
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Danto
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime14/11/2019, 20:16

-Sim meu caro, infelizmente, todos os de destaque dentro deste castelo são. Monsieur Cochet é um querido, é um Senhor benevolente e cuidadoso, se ele o convidou eu fico sinceramente mais aliviado... O deixarei aqui agora, mas prometo que o levarei de volta. Boa sorte meu caro.

Respondia Remí ainda no interior da sala de jantar em um tom de despedida, o acompanhando até a cadeira que você havia escolhido para se sentar, para então, tocar no seu ombro com gentileza e se despedir em silencio.

A saída de Remí era acompanhada por um riso mais divertido da pequena e jovial ruiva que havia derrubado uma travessa de pequenos queijos, negando a ajuda da serviçal que ela mesmo havia atrapalhado, a jovem se divertia em empilhar os queijos no formato de um sorriso sobre a bandeja de prata e recolocá-lo sobre a mesa. A sua frente, havia um verdadeiro banquete, farto e com carnes, vinhos e incontáveis formas de massas quentes. As serviçais vinham cada vez com menos frequência, o que lhe indicava que o jantar parecia enfim estar pronto. E assim que a última delas saia, a garota de cabelos ruivos se aproximava de ti, com um sorriso simpático na face e dizia:

-De onde o monsieur conhece o meu irmão? O Martial é sempre tão triste, não sabia que ele tinha amigos! Prazer, Camilla! É verdade que você viu a minha tia na forma de fantasma dela? É sempre assustador! Não sei como você não gritou! Aliás, você ainda deve ser bem jovem certo? Não para de respirar, agente não precisa disso! Não te ensinar não?

A garota te olhava com uma notória curiosidade, se aproximando ao ponto de apoiar as mãos no braço esquerdo da sua cadeira, abrindo bem os olhos ela ficava a te analisar enquanto esperava a sua resposta.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime14/11/2019, 23:32

O tom sincero de Remí e sua preocupação com minha pessoa me faziam concordar com um breve aceno, não havia muito que eu pudesse fazer realmente embora a simples presença inquisitiva de Altamira também não tivesse me deixado muitas escolhas sobre tal possibilidade.

“O melhor que eu posso fazer é esperar que tudo dê certo. E não perder a razão no meio disso.”

Em resposta ao toque em meu ombro eu sorria ao dar um pequeno aperto na mão deste e calmamente comentar.

– Não se preocupe sei que tens teus deveres com seus senhores, não quero compromete-lo com seus serviços, mas fico grato pelos cuidados.

Tomando meu tempo para respirar e colocar meus pensamentos em ordem, era com um pequeno riso que acompanhava as brincadeiras da jovem e inquieta ruiva, diante da brincadeira infantil desta minha mente conseguia relaxar o suficiente para que o desejo por vinho fosse ignorado com facilidade.

Observando o cuidado da jovem em ela mesma recolher os queijos derrubados e na bandeja usa-los para desenhar me fez sorrir sem medo, as simples lembranças dos tempos em que meus irmãos menores também aprontavam as suas me vinham a mente, eram lembranças assim que me davam a certeza de que meus cuidados em lhes garantir um futuro eram o caminho correto a se seguir.

Perdido em minhas lembranças era com certa surpresa que encarava a jovem que me indagava, ali eu arrumava minha postura e ouvia atentamente suas palavras, mesmo que o simples ato de respirar lhe parecesse estranho e o tratamento utilizado comigo fosse mais pessoal do que eu esperaria.

“Sua tia, seu irmão... Possivelmente são da mesma espécie de ser que Altamira o é... O que eu fiz para chamar a atenção deles?”

Correspondendo o sorriso simpático eu tomava o cuidado de me arrumar na cadeira afim de criar um espaço saudável entre mim e a pequena Camilla que se apoiava no braço desta.

– Acredito que ainda não fui apresentado ao monsieur Martial, embora o convite para o jantar me faça crer que ele já tenha ouvido falar sobre minha pessoa. É um enorme prazer em conhece-la mademoiselle Camilla, eu sou Gaétan Donnet.

Coçando de leve a nuca em uma forma de esconder o nervosismo ao comentar sobre a figura etérea de Lucie eu sorria com calma ao responde-la.

– Eu estava mais surpreso do que assustado, mas acredito que sua tia tenha assustado alguns dos homens com quem eu trabalho. Jovem? Não me ensinaram a não respirar, devo salientar que talvez eu tivesse sérios problemas em não fazê-lo, mesmo sendo um navegante experiente o tempo que posso ficar sem respirar é relativamente curto.

“Ela não respira? Céus o que é capaz de não respirar?!”

Tentando me manter calmo diante da descoberta ali feita, eu revirava minha mente em busca das velhas histórias escutadas entre os marinheiros com quem viajará.

Off: Teste de Inteligência + Conhecimento Popular sobre crendices de marinheiros. 3d10 Dif. variável.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime14/11/2019, 23:32

O membro 'Jess' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime15/11/2019, 11:16

-Que tipo de Senhor relapso não ensinaria a sua prole a não respirar?

Questionava a jovem ruiva com uma certa indignação no próprio tom de voz, recuando um pouco ela cruzava os braços e pensava por alguns momentos, lhe dando o tempo necessário para que a sua mente procurasse por alguma informação ou conto antigo sobre seres que não precisavam respirar, no entanto, a própria informação colocava em cheque tudo que você conhecia sobre seres vivos, afinal, todos eles respiravam.

-A não ser que você seja... Um mortal!

A voz da jovem interrompia seus pensamentos e atraia a sua atenção. Ela sorria de maneira alegre e prontamente exibia os dentes, revelando a presença de duas presas proeminentes e grandes demais para ficarem escondidas pelos lábios finos da pequena garota.

-Agora eu entendi tudo! Coitado ninguém o explicou nada! Você é o escolhido que o Marital tanto prometia a nossa tia! Venha cá, não tenha medo, pode encostar!

Ela se aproximava outra vez e abria a boca, exibindo as presas tão brancas que pareciam esculpidas em marfim! Mas que traziam uma vibração negativa e profundamente horripilante. Notando que você não iria de fato tocar nas presas dela, a jovem ria e as fazia sumir com um simples fechar e abrir de boca, para então falar outra vez:

-Somos os filhos de Malkav, herdeiros do Luar, os filhos do conhecimento, o Clã da Lua. Somos membros de uma espécie diferente, imortais pela idade, amaldiçoados pelos Arcanjos e destinados a carregar uma maldição divina para encontrar novos caminhos para os não amaldiçoados. Cainitas, Vampiros, Bestas, Morcegos, Mortos-vivos, Vampyr... Temos muitos apelidos, mas somos o que somos e isso é o que importa.

A jovem falava com fluidez e claridade, presumindo que você havia entendido tudo. Ela então se virava para a esquerda e fazia um sinal, como se estivesse a chamar alguém que seus olhos não encontravam. Esse alguém se movia, seus ouvidos captavam os passos desse ser invisível! A jovem moça então perguntava ao ser:

-O que faremos com ele?

Uma segunda voz feminina se pronunciava:

-Você não deveria ter sequer falado com ele garota, agora quer colocar a responsabilidade dos seus erros em mim, como sempre faz? Não irei lhe ajudar!

A voz soava como uma mulher mais experiente, a pequena ruiva então se emburrava e reagia de maneira infantil, colocando as mãos na cintura e gritando contra o nada:

-Vá para o INFERNO! Vou devorar esse mortal e terminar com essa besteira toda de renovação que a nossa Tia vive dizendo!

A segunda voz logo repreendia a pequena ruiva que se preparava para fazer algo que você não conseguia sequer esperar:

-Basta! Eu a proíbo!

O conflito entre as duas vozes era então interrompido por uma cena tão confusa para os seus olhos, que você chegava a instintivamente a esfregá-los! Afinal, a pequena garota parecia correr para a posição de onde a voz mais adulta saia e correr de volta para o local de onde a voz dela saia! Mas ao mesmo tempo, você conseguia ver a figura da mulher adulta começar a assumir o espaço ocupado previamente pela garota, era algo rápido, mas que o assustava como nada nesse mundo antes o fizera! E assim, sem maiores explicações, a criança não estava mais na sala de jantar, apenas você e uma mulher ruiva no começo de sua vida adulta. Ela vestia roupas bem mais simples e parecia ser uma camponesa ruiva.

-Perdão, meu caro. A jovem Camilla é inconsequente... Ninguém lhe fará mal algum, tens a minha palavra. Por favor, não há motivos para ficar apavorado, eu irei lhe explicar tudo, é melhor fazer essa transição como um detentor do saber, do que simplesmente fazê-la as cegas...

A camponesa:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime15/11/2019, 17:08

O questionamento indignando de Camilla me deixava confuso, as escolhas de palavras não serviam em nada para me ajudar a entender o que estava deixando a jovem tão sobressaltada sobre o simples fato de respirar, minha mente tomava seu próprio tempo para me dizer que não fazia sentido uma criatura que não precisasse respirar.

A resposta é claro vinha de uma forma inesperada e nada agradável. O tom de Camilla me chamava a atenção com rapidez, meus olhos logo encontravam as duas finas presas e ali minha calma finalmente desabava, a mão que até então estava repousada em meus joelhos seguia de forma instintiva para a cintura, apenas para encontrar o vazio de uma vida pacifica, ao contrário da lamina simples que sempre carregará comigo em alto mar.

Sentindo meu corpo inteiro retesar pela tensão eu me controlava para não gritar, embora instintivamente empurrasse meu corpo para atrás de encontro ao encosto da cadeira numa tentativa de me afastar da jovem a minha frente, algo que o fazia ainda mais quando está me oferecia ao toque as presas alvas.

“O que diabos ela é?!”

As palavras proferidas por Camilla não me faziam sentido, mas ouvir o termo “Mortos-Vivos” fazia minhas entranhas se apertarem em pânico, engolindo em seco toda a explicação ali feita eu me levantava ao suave virar da jovem, o som de uma terceira pessoa dentro da sala de jantar me fez recuar alguns passos diante daquela estranha conversa.

A voz feminina mais velha fez meus joelhos tremerem, aos meus olhos apenas a figura diminuta de Camilla estava presente, mas aquela voz me dizia o contrário sem nenhum medo de estar errada. Incapaz de reagir eu ouvia as declarações inflamadas da pequena ruiva e ali era como se toda a situação do estranho contrato finalmente se encaixasse diante de meus olhos.

“Eles sabiam de nós... Nos contrataram e agora querem algo! Ah meu Deus! Lionel e os outros podem estar correndo perigo!”

Ver a discussão da pequena Camilla com a voz misteriosa me parecia impossível de se acreditar, porém a mudança de presença da pequena jovem para a camponesa a minha frente não me deixava escolhas, muito menos possibilidades de discordâncias sobre isso.

Diante das palavras da camponesa eu recuava, era impossível não faze-lo ainda mais ao sentir meus joelhos tremerem sem controle de minha própria força, encarando a mulher a minha frente eu me recusava a falar enquanto não tivesse o controle de minhas palavras, coçando a garganta eu me apoiava de encontro a lareira ao finalmente questiona-la.

– O que vocês são? O que diabos querem comigo? E por tudo que é mais sagrado o que ela quis dizer com o me devorar e eu ser o prometido de Martial para Lucie?

A simples ideia de fugir me parecia tentadora, porém as lembranças dos guardas postos na muralha e o fato de estar em uma ilha não me deixavam escolhas, ainda mais ao lembrar da imagem etérea de Lucie Tullon no convés do navio.

– Que tipo de transição você esta me preparando? Imagino que agora eu não tenha escolhas ou modos de recuar, então se me deres sua palavra, que seja a palavra de que nada acontecerá a meus irmãos...
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime15/11/2019, 22:13

-Mil perdões, de verdade, por tamanha confusão meu caro. Jamais foi a minha intenção lhe atormentar dessa forma, os prazeres da pequena são problemáticos, as vezes violentos em demasia, sinto muito...

Se desculpava a jovem camponesa que tomava uma das cadeiras para se sentar o mais próximo possível de você, mas sem invadir o seu espaço ou qualquer causar qualquer outro incomodo. A moça o observava com atenção e o permitia falar tudo que desejasse sem o interromper. Para então, respirar fundo e esfregar a face em uma expressão de pura frustração, para tentar se recompor em seguida e o responder:

-O que queremos contigo não possuí nada de diabólico ou sagrado, isso posso lhe garantir. Assim como jamais, sob nenhuma circunstâncias iria permitir qualquer mal sobre a sua família, nunca! Nada é mais importante do que nossa família nesse mundo! E a minha família... Senhor Donnet, a minha família esta doente...

A jovem tomava um tempo para olhar as próprias mãos e completar a fala:

-E nós não conseguimos cuidar dela... Isso tem deixado tudo ainda pior... Martial foi audacioso em demasia em arquitetar esse plano, é nosso último suspiro de esperança. Se você e a madame Altamira não nos apoiarem, estaremos condenados.

E no momento em que ela estava se preparando para lhe responder as próximas questões, a porta da sala de jantar de abria. Revelando a imagem de um triste homem de cabelos loiros e curtos, usando vestes azuis escuras com uma confortável camisa de seda por debaixo dos tons azuis. Seus olhos estavam marejados, mas suas lágrimas eram de sangue! As mãos do rapaz estavam sujas de manchas vermelhas e ele parecia profundamente amargurado. Olhando para o interior da sala de jantar, notando a sua presença ali, ele tentava se recompor sem muito sucesso ao dizer:

-Sou um terrível anfitrião, não sabia como recompensá-lo pelo serviço prestado e ao mesmo tempo queria que sua última refeição fosse memorável e agradável... Sou o responsável por tudo que está a lhe acontecer agora, meu querido Gaetan, atendo pelo maldito nome de Martial Cochet e o peso de tantas falhas, mortes e tragédias me faz incapaz de apertar a tua mão com a dignidade que ela merece. Mas... Camilla, está feito... Einhard está enfim morto...

A moça de cabelos ruivos prontamente se levantava, correndo para acudir o tragicamente melancólico rapaz que acabara de se apresentar. Abraçando-o, ela dizia aliviada:

-É o fim do reino de horror e pesadelos que ele construiu... Os aliados dele ficarão furiosos, mas éramos escravos de seus demônios, estamos livres!

O rapaz então se afastava do abraço de Camilla para sorrir com uma profunda tristeza ao afirmar:

-O problema é que Altamira demonstrou interesse em Gaetan... Eu falhei mais uma vez com vocês minha queridas... Respondendo a ti, meu caro Gaetan, somos criaturas da noite, chamadas informalmente como Vampiros e formalmente por Cainitas. Eu observo a sua família a algum tempo, com muito respeito, primeiramente pensei na figura de seu irmão, mas quando a filha dele nasceu eu jamais cometeria tamanho crime. Assim, decidi que seria você a carregar a herança de Lucie para que conseguíssemos nos limpar totalmente dos pecados cometidos por Einhard.

Camilla se silenciava e sentava novamente próxima da mesa, permitindo assim que Martial adentrasse por fim totalmente a sala de jantar e se direcionasse para um dos jarros posicionados sobre a mesa e iniciar um processo de lavar as mãos do sangue.

-Você tem escolhas, meu caro, não iremos forçá-lo a nada. Se recusares nossa proposta, faremos com que você não se lembre de nenhuma das experiências que viveste nesta viagem. Ou ao menos, você tinha essa escolha conosco, não sei com o Altamira reagirá, ela não costuma respeitar limites ou tradições...
Martial Cochet:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime15/11/2019, 23:37

A forma branda que a jovem camponesa falava a minha frente me ajudava a controlar a respiração, ainda assim eu seguia de pé a encara-la e a sentir meus joelhos tensos o suficiente para ter dificuldades em permanecer de pé sem o apoio da lareira.

“Eu sou o cordeiro na toca dos lobos?! Assim me parece pelo menos!”

Um alivio se apossava de minha mente ao ouvir que meus irmãos estavam seguros, sem conseguir esconder isso eu tomava o cuidado de me sentar na cadeira mais próxima apenas para respirar e passar as mãos sobre os cabelos, recostando-me sobre o acento era com dificuldade que observava os simples gestos da jovem a minha frente.

Ainda havia tensão em meus músculos e corpo, minha mente sentia o peso de ser uma presa diante de um animal maior e preparado para a caça, ainda assim as palavras da jovem que até pouco havia sido a criança me deixava desconcertado. Era uma cena parecida meu passado e de Lionel, quando peso da vida adulta e a morte de nossos pais finalmente pesará contra nós na mais brutal realidade.

– Peço desculpas pelo tom que usei... Eu só estou um pouco assustado.

A respondia com a mais pura calma que conseguia juntar naquele momento, incapaz de encarar a dor da jovem a minha frente meus olhos se voltavam para a lareira, ali eu permanecia em silencio até a nova presença se apresentar.

Levantando-me era com surpresa que encarava a figura do rapaz loiro, seus olhos marejados carregavam a estranha coloração avermelhada, algo que me teria deixado desesperado se toda a situação já não fosse estranha, de pé eu o ouvia com atenção, as palavras e gestos simples finalmente me acalmavam por completo, embora apena me deixassem perdido e sem entender o que realmente estava a acontecer.

“Ele não deve ser mais velho do que Abelin e Elodie... A pequena não é tão mais nova que os dois... Que dor habita o coração de vocês?”

Ainda em silencio eu ouvia as palavras de Martial, ouvir que a figura de Altamira havia se interessado por minha pessoa me deixava tenso, ainda mais devido a força da mulher e sua vontade única, porém a explicação dada sobre que tipo de criaturas eles eram me fez acenar de leve com a cabeça, embora a preocupação se saber que havíamos sido observados me desconcertasse, balançando a cabeça eu voltava a me sentar para comentar a Martial.

– Eu vivi tempo demais no mar para entender que nem tudo que os marinheiros falam é mentira, embora as lendas que eu tenha ouvido se limitassem a sereias e tesouros enterrados.

Ajeitando-me na cadeira eu observava com calma os movimentos de Martial e a jovem Camilla, algo que me deixava curioso já que a que a jovem atendia pelo mesmo nome da criança. As palavras de Martial porém me chamavam a atenção, apesar de me ser oferecida três escolhas o simples mencionar do temperamento de Altamira claramente me deixava apenas com duas.

– Ela realmente é alguém de temperamento forte não?

Eu perguntava com um suave sorriso nos lábios, embora não houvesse uma real vontade de sorrir, o som da água e o ato de Martial de se lavar me ajudavam a colocar os pensamentos em ordem, passando a mão sobre a nuca e respirando eu finalmente sentia meu corpo se acalmar, embora meus músculos ainda estivessem tensos o suficiente para me lembrar do medo que ainda sentia.

– O que aconteceu com vocês? Não posso ajudar sem saber ao certo, mas sinto que um mal foi arrancado pela raiz. Além disso, por que eu ou meu irmão? Somos homens simples, temos nossos defeitos e falhas como qualquer outro.

Eu perguntava ao me levantar e me aproximar da mesa do jantar, observando o banquete sem realmente sentir desejo de toca-lo.

“Altamira inspira medo... Eu senti medo dela, já Martial me parece cansado... Será que Lucie se sente assim também?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime16/11/2019, 00:18

-Almaria é um verdadeiro titã a caminhar entre nós...

Respondia Martial que parecia se acalmar com a ação de limpar as próprias mãos, tanto que ele seguia a lavá-las, mesmo quando estas já estavam limpas o suficiente, prosseguindo em uma busca de uma limpeza realmente profunda, que envolvia inclusive uma tentativa de limpar abaixo das próprias unhas. Camilla por outro lado, se encolhia na própria cadeira, silenciando-se para pensar e ouvir a conversa de vocês.

-Somos herdeiros de um antigo homem chamado Einhard, ele foi posto como nosso Patriarca por nosso primeiro progenitor que dormirá para sempre... Einhard sempre foi uma figura incontestável, um Pai violento, amargurado, antiquado e que usava de sua força para construir e reconstruir todos que viviam sob sua tutela. Foi Einhard que destruiu meu coração, que partiu Camilla em duas e amordaçou Lucie junto de seu trono como uma cortesã de seus desejos... Mas, sua tirania atravessou todos os limites, éramos seus escravos, mas quando eu vi ele trazer para nosso pesadelo uma criança inocente eu... Eu não poderia ficar parado como sempre fiquei, precisei ser corajoso, ao menos uma vez!

A esse ponto, Martial esfregava as mãos dentro da água a ponto de começar a deixá-las vermelhas, causando pequenas feridas nestas. Camilla se levantava rapidamente e puxava as mãos de Marital da água, para escondê-las em suas próprias vestes. E para sua surpresa, Martial a olhava com gratidão.

-Martial, então livre das algemas do sangue, pode procurar por ajuda. Altamira foi a primeira a ser encontrada, uma figura de eterna luta contra tiranos... E em seguida, precisávamos encontrar homens verdadeiros, homens que pudessem nos ajudar a encontrar um caminho melhor, um Pai...

Marital então falava após a fala de Camilla:

-Peço perdão por mentir ao Senhor... Mas eu não poderia ser verdadeiro, isso colocaria a minha família em risco. Mas enfim, o homem que nos assombrava foi morto por Altamira e agora podemos recomeçar... Eu ficaria honrado e verdadeiramente feliz se pudesse contar com o seu aceite em se tornar o primeiro herdeiro de Lucie, para que então, uma nova linhagem aqui pudesse se iniciar, livre de todos os tormentos de outrora. Mas também irei respeitar profundamente caso a tua história seja a glória ao lado de Altamira... Ela nos salvou, temos uma divida eterna com ela.

Finalizava o homem que parecia mais centrado e calmo nesse momento de diálogo.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime16/11/2019, 01:08

As palavras de Martial sobre Altamira me faziam segurar a respiração por alguns segundos, ela era claramente alguém a ser respeitado e temido, embora a ultima opção fosse a mais fácil de se faze-lo sem sombra de dúvida.

Voltando meus olhos para as ações do rapaz, eu me debruçava sobre a mesa ouvindo atentamente suas palavras, ouvir sobre os tratamentos dispensados a aqueles que deveriam ser seus herdeiros me deixava inquieto, mas ouvir sobre a criança fez com que meu sangue gelasse, mesmo a noticia da morte de tal ser o simples medo de estar diante dele se fazia presente.

“Que atrocidades ele fez? Por quanto tempo eles aguentaram isso?”

Em silencio eu via preocupado as mãos de Martial começarem a se ferir, ainda assim eu me via incapaz de parar este ato do jovem de cabelos dourados, apertando o encosto de uma das cadeiras da mesa do jantar eu respirava fundo eu desviava os olhos. Os movimentos e gesto de Camilla traziam minha atenção para os dois, ali havia um carinho que se sobressaia a dor, um sinal de que ambos ainda possuíam humanidade apesar dos horrores pelos quais passaram.

Ouvir sobre a figura paterna que eles procuravam me fez olhar para minhas mãos, sem me casar eu havia conhecido os prazeres de uma vida longe de uma casa, mas assim como os prazeres os penares se apresentaram em minhas viagens, e a maior marca sempre fora a saudade de meu lar, dos rostos conhecidos e das suaves brincadeiras ao anoitecer diante da mesa de jantar.

– Eu estaria mentindo se lhe dissesse que compreendo totalmente a situação.

Comentava ao me afastar da mesa e com calma me aproximar da figura dos dois jovens, retirando o lenço que carregava comigo durante o dia eu o estendia para Martial ao responde-lo.

– Você fez o que achou mais certo, não posso culpa-lo por isso, eu mesmo fiz algo parecido quando era mais novo. Não me arrependo de ter pensando em meus irmãos primeiro, seria errado dizer isso. Mas eu não posso ser um pai, não sei fazê-lo. Porém posso ser a figura de um irmão mais velho, isso eu sei ser.

Esperando que Martial aceitasse o lenço, eu sorria da melhor maneira que podia naquele momento, coçando a nuca numa tentativa de aliar o resto da tensão que havia em meu corpo, eu tocava de leve no ombro de Martial ao comentar de maneira calma.

– Dividas podem ser pagas, mas eu gostaria de saber se Lucie me aceitaria, a decisão final é dela afinal de contas. Se possível eu também gostaria de entender o processo que os criou, não quero me apavorar sem necessidade. E se minha ousadia não estiver a ultrapassar limites, meu irmão precisa ser informado de algo sobre meu respeito, eu o conheço bem para saber que ele me procurará.

Ainda com a mão no ombro de Martial eu a apertava com suavidade, tentando transparecer confiança.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime16/11/2019, 11:57

Martial e Camilla sorriam de maneira carinhosa diante da sua ação de oferecer o lenço ao rapaz que prontamente o aceitava. Havia uma tristeza humana e nítida em ambos, assim como havia uma constante compaixão entre ambos, eles eram, por mais estranho que fossem, uma família verdadeira. Camilla era a primeira a lhe responder logo que suas palavras cessavam:

-Tudo que o senhor pedir será feito, dentro de nossas capacidades é claro. Jamais deixaremos de prover para sua família, mas infelizmente o nosso processo de criação só pode ser alcançado com a nossa morte.

Respondia Camilla com um tom calmo de voz. Tentando lhe manter calmo e ao mesmo tempo, explicar da maneira mais empática possível sobre o tema. Martial usava o lenço cedido por ti para esconder as pequenas feridas causadas nas próprias mãos e continuava o assunto com a mesma leveza apresentada por Camilla.

-Somos seres mortos e vivos ao mesmo tempo, é uma situação complexa, mas em termos simples, precisamos morrer e renascer como Cainitas. Isso nos garante a imortalidade, mas nos aprisiona eternamente na mesma aparência da situação de nossa morte.

Martial sorria para você e então piscava os olhos por algumas vezes, para propor algo diferente em seguida:

-Perdoe-me a ousadia, mas nós poderíamos esperar por Lionel educar a prole que recém nasceu para então apresentarmos ele à Lucie, ele certamente seria um Pai ideal, não concordas? Isso sanaria a divida para com Altamira e não o colocaria em uma posição de desconforto.

Camilla então adicionava:

-Não é algo que possamos resolvermos por nós mesmos, Martial, acho que é mais sábio levá-lo até Lucie e Altamira. Elas tem o poder de decidir e ele de aceitar ou não.

Marital concordava e olhava para você:

-Camilla tem razão, devemos ir. Estás pronto meu caro? Imagino que a resposta seja negativa e espero que não me odeie no final de sua transformação, mesmo que não seja nosso Pai ou Irmão mais velho, saiba que adoraríamos tê-lo por perto como um amigo.

Finalizava o rapaz que então fica a espera de sua reação.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime16/11/2019, 14:04

Os pequenos gestos de Martial e Camilla indicavam que ali apesar das dores e do sofrimento, existia uma verdadeira família, um detalhe que eu não podia deixar de perceber, não quando provavelmente logo eu pertenceria aquela família.

“Eles ficaram bem, pelo menos assim espero.”

A maneira calma de Camilla a me responder me fazia rir nervoso, um gesto que me fazia levar a mão na boca e coçar a garganta para que me controlasse, as palavras de Martial porém me faziam acenar de maneira breve, já que não havia como evitar o processo nada agradável da transformação.

– Desculpe-me eu não imaginava que essa seria a resposta, embora eu não pudesse imaginar nenhuma resposta para tal questão.

Ouvir sobre a ideia de esperar que o filho de meu irmão crescesse para então trazer Lionel me soava estranha, ainda assim era com um suave toque no ombro de Martial que o respondia da melhor maneira possível.

– Não creio que a possibilidade fosse agradar a Lionel, ele é um homem com sua própria fé e talvez essa nova vida não lhe parecesse certa. Porém eu não posso impedi-los, sempre existe a possibilidade de meu irmão me surpreender, embora eu ficasse grato de que ele possa levar uma vida mais natural.

Tomando o cuidado de ouvir cada palavra dos dois jovens a minha frente, a consciência de minha escolha aos poucos se tornava real, aquela seria provavelmente minha ultima noite com vida, pelo menos com minha vida antiga, e de alguma forma estranha isso não me assustava.

“Meu destino esta nas mãos de Lucie e Altamira, eu ainda me sinto um cordeiro no covil dos lobos, mas pelo menos sei que estes lobos são honestos.”

Diante da pergunta de Martial eu sorria voltando meus olhos para mesa, coçando a nuca eu ria ao comentar com certa sinceridade.

– Não sei como poderia me preparar para isso, a ideia toda ainda me parece estranha embora eu possa lidar com ela. Mas se me permitem eu realmente gostaria de ter uma última refeição, seria desperdício deixar esse banquete intocado apesar de tudo. Além do mais eu agradeço a sinceridade, e independente de que decisão as duas tomem, será um prazer tê-los como amigos.

Era a reação de Martial e Camilla que esperava para me sentar a mesa para aproveitar aquela que poderia ser minha ultima refeição.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime17/11/2019, 01:48

Um silencioso sinal de positivo com a cabeça feita por Martial revelava que você teria o seu momento de jantar. O rapaz então fazia um curto sinal para Camilla, convidando a mesma a se retirar junto dele e lhe dar o espaço necessário, junto com um bem vindo silêncio, diante aquele maravilhoso e luxuoso banquete. Ali, você tinha as maiores regalias que jamais tivera a chance de provar em toda sua vida, dos mais exóticos pratos de frutos do mar e especiarias vindas do outro lado do mundo, até o assado de aves nobres e carne de caça reais. O vinho por fim, também era impecável e deveria ser tão antigo quanto as paredes que o cercavam naquele silencioso jantar que carregava consigo um estranho pesar de despedidas.

Finalmente, você terminava o banque e saia pela porta da sala de jantar para encontra a figura de Marial. O rapaz de cabelos loiros estava com as mãos em perfeito estado e sorria ao recebê-lo com um saudação amigável e um aperto caloroso de mãos.

-Espero que tenha aproveitado o máximo possível meu caro, agora, infelizmente é hora de irmos.

Sala do Trono:


A caminhada guiada por Martial por dentro dos corredores do castelo terminavam após várias escadarias, onde no último andar do castelo de If, vocês adentravam a sala do trono do monarca que deveria reinar sob essa pequena ilha francesa. No entanto, a escuridão do ambiente era um certo incomodo inesperado. A única fonte real de luz era a lua que jogava sua iluminação pelos vitrais e janelas presentes no alto das paredes daquela sala de médio porte, que recebia ajuda de pequenas chamas tímidas de lareiras bagunçadas.

Essa pouca luz era o suficiente para lhe dar informações importantes sobre o local, afinal, vocês adentravam o mesmo pelas escadas, o que permitia uma visão lateral interessante da sala do trono. Primeiramente, havia uma porta aberta, com uma clara aparência de ter sido aberta à força. As estantes de madeira do lado oposto a escada estavam destruídas, as madeiras estavam empilhadas em um canto específico à direita do trono, um ar sinistro pairava sobre o ambiente e um suave som agudo do vento, que adentrava a sala por um furo do tamanho de um punho em uma das paredes, trazia um frio notório ao ambiente.

Além desses elementos, duas mulheres estavam presentes. Uma sentada no trono e outra a caminhar impaciente de um lado para o outro à frente do trono. Ambas, levantavam suas cabeças na direção de vocês assim que vocês entravam no local. Nas escadas de acesso ao trono, era possível notar também uma dupla de machados dourados encharcados de sangue.

-Enfim! Seja bem vindo Gaétan!

Dizia Lucie, parando de andar em frente ao trono para se aproximar e primeiramente receber Martial com um abraço carinhoso e forte, murmurando algo no ouvido do rapaz que lhe soava como "Enfim, livres". Para então, se colocar a sua frente, deixando nítida a diferença gritante de suas alturas e portes corporais, já que Lucie não alcançava sequer 1,65 metros de altura. E era esbelta a um ponto ligeiramente preocupante.

Altamira, sentada no trono de forma despojada, vestida como um guerreiro, intervinha:

-Martial, meu jovem, por favor nos deixe a sós. Obrigada pela sua coragem, mas é o momento de decidirmos o destino daquele escolhido por ti.

Martial em silêncio, concordava com a poderosa Altamira com um sinal positivo de cabeça e olhava na sua direção com um sorriso de verdadeira gratidão, para enfim, se retirar. E no exato momento em que isso ocorria, Altamira se levantava do trono de maneira tão ágil e abrupta, que Lucie chegava a dar um pequeno salto assustada.

-Vamos ao que interessa? Ou temos algumas duvidas a sanar antes disso, Gaétan?

Imagens referenciais:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime17/11/2019, 02:39

Ser deixado a sós por Martial e Camilla era com calma que me sentava a mesa, mesmo sem a real necessidade eu escolhia uma das cadeiras do meio da mesa para me sentar, e ali permanecer por alguns segundos a observar o banquete a minha frente.

“Eles não pouparam esforços... Só espero que isso não atrapalhe quando as coisas começarem.”

Tomando meu próprio tempo, eu preenchia o vazio de minha mente com a simples ação de comer, escolhendo pratos pequenos aos quais pudesse saborear sem medo, bebericando do vinho e até mesmo cometendo o pequeno pecado da gula sem o medo de ser julgado por isso.

No fim era com uma taça de vinho em mãos que me levantava da mesa, esvaziando a taça eu a deixava ali satisfeito e de certa forma mais calmo do que deveria estar. Tomando o cuidado de me lavar antes de sair da sala de jantar, eu lavava o rosto e mãos apenas para respirar profundamente numa tentativa de controlar a ansiedade que começava a tomar meu corpo.

“Recuar não é mais uma opção. Então vamos em frente!”

Saindo da sala de jantar pela mesma porta que Martial e Camilla haviam se retirado, era com surpresa que me encontrava com o jovem rapaz, ali eu lhe sorria em resposta ao aperto de mãos, as mesmas mãos que antes haviam se ferido e agora se encontravam em perfeito estado, apertando-as eu ainda tomava a liberdade de virar a mão de Martial claramente curioso com o simples fato de vê-las intactas.

– Com toda a certeza não me esquecerei deste jantar, fiz o melhor que pude e você também meu caro.

Apertando de leve as mãos de Martial eu o soltava para dar-lhe espaço e ser guiado por este, em silencio eu seguia o jovem a minha frente, a caminhada me dava tempo para controlar meus sentimentos e ansiedade, havia um medo natural do que estava por vir e eu o sentia em cada músculo de meu corpo, mesmo assim de alguma forma eu sabia que Martial estava sendo sincero.

Meus olhos se estreitavam diante da sala do trono, a pouca luz me incomodava assim como o ambiente pesado que se apresentava, os sinais claros de uma luta se faziam presentes, e sinais mais claros ainda da força titânica de Altamira demonstravam o tamanho do poder que se escondiam sob sua figura.

“Ela quebrou pedra pura!? Que tipo de força essa mulher tem?”

Os dois machados manchados em sangue me chamaram a atenção, eu já havia lutado contra homens que brandiam aquelas armas, ainda assim imaginar Altamira utilizando-as me parecia mais aterrador do que minhas lembranças de lutas.

A presença das duas mulheres me ajudava a desviar a atenção dos sinais da destruição que marcavam a sala, Altamira sentada ao trono com sua armadura e a pequena Lucie a caminhar, os passos desta ultima me chamavam a atenção, já que suas palavras se dirigiam a minha pessoa, o abraço dado em Martial me fez sorrir e quando finalmente seus olhos se voltavam para mim eu lhe fazia uma suave mensura ao comentar.

– Fiz como me pediste mademoiselle Lucie.

Atento a jovem mulher a minha frente, era com curiosidade que a estudava da forma mais educada que podia, pequena e esguia Lucie me parecia delicada, embora o breve relato de Martial e Camilla me indicassem o contrário, minha curiosidade era encerrada pelas palavras de Altamira, ali eu me voltava para Martial e lhe acenava de maneira breve, o sorriso grato deste me fazia sorrir com calma de volta.

“Me perdoe querido Lionel, mas eles parecem precisar de ajuda e você meu irmão, você não precisa se preocupar comigo.”

Os movimentos rápidos de Altamira teriam me feito recuar se o susto de Lucie não me preocupasse mais, com delicadeza eu a tocava nas costas apoiando-a da melhor maneira que podia naquele instante. Respirando com calma meus olhos se voltavam para a mulher de cabelos negros e olhos verdes para responde-la.

– Martial e Camilla tiveram a bondade de sanar algumas de minhas questões mademoiselle Altamira, ainda tenho dúvidas, mas elas podem ser deixadas de lado neste momento.

Com calma eu recolhia o braço que havia apoiado Lucie para respirar profundamente, meus olhos se voltavam para a jovem para enfim retornar a Altamira e comentar de maneira breve.

– Acredito que já não possa mais recuar diante do que esta por vir, então me resta saber o que vocês decidiram sobre meu destino. Apesar de ter concordado com o desejo de Martial não posso fazer com que a mademoiselle Lucie me aceite se assim não o desejar.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime17/11/2019, 10:56

-Obrigada...

Dizia Lucie em resposta a sua gentil ação de lhe oferecer um apoio diante do pequeno susto que havia tido diante das reações espalhafatosas e sempre grandiosas de Altamira. A pequena e esbelta jovem então se direcionava até o trono, mas acabava por se sentar ainda nas escadas de acesso ao mesmo. Mantendo uma postura impecável e perfeita, ela parecia pensar por alguns momentos enquanto Altamira descia as escadas na sua direção com um largo sorriso na face.

-Sim, você está correto Gaetan, mas não totalmente correto. Lucie não é a sua única opção nesse momento!

Lucie apoiava as mãos sobre os joelhos e falava francamente:

-Existe uma doença em minha família e nós não sabemos como nossos futuros herdeiros irão reagir a esta particularidade. Nós, meu caro Gaetan, sofremos com a loucura dessa mundo. Acredito que tenhas presenciado a algo surreal com esse contato que tiveras com Camilla, correto? Ela sempre é mais explicita com sua demência...

Altamira então completava ao adicionar:

-É você que fará a tua escolha meu jovem, se escolherá o fardo familiar e o desafio de reconstruir essa família ou se irá me acompanhar para a grandiosidade que há neste mundo. Não falo sobre fortunas, muito menos sobre guerras ou campanhas, mas sim sobre a real razão pela qual somos colocados nesse mundo: Sermos livres. Todo homem decaí quando o poder lhe é dado, mas a minha herança para esse mundo é a de lembrar a esses homens o que é verdadeiramente importante: Liberdade e Família. Eu adoraria tê-lo como meu último aprendiz nessa terra...

Lucie sorria de maneira gentil enquanto olhava com admiração para Altamira. Esfregando as mãos, ela então olhava na sua direção e o respondia:

-É certo que eu o aceito meu caro. Mas é necessário que você considere, jamais me perdoaria se o colocasse em um eterno desconforto eterno. Tu podes ser um grande amigo, um parente próximo e ainda nos ajudar. Isso o manteria saudável e mentalmente como é hoje. Mas também devo dizer que há um caminho único para os portadores dessa doença e que caso você conseguia controla-la ela se tornará a tua armada. A escolhe cabe a ti, não à nós.

Dizia Lucie que olhava para Altamira, esperando que esta dessa a palavra final que era assim dita:

-Então meu caro, o que queres? Ser o que eles precisam ou ser quem você quer ser?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime17/11/2019, 13:01

O simples agradecimento de Lucie me fez sorrir de leve para esta, observando seus movimentos até o trono uma curiosidade de vê-la se sentar nas escadas deste se fazia pressente em minha mente, algo que não tinha tempo de pensar já que a presença e palavras de Altamira se faziam presentes.

Arrumando a postura diante a figura de Altamira eu a escutava com atenção, a mesma atenção que usava para compreender as palavras de Lucie, as informações cedidas pela jovem esguia me faziam concordar com um breve aceno.

– Sim, posso dizer que a pequenina me assustou sem dificuldades.

Meus olhos se voltavam para Altamira, suas belas palavras de certa forma me encantavam, ainda assim era o frio da sala do trono e o som constante do vento a entrar pelo buraco que me alertavam sobre sua personalidade única e forte. Batendo de leve os pés no mesmo lugar eu sentia o peso da decisão que deveria tomar, algo que eu esperava não ter de faze-lo.

Observar a admiração nos olhos de Lucie para Altamira me faziam sorrir de leve, a sinceridade que ambas tomavam o cuidado de ter comigo aliviava um pouco a tensão que sentia, mas ainda assim era uma escolha difícil de se fazer.

“Ser quem eu quero ser? E se eu já o for?”

Tomando meu próprio tempo eu observava minhas mãos, nelas haviam os calos conquistados pelos anos de trabalho duro, as cicatrizes dos acidentes sofridos e dos riscos que havia tomado sem ao menos pensar. As simples lembranças da poucas batalhas que havia travado, as risadas que tivera ao lado dos amigos e a liberdade de navegar me vinham a mente, todas elas eram encantadoras e faziam parte de quem eu era, mas só haviam se tornado possíveis por saber que a minha espera havia um porto seguro nos braços daqueles que eu amava.

– Essa realmente era uma decisão que eu esperava não ter de tomar, mas já que o tenho de fazer.

Murmurava baixo ainda encarando minhas mãos, respirando profundamente eu esfregava meu rosto afastando qualquer duvida que minha mente ainda pudesse esconder, dando alguns passos na direção de Altamira era em seus olhos que a olhava para responde-la.

– A glória que me falas teria me atraído se eu fosse mais novo, eu já conquistei aquilo que queria, fiz meu sangue escorrer para que meus irmãos tivessem a melhor oportunidade, que pudessem viver sem o medo de não estar amparados. Nunca considerei minha família como um fardo, eles são mais do que isso, sempre foram meu maior tesouro. Por isso não posso aceitar ser seu aprendiz mademoiselle Altamira.

Indicando a pequena figura de Lucie sentada nas escadas que levavam ao trono, eu ainda comentava de maneira calma e resoluta.

– Eles precisam de mim, e eu não seria verdadeiro ao negar-lhes ajuda. Mas se um dia eu cometer o pecado de decair diante do poder, espero que você possa me guiar para o caminho correto.

Esperando pela reação da mulher de cabelos negros e olhos tão verdes quanto o mar, eu tomava a liberdade de me aproximar de Lucie e sorrir ao lhe estender a mão.

– Eu já fiz minha escolha.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime18/11/2019, 22:41

-Fazer o que? Tomar a tua lealdade à força é algo que eu jamais faria, é uma lástima, todavia, respeito tua palavra. Você se mostrou um homem de palavra e isso é louvável e digno do meu reconhecimento. Tu fará muito bem à essa linhagem, disso não tenho dúvidas.

Respondia Altamira, balançando os ombros, demonstrando que apesar de uma notória frustração, a poderosa mulher dona daqueles olhos verdes inesquecíveis, aceitava a sua decisão e escolha. Lucie ficava em silêncio por mais alguns momentos, a jovial moça segurava a sua mão estendida e se colocava de pé, para virar rapidamente na direção de Altamira e provocar:

-Ah-rrá! Perdestes a prole pra mim!

Lucie mostrava a língua para Altamira, em uma ação de deboche e implicância infantilizada que fazia a mulher de armadura rir enquanto se direcionava até as armas caídas no chão, afim de as recolher.

-Mostra essa língua outra vez e eu a penduro no teto dessa sala...

Ameaçava Altamira, mostrando a lâmina do machado para Lucie. Esta, prontamente corria para suas costas em uma tentativa de se esconder, haviam risadas trocadas entre as duas mulheres durante toda a interação, marcando um tom leve e informal à palavras.

-Então, se me permitem, irei me recolher aos meus aposentos. Espero poder ao menos apresentá-lo aos meus herdeiros, Gaetan. Quando tiver pronto, vá a Nice e procure por minha representante nessas terras, Aileen O'Donnellan.

Altamira então se aproximava para se despedir de vocês, dando um breve abraço em Lucie, dentro desse abraço ambas trocavam pequenas palavras em um dialeto antigo e estranho aos seus ouvidos. Em seguida, com as duas mãos, ela tomava a sua face e depositava um beijo em cada um dos lados dela.

-Mantenha-se firme garoto.

Aguardando a sua reação final, Altamira estava pronta para deixá-lo a sós com Lucie.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime19/11/2019, 00:23

As palavras de Altamira me faziam sorrir e acenar de maneira breve, um certo alivio se apossava de meu corpo diante da reação da mulher, o temor de que houvesse uma disputa entre Lucie e ela havia finalmente desaparecido.

– Agradeço por suas palavras, irei guarda-las com carinho. Espero fazer jus de seu julgamento mademoiselle.

Respondia a Altamira com brevidade, já diante de Lucie era com calma que esperava a reação daquela que seria minha criadora, algo que me surpreendia em muito diante da breve brincadeira entre as duas mulheres.

Rindo eu tomava o cuidado de estender o braço numa tentativa de ajudar Lucie a se esconder em minhas costas, algo que apenas me fazia lembrar de Elodie a se esconder das broncas dadas por Lionel, embora a lembrança fosse suave a simples cena de ver Altamira tomar os machado de volta me dava arrepios na espinha.

“Eu não quero vê-la brandir aquilo, nem por brincadeira.”

Diziam meus pensamentos enquanto via a figura de Altamira finalmente recolher os machados, as palavras ali direcionadas a minha pessoa me alegravam, afinal ao meu ver era uma pequena conquista vê-la tão receptiva.

-Será uma honra conhecer seus herdeiros Assim que o puder farei como me recomendas mademoiselle, espero que os laços de amizade entre nós permaneçam vivos até lá.

Observando as duas mulheres se abraçarem eu as estudava com curiosidade, era impossível dizer ao certo o dialeto usado entre as duas mas a amizade ali demonstrada me indicava que eram palavras carinhosas trocadas pelas duas, era com surpresa que reagia ao toque de Altamira, seus beijos ainda me faziam o favor de me deixar vermelho, porém suas palavras me faziam abrir um sorriso calmo no rosto.

– Farei meu melhor, tenha certeza disso.

Comentava a mulher de cabelos negros e olhos verdes com uma breve mensura, esperando os movimentos de Altamira, meus olhos se voltavam para Lucie quando finalmente éramos deixados as só.

Tomando o cuidado de me virar para aquela que seria minha criadora, eu respirava fundo ao finalmente relaxar a postura e de certa forma sentir o cansaço do longo dia que tivera até ali.

– Peço desculpas se a deixei esperando, não era minha intenção, mas não tive como rejeitar o jantar preparado a pedido de Martial. Significa muito que você tenha me aceitado, só espero poder ser tudo aquilo que vocês precisam.

Sem saber como continuar ou como me portar diante Lucie, eu esperava por suas reações e até indicações dos próximos passos a serem tomados.

“Eu deveria me acalmar, as coisas aconteceram em seu próprio tempo.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime23/11/2019, 01:04

Altamira, por fim, se despedia com uma breve pausa diante do primeiro degrau das escadas que davam acesso aquela pequena e fria sala do trono. Para olhar vocês dois por cima do próprio ombro, os olhos da poderosa e misteriosa mulher, reverberavam com um poder único e inesquecível, era um olhar aliviado e esperançoso, munido de uma vontade anormal e que parecia talhar em sua memória aquele momento, aquela escolha. E como uma brisa de inverno, a presença dela se esvaia, deixando-os totalmente a sós naquele ambiente pouco iluminado, repleto de poeira e com um cheiro marcante de madeira e sangue.

-Não peça desculpas. Os erros aqui cometidos não estão postos sobre os teus ombros e não se preocupe, Gaetan, entendo que você não se sente confortável para a função que Martial o escolheu, por tanto, tu serás o irmão mais velho daqueles que virão daqui em diante e daqueles que cá estão. Aquele homem que foi destruído por Altamira, mantinha uma sórdida necessidade de infantilizar e minimizar as vontades daqueles que o obedeciam. Por isso todos são como são... Somos, dentre todos os outros, os mais sensitivos e abertos ao significado e re-significado.

Ela fazia uma curta pausa e sorria com gentileza na sua direção e de uma maneira similar com a que Camilla se transformava, Lucie também o fazia, com um pouco mais de sutileza é claro, muito mais próximo de um piscar de olhos, no entanto, você conseguia encontrar pequenos pontos de semelhança. Ali, de pé a sua frente, apresentava-se uma mulher experiente de cabelos loiros, quase brancos e uma expressão confiante. Sua primeira ação era a de remover a aliança de casamento dourada da mão e deixá-la cair no chão como se a mesma fosse um lixo qualquer.

-Mas agora, sem ele, não precisamos nos esconder dentro das nossas máscaras de horror e censura. Fui casada com um monstro, tanto em vida quanto em não vida, as algemas postas em meus pulsos foram severas e duradouras demais. Então, o mais inocente entre nós, rompeu-se de suas algemas, me ensinando a ver que a força pode estar dentro dos mais puros e frágeis, baste ser capaz de vê-la... Com o tempo, irei lhe explicar tudo com muita calma, você será o primeiro de uma nova herança dos filhos de Malkav. Seremos, antes de tudo, os atentos olhos a proteger o maior de todos os tesouros: O conhecimento libertário de uma existência.

Esticando a mão direta até a sua face, a mulher a tocava com gentileza. O toque gélido dela só não lhe causava um real susto ou incomodo, pois este era feito com uma ternura que você só havia visto nas interações entre Elodie e Abelin.

-Prazer em conhecê-lo, Gaetan Donnet. Me chamo, Lucie Besson e serei, desta noite e até a última, tua Senhora e tua Irmã. Seremos a família dos sobreviventes dos horrores deste castelo e daqueles que virão... Só preciso que me digas uma coisa: Não me digas que comeu algum queijo nessa tua última refeição...

A fala de Lucie era firme, confiante e séria até a última pergunta. Esta era feita com um bom humor suave e um sorriso alegre, seguido de uma expressão de nojo quando a palavra "queijo" era pronunciada por ela.

Lucie Besson:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime23/11/2019, 16:43

A despedida silenciosa de Altamira era feita sem pressa, meus olhos não ousavam por nenhum momento desgrudar da imagem da mulher, havia algo único naquela dama de cabelos negros que teria me feito segui-la sem medo, mas meu coração escolherá outra trilha e assim me manteria leal a escolha feita por meu coração.

“Que você encontre um aprendiz digno. Ele com toda a certeza será melhor do que eu ao seu lado. Espero que um dia Altamira possa entender minha escolha.”

Sentindo o vento frio percorrer meu corpo naquela sala mal iluminada, era com calma que me virava para Lucie, ali diante da jovem nem mesmo o cheiro incomodo de sangue e madeira conseguiam me deixar nervoso, diante de Lucie eu sorria de forma gentil ouvindo suas palavras.

O sorriso gentil desta me ajudou a observar com curiosidade a transformação da jovem para a mulher, mais sutil e delicada do que Camilla havia sido a verdadeira forma de Lucie se revelava diante de meus olhos sem que nenhum temor nascesse em meu coração.

“Que tipo de ser hediondo seria capaz de fragmentar desta forma aqueles que o cercam? Que pessoas se escondem sobe a mascará do medo que por tantos anos tiveram que usar?”

Incapaz de me expressar era o toque frio de Lucie que trazia meus pensamentos a uma nova ordem, o frio estranho não me assustava já que a ternura o marcava em minha pele. Era com cuidado que segurava a mão de Lucie, sentir a diferença de temperaturas de nossas peles ainda me era estranho, mas talvez fosse algo que logo se tornaria normal em minha nova vida.

Um riso calmo se apossava de meus lábios diante da pergunta curiosa de Lucie, ainda com minha mão sobre a sua, eu a tomava para cuidadosamente leva-la até minha testa, um velho habito de menino ao pedir a benção de minha mãe e avó, por fim beijando as costas da mão de Lucie eu a respondia de maneira suave, quase brincalhona.

– Não, minha senhora, a pequena Camilla derrubou a bandeja de queijos ao chão então o evitei por costume, assim como evito as ostras. Sinceramente queijo sempre me pareceu algo para ser comido pela manhã, ele nunca me apeteceu tanto a noite, e por sorte foi algo que me faltou nesta manhã.

Apertando de leve a mão de Lucie eu deixava que meu corpo relaxasse ao olhar em seus olhos, ali sem receio era a voz de minha consciência que escutava ao me pronunciar.

– Eu não me incomodo com a função que Martial me escolheu, ele me lembra em muito meu querido Abelin, meu irmão sempre teve um bom coração e juízo das coisas, acredito que nosso Martial também o tenha. Meu receio é que suas antigas algemas ainda sejam capazes de lhes ferir, então serei o irmão do qual precisam, quem sabe um dia eu possa ser a figura do pai que procuram sem o receio de machuca-los. Será uma honra estar sob sua tutela Lucie Besson, minha querida irmã.

Por fim deixando que minha ansiedade finalmente se calasse em minha mente eu perguntava de maneira brincalhona.

– Por acaso não terias problemas com peixes, teria? Estes eu infelizmente não pude evitar.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime25/11/2019, 16:10

-Devo agradecer Camilla em seguida...

Ria Lucie, que completava:

-Não não, carnes nunca foram um problema, mas obrigada pela preocupação em perguntar meu caro. Sei que parece um pouco de bobagem, todavia, depois de tantos anos com uma alimentação tão única, seu paladar começa a buscar pelas menores variações e traços dos antigos sabores, é um exercício intuitivo...

Juntando as mãos e entrelaçando os dedos a frente do próprio corpo, Lucie mantinha uma postura calma e com os olhos direcionados aos teus, ela abria levemente e boca para dar espaço ao crescimento surpreendente de suas presas alvas e agressivamente pontiagudas. Eram presas de proporções animalescas que conflitavam com os demais dentes e traços humanizados daquela experiente mulher de cabelos loiros.

-Você passará por uma mudança drástica, Gaetan, não irei lhe iludir. És um filho do conhecimento e este precisa estar sempre a seu alcance, conhecimento é poder e poder entre os imortais é ainda mais precioso. Então, me escute com atenção, sim?!

Esperando sua atenção, ela logo prosseguia:

-Tu serás eternizado com essa aparência, por tanto, caso queira remover a barba ou não, é algo a se considerar. Além disso, o avanço dos anos nunca mais se manifestará em suas capacidades físicas ou mentais. Comerás e beberás apenas sangue, jamais poderá ver outra vez o sol e o fogo será ainda mais terrível e cruel contigo. Todavia, adentrarás em um estado de vida e morte curioso... Enfim, para minimizar o impacto desses não poderás, devo lhe dizer que terás acesso a capacidades únicas e surpreendentes. Agora, peço apenas que confie em mim e descanse...

Lucie tentava ser o mais pedagógica possível, as palavras dela traziam muitas informações e todas pareciam realmente sérias e verídicas. A mulher então esticava a mão esquerda e a abria, em um pedido silencioso para que você fizesse o mesmo. Nesse momento, com a mão direita, ela tomava a tua mão pelas costas e conduzia seu pulso até a frente dos lábios, para ali, aplicar um beijo quente e tranquilizante que dragava, durante sua duração, a sua força e consciência de uma maneira tão gentil quanto um confortável sono em sua cama.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime25/11/2019, 19:24

O riso suave de Lucie apenas me faziam aumentar o sorriso que carregava nos lábios, com um breve aceno eu escutava atentamente a explicação sobre o desgosto relacionado ao queijo, algo que me deixava curioso sobre o tipo de alimentação que teria em minha nova vida.

– Agradeça-a por mim também. Acredito em suas palavras, bobagem ou não, são os pequenos gostos que nos trazem certo prazer a nossas vidas.

O nascimento das alvas e longas presas de Lucie me faziam retesar o corpo, ali minha postura relaxada ganhava um contorno mais austero, um verdadeiro esforço era feito de minha parte para que minha atenção fosse focada nas palavras de Lucie.

“São tantas perguntas... Acho que eu levarei dias para sanar a todas elas, por sorte a sinceridade deles me parece genuína, isso me ajudara a sanar minhas dúvidas.”

Atento a cada palavra de Lucie eu sentia a ansiedade crescer em meu íntimo, por isso quando a mulher a minha frente falava sobre a barba eu levava a mão até a pelagem ruiva em minha face coçando-os com as pontas dos dedos.

A lembrança da pequena cicatriz causada por um acidente com um formão dentro do estaleiro me vinha a mente, assim como a sensibilidade que a pele cicatrizada apresentava após o barbear, algo que havia me forçado a manter minha barba grande, embora eu tomasse o cuidado de mantê-la bem feita e limpa, afinal os clientes da companhia sempre reparavam nesses detalhes. Balançando a cabeça eu respondia a Lucie de maneira suave.

– Nunca fui alguém muito vaidoso, então não tenho nada que queira mudar em minha aparência.

Diante do suave pedido de Lucie por minha mão, eu tomava o cuidado de dobrar a manga de minha camisa para que o tecido não a atrapalhasse, respirando fundo eu ainda passava as mãos sobre o cabelo e barba, garantido que eles ao menos estivessem arrumados. Por fim era com calma que entregava minha mão para Lucie, incapaz de não observar eu sentia o beijo em meu pulso, o calor era um contraste com a pele fria desta, porém a dormência que me atingia fazia com que todo meu corpo por fim relaxasse e de meus lábios um suspiro escapar.

“Apesar de tudo ela não parece um monstro, mesmo que se alimente de sangue. Então eu não preciso ter medo, ela não me transformará em um monstro.”

Sentindo o sono dominar meu corpo, eu me esforçava para permanecer de pé, um cuidado diante da figura de Lucie, a qual eu temia não ser capaz de aguentar meu peso, porém o cansaço do dia e a agradável sensação finalmente faziam com que eu me entregasse ao sono.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime26/11/2019, 22:34


Parte II
Data: 11 de Maio de 1550
Local: Castelo de If

-Boa noite Gaetan...

Era com o som da voz de Lucie que a sua consciência retornava de um adormecer tranquilo e profundamente silencioso. Seus olhos se abriam, para encontrarem apenas uma profunda escuridão, todavia, você se sentia deitado em uma confortável cama e coberto por uma manta pesada e felpuda, levemente perfumada e com o toque similar ao da pelagem de algum tipo de animal. Em seguida, a voz de Lucia vinha novamente, a mulher parecia estar posicionada a sua direita, mas o breu total o impedia de realmente encontrá-la com os olhos.

-Sei que tudo parecerá profundamente horrível, especialmente nas primeiras noites. Mas precisamos nos manter direcionados ou tu poderás se perder para o mostro que habita teu âmago. Primeiro, saiba que não estás sozinho, jamais estarás... Porém, seus primeiros passos precisam ser somente teus, não te esqueças das respostas para suas escolhas querido.

A fala dela vinha acompanhada de uma dolorosa sensação de fome, esta era tão intensa que seu corpo se retorcia em espasmos horríveis, causando alguns grunhidos lhe fugirem pelas lábios. E foi justamente ao abrir a boca que você senta a presença de duas presas enormes no lugar dos seus caninos. Elas eram tão afiadas que por pouco não rasgavam os seus próprios lábios. Logo, você sentia a mais complexa reunião de amedrontadores sentimentos: Não havia ar no seus pulmões após as contorções, mas ao invés do pavor de um "afogamento", havia apenas o cômodo vazio da falta de ar. Teu coração não batia, seu corpo inteiro parecia silenciado, gelado, morto, mas todos seus sentidos funcionavam perfeitamente, sua memória, suas vontades e aquela maldita fome também!

-Concentre-se dentro dos seus pensamentos, encontre as razões pelas quais você era quem era e busque, com os novos olhos que lhe foram dados, pelo alimento que tanto precisas...

Dizia Lucie que parecia cada vez mais distante e ao mesmo tempo, cada vez mais onipresente dentro daquele quarto totalmente escuro.

[Off: Teste de Força de Vontade]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime26/11/2019, 23:44

Teste de Força de Vontade: 7d10
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   I_icon_minitime

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