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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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  2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet

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Danto
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MensagemAssunto: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime30/12/2021, 01:10


Palacete da Lua:
12 de Maio de 1580
Marselha - Domínio do Clã

Com as mudanças políticas recentes e a eleição de Martial ao alto Conselho dos Primogênitos da nova corte, o Clã como um todo compreendeu que seria necessário estabelecer uma presença mais ativa e dinâmica na Corte. Deixando para trás as paredes fortes do enorme Castelo que guardava várias memórias tristes e violentas, para que todos pudessem agora se proteger dentro de novas paredes, um verdadeiro recomeço para todos, incluindo os recém chegados que também passariam a habitar a mesma residência.

Uma brisa gélida percorria com timidez o interior do seu quarto, movimentando as cortinas enquanto trazia o começo de uma nova noite. Silenciosamente, o frio se acomodava e tateava seus ouvidos, trazendo reverberações complexas, multifacetadas, tortuosas... Eram como se você pudesse ouvir milhares de sussurros ao mesmo tempo, todos de um tom de voz tão baixo que pareciam soar como o próprio vento. Haviam dores, haviam memórias, haviam sentimentos, havia de tudo um pouco, porém, havia algo importante: A lembrança. E era essa sensação que fazia você se levantar com agilidade!

A memória dos tempos de Sombras, do avanço daquela que seria a maior de todas as trevas! Esse era o presságio que lhe faltava, a visão que você havia tido anos atrás não havia de fato se tornado completa, claro que ela trouxe consequências, mas acima de tudo, ela não havia se concluído e aquela brisa que havia adentrado pelas frestas da janela fechada, fazia questão de lhe fazer lembrar: Das Sombras a Espreitar!

De pé, você prontamente abria as janelas para observar uma curiosa movimentação pelos jardins dos domínios do Clã da Lua. Por entre as flores brancas que ali haviam, caminhava uma mulher vestida de preto, com uma coroa de chifres e as mãos em brasas. Ela parecia enfurecida e determinada! Porém, a visão se chocava com a realidade e os fragmentos da sua visão eram estilhaçados de maneira estrondosa pela figura animada, de vestes masculinas, que corria pelo mesmo caminho, mas que parava ao te notar. Era Thea Tattersall, a inglesa de poucas palavras, interrompia bruscamente uma corrida para olhar aos arredores, colocando as mãos nos bolos ela enfim o notava e lá de baixo, elevava a voz até à sua percepção:

-Boa noite Gaetan, você também sentiu isso? Tinha mais alguém aqui, não tinha?! Um cervo? Não sei, mas o ar estava pesado no quarto... Aconteceu alguma coisa?

Por sorte, não havia uma distancia muito grande entre vocês, já que o seu quarto ficava no primeiro piso daquela nova e espaçosa residência que abrigava todos os membros do Clã na cidade de Marseille.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime30/12/2021, 20:57

As mudanças haviam ocorrido assim como a passagem de tempo, os anos que se passaram entre as paredes do Castelo de If enfim ficaram para atrás, embora as marcas de sua presença ainda fosse tangível na memória de minha nova família, família que o tempo me ensinou a amar e respeitar da mesma forma que o fazia com a minha

Ainda assim as novas convivências me eram um desafio, um que o tempo estava me ensinando ser necessário  devido à nova posição que ocupávamos, mesmo assim eram nas noites de brisa fria que eu mais sentia saudades de meu quarto na torre e da maresia do incio de cada nova noite.

O frio que acompanhava a brisa que adentrava meu quarto, porém era diferente, ele não vinha sozinho e despretensiosamente, pelo contrário ele vinha acompanhado dos ecos inquietos e de uma urgência que me despertava sem o costumeiro ritual, deixando que o ar escapasse de meus pulmões meu corpo agia por impulso.

Andando até a janela de meu quarto era a imagem da mulher de vestes negras, coroa de galhos e mãos flamejantes que me faziam lembrar do primeiro sonho, do aviso e das sombras que espreitavam…

Sentindo todo meu corpo retesar com as lembranças que me invadiam, apoiando-me no parapeito da janela era o choque entre minha visão e a realidade que faziam meu corpo voltar a respirar, balançando a cabeça ainda atônito minha mente levava algum tempo para compreender a figura de Thea, e mais tempo ainda para entender suas palavras.

— Thea… Eu senti…

Era o murmúrio que escapava de meus lábios, ainda respirando era com calma que tomava consciência de como estava vestido, rindo do simples fato de estar apenas de calças era com um aceno simples que pedia por paciência a Thea. Retornando para segurança do quarto eu vestia a camisa que havia usado na noite passada e pegava as botas embaixo da cama.

“Ninguém vai se importar se eu não usar a porta não é?!”

Perguntava a mim mesmo antes de voltar até a janela e passar minhas pernas sobre o parapeito apenas para pular no jardim de nossa morada, ainda segurando as botas era calma que descia pela parca distância que me separava do solo apenas para então saudar Thea de maneira mais educada.

— Boa noite Thea, sim, eu também senti, assim como vi… Era uma mulher vestida de negro, haviam cornos em sua coroa e suas mãos estavam em brasas… Eu não tenho certeza do que isso pode significar, mas acredito ser um aviso.

Comentava antes de me abaixar para colocar as botas e seguir pelo caminho que a misteriosa figura de minha visão estava seguindo, parando para olhar na mesma direção eu permanecia ali por alguns instantes antes de suspirar e voltar minha atenção para Thea.

— Mas julgo que já passou, não adianta perseguir uma visão quando não se tem uma direção.

“Acredito que essa noite será movimentada…”


Última edição por Jess em 7/1/2022, 23:24, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime5/1/2022, 10:58

Thea prontamente notava o seu sinal e se colocava a esperar. A estrangeira mantinha, como de costume, suas vestes masculinizadas. Botas de cano alto, calça comprida justa e apropriada para cavalgar, camisa de seda dobrada na altura dos pulsos e um colete de camurça do mesmo tom de marrom das botas.

-Pela janela, inusitado, mas aprovado.

Comentava a mulher de braços cruzados que seguia a te olhar de maneira curiosa e atenta. Diante da sua descrição misteriosa e assustadora, Thea esboçava apenas um pequeno sorriso no canto dos lábios e olhava ao arredor como se estivesse a procurar pela figura que você havia acabado de descrever. Para então abrir um sorriso sarcástico, demonstrando que estava apenas brincando, para por fim, lhe responder enquanto se aproximava para tomar as suas mãos, tateando-as como se estivesse lendo as linhas contidas nelas.

-Nós vemos muitas coisas, ouvimos e sentimos ainda mais. É sempre necessário tentar compreender cada pequeno sinal contido nas misturas que nossa herança se dedica a produzir diante dos nossos sentidos. Você cita uma mulher, um vestido negro, cornos, coroa e brasas...

Soltando as suas mãos, Thea fazia uma curta careta negativa ao dizer:

-Pena que nossos irmãos estão na corte hoje...

Em seguida ela se atentava ao olhar rapidamente para o oeste, arqueando a sobrancelha e fazendo um sinal de pedido de silencio para a mesma direção, como se alguém estivesse ali a dizer algo.

-Pois bem, acredito que realmente tenhas visto o que afirma ver, suas linhas indicam verdade e os sussurros não estão debochando hoje, temos duas escolhas: Procuramos por sua Senhora ou por nossos irmãos. O que me diz, Gaetan?
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime8/1/2022, 15:15

O aceno positivo de Thea me fez agir de maneira calma, afinal era inevitável que eu me vestisse antes de ir aos jardins, mesmo que pela janela. Ainda internamente com a simples ideia de pular a janela de meu próprio quarto, as palavras de Thea apenas faziam com que eu risse de verdade, apesar de já não ser uma criança, a sensação de fazer algo errado se fazia presente sem pudor nenhum.

“Quando criança pular janelas era mais divertido. Ainda tem seu encanto, mas não é o mesmo.”

Atento as reações que a cainita mais velha expressava era com curiosidade que seguia a direção dos olhos de Thea, apenas para balançar a cabeça ao perceber minha inocência, ainda assim era com curiosidade que observava o estudo de Thea de minhas mãos, o toque inusitado era acompanhado por seus próprios significados e as palavras da cainita me faziam concordar com um aceno simples, mas sincero.

“Eternos perseguidores de verdades escondidas sob nossas visões. Seria ignorância não me atentar a esta visão, principalmente quando ela me lembra minha primeira visão.”

Ainda em silêncio era com breve suspiro que era lembrado por Thea que Tristan e Martial estavam na corte, esfregando as mãos enquanto a cainita interagia com os próprios sussurros eu me atentava as suas palavras e sugestão, respirando com força ao cruzar os braços de maneira pensativa ao respondê-la.

— É sempre um sinal complexo quando os sussurros estão mais quietos… Por mais que minha senhora seja experiente, entre nós Martial é o mais sensível, então procurar por nossos irmãos talvez seja a melhor escolha, até porque se tivermos mais informações a experiência de Lucie pode se fazer valer com melhor maestria. Além disso, teu Tristan também é alguém experiente e sagaz, sem mencionar a tua própria sagacidade e experiência Thea.

Comentava de maneira calma, fazendo um pequeno sinal de paciência era com calma que me dirigia até minha janela para escalar sem medo enquanto dizia.

— Deixe-me apenas me vestir de maneira adequada, a corte tem modos dos quais não podemos nos esquecer.

Voltando a segurança de meu próprio quarto era com rapidez que lavava o rosto para enfim despertar de verdade, suspirando com calma eu arrumava a camisa que havia vestido as pressas e por fim vestia um colete por cima desta, para então voltar a janela e sem medo pular de volta aos jardins para então dizer.

— De minha parte estou pronto.

Roupa usada:
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime20/1/2022, 11:23

-Compreendo e concordo, vamos até a corte então.

Respondia Thea que logo em seguida, cruzava os braços para olhar toda a sua movimentação de retorno ao próprio quarto através da janela do mesmo, com bastante curiosidade e até mesmo um sorriso divertido bem pequeno desenhado nos lábios. Em silêncio ela o aguardava retornar, sem movimentar praticamente nenhum músculo e obviamente, ainda trajando as mesmas vestes masculinas, ela fazia uma pequena careta ao dizer:

-Os modos da corte nunca foram pensados para a amplitude de todos. Mas enfim...

Forçando uma respiração mais funda, ela relaxava os ombros e soltava uma boa lufada de ar pelos lábios para girar por cima dos próprios calcanhares e se colocar em movimentação.

-Por sorte, a corte não fica muito longe, foi uma excelente escolha de Martial a estruturação de nosso refúgio no interior da cidade. Mas ainda tenho curiosidade de visitar o antigo Castelo de sua linhagem, como era viver em um monumento tão antigo e assustador? É verdade que haviam fantasmas por todos os lados?!

Perguntava Thea, com clara curiosidade enquanto vocês caminhavam lado a lado, na direção da saída da propriedade que os refugiava todas as noites em direção ao coração da cidade de Marseille onde a corte se localizava.

-Nós soubemos dos ataques que houveram durante as invasões autarcas, muitas outras cidades tiveram noites ainda piores que a que vocês enfrentaram. Já nós, nas ilhas britânicas, estávamos mergulhados em um culto de adoração a um poderoso e tirânico monstro do passado... Existem cidades que até nas presentes noites ainda são completamente mergulhadas nos horrores de seu legado. O antigo clã da Morte e esse titã vil do vitae Ventrue espalharam trevas como verdadeiros emissários da morte... Nem sempre as sombras vem da queles que a comandam, mas também podem vir daqueles que as alimentam, entende?
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime23/1/2022, 17:36

As palavras de compreensão de Thea me faziam acenar de maneira positiva com a mesma, tomando o meu tempo para me arrumar, era com calma que retornava até uma estática Thea a esperar, ali suas palavras me faziam sorrir de maneira condizente ao comentar.

— Impossível negar essa realidade, então só nos resta adaptarmos-lhe.

Seguindo Thea em seus movimentos, era com educação que me colocava ao seu lado durante a caminhada, a postura mais relaxada que a cainita usava me faziam relaxar de certa forma, o tempo de convívio com Thea já havia me ensinado que os costumes cavalheirescos não eram de seu agrado e sua independência era uma de suas maiores marcas.

As palavras de me chamavam a atenção, principalmente porque havia sido escolha de Martial e Lucie a localidade de nosso refúgio e de certa maneira minha primeira visão os havia influenciado nesta escolha. Respirando fundo eu balançava a cabeça de maneira efusiva para então responder a Thea com educação.

— Não posso negar que existam os fantasmas, mas na realidade é que cada um de nós tem seus próprios fantasmas.

Dizia ao bater com o indicador em minha própria cabeça enquanto sentia os eternos olhos azuis a me observar das profundezas mais sombrias dos ecos em minha mente, ainda balançando a cabeça era com um sorriso mais simples que continuava.

— Lucie e os outros têm seus próprios fantasmas, e ecos do nosso antigo refúgio, para mim, viver lá era de certa forma novo, já que meu abraço ocorreu lá, e também era difícil estar tão perto do mar e já não ser um marujo. Mas se você estiver se referindo aos fantasmas que os criados tinham que consertar as peripécias, eu culpo a pequena Camilla, os criados entraram em desespero quando viram que eu também era ruivo, e eu sofri para fazê-los entender que não seria mais um pestinha a espisinha-los durantes os afazeres.

Comentava ao lembrar de minhas dificuldades iniciais pelo simples fato de ser ruivo, ainda assim minha mente se voltava para as palavras de Thea com interesse, as notícias sobre o mundo sempre me chamavam a atenção, ainda mais quando se tratava de nossa sociedade imortal.

“As sombras… Comandar e alimentar… São atos diferentes, mas o estrago causado pode ser o mesmo… Será que interpretamos errado minha visão?”

Pensativo diante das palavras de Thea era com calma que tomava meu tempo para responde-la de maneira apropriada.

— Eu fui abraçado antes dos ataques começarem, na realidade quando despertei de meu abraço a cidade já estava em chamas, muito foi perdido naquele ataque, muitos morrerem e muitos outros mais sofreram. Acredito que muitos ainda vão sofrer enquanto estas sombras forem alimentadas, e sim consigo compreender o que me dizes, isso me abriu uma linha de pensamento nova e ficarei atento. Obrigado Thea.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime6/2/2022, 13:47

Imagens de Referencias da Corte:

As paredes construidas entorno do casarão que os abrigava durante as horas ensolaradas ficavam para trás com o avanço da caminhada de vocês em direção ao principado, localização da nova Corte. O som do mar era tão presente quanto o som da vida humana que voltava a proliferar com intensidade por entre as ruas apertadas e forradas de pedras da cidade. Haviam várias frontes de trabalho, a cidade estava em ampla expansão e reconstrução. As forjas quentes funcionavam a todo vapor, os cavalos puxavam carroças repletas de alimentos e ferramentas, jovens corriam animados para todos os lados, ora perseguidos por guardas, ora perseguindo suas paixões. Comerciantes esbravejavam, tentando atrair os olhares dos vários viajantes.
Mais ao fundo, junto as ritmadas ondas do mar, haviam os sons mais comuns aos seus ouvidos: O porto. Quase como uma presença titânica, a região portuária estava ativa como nunca antes! Grandes navios vindos de todas as mais diversas regiões estavam ali atracados, mercadorias empacotas e incontáveis barris subiam e desciam das embarcações. Não faltavam sons de pessoas a conversar, gritar e rir. A cidade estava viva! Mas mesmo sem saber explicar como, toda a exuberância lhe parecia ligeiramente atípica, tudo estava lhe parecendo em uma perfeição indevida... Pequenos sussurros amordaçados tentavam se expressar pelas ruelas mais estreitas e escuras, vultos estranhos se moviam por entre as pessoas, acima dos telhados, existia algo crescendo pelas margens de todo o colorido dos sons da vida que novamente crescia... Forças das sombras, serpentes venenosas, uma ameaça velada, uma arquitetura vil...

-Você precisa sair mais vezes do nosso refúgio! Parece até mesmo que nunca viu sua própria cidade após ser abraçado!

Comentava Thea, que caminhava ao seu lado.

-Bom, não sei se já notou mas estamos a frente dos portões do forte, agora é uma questão de instantes até levarmos a sua visão aos nossos irmãos. Mas você parece ter visto um fantasma, o que aconteceu agora?!

Perguntava a vampira posta ao seu lado, com um sorriso curioso na face. Vocês estavam nesse momento de pé, na parte central da ponte de acesso ao forte de São Nicolas, local construído em frente a uma das mais importantes passagens do mar. Haviam quatro guardas postos a frente de vocês, com posturas calmas e armas ainda abaixadas, os homens pareciam estar esperando alguém abrir os portões. Ação que começava a ocorrer de maneira lenta por alguns adolescentes magricelas.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime7/2/2022, 14:42

Teste de Percepção+Ocultismo 5d10 dif. variável
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime7/2/2022, 14:42

O membro 'Jess' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


'D10' : 7, 4, 3, 5, 2
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime7/2/2022, 15:42

Já distante da proteção das paredes de nosso refúgio diurno era o som do porto que tomava minha mente, um suspiro pesado e saudoso tomava conta de meus lábios, o cheiro marítimo tomava minhas narinas e uma velha e já conhecida vontade de estar sob o convés de um navio se instalavam em meus desejos.

Meus olhos buscavam instintivamente pelas mercadorias a mostra, analisando de maneira rápida assim como os cálculos de lucros e gastos se formavam sem nenhum esforço em minha mente, velhos costumes que não haviam desaparecido como um todo, algo que ainda me fazia sorrir de maneira natural, embora meus próprios deveres com meus irmãos e Lucie muitas vezes usassem de meus conhecimentos, as coisas já não eram as mesmas.

“Fazia tempo que eu não saia… Espero que eles estejam reforçando a segurança do porto e das docas.”

Observando os movimentos naturais das pessoas a nossa volta, era com cuidado que me aproximava de Thea apenas para indicar a outros passantes que estávamos juntos, cantarolando baixinho era com calma que seguia ao lado da cainita mais experiente e de certa forma desfrutar daquele início de noite.

Mesmo relaxado os movimentos taciturnos me chamaram a atenção, o cantarolar baixo se silenciava quando meus olhos azulados encontravam as sombras se movimentando, a estranha sensação de falsa realidade tomava conta de meu corpo fazendo com que meus muculos retesassem com força, aprumando a postura era com cuidado que me mantinha vigilante, a estranha sensação que crescia conforme chegávamos ao forte fazia com que minha respiração cessasse por completo, e até mesmo os sussurros pareciam reverberar em meio as sombras fazendo com que minha atenção se voltassem para eles.

O som da voz de Thea me assustava, rindo de nervoso diante da pequena chamada de atenção desta, era com cuidado que lhe tocava uma das orelhas apenas para comentar ainda rindo.

— Falas como Lucie, e de certa forma não está tão errada assim!

Notando a presença dos guardas e dos portões a serem abertos pelos rapazotes, era em silêncio que fazia um pedido de calma apenas para comentar.

— Aqui não, o fantasma que vi tem ouvidos.

“As sombras… Será que minha ligação com o mar ainda me deixa mais sensível a esta percepção do que Martial? Dentre nós ele é o mais sensível, seria estranho que ele não tenha percebido.”
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime2/3/2022, 02:31

-Se você está dizendo que os fantasmas aqui tem ouvidos, quem sou eu pra duvidar não é mesmo? Vamos nos certificar de estarmos seguros antes de qualquer assunto ser tomado daqui em diante!

Afirmava Thea, que prontamente cruzava os braços e movimentava os olhos em sinal de atenção. De postura erguida a mulher que sempre costumava utilizar vestes masculinas se apresentava como uma figura impossível de ser ignorada. E juntos vocês não esperavam por muitos minutos até notarem a aproximação de uma dupla de servos vestidos de guardas do forte que prontamente, os saudavam e indicavam o caminho em direção a corte. Assim que vocês dois tinham acesso a pátio central, era possível notar uma comoção, algumas figuras desconhecidas estavam entretidas em alguns debates acalorados, porém, antes que você pudesse se atentar, Thea tomava uma das suas mãos e dizia:

-Não vamos perder o tempo aqui com essas coisas de Harpias enfadonhas, obrigado homens, vocês estão dispensados!

Os guardas sinalizavam que haviam entendido e retornavam aos seus postos, enquanto Thea tomava a liberdade de conduzir o caminho de vocês pelos corredores da Corte. Demonstrando um conhecimento bem apurado dos caminhos, ela os conduzia por corredores, escadas, pátios e vários salões e saletas de reunião, até que por fim, já nas salas mais altas, ela entrava em uma porta que possuía uma grande espelho encravado em sua fronte. E assim que vocês entravam nessa sala de estar que mais parecia uma biblioteca, era possível ouvir o som da voz de Martial.

-Mas veja, Tristan, nem sempre as coisas ocorrem como deveriam... Essa chegada de estrangeiros pode mudar muitas coisas. Não sei o que esperar dessas figuras, especialmente considerando o passado que elas carregam em seus ombros.

Dizia Martial, que estava de pé e de costas para entrada, sem ainda notá-los. Tristan, o magricela e sempre espontâneo homem das ilhas britânicas estava sentado e virado praticamente totalmente para a entrada, tanto que o mesmo saltava e ficava de pé sobre a própria poltrona, onde anteriormente estava sentado, assustando Martial com o movimento brusco que fazia.

-Uma pausa, proponho uma! Veja, são nossos irmãos, sinto um tremor, um ruído, as vozes estão atentas. Algo aconteceu! Entrem por favor, entrem, fechem a porta e as janelas, escondam os espelhos e nos contem o que aconteceu!

Thea sinalizava as janelas para você enquanto se encarregava de trancar a porta assim que vocês terminavam de entrar e já abria o assunto ao dizer:

-Acredito que nosso querido Gaetan tenha recebido maiores detalhes de sua premonição...
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime3/3/2022, 13:36

A tensão que dominava meus ombros e costas aliviava com suavidade diante da reação de Thea, o apoio da cainita mais velha era um sinal de cuidado e diante do que estávamos nos preparando para enfrentar o cuidado era um aliado muito bem quisto. Tomando o cuidado de observar a nossa volta era com clareza que notava a facilidade de Thea a impor sua presença, mesmo mais baixa a cainita conseguia em muito superar minha altura e porte ao se apresentar, algo que muitas vezes me fazia sorrir sozinho ou simplesmente agradecer por não ser o foco dos olhares que Thea naturalmente atraia.

“Tristan pode ser espalhafatoso, mas Thea com certeza não precisa se esforçar para ofuscar o irmão.”

Respondendo à saudação dos guardas com um breve aceno, era com calma que me mantinha atento a estranha presença que habitava as sombras que cercavam o forte, seguindo o caminho guiado pelos mortais o som das vozes mais eufóricas me tomava os ouvidos, mas minha atenção se voltava para Thea quando esta segurava uma de minhas mãos, suas palavras de dispensa aos guardas e ação de me guiar pelo forte.

Era em silêncio que seguia Thea, o claro conhecimento da cainita sobre o caminho a ser tomado me fazia sorrir, afinal ela, com certeza, era muito mais ativa na corte do que eu pretendia me tornar naquele momento.

“Ainda sou inexperiente demais para tentar ser uma peça na corte, mas tenho que observar mais Martial, ele tem se tornado influente e precisará de todo apoio.”

O som inconfundível da voz de meu irmão me fazia respirar com leveza, adentrar na biblioteca ainda seguindo Thea e observar o jovem Martial se assustar com a reação de Tristan me fez rir baixo sem medo de esconder o riso, ainda assim era com presteza que me colocava a seguir as indicações de Tristan, principalmente quando este mencionava as reações das vozes que nos guiavam.

Andando até as janelas era com calma que as fechava, mas não antes de garantir que teríamos luz o suficiente na biblioteca que nos cercava, ainda em silêncio era ao lado de Martial que me colocava para tocar em seu ombro e com um breve aceno concordar.

– Thea está certa, este começo de noite foi um pouco mais agitado do que eu esperava. Além disso, no caminho até aqui pude perceber que algo está se movendo mais rápido do que supúnhamos,

Voltando minha atenção para o grande espelho, era com cuidado que me aproximava para verificar a melhor forma de tampá-lo ou até mesmo vira-lo para a parede, apenas quando o espelho estivesse coberto era que por fim voltava minha atenção para Tristan e Martial e dizia.

– Nesta noite as vozes me acordaram, com a lembrança de minha premonição, então pude sentir a presença nos jardins. Entre as flores havia uma dama trajada em vestes pretas, em sua cabeça uma coroa de chifres e suas mãos eram brasas vivas, havia fúria e determinação em seu semblante. A visão se desfez quando Thea se aproximou do local.

Cruzando os braços de maneira relaxada era meus olhos se voltavam para Martial e Tristan para continuar com minhas palavras.

– Thea e eu decidimos vir até vocês já que são mais sensíveis às vozes, e durante o caminho até aqui, já mais perto do forte pude perceber que existe algo se movendo pelas sombras do porto, existe uma estranha perfeição em como as pessoas agem nas imediações do porto e isso se estende até as imediações do forte, depois que entramos não consegui manter a atenção.

Me recostando em uma das prateleiras era com calma que esperava pelas reações dos cainitas mais velhos.

“Então chegaram estrangeiros, isso deve explicar aquela exaltação perto da entrada. Mas como isso vai influenciar nas sombras que estão se movendo.”
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime10/4/2022, 01:46

As suas palavras eram as únicas a ecoar dentro do ambiente isolado pelas portas fechadas e cortinas cerradas, se não houvessem algumas poucas velas e um candelabro no alto do teto, certamente todos vocês estariam mergulhados em um escuridão total, porém, não era esse o caso e a meia luz vinda das velas bastavam para que seus olhos pudessem correr pelas expressões de todos os membros ali presentes. Martial, de braços cruzados, parecia fazer contas mentais e refletir sobre cada palavra que você pronunciava, já Tristan era mais expressivo, cheio de caras e bocas. Demonstrando temor e espanto diante da descrição da dama de chifres e vestes negras, saltando de sua cadeira para olhar ativamente na direção de Thea e afirmar:

-Eu disse! Tem sombras demais nesse lugar!

Afirmava Tristan assim que você terminava de falar sobre a sua percepção sobre as sombras da região portuária. Já a própria Thea, seguia em silêncio, porém a mesma estava atenta aos arredores, certificando-se de que não haviam intrusos ou espiões a ouvirem o que estava sendo dito entre vocês.

-Uma figura dessas não pode significar algo muito distante de um mal presságio. Talvez estejamos diante uma nova tormenta, uma batalha, ou quem sabe uma guerra...

Tristan logo completava:

-Precisamos alertar o Príncipe! Precisamos de uma estratégia! Se houve a manifestação diante o nosso refúgio, estamos no centro das ações!

Thea logo interrompia:

-Meu irmão, calma. Não há porque fazer tamanho alarde, primeiro, precisamos de provas. Minha sugestão é a de entrarmos em contato com nossos aliados mais próximos e verificarmos como está a situação de cada um deles. Temos a vantagem de sabermos que algo terrível se aproxima, não podemos desperdiçar essa vantagem que nossos futuros inimigos ainda não sabem.

Martial então conclui-a:

-Gaetan, posso pedir para que você procure por Zahra? Ela é uma aliada importantíssima para nós, ela é família. E além disso, talvez ela tenha informações e percepções sobre essas sombras que rodeiam a cidade. Posso contar que você irá até ela e a levará até nosso refúgio?
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime12/4/2022, 17:29

O breu que nos rodeava em nada me lembrava as sombras que meus olhos haviam percebido a cercar o forte, ainda assim me mantinha atento as reações a minha volta e mais ainda as reações das sombras que habitavam em minha mente.

“Logo terei que me valer da experiência de Louhi, só espero que essas novas sombras tenham medo das antigas sombras dela.”

Suspirando diante das reações mais chamativas de Tristan, era ajeitando minha postura que deixava de me recostar na prateleira, me aproximando do cainita era com um toque suave em seu ombro que comentava apoiando as palavras de Thea.

– Sua irmã esta correta, temos uma vantagem aqui e quanto menos pessoas souberem melhor para nós, caso contrário apenas estaríamos avisando sobre o que sabemos e nos expondo a represálias.

Voltando minha atenção para as palavras de Martial era com um suave sorriso que concordava com seu pedido, a figura de Zahra nos fora importante diante de meus primeiros anos como cainita e muitas vezes a simples presença desta era capaz de acalmar os sussurros quando as crises se apresentavam.

– Claro, ela vive entre aqueles que os altos olhos ignoram e são poucas as coisas que escapam a essas pessoas, se existe algo a se mover pelas sombras de Marseille eles já devem ter notado. Tens minha palavra que ela estará em nosso refúgio o mais rápido possível.

Voltando meus olhos para os irmãos ingleses e Martial era com calma que perguntava de maneira educada, mas, ainda assim, preocupada.


– Me preocupa que nossa movimentação até a corte e a possível ausencia de nossa presença aqui deixem olhos mais atentos em alerta, talvez seja bom que nem todos se ausentem.

Esperando pelas reações dos mais velhos, era com cuidado que indicava que iria me retirar afim de ir ao encontro de Zahra.

“Eu conheço seu refúgio, com um pouco de sorte consigo encontrá-la ainda nele.”
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime25/4/2022, 14:11

-Gaetan tem razão, não podemos nos ausentar por completo. É necessário agir, afinal além dos sombrios olhares, existe os olhares públicos e esses estão tão revoltados quantos os anteriores...

Afirmava Thea, que logo era respondida pelo próprio irmão que começava a dobrar as mangas das vestes.

-Deixem comigo a necessidade de permanecer na corte. Tenho uma desculpa fenomenal para a movimentação de vocês três, assim, checamos nossos aliados enquanto eu converso com o Príncipe sobre a necessidade da incorporação de alguns feriados políticos, apenas para irritar a corte de Paris.

Martial prontamente concordava e após a afirmativa silenciosa da cabeça do Membro do Conselho, vocês todos sabiam para onde deveriam ir. Seu objetivo seria diferente dos outros que checariam aliados locais na corte. Sozinho você se direcionava para onde as chamas haviam sido mais vorazes nos anos anteriores, o antigo centro da região portuária agora era totalmente diferente, novos prédios, novas casas, novas lojas, muros de contenção e proteção, praças desenhadas e executadas com perfeição, era como se fogo de outrora tivesse sido o responsável pela inserção da cidade dentro da nova cultura arquitetônica dos grandes centros Europeus.

Você sabia o caminho para a propriedade de Zhara com perfeição, afinal, havia sido sob a sua consulta que a própria havia adquirido o terreno para a construção da casa e o local passou por diversas revisões de segurança pelas forças da Corte local, sendo assim, oficializado pelo novo Príncipe como Território sob a Proteção do Clã Malkavian, ou seja, a quadra onde Zhara residia pertencia por completo ao seu clã e por assim ser, era um perfeito local para manter seus aliados mais próximos e até mesmo se hospedar enquanto estivessem na cidade. Era uma quadra residencial, com várias casas de médio porte e arquitetura similares, famílias de comerciantes locais era deixadas nas casas, porém, as alas protegidas para os membros em seus sonos diários eram proibidas para os mortais. Já a casa de Zahra era uma das menores e não era habitada por mortais, possuía dois andares e uma adega, uma estrutura bem comum para a região.

Assim que seus pés paravam em frente a residência de Zahra, seus olhos notavam que somente as luzes de um dos quartos do segundo andar estavam acessas. Já o primeiro andar parecia movimentado, tanto que você só precisava bater uma vez na porta para ser prontamente atendido pela própria Zahra.

-Boa noite Gaetan... me desculpe eu não esperava por sua visita hoje, mas por favor, entre meu caro, fique a vontade.

Zahra prontamente abria a porta, revelando o interior simples de sua sala de estar. Tudo estava como sempre, as decorações em seus devidos lugares, móveis e toda a estrutura da casa estavam perfeitas, porém, uma figura o surpreendia. Uma figura feminina se levanta para lhe saudar, usando vestes bem coloridas e em tons quentes, com uma costura mais vulgar e reveladora que a etiqueta habitual ditava para a época.

-Gaetan, essa é uma amiga de longa data, Madame Lazard. Madame, esse é Gaetan, membro do Clã Malkavian e um amigo querido. Posso garantir a ambos que estamos entre amigos de confiança, lhes dou a minha palavra.

A segunda mulher então dizia:

-Boa noite Senhor Gaetan, me desculpe por atrapalhar sua visita, mas eu precisava de um lugar seguro para essa noite... Espero que entenda, mas é claro, posso explicar a razão dessa necessidade, sem nenhum problema. Se você é de confiança da minha querida Zahra, também devo considerá-lo como um homem de minha confiança.

Madame Lazard:
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime25/4/2022, 20:44

Era em silencio que escutava as palavras rápidas de Thea, assim como observava a reação já mais centrada de Tristan, confiante de que o cainita faria sua parte com maestria de quem estava habituado a vida na corte, era apenas com o consentimento de Martial que, por fim, me retirava da pequena biblioteca.

Conhecendo a experiência e os passos que Martial e Thea dariam era com calma que tomava o caminho ao qual me propusera a seguir, atento a minha volta meus olhos se concentravam em meu percurso, o velho e conhecido coração portuário havia sofrido com mais ardor sobre o calor das chamas, mas assim como a vida, seu renascer ganhará um novo contorno, um que meus olhos haviam visto crescer e ganhar forma.

“ Marseille nunca mais será a mesma, muito foi perdido naquela noite, mas teríamos mudado de outra forma? A que custo essas mudanças chegaram até nós?”

Afastando os pensamentos questionadores de minha mente, era com calma que andava pelos domínios de meu clã, conhecendo as propriedades e pessoas que dispunham de nosso resguardo era com um saudoso suspiro que, por fim, chegava até a casa de Zahra, o local cuidadosamente protegido dos mortais e indicado por mim ainda me deixava de certa forma orgulhoso, mas minha atenção se voltava para a luz no segundo andar e a movimentação do interior da casa simples.

“ Espero que Zahra não esteja ocupada, infelizmente as vozes não podem ser ignoradas e sua opinião é de muita estima para nós.”

Ainda curioso sobre a movimentação na residência, era com uma batida na porta atendido por Zahra, a surpresa desta em me receber era a mesma que eu demonstrava ao notar a outra presença feminina, adentrando em silêncio quando convidado, meus olhos corriam de Zahra para a mulher que se apresentava, por fim sorrindo de maneira educada eu escutava atentamente a figura de Madame Lazard antes de me pronunciar.

– Shallon Zahra, peço perdão por vir sem avisar, mas infelizmente não é aconselhável ignorar aquilo que os sussurros nos apontam.

Sorrindo para Lazard era com uma mensura educada que a cumprimentava para então acenar de maneira negativa a suas palavras de explicação.

– Boa noite Madame Lazard, sou eu que tenho que pedir desculpas, eu não anunciei que viria, não irei julgá-la sobre sua necessidade, todos precisamos estar em segurança principalmente nós que compartilhamos a mesma sina. Quanto a explicação por favor não há real necessidade disto, confio no julgamento de Zahra e espero continuar a manter a confia que ela deposita em mim.

Voltando meus olhos para minha antiga mentora, era com um sorriso simples que comentava.

– Novamente perdão por vir sem me anunciar, mas meus irmãos gostariam de sua opinião sobre o que os sussurros nos trouxeram no começo desta noite.

Tomando o cuidado de não revelar muito sobre o assunto que gostaria de tratar, era esperando pelas reações de Zahra que me mantinha atento.

“ Espero que ela entenda meu cuidado.”
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime1/5/2022, 13:54

Zahra sorria ao ouvir as suas saudações, ela sempre deixava claro o quanto sua cultura mortal ainda a importava para todos com os quais ela mantinha um certo convívio. Porém, a leveza nas expressões da sua antiga tutora desapareciam quando você mencionava os sussurros. Atenta, ela sinalizava para que você se sentasse no sofá da sala de estar, enquanto pensava antes de falar. Diante da sua aproximação, a Madame Lazard prontamente cedia espaço no assento qua vocês dois passariam a compartilhar daquele momento em diante.

-Os sussurros, mais uma vez... Isso é preocupante, Gaetan, mas acredito que possa ter uma real conexão com os problemas que a Madame vem enfrentando. Por favor, explique a Gaetan o motivo que a levou a abandonar seu refúgio e suas atividades, Madame.

Dizia Zahra, com um tom centrado de voz, a cainita sabia como poucos membros sabiam, onde as dores verdadeiras alcançavam os mais desfavorecidos e marginalizados e como esses eram fundamentais para a sobrevivência de todos.

-Eu não sou de Marseille, sou uma refugiada das opressões da corte de Paris. Cheguei aà Marseille duas semanas antes do incêndio devorar a cidade, perdi nessa noite as minhas duas proles e todas minhas vassalas. Sinceramente, se não fosse pela interferência do Lorde Bertrand Allemand, meu destino seria o mesmo de minhas filhas...

Era com um peso doloroso que a Madame iniciava a sua fala.

-Porém, as noites seguintes a calamidade foram proveitosas, a cidade renascia e eu pude acompanhar a construção de novos bordeis e atuar junto desses para conquistar o que havia perdido. A região central da cidade foi prontamente arrendada pelas forças da Camarilla, assim como o porto também foi controlado. Todavia, o crescimento da cidade atraiu muitos olhares, incontáveis caravanas chegaram e novos bairros começaram a surgir ao redor da fortaleza que a Torre de Marfim erguia cautelosamente para seus membros. Mas nos subúrbios, onde as sombras rebeldes avançam por todos os telhados, a força que cresce é a do Sabá e eles não se preocupam com o crescimento de uma mácula virulenta, vil e horrível!

A dor começava a dar espaço para uma mistura de repulsa e revolta nas palavras da Madame que cerrava os punhos para começar a sua próxima sentença.

-Por várias noites consecutivas, crimes começaram a ocorrer nos bordeis e com as minhas garotas. Usarei a palavra crime, mas a realidade é que eram cenas abomináveis! Eu entendo que aos olhos de muitos, o trabalho delas é sujo, mas elas ainda são pessoas, seres vivos, com almas, com suas próprias fés e merecem dignidade. Mas seus corpos, que são vistos como mercadorias, não atraem a atenção das autoridades, então são descartáveis... Virando alvos fáceis para as ações macabras daqueles que são chamados de Demônios de Petaniqua, liderados por um homem insano chamado Achilles, esses membros passaram a sodomizar minhas meninas, em orgias de sangue, violência, sodomização e heresias das mais sujas! E tudo isso tem ocorrido sem que o Sabá tome nenhuma providência, na realidade, existe um acordo entre Drazek, o regente do Sabá e Achilles. E para completar tudo isso, o guardião das Sombras, Fabrizio, está se aproveitando desses crimes para expandir suas redes criminosas e violentas por todas as ruas, construindo um verdadeiro império de contrabando de pessoas, mercadorias e tesouros.

Zahra então concluía:

-É impossível deixar de associar esse relato ao retorno dos sussurros. Como eles voltaram, Gaetan? Talvez a Madame possa até mesmo nos ajudar a compreender alguma possível figura ou simbologia, já que a mesma tem sofrido com essas forças malignas a várias noites.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime3/5/2022, 00:27

Atento as mudanças na expressão de Zahra era com calma que andava até o sofá para me sentar ao lado de madame Lazard, em silencio minha atenção se voltava para as palavras de minha antiga mentora, e por sua vez eram redirecionadas aos relatos da cainita ao meu lado.

“Ela não pode ter chegado em Marseille em pior momento… Mas um refugiado não se pode dar luxos.”

Estudando as reações de Lazard enquanto contava sua história, era respirando fundo que me ajeitava no sofá, minha mente era incapaz de não lembrar de Lucie e seu carcere ao imaginar quais atrocidades as meninas de Lazard estavam sendo submetidas.

Ainda em silêncio meus punhos se fechavam com força em uma tentativa de controlar a raiva e asco que nascia em meu íntimo, os nomes mencionados por Lazard não me eram totalmente desconhecidos, mas entre eles Achilles se revelava uma carta a qual não poderia presumir nada sobre.

Respirando profundamente era com calma que tomava o controle de minhas emoções, com um breve aceno a Zahra eu por fim a respondia de maneira simples.

– Eles voltaram inquietos e em alerta, eles se mostraram como a figura feminina trajada de preto, usando uma coroa de chifres e mãos em brasas, nela havia fúria e determinação… Mas não foi isso que mais me preocupou, existem sombras a rondar o porto, em volta da corte e o forte que julgávamos seguros… As sombras já estão se movimentando e elas parecem perder a prudência de permanecer escondidas.

Colocando-me de pé meus olhos se voltavam para a figura de Lazard para então lhe dirigir a voz em um tom educado.

– Sinto por todas as perdas que tiveste ao chegar em Marseille, e sinto pelo que suas garotas estão passando neste momento, não as julgaria por seu trabalho, poucos são aqueles que podem se dar ao luxo de escolher o que fazer pela vida, mas ninguém esta isento de sofrer as consequências que o destino nos impõe. Por isso lhe peço encarecidamente que nos ajude a entender o que os sussurros nos trouxeram nesta noite, esta pode ser a chave para recuperar a liberdade de suas garotas e banir as atrocidades que espreitam os subúrbios.

Voltando os olhos para minha antiga mentora era com calma que continuava a falar.

– Obrigado por ser nossos olhos e ouvidos nos lugares que cometemos a falha de ignorar, mas acredito que tanto a madame Lazard quanto você seriam de grande ajuda nesta e nas próximas noites, isso também garantiria a segurança de todos. Por isso creio que aqui talvez não seja o melhor lugar para continuarmos nossa conversa, o refúgio tem ouvidos mais atentos e mais experiências a serem trocadas.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime15/5/2022, 22:51

-Então, após o grande incêndio, as sombras voltaram...

As suas palavras iniciais já causavam um impacto suficiente nas duas mulheres presentes no interior daquela sala simples dentro da casa de madeira. Zahra não escondia a preocupação e a tensão que o assunto carregava, transparecendo todas as emoções de maneira direta e expressiva. Já a Madame, sentada ao seu lado, permanecia de pernas cruzadas e com uma expressão séria na face, mas as mãos dela, que se agarravam ao tecido da saia e o tensionava, revelava o quão preocupada ela também poderia estar. A tensão escalava ainda mais quando você mencionava o fato daquela casa não estar segura e assim, a Madame logo respondia:

-Fico agradecida por suas palavras, Gaetan. E eu estou sim disposta a ajudar! Mas me perdoe a inocência, mas eu não sou um membro pertencente a Camarilla, não quero causar nenhum problema diplomático para o Senhor.

Zahra, sua antiga mentora e agora amiga de longa data, comentava assim que a Madame se expressava:

-Não acredito que exista alguma tensão política a cerca desse assunto, se essas sombras causaram mal a nós e aos membros da Camarilla, somos aliados contra elas, independente de nossas percepções políticas. Não é mesmo Gatean? E você diz que não há garantias de segurança aqui, onde teríamos? Tenho certeza que o testemunho da Madame poderá auxiliar a todos.

A mulher sentada ao seu lado esperava sua resposta, mas também aproveitava para adicionar por fim:

-Meu lar nessa cidade já foi tomado diversas vezes. Sinceramente, estou sem saber como proceder, esse era meu último ponto de segurança. Por isso, irei para onde for necessário e estou disposta a contar tudo que vi e ouvi.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime19/5/2022, 13:47

As reações de Zahra e até mesmo o tencionar das mãos de Lazard não me passavam despercebidos, era claro que para ambas minhas palavras traziam consigo um peso e significado difíceis de se ignorar.

“Não gostaria de ser o portador destas informações… Mas as sombras não irão fazer distinção na hora de se mover ou conquistar o que querem.”

Voltando meus olhos para Lazard era em apoio as palavras de Zahra que comentava de maneira educada para a mulher.

– Zahra está certa, neste momento é essencial que haja cooperação, nossas visões politicas devem permanecer de lado já que o risco que corremos não verá diferença. Além do mais, acredito que a madame Delcroix ficará feliz em saber que sua coroa pode estar correndo perigo.

Balançando a cabeça de forma suave era com um gesto simples que eu pedia calma a Zahra e a própria Lazard, os dominios sobre a proteção de minha linhagem podiam ser seguros, mas quando se tratava dos sussurros os cuidados deveriam ser redobrados.

– Perdão por me expressar mal, não é que aqui não seja seguro, mas acredito que ouvidos mais experientes que os meus podem fazer melhor proveito das informações que vocês dispõe, além do mais a sensibilidade de meu irmão pode captar detalhes que nos passem despercebidos.

Levantando-me do sofá era com um gesto simples que oferecia a cortesia de ajudar tanto Zahra quando madame Lazard a fazerem o mesmo para então continuar com minha fala.

– O lugar mais adequado para isso então seria o refúgio do Clã da Lua, lá qualquer mudança nos sussurros será notada e a segurança de todos será mantida. Por isso as convido a me acompanharem até lá.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime8/6/2022, 10:39

A sua fala era o alvo das atenções, Zahra não se preocupava em sequer raciocinar diante do convite a ação dela de se colocar prontamente de pé surpreendia a Madame Lazard, que ainda sentada, parecia tomar alguns instantes para analisar a situação.

-O Clã da Lua é o único dentro dos clãs que merece o meu respeito, diante dos crimes praticados contra a minha linhagem e meu clã, foi o Clã da Lua que estendeu a mão e nos salvou da aniquilação planejada e executada. Assim como, foram vocês que me receberam ainda na ilha, quando as chamas levaram todos meus irmãos e irmãs nas noites passadas. Agradeço o convite e o aceito, precisamos estar em segurança para lidar com essa nova ameaça.

Era notória a insegurança que a Madame aparentava sentir naquele momento, a mulher apertava as próprias mãos de forma intensa, espremendo ao ponto de lhe causar uma certa dor física. Desviando os olhos para o chão por alguns momentos, ela murmurava...

-É hora de engolir o resto de orgulho que nos resta...

A fala da Madame não parecia ser direcionada a nenhum dos ali presentes, mas sim para sua própria mente, para alguma memória vívida que ainda existia dentro dos olhos dela, você não sabia exatamente como explicar mas sua percepção era capaz de sentir junto do pesar dos olhos da Madame uma verdadeira história de dor e perda, haviam muitos olhos dentro daqueles que deixavam de encarar o piso de madeira da casa onde vocês estavam e agora, passava a olhar diretamente para você.

-Me perdoe por ser incapaz de confiar em qualquer clã da Camarilla, não é algo pessoal. Mas... enfim, obrigada pelo convite generoso, eu irei aceitá-lo.

No momento em que a Madame se levantava, seus ouvidos captavam um som baixo, um ranger das madeiras, uma vibração terrível, um presságio de agonia. Alguma coisa estava em movimento, os ventos gelados estavam agitados e carregavam consigo o pranto de inocentes... As sombras estavam em movimento e vocês não tinham muito tempo para desperdiçar!
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime13/6/2022, 13:44

Era com um sorriso gentil e até de certo modo aliviado que concordava com as palavras de Zahra, a figura da salubri me era querida, afinal ela havia sido minha mentora em meus primeiros anos como criança da noite, e o respeito por seu conhecimento e pessoa só haviam crescido ao longo dos anos.

– Todos a vemos como família, sempre terás nosso respeito.

Comentava de maneira simples a Zahra quando a auxiliava a se levantar, voltando minha atenção a figura de Lazard, a insegurança demonstrada no aperto de suas mãos não me passava despercebido, ainda assim era com paciência que esperava pela resolução da cainita.

As palavras e o levantar dos diversos olhos que acompanhavam Lazard me faziam respirar profundamente, ali estavam marcas que até mesmo o tempo seria incapaz de apagar completamente, eram marcas e pesares daqueles que acompanhavam Lazard em sua labuta diária e sobrevivência, eram os olhos que jogariam fora o pouco orgulho.

“Ela não está sozinha...”

Estendendo a mão para a cainita era com simplicidade que falava.

– Não estou pedindo que confia em um clã da Camarilla, estou pedindo que confie em mim e em minha família. Tenha certeza de que me esforçarei para ser digno de sua confiança. Além do mais, não estás só, tens tuas meninas e elas provavelmente sofreriam sem sua ajuda.

Firmando a mão para ajudar Lazard a se levantar, minha cabeça se voltava para a entrada da casa, o som dos sussurros e os gemidos de agonia trazidos com o soprar do vento frio faziam com que meu corpo retesasse, ainda em silêncio eu respirava por alguns instantes antes de voltar meus olhos a Zahra e Lazard.

– Precisamos nos apressar, as sombras estão se movendo mais rápido do que o esperado e neste momento nossa segurança é essencial.

Deixando claro a urgência de minhas palavras era com passos rápidos que me dirigia até a porta para abri-la enquanto esperava pelas duas cainitas.
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime28/6/2022, 02:03

A madame segurava com firmeza na sua mão e buscava olhar profundamente nos seus olhos, ouvindo suas palavras a mesma parecia claramente procurar por algum sinal de confiança. E assim que a mesma ficava de pé, ela deixava um sorriso aliviado lhe escapar pelos lábios, ela estava pronta para lhe responder verbalmente, porém o seu senso de urgência era acompanhado pela manifestação de Zahra.

-Gaetan tem razão... As sombras estão em movimento, precisamos partir agora!

As palavras de Zahara eram seguidas pelo uivar alto de um lobo, um uivo macabro, longo e rouco que se propagava por toda região. Era possível ver o rápido escurecer e apagar de algumas casas próximas, junto do bater de portas e janelas! Seus ouvidos eram capazes de ouvir uma nova leva de sons, agora eram os gritos de medo e horror, como uma sinfonia abominável, o grave dos gritos caia e escorria pelas madeiras do chão da casa da Madame, que perdida olhava para vocês dois sem saber como reagir! As sombras começavam então a invadir a casa onde vocês estavam, como serpentes tenebrosas, elas se espremiam por entre as falhas das vigas de madeira, outras pingavam do teto como uma chuva horripilante de dor e sofrimento... Algo terrível estava para acontecer!

Porém, no centro da testa de Zahra, um terceiro olho se abria. Você sabia o que ele era, um legado de extrema sabedoria, iluminação e verdade. Um legado que foi perseguido e destruído pela maquina política da Camarilla, um legado que vocês, filhos da lua, eram os únicos a realmente entender o valor... A madame se assustava com a manifestação de Zahra, porém, a herdeira do sangue judaico erguia as mãos aos céus e batia as palmas das mãos ao dizer:

-El eloah yahweh!

E assim, um clarão de luz dourado era emitido pelo seu terceiro olho posicionado no centro de sua testa, como uma real manifestação sobrenatural, a luz queimava e afastava as sombras! O clarão durava alguns poucos segundos, talvez dois ou três piscares de olhos, mas era o suficiente para banir as sombras daquela quadra.

-É agora que corremos!? Fomos salvos?! Para onde vamos Gaetan? Por Deus, eu não sei mais o que está acontecendo!

Dizia a Madame Lazard, totalmente assustada com tudo que havia presenciado.

Zahra levava as mãos sobre a face, escondendo-se em vergonha, para falar de maneira fraca:

-Por favor, Gaetan... Vamos para o refúgio de sua família, antes que eles voltem.

[Off: Ultima ação para o final do ato]
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MensagemAssunto: Re: 2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet    2º Arco - 1º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime4/7/2022, 17:28

As reações sinceras de Lazard não me passavam despercebidas, porém a urgência do perigo que se aproximava se fazia presente, não só nos uivos que os sussurros traziam aos meus ouvidos como nas palavras de Zahra.

Os uivos e tremores que invadiam a pequena casa de madeira teriam me feito recuar, mas ali acompanhado por Zahra e Lazard era necessária força para me manter calmo e atento a qualquer possibilidade de escapar em segurança.

“ Esse ataque foi intencional? Ou foi somente um aviso?”

Minha mão segurava a de Lazard com força a fim de impedir que esta corresse se colocando em perigo, respirando fundo era com rapidez que andava até Zahra, sentindo o medo ecoante dos olhos de Lazard era com força que me concentrava em respirar, o gotejar das sombras, tentáculos e os gritos ecoantes apenas serviam para me lembrar de minha primeira previsão, os tentáculos de sombras ainda se faziam presentes e acompanhavam meus pesadelos, vê-los na realidade fazia com que meu estômago revirasse, mas o medo não podia ser escutado naquele momento, não se quiséssemos sobreviver.

Quando a sensação de perigo e terror finalmente alcançavam seu auge era o legado de luz de Zahra que se fazia presente, o terceiro olho se abria assustando aos desacostumados e leigos sobre o legado de Zahra, ali era com firmeza que segurava a mão de Lazard para acalma-la, e enquanto as palavras de minha irmã ecoavam assim como suas palmas eu protegia meus olhos da luz brilhante e justa que queimava o perigo.

“Louhi, é bom que as sombras ainda lembrem do seu nome, porque precisaremos da força dele e mais ainda da experiencia dele…”

Piscando algumas vezes eram as palavras de Madame Lazard que me traziam de volta a realidade, balançando a cabeça eu soltava sua mão em um claro pedido de calma a assustada mulher.

– Estamos salvo por enquanto, mas ainda não estamos seguros, quando estivermos seguros será o tempo das respostas então por favor acalme-se.

Respirando fundo era com rapidez que ia até Zahra, o ato de esconder a face com vergonha me fazia segura-la pelos ombros para responden-la em arabe.

- ‘Ukhti aleazizat la takhafi 'ant bayn al'asdiqa'i. Taeal , sanaeud qryban 'iilaa almanzil wabaed dhalik sanakun bi'amani.

Esperando pela reação de Zahra, minha cabeça se voltava para Madame Lazard indicando a porta, precisávamos ser rápidos para aproveitar a segurança criada momentaneamente pelo legado de Zahra.

– O refúgio não é tão longe do porto, então temos que ser rápidos!

Segurando os ombros de Zahra era com calma que a guiava até a porta.
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