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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet

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Danto
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MensagemAssunto: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime1/4/2021, 03:42


Data: ?? de Maio de 1550
Local: Castelo de If

Um vaga-lume à rodopiar pelos céus escuros da sua querida cidade a beira do mar, um único inseto que parecia conectar as luzes das mais distantes e altas estrelas, brincando com desenhos amórficos, constelações, impressões, faces e direções. As sombras ainda ameaçavam a cidade, a sua cidade, mas haviam outros elementos no seu sonhar naquele momento, invasores? espectadores? Era difícil de compreender, mas a realidade é que o seu imaginário não era mais seu, ele era espelhado, compartilhado e multifacetado!

De pé sobre um navio atracado no porto de Marseille você sentia seu coração palpitar de ansiedade, pois as sombras pareciam dragar para longe do seu alcance as ruas de pedras e os casarões que você haviam aprendido a gostar e admirar. Tudo estava longe, estranho, não haviam mais faces familiares pelo porto da cidade, sequer haviam barcos que lhe parecessem reais ou comuns diante sua experiência. Muitos eram feitos de placas de metal, com caixotes enormes e coloridos, com enormes braços de cobre e engrenagens complexas demais. Sons de ruídos agudos se misturavam a vários dialetos novos, pessoas seguravam em suas mãos minúsculos quadrados espelhados e os usavam para se comunicar em silencio!

Novamente ali estava o vaga-lumes e ele queria lhe mostrar algo, descendo dos céus negros daquele porto confuso e cheio de novas informações sem nexo, o pequeno inseto pousava em suas mãos e o mesmo pesava como uma criança! Seu desequilíbrio o fazia cair de joelhos, para então erguer a cabeça novamente e ter em frente aos seus olhos o Castelo de If, em seu maior resplendor, com muralhas intactas, torres armadas com canhões navais, guerreiros em muralhas... Você estava de pé sobre o mar, como o próprio filho de Deus havia feito nos escrito sagrados. E das profundezas do mar negro daquela noite de sonhar, uma voz masculina proclamava um poema:

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

A loucura, ela havia enfim chegado! Seus olhos se abriam e eram incapazes de lhe dizer se estavam a sonhar ou à viver! Seu tato era múltiplo, as vozes se concentravam, vindas de todas as possíveis e impossíveis origens, à repetir o poema em extrema velocidade. Algumas dessas o citavam de trás para frente, outras frase à frase, outras em jogral... Gritos, desespero, raiva, ódio, sangue!

O vidro enfim se rompia, o espelho que o conectava com a sua vida passada começavam a rachar diante dos seus olhos! Vários gritos desesperadores se aproximavam como trovões a ecoar antes de uma poderosa tempestade! Seus olhos se abriam para uma nova realidade, de pé em frente ao único espelho do seu quarto você via seu reflexo tremer, alterando várias faces, claramente de soldados humanos perdidos na recentes guerras... Gradativamente o espelho passava a lhe contar sobre episódios do passado, imagens da construção do Castelo de If, imagens de tropas de humanos em guerra, sinais de várias civilizações, dês do povo do mar até os poderosos e conquistadores Romanos. E era justamente uma dessas faces romanas que parava diante dos seus olhos, dentro daquele espelho quebrado e surreal. De lá, um homem de cabelos grisalhos, armadura frondosa e adornada pelas marcas dos grandiosos deuses romanos, trajando vestes azuis por debaixo da armadura, esse homem se virava para olhar diretamente em sua direção e falar:

-Boa noite, jovem herdeiro da loucura corrosiva e libertadora. Me chamo Lerterimas, Senhor da bruxa Louhi e prole Malkav, o progenitor da grandiosa loucura que nos consome e nos guia. Esse é o vosso momento de ruptura e para tal é necessário que saibas, jovem herdeiro, que existe muito a lhe ser ensinado, contado e principalmente, existe muitos mistérios a lhe apresentar nessa eterna busca pelas respostas que nunca são absolutas e satisfatórias. Mas é necessário, começar por seus primeiros passos, para que venhas a se tornar um verdadeiro herdeiro do vitae de Malkav é necessário romper o espelho, deixando sua antiga vida para trás e vivenciar essa nova forma de ser, pensar, ouvir e sentir.

O homem então estendia a mão na sua direção, a mão dele rompia os limites do real e o do sonhar, manifestando-se do lado de fora do espelho e ali ela pendia ao aguardo de sua reação.

-Se estiver pronto para sua ruptura, venha. O caminho é tortuoso mas irá compensar, isso eu lhe prometo, jovem herdeiro.

Lerterimas:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime1/4/2021, 15:18

Era a luz tênue a quase diminuta do vaga-lume que me fazia tomar alguma consciência, se é que havia realmente alguma consciência para se tomar diante do que meus olhos observavam.

“É mais um sonho?”

A sensação de estar diante de um espelho fragmentado confundia meus sentidos, meus olhos instintivamente não confiavam no que minha audição escutava, e minha audição desconfiava completamente de minha visão que insistia em me mostrar uma Marseille que não condizia com a que eu conhecia, talvez apenas meu tato estivesse correto, porque o chão solido sobre meus pés era o que fazia com que eu mante-se firme meu corpo.  

Os grandes navios feitos de placas de metais, os colossos de mais puro cobre e engrenagens, as pessoas tão distintas que se importavam com os pedaços de espelho em suas mãos apenas me faziam permanecer tenso e com a respiração rápida, a sensação angustiante de meu primeiro sonho ainda era recente em minha mente e meu corpo respondia a isso tencionando os músculos de minhas costas enquanto a respiração desnecessária era feita de maneira rápida.

Em meio aos céus negros de meu sonho o vaga-lume se fazia presente de novo, ali eu me agarrava a sua luz tênue e etérea sem medo, estendendo a mão para que o inseto pudesse pousar o peso surpreendia meu corpo e músculos, caindo de joelhos na água eu me surpreendia por não estar mais no convés de um navio, ainda assustado eu me colocava de pé sentindo a água fria ser firme o suficiente para que eu não afundasse, em minhas mãos já não haviam mais o vaga-lume, mas a minha frente as muralhas do Castelo de If se apresentavam.

As muralhas sólidas e bem fundadas eram adornadas por canhões de guerra e soldados, o contingente de homens me deixava em alerta, porque não condiziam com os números que havia visto em minhas primeiras noites ali. A visão da muralha não era o suficiente para tirar minha atenção da voz masculina que ecoava das profundezas do mar, dando alguns passos para atrás eu tentava em vão encontrar a voz que ganhava força em suas próprias palavras.

Era ainda tentando encontrar a voz que meu corpo despertava, mas o despertar não era solitário, dos sonhos os ecos de diversas vozes me cercavam, o poema repetido em meio a um caos de tons, velocidades e ritmos me fazia respirar de forma pesada e descompassada, era inevitável saber que os avisos de Lucie e Martial finalmente se mostravam verdadeiros, a loucura dos filhos da lua finalmente havia me achado e dela eu não poderia fugir.

De pé diante do espelho de meu quarto eu era incapaz de confiar em meus sentidos, meu reflexo no vidro era sobreposto a faces desconhecidas, histórias esquecidas e a pressão fazia com que o espelho gradualmente trincasse e partisse, sem desviar meus olhos eu sentia meu corpo lutar para se manter de pé e compreender o que acontecia, e ainda em meio ao caos que se apresentava a minha frente, era a face de um experiente soldado romano em trajes elegantes que se apresentava, sua voz fazia com que o eco caótico finalmente fosse sobrepujado e com isso eu respirava com mais calma.

“Mantenha-se firme Gaétan, essa só foi a primeira onda, o pior da tempestade ainda esta por vir.”

Sentindo meu corpo suado e pesado era com dificuldades que prestava minha atenção no homem que me estendia a mão, as palavras que me eram ditas faziam com que os nomes citados por minha senhora e irmão criassem ligações com o que me era dito ali, em silêncio eu firmava meus pés diante do espelho que ainda se partiria por completo, fechando os olhos por alguns segundos era com o que me restava de calma que respondia a Lerterimas.

– Boa noite monsieur, eu reconheço o nome de Louhi, irmã de minha senhora e reconheço o teu, senhor de Lucie, então posso lhe dizer que se não estivesse consciente do que deixaria para atrás não teria aceitado ser o primogênito de Lucie.

Abrindo os olhos para encarar a mão estendida que desafiava minha sanidade e o reino dos sonhos, era com uma reverência educada que eu fazia antes de acenar com um simples gesto positivo e comentar ao segurar a mão que me era estendida.

– Por favor seja meu mentor diante da tempestade que se aproxima, eu juro que farei meu melhor para ser merecedor do conhecimento e saber advindo da loucura de Malkav.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime5/4/2021, 02:50

As suas palavras eram direcionadas a figura romana de Lerterimas e o mesmo as ouvia. Porém, enquanto ela as ouvia com atenção, os arredores que antes os circundavam começavam a se modificar, as paredes se distanciavam em uma ação rápida e silenciosa, sendo forradas por mármore e abrindo uma ampla sala com assentos circulares e lineares que se curvavam em semi círculos perfeitos em frente a uma poderosa estátua do imortal imperador, Julio César.

Você se via de pé no centro do local, onde uma esfera de mármore negra simbolizava uma espécie de local de fala ou até mesmo de julgamento daqueles que estavam ao lhe circundar. Todavia, o local inteiro estava vazio, e independente de sua amplitude e solidão, ele era real ou sua mente era criativa e poderosa o suficiente para recriar o interior de uma verdadeira sala de julgamento ou de reunião do senado romano! Era possível até ouvir as vozes de pessoas ecoando no fundo, como se estivessem bem distantes, a luz dos luar entrava pelas janelas frontais e o fogo das luminárias e tochas colaboravam para uma visão bem nítida daquele lugar. E por fim, a figura de Lerterimas se construia com perfeição logo abaixo da grande estátua do Imperador. Circundando a cadeira que ali havia, o ancestral homem caminhava na sua direção:

-Fique tranquilo meu caro, não estou aqui para cobrar sua lealdade ou questionar sua posição ou seus méritos. Pelo contrário...

Descendo vagarosamente as escadas de mármore, ele sorria, olhando na sua direção.

-Eu venho para conversar com meu herdeiro sobre a profecia que este vivenciou. Afinal, a sua memória e a sua mente é a minha, tanto quanto a minha é a sua e a de todos nós ao nosso progenitor também pertence, somos muitos, somos um só. A maior e mais poderosa de todas as legiões, aqueles que por muitas vezes são esquecidos, pobres loucos incapazes! Mas que na realidade, estão a segurar os remos que leva todas as sociedades para algum lugar... Veja esse exemplo, caro herdeiro! O que é Roma se não o maior de todos os Impérios? O que é Roma se não o imortal Império que após a sua queda ainda é determinante pra definir o que a sociedade é? E a quem pertencia Roma se não a nós?! O nosso maior legado não foi uma falha, não foi derrotado e empurrado para debaixo das vergonhosas histórias do passado, nós conquistamos o mundo e quando enfim terminamos, ele nos agradeceu!

Dizia Lerterimas, com muito orgulho, parando a beira do anel de mármore central onde você se localizava.

-Mas, antes de falarmos da sua visão, meu querido herdeiro, vamos falar sobre a sua loucura e as nossas tradições. Está bem? Eu irei fazer com que ela se manifeste, mas preciso da sua autorização. Afinal, estamos em sua mente e apenas compartilhamos dela, o verdadeiro Lorde desta fortaleza é você e sempre será. Só tome cuidado com as janelas abertas e os corredores que você mesmo escolherá esquecer...

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime5/4/2021, 17:58

Enquanto dizia minhas palavras, o mundo a minha volta se moldava, por fim quando já não havia som em meus lábios minha atenção de voltava ao meu redor, e ali a amplitude do que acontecia não me apavorava, apenas servia para aguçar a minha curiosidade do que estava por vir e pela figura de Lerterimas.

O frio do mármore era sentido por meus pés descalços enquanto a sala de reuniões ganhava contornos nítidos, olhando a minha volta já não havia meu quarto de pedra cinza, mas uma verdadeira relíquia da antiga Roma em seu ápice de poder, a figura eternizada de Júlio César em mármore me indicava isso, e antes mesmo que meu primeiro passo fosse dado era a figura de Lerterima que me fazia permanecer no lugar.

“Lucie é muito mais velha do que eu poderia imaginar... Quanto conhecimento ela carrega consigo?”

Em silêncio era com calma que ajeitava minha postura diante da figura de Lerterima, diante do homem muito mais velho do que eu a sensação de escutar um professor orgulhoso de seu trabalho me tomava com força, voltando meus olhos para o mármore negro debaixo de meus pés a sensação de ser o foco daquele estranho encontro.

Levantando meus olhos para a figura romana a minha frente eu sorria ao comentar sobre suas últimas palavras de forma suave.

– Muitas janelas e portas abertas podem inundar minha mente não é?

Puxando o ar com força eu relaxava a postura ao concordar com um breve aceno, aquele encontro de certa forma havia sido oportuno já que o medo de enfrentar a loucura de Malkavian agora era controlado, afinal diante de mim, estava alguém tão velho quanto Roma e possivelmente mais experiente do que eu jamais seria.

– Se sou o lorde desta fortaleza ou não, esta é a primeira vez que tenho acesso aos recantos dela. Eu sou grato por sua preocupação, e mais grato ainda pelo auxílio, meu maior medo desde o abraço era ser encontrado pela herança de Malkav sem estar preparado, vi o medo disso nos olhos de Lucie e não me perdoaria por causar algum mal a minha senhora e meus irmãos de herança.

Andando até a figura de Lerterima eu fazia uma suave mensura para então encara-lo e comentar de maneira calma.

– Tens minha total permissão monsieur, se nossa mente e vontade se funde em uma só e com isso somos a mais poderosa das legiões que já caminharam pela história, não serei eu a quebrar a corrente de nossa tradição. Aprenderei a escolher as portas e janelas corretas a serem fechadas com o tempo, e reconhecer aquelas que devem permanecer abertas, mas para isso preciso de sua experiência.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime16/4/2021, 03:17

Descendo o breve lance de escadas de mármore, Lerterimas ouvia com atenção suas palavras enquanto se direcionava até o mesmo circulo central que servia de plataforma para algum possível membro que discursaria diante dos outros ali presentes. Os passos do homem de cabelos grisalhos eram marcantes e irregulares, uma pequena brincadeira dissonante que passava longe de ser sem intenção, já que os lábios do homem sorriam enquanto ele parecia se divertir com o pequeno caos sonoro que sua caminhada causavam ao ecoar por toda a solidão daquele enorme salão romano que apenas vocês compartilhavam naquele momento.

-Entendo suas palavras, meu jovem, mas temo ser aos seus ouvidos os ventos do sul que sopram as terríveis verdades de um inverno sofrível, digo isto por já ter visto incontáveis e dentro desses, nenhum único estava pronto para olhar através do espelho quebrado.

Subindo no circulo central para ficar no mesmo patamar que você, o antigo homem que por horas parecia muito mais uma manifestação fantasmagórica e suavemente transparente, ou totalmente presente e sólido como uma pessoa deveria ser, parava a sua frente e esticava a mão direita, para então apontar o dedo na direção da sua testa e gritava:

-NÓS SOMOS OS FILHOS DA LUA, MENSAGEIROS, REIS, TOLOS, HERDEIROS DA MÃE NEGRA! SAINDO DE UM LUGAR PARA NENHUM OUTRO! ROMPA A JANELA POIS TEU OLHAR TEM O PODER!  


Os gritos de Lerterimas ecoavam, vibrando pelas paredes e as lacerando como verdadeiras garras selvagens! O chão tremia como se um vulcão estivesse em uma potente e descontrolada erupção, colunas de mármore se esfarelavam como pequena e frágeis luzes a serem engolidas pela neblina em alto mar. O céu, escuro, arroxeado e estrelado era encontrado através das feridas feitas pela força das palavras de Lerterimas.

-Nós dançamos a dança dos tolos e rezamos para que todos eles nos encontrem loucos! Pois se eles alcançarem nossas raízes, saberão quem somos por de trás dessa ilusão e irão tremer em culpa ao verem o verdadeiro peso dessa dança.

Proclamava Lerterimas, que agora esticava as mãos aos céus e como um verdadeiro Deus, fazia com que os céus se abrissem, exibindo as poderosas estrelas e suas maravilhosas constelações fixas no infinito e apaziguador tenebroso de um céu noturno. Ao fundo, era possível ouvir os sonos agudos e terríveis de chacais que pareciam gargalhar freneticamente, mas os risos dessas bestiais criaturas não eram direcionados à você, elas pareciam acompanhar e até mesmo, ofuscar o grito gutural e visceral de um homem... Um homem sozinho, desesperado, atormentado, fragmentado que fincava as próprias unhas sobre sua carne e a fazia romper como barragens temporárias de frondosos rios de sangue. Esse homem gritava como uma ave de rapina ao ser atingida por uma flecha de um hábil caçador, um grito que escalava para um choro compulsivo, avassalador, verdadeiro e doloroso.

-Você o escuta, certo? É ele, sim, o próprio... Nosso progenitor... E agora eu lhe pergunto, porque nenhum anjo veio a seu resgate? Porque? Veja, são milhões de estrelas no céu, todas a nos observar e mesmo assim o que recebemos de lá além do silêncio? Aqui estamos juntos, aqui somos nós e somos você, somos seus soberanos e você é o nosso. Não há mais a necessidade de um Deus, nunca mais! Somos os Senhores de nossa própria existência e pela verdade que apenas ele carrega, nós alcançamos profecias, passados e futuros. É chegada a hora de romper o espelho da sua ilusão!

Lerterimas marchava contra você, sob o céu estrelado de um lugar inexistente, para lhe tomar com as mãos pelo pescoço e olhar no fundo dos seus olhos enquanto o estrangulava com a força de mil homens. Seus olhos começavam então a sangrar, sua boca se abria e suas presas ressoavam em fúria e desespero! Nada poderia ser feito, mas antes que o fim se manifestasse, seus ouvidos mergulhavam no mais profundo silencio... Um apaziguador e apático silencio... Lerterimas sorria orgulhoso e naquele mesmo momento, um estalo ocorria, um caminho era tomado, uma alma era torcida em uma direção e ao fundo havia o som de uma enorme peça de vidro sendo atirada ao chão, estilhaçando para nunca mais ser uma só... Ali estava a verdade que a humanidade sempre procurou, a essência máxima que preencheria o vazio dos corações dos homens de fé, todas as perguntas respondidas, os mistérios da vida e da morte... Mas, onde você estava mesmo?!

Sala do Trono:
Data: 22 de Maio de 1550
Local: Castelo de If

A luz do luar entrava pelos vitrais azulados posicionados no alto das paredes laterais, preenchendo a sempre gélida sala do trono do Castelo de If. Haviam se passado dez dias, mas era somente agora que a sua mente enfim retornava ao seu corpo, a viagem enfim havia terminado e você estava por fim, incompletamente pronto para sua autopercepção. Seu corpo estava sentado justamente no trono onde a figura tirânica de outro homem outrora ocupara, mas de pé a sua frente na base das escadas não estavam os machados ferozes de Altamira ou sua força destruidora, ali estava a face de uma estranha e desconhecida familiar. Rindo, a mulher fazia uma saudação debochada na sua direção.

-Bem vindo de volta, ou parcialmente de volta, devorador de mentes. Regozijo ao rever que minha herança recaiu justamente sobre os ombros daquele cujas mãos jamais ficaram encharcas pelo sangue de outros, a morte sempre me foi uma fonte de prazeres, todavia, sua brevidade me frustravam. Alguns acreditavam que devorar o coração era a chave, outros comiam da carne ou violentavam seus corpos das maneiras mais vis possíveis, o poder era sempre o objetivo... O que não fazemos por ele não é mesmo? Lorde?! Ah sim, me perdoe, mas enquanto ele será teu resplendor de razão eu serei teu demônio, poético não é? Pois bem, cá estamos e não consigo esconder minha excitação!

A mulher dava então uma inesperada corrida na sua direção, ela era uma completa estranha aos seus olhos, mas seus traços, suas vestes e especialmente seus olhos profundamente azuis o fazia acreditar que essa deveria ser alguma antiga guerreira nórdica ou ainda pior, uma bruxa pagã das terras geladas.

-Eu sei o meu fim e você é o meu recomeço. Somos como a serpente que devora a própria cauda, passado e futuro, presente e memória. Unificados. Meu Senhor o guiou no rompimento e eu irei lhe guiar de volta aos seus familiares, afinal, eles estão esperando por ti! E é por isso que eu venho lhe revelar, meu querido, que tu és exatamente como eu! Um devorador de mentes!

Rindo como uma gralha, a mulher sentava sobre o seu colo e esticava as mãos para alcançar o seu queixo. O toque dela era gelado como o próprio inverno! E naquele momento uma enxurrada de memórias o invadia! Você havia perdido o controle durante sua primeira alimentação, por causa disso, sua Senhora decidiu coloca-lo na sala do trono. Martial havia identificado que não era uma simples falta de controle, era sim algo que o estudioso rapaz definiu como "O primeiro transe", sua sanidade havia sido posta em cheque e somente agora, ela retornava e trazia consigo os ecos daquela experiência, pois o silêncio da sua mente agora era a morada de murmúrios desconhecidos, havia uma plateia discreta e sombria sempre presente!

-Perdoe-me pela falta de educação, sou Louhi. Sim, a verdadeira, aquela que resultou em tudo isso. A semente negra dos horrores desse castelo! E é com orgulho que venho lhe explicar sobre o seu eterno tormento, meu caríssimo e este é: Sempre que o sangue nutrir suas entranhas, você sentirá a necessidade de sorver algo à mais, tu serás como outrora eu fui, um devorador de memórias! Toda gota de sangue lhe contará uma história que nós iremos compartilhar, juntos. Uma maravilha, não é mesmo?

Indagava a mulher que em um piscar de olhos, estava mais uma vez de pé na base da escadaria de acesso ao trono onde você estava sentado, porém, dessa vez havia o corpo de um serviçal do castelo estirado sobre as escadas e seu coração pulsava devagar e tímido, o homem estava inconsciente. Louhi caminhava até o mesmo, subindo alguns degraus e sem cerimônia alguma, mordia o pescoço do rapaz, como uma loba a devorar sua presa! Abrindo uma profunda ferida que prontamente sangrava, despertando dentro de ti uma urgência avassaladora de se alimentar daquele sangue.

-Vamos, querido. É hora de se lembrar desses últimos dias, é hora de despertar meu querido Devorador.

Louhi:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime16/4/2021, 13:55

Parado diante de Lerterima era com calma que observava os movimentos deste, o som de seus passos caóticos e irregulares me chamavam   atenção, já que as palavras de Martial sobre a música ser uma companheira ainda teriam de se provar reais. Atento ao eco dos passos de Lerterima, suas palavras me soavam como um aviso amistoso sobre a tempestade que estava por vir e açoitar a velas e lavouras de minha mente.

– Até mesmo a pior das estações precisa existir, caso contrário o homem não seria grato ao fruto de seu trabalho e aos tempos de temperança.

Eram minhas palavras ao cainita mais velhos, firmando meus pés sobre o mármore frio que minha mente criava em uma vã esperança de me preparar para o que viria, e novamente a surpresa de nunca estar preparado para a força cainita tomava meu amago. As reações de Lerterima teriam me feito recuar, mas ali diante do velho cainita já não havia essa escolha, o trovejar de suas palavras, o desmoronar da visão que nos cercava faziam com que meus joelhos tremessem em se manter firmes, diante do progenitor de minha senhora, minha força era mínima e diante de suas palavras eu era um grão de areia jogado ao vento.

Para os céus que meus olhos se voltavam quando o esplendoroso salão romano ruía, ao contrário de qualquer construção e palavras já dita, as estrelas não mentiam, elas guiavam e em minha própria juventude elas haviam me ensinado a ler seus encantos e caminhos, ainda assim eram a força das palavras de Lerterima que me atraiam de volta, as verdade e segredos ali revelados me faziam sentir o vazio que nos cercava, e por alguns instantes meus joelhos vacilavam ao descobrir que não havia mais nada para que meus pés se apoiassem.

A destruição que se completava diante de meus olhos finalmente sobrepujavam os alicerces de meus pés, ajoelhando-me para a certeza que já não havia caminho de volta, era me entregando a dança dos loucos que os ecos das risadas de escárnio me tomavam, mas nem mesmo as risadas eram capazes de abafar o som daquele grito, algo inumano e humanamente perdido ecoava das feridas e bocas daquela figura atormentada, da figura de Malkav em sua eterna solidão.

Voltando os olhos na direção de Lerterima era com surpresa que o via avançar, sem tempo ou apoio para me levantar as mãos fortes do cainita tomavam meu pescoço e ali meus instintos falavam mais alto, agarrando-me as mãos que me estrangulavam eu lutava para respirar, minha força é claro não se comparava a de Lerterima o vermelho que manchava meus olhos e as presas que me tomavam os lábios eram sinais de minha própria fraqueza, e em meio ao caos daquela luta o som do vidro se partindo me alcançava, o espelho que continha todas as verdades finalmente se partia, e eu me entregava ao caos que os estilhaços formavam.

...

Era o som de meus pulmões puxando o ar em um suspiro que me despertava, abrindo os olhos numa luta contra a letargia do despertar minha visão tentava compreender o que havia ocorrido, mas para minha surpresa eu já não estava em meu quarto muito menos sobre a proteção das macias cobertas de meu leito, pelo contrário apenas havia o frio silencioso da escura sala do trono do Castelo de If.

Ainda sentado meu corpo tentava se mover sem sucesso diante da face que se apresentava, a risada ecoante que em muito me lembrava a dos chacais de minha mente me faziam despertar, mesmo que meu corpo ainda não o fizesse completamente, minha mente vagante tentava compreender o sentido daquelas palavras, o sentido por de trás daquela presença que não me inspirava confiança.

Apoiando os pés sobre o chão solido meu corpo tentava se mover, algo que era interrompido pelo brusco aproximar da mulher, seus olhos tão azuis quantos os meus me eram estranhos e, ao mesmo tempo, familiares demais, suas palavras de deboche apenas faziam com que meu cenho cerrasse em uma tentativa de compreender quem era a mulher que me fazia lembrar dos medos infantis das bruxas do norte distante, das terras selvagens onde apenas os bárbaros habitavam.

Surpreso pelas ações da mulher, seu toque frio me fez congelar completamente, não havia como lutar já que o entorpecimento de meu corpo ainda não me abandonará por completo, as impressões de minha primeira alimentação finalmente retornavam e se antes eu forçava meu corpo a se mover, o movimento cessava com o peso da certeza que me assolava.

“O controle pelo qual eu jurei manter. Eu falhei na minha primeira tentativa.”

Ao ouvir o nome da estranha bruxa que se apresentava a minha frente meu corpo estremecia, as lembranças da carta redigida por mim ao velho amigo e de Lucie, palavras escritas por meus próprios punhos que explicavam o motivo de Louhi ter morrido, palavras que me lembravam da figura tirânica de Einhard.

– Devorada...

O sussurro que me escapava acompanhava os movimentos da mulher, balançando a cabeça meu corpo tentava despertar quando o cheiro de sangue e a presença do serviçal se revelavam, as presas que ganhavam meus lábios estremeciam meu corpo inteiro e as palavras tentadoras de convite estremeciam minhas entranhas na dor da fome.

Agarrando-me aos braços do trono daquela escura sala minha respiração cessava por completo, o vazio letárgico de minha mente agora era acompanhado por uma plateia murmurante e a certeza de que o espelho nunca mais voltaria a sua integridade me vinha à tona, ainda assim essa certeza não me assustava tanto quanto a figura de Louhi a minha frente, as palavras agridoces desta me alertavam do perigo, um perigo ao qual a mesma havia sucumbido.

– Não...

Eram as palavras secas que me escapavam enquanto lutava pelo controle de meu próprio corpo que tencionava ao ponto de doer, minha garganta seca ardia com o cheiro inebriante do sangue que jorrava a minha frente, mas ali a minha frente estava a serpente com olhos tão azulados quantos os meus.

– Você terminou da forma que viveu, devorada... Eu não sou seu herdeiro, por isso implica em herdar seus pecados... Eu sou o herdeiro de Lucie por isso sou herdeiro das memórias que eu escolher me alimentar. Seu herdeiro já não jaz entre nós, caído da mesma forma que você, devorado pela ganância e poder.

Com esforço meu corpo obedecia ao comando de se levantar, sentindo meus joelhos falharem, meus olhos se mantinham presos aos de Louhi em uma tentativa de me focar em algo.

– Não vou manchar minhas mãos de sangue, não o fiz em vida e não o farei agora, posso ter falhado comigo mesmo, mas não existirá perdão para minha alma caída se eu falhar com Lucie e os outros... Não serei aquele que desperta o medo de meus irmãos, não serei seu herdeiro Louhi, muito menos herdeiro do medo de Einhard, se eu sou o lorde de minha mente então é com minhas forças que lhe digo que não és bem-vinda em minha morada. Recolha-se ao lugar que nunca deverias ter saído e tenha certeza de que usarei minhas forças para fazer com que sua semente negra nunca germine ou de frutos.

Ainda de joelhos diante do trono, era com esforço que me ajeitava no chão para me sentar, usando o próprio trono como apoio para minhas costas era com dificuldade que começava a cantarolar uma velha canção de marinheiro, e no cantarolar minhas forças se concentravam em busca do controle de meus próprios atos.

Off: Se possível gasto 1fv para manter o controle da fome.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime23/4/2021, 02:33

Suas palavras tinham poder, você não sabia quantificar, mas era impossível negar. A sua ação de negar a presença da estranha mulher nórdica de magnéticos olhos azuis causavam mudanças no ambiente que o circundava, mudanças que o próprio Lerterimas demonstrava dentro de seu templo romano! Afinal, o tempo parecia lhe obedecer e as falsas memórias se afastavam... O corpo atirado no chão se desmontava como um castelo de areia à beira de uma onda do mar! O sangue se transformava em água e o som de uma bacia de metal caindo no chão ecoava por todos os lados, em seu âmago havia sim a sensação da falha, mas a dimensão dessa falha era muito menor do que você esperava! E sua memória havia se confundido com a memória daquele serviçal que imaginou ter sua garganta cortada, sob o trono do antigo tirano, quando teve que dar seu sangue para Luci! Sua mente havia se perdido nos pesadelos de horror que jamais se tornaram verdade!

Armado com suas certezas, que enfim faziam sentido, seus olhos se levavam para encontrar novamente a figura de Louhi de pé a beira do trono. Mas nela não haviam mais traços de orgulho, tão pouco de confiança ou deboche, acuada, a mulher olhava para todos os lados enquanto abraçava o próprio corpo. Seu pescoço fazia movimentos bruscos e sua cabeça realizava apontamentos aleatórios! Os magnéticos olhos azuis, eram agora enormes e esbugalhadas janelas para uma alma perdida, assustada e quebrada.

-Einhard está morto?!

Com surpresa, Louhi olhava na sua direção e um peso parecia escapar dos ombros da mulher que caia de joelhos e tinha o corpo inteiro tomado por uma enxurrada de gritos e gemidos, ela se debatia como um peixe fora d´agua e antes que você fizesse qualquer coisa, ela se erguia novamente, agora sem nenhuma pintura na face, ela se apresentava verdadeiramente a você.

-Por favor, não me negue a existir. Eu o suplico, Gaetan! Sim eu cometi os meus pecados, sim eu sucumbi aos meus demônios, mas o que eu deveria fazer? Como eu poderia ser diferente? Criada por um idealista que amargurou ao ver seu sonho ruir, entregue aos lobos e cercada por bárbaros, longe de qualquer luz, sozinha e ao mesmo tempo sem ninguém para me ensinar a sobreviver em minha própria loucura. Sim eu sou tudo o que você acredita e sabe, na realidade, eu sou muito pior, eu sou tão terrível que minha própria besta me temeu. Esse é o preço da loucura, sou um dos chacais a urrar eternamente na mente de todos, uma falha, uma piada de mal gosto, um eterno pesadelo! A sombra negra a rondar como uma víbora, a devoradora de segredos, a emissária do fim... Eu fui tudo isso, eu criei um monstro e o joguei a sua própria sorte e para meu azar, esse foi o meu fim! Mas por favor, Gaetan, me permita ser aquilo que eu nunca fui... Aprenda com meus erros, seja maior, seja grandioso como ela merece, eu sei, eu vi! O sonho dourado se aproxima e somente você sabe onde estão as sombras que o ameaçam, me permita estar aqui para o ensinar a domar as trevas que ameaçam a todos. Afinal, elas podem ser tenebrosas, asquerosas e mal intencionadas, mas elas jamais serão um terço do que eu fui!

Atirando-se de joelhos, Louhi olhava na sua direção e estendia as duas mãos em clemencia.

-Meu maior desejo é que vocês tenham orgulho de serem herdeiros do meu vitae, farei tudo para que isso seja possível, eu lhe dou a minha palavra. Me dê uma única chance e eu compartilharei todos os segredos que devorei contigo, afinal, é verdade quando eu digo que nossas rupturas primordiais são as mesmas, eu também era capaz de viver as experiências, memórias, pesadelos de sonhos daqueles que me forneciam sangue! E me perdoe por brincar com sua confusão, tua vontade é grande e isso está provado, reconheço meu lugar... Estou disposta a acatar a vossa decisão final, meu Lorde.

Louhi:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime23/4/2021, 22:10

Sentado sobre o mármore frio da sala do trono de If minhas palavras ditas com convicção ganhavam um novo contorno, eu era senhor do refúgio de minha mente, mesmo que nele a plateia sussurrante e constante fosse presente, e como senhor de meu refúgio ele respondia aos meus comandos. A névoa da incerteza desvanecia, o corpo antes estirado aos degraus do trono antes ocupado por um tirano agora desaparecia como um castelo de areia seco sobre o vento forte do mar.

O gosto do medo e pesadelos do serviçal me subiam a boca deixando um gosto ferroso e seco, mas por fim o alívio fazia com que meu corpo relaxasse em paz, a falha ainda existia, mas nenhuma vida havia sido ceifada, e as impressões que antes me assombravam agora me serviam de alerta.

“Não são só memórias, são sentimentos também... Eu posso entender esse medo, eu também o teria depois de tantos anos aqui.”

Afastando meus pensamentos diante da reação de Louhi, meus olhos que antes a evitavam agora se prendiam na estranha mulher nórdica, a surpresa estampada naqueles frios olhos azuis me atingia com força, me levantando para encara-la melhor seus movimentos bruscos e selvagens apenas me faziam com que meu corpo recuasse, de pé diante do corpo de Louhi era possível ver a antes fria e impiedosa mulher se transformar em uma assustada e suplicante Louhi, as marcas que antes adornavam seu rosto havia desaparecido e até mesmo seus olhos azulados demonstravam outra tom.

– Um eco... És um eco em nossa memória pela proximidade de nosso vitae, só tens a mim para mantê-la viva porque os outros já a afastaram e agora que Einhard está morto seu destino é o esquecimento.

A força da súplica e palavras daquela que reconhecia seus erros e o monstro que havia no qual havia se transformado me assustavam, eu era o lorde de minha mente, mas tal pensamento nunca me havia passado antes.

“Minha mente se tornou o único porto seguro dela, por isso ela tentou toma-lo.”

Respirando com força eu tomava os braços de Louhi pelos cotovelos forçando seu corpo a levantar enquanto dizia de maneira calma.

– Levante-se Louhi, eu sou sim o lorde desta fortaleza, mas não sou o tirano que escolheste abraçar, ele foi sua queda e a própria queda dele não foi muito melhor, mas ao contrário dele, ninguém teve seu cerne manchado pela presença de Einhard.

Encarando os olhos azulados de Louhi minhas mãos seguravam com firmeza seus cotovelos apenas para demonstrar que minha intenção não era agressiva, mas nem por isso era aberta a uma tentativa de disputa.

– Ouça bem, compartilhamos da mesma debilidade e tu tentaste te aproveitar disso, não pense que me esquecerei disto, mas não posso lhe negar abrigo, não quando isto me transformaria no monstro que eu quero evitar ser.

Soltando os cotovelos de Louhi era com delicadeza que colocava uma de minhas mãos sobre seu ombro, respirando com calma minha mente buscava por um lugar familiar e seguro em uma tentativa de me afastar das sombras daquela sala.

– Aqui terás um refúgio, mas irás fazer por merece-lo, caso contrário não manterei uma erva daninha em meio as vinhas, sabes bem que eu o faria sem pestanejar e teria motivos para tal. Se queres algum orgulho vindo daqueles que compartilham sua herança sanguínea me ajude a entender os segredos que as sombras escondem, me ajude a compreender o que precisa ser feito para impedir que as sombras sejam fortes e destruam aquilo que se opõe em seu caminho. Só então terás teu refúgio aqui, e não serás mais um chacal na alcateia escarmente que nos enlouquece. Sinto que seu senhor tenha falhado contigo Louhi, mas eu não posso falhar com Lucie e os outros.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime29/4/2021, 12:00

De pé na sua frente, Louhi se mantinha com a coluna ereta e os olhos ativos como faróis a percorrerem enormes distâncias mar a dentro. Era até um pouco perturbador ver aqueles enormes globos de safira se moverem de maneira independente, dessincronizados, assustados, agressivos, tristes, confusos, aliviados, ela era sim um eco, um fragmento, mas não deixava de ser uma forma de consciência poderosa e misteriosa, complicada de ser compreendida, um enigma.

-Você fala como ele...Lerterimas... Eu sempre desejei deixá-lo orgulhoso por mim.

Suas mãos então alcançava o ombro gélido da misteriosa Louhi, imediatamente os olhos dela se focavam nos seus e ali ela ouvia todas as suas palavras com seriedade e atenção. Levando as pequenas e delicadas mãos que possuía na direção das suas, a mulher guiava as suas mãos até a face dela, depositando a própria face no interior das suas palmas, ela fechava os olhos. E era quando aqueles potentes olhos enfim se fechavam que você notava a mulher abaixar a guarda pela primeira vez.

-Eu falhei com meu Senhor. Essa é a verdade. Eu agradeço pela sua recepção, Gaetan e lhe prometo...

Louhi segurava as suas mãos com firmeza e abria os olhos de maneira vigorosa, em harmonia, aquelas joias azuis o olhavam diretamente nas profundezas dos seus olhos e ali ela jurava.

-Serei eu a sua guia dentro das sombras e trevas que assolam essas terras, serei eu a sua lâmina para afastar e ceifar as sombras que se erguerem em ameaça e será a minha fúria que elas aprenderão a temer. As sombras de Marseille serão minhas eternas inimigas. Eu juro.

E assim que o juramento era feito, você conseguia sentir dentro de ti que o final daquela experiência estava a se aproximar, sua viagem de descobrimento interno e revelações já se bastava e algo dentro de ti clamava pelo despertar, sua consciência estava a salvo, modificada, fragmentada, nova, mas independente disso, ela estava salva e desejava retornar.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime29/4/2021, 16:04

Diante dos olhos desconexos de Louhi e sua postura ereta, era com calma que a observava, os sentimentos opostos que às duas brilhantes safiras demonstravam apenas me davam a certeza de que por mais Louhi fosse um eco, ela ainda era uma força a ser respeitada, um eterno mistério inacabado e perdido no tempo.

“Quantos ecos existem em nossas mentes? Parece que compartilhamos muito mais do que a loucura e conhecimento... Compartilhamos vidas... Refúgios dos esquecidos, muito mais do que posso imaginar.”

Suas palavras me surpreendiam, descobrir que de alguma forma eu lhe lembrava a figura de Lerterima não me fazia sentir orgulho, apenas o sentimento de abandono e falha me vinham a mente, mesmo assim era com cuidado que não deixava isso transparecer, não diante da fragilizada Louhi.

O toque em seu ombro fazia Louhi compreender a seriedade de minhas palavras, e para minha própria surpresa a cainita a minha frente guiava minhas mãos até sua face gelada, o toque que ante havia me assustado agora apenas me despertava a curiosidade, mas era o fechar de seus olhos e suas palavras que mais me surpreendiam.

Com a guarda baixa Louhi enfim revelava sua vontade, encarando às duas profundas e determinadas safiras que eram seus olhos eu sentia que as palavras que expressavam seu juramento de ser a lamina que se colocaria contra as sombras que cercavam Marseille eram reais, e sua vontade mais forte do que qualquer inimigo que usava essas sombras para se esconder.

Em posse da face de Louhi era com delicadeza que aproximava seu rosto do meu, beijando sua testa com calma um sorriso simples nascia em meus lábios para encarando-a responder:

– Eu não sou Lerterima, e tu ainda não falhaste comigo querida Louhi. Serás a lâmina e fúria da qual precisamos, e aqui encontrarás um refúgio e companhia, com sorte no fim um se orgulhará do outro e as falhas do passado permaneceram no passado.

O retorno gradativo de minha consciência me fazia suspirar, beijando novamente a testa de Louhi era com delicadeza que soltava sua face, encarando as safiras de seus olhos eu sorria de maneira simples e verdadeira.

– Meu despertar se aproxima, mas lembre-se que não me esquecerei de ti e sua jura, lutaremos lado a lado para os que estão próximos de nós se orgulhem.

Sem medo e seguro de que no fim minha consciência permanecia segura eu me entregava ao despertar, a presença de Louhi seria minha guia, assim como a maior arma que teria contra a escuridão que ameaçava Marseille.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime12/5/2021, 03:43

Quarto:

-Boa noite.

Enfim, seus olhos se abriam de volta à realidade! Um alívio! Em seus lábios havia ainda o sabor ferroso de sangue, mas seus instintos pareciam calmos e a sua mente se arranjava com cuidado e agilidade de uma forma que você fosse capaz de realmente compreender onde estava e com quem estava interagindo no momento... Era o inicio de uma noite, apesar da sua noção temporal estar prejudicada, você entendia que sua consciência havia deixado seu corpo por algum longo período e pelo sorriso na face da jovial e pequena Lucie, você estava enfim despertando.

-Não posso sequer imaginar por onde a vossa mente tenha ido, mas tenho certeza que você passou pela sua fragmentação, correto? Pois bem, é esse o nosso dom e a nossa maldição, nossa força e nossa fraqueza, é o que nos faz intocáveis e ao mesmo tempo, ignoráveis. A nossa linha de racionalidade é muito curva e instável, podemos dizer que somos loucos, mas não é apenas isso... Somos herdeiros de Malkav, filhos da lua e muito mais.

A mulher se aproximava, sentando a beira da cama com a gentileza de uma verdadeira dama.

-Os outros ficarão eufóricos em lhe receber novamente. Especialmente Martial e Zahra que o esperam rigorosamente todas as noites e antes que perguntes, sim, nós temos convidados no Castelo. Suas visões atraíram a atenção de muitos, espero que você consiga desenvolver alguma forma de realmente nos ajudar a impedir essas sombras, pois, uma derrota aqui significaria uma vitória muito poderosa aos inimigos da Camarilla.

Ajeitando a postura e cruzando as pernas, a pequena Lucie se virava na direção da janela fechada do seu quarto e questionava:

-Mas enfim, como estás meu caro? Existe algo que possa fazer para lhe ajudar ou a lhe explicar para que você possa voltar com sua totalidade para essa realidade?!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime12/5/2021, 21:50

Um suspiro escapava de meus lábios quando por fim minha consciência retornava, meu desperta normalmente sonolento agora se fazia com rapidez e me recompensando com a real dimensão do tempo transcorrido, a presença de Lucie me fazia sentar na cama, observando a jovem face de minha senhora eu sorria ao lhe cumprimentar com um breve aceno.

Os movimentos finos e educados de Lucie me deixavam claro que algo estava acontecendo e suas palavras sobre a espera de Martial e Zahra me faziam sorrir, era inegável a preocupação de ambos comigo e o sentimento era compartilhado por mim sobre suas figuras.

“Eles devem estar bem, preocupados, mas bem, tenho certeza de que Martial vai querer saber dos detalhes de minha fragmentação, essa será uma conversa bem longa.”

Me descobrindo para sentar na beirada da cama as palavras de Lucie demonstravam toda a importância que minhas visões despertaram nos outros clãs, o peso disso não era ignorável, pelo menos não quando as figuras de Leterimas e Louhi haviam confirmado minha visão.

Respirando com calma meus olhos observavam Lucie por alguns instantes, haviam marcas em minha consciência e de certa forma eu podia senti-las, os ecos estavam lá e a falta de silêncio era um eterno aviso de que agora eu era mais um entre os filhos da lua. Olhando para minhas mãos por alguns instantes meu corpo se levantava para me esticar, a dormência costumeira do despertar ainda estava ali e se havia trabalho a ser feito eu não gostaria daquela companhia.

– Boa noite Lucie, sinto se os preocupei, tenha certeza de que não era minha intenção. Mas sim estás correta, eu passei... Melhor eu fui guiado por minha fragmentação, e de certa forma estive o mais longe que poderia ter ido e o mais perto de que jamais estive.

Olhando para Lucie eu sorria ao ajeitar meus cabelos amassados e esfregar a face por alguns instantes, respirando profundamente eu fechava os olhos para então comentar de maneira séria e calma.

– Eu não sei ao certo como lutar contra as sombras que se aproximam de Marseille, mas não estou sozinho nesta descoberta, muito menos desarmando, minha passagem trouxe consigo uma armadilha e depois que por sorte ou ventura consegui desarmar esta mesma armadilha se revelou uma arma perigosa e convicta de sua força.

Me aproximando para com delicadeza tocar na mão de Lucie eu a beijava na testa para sorrir e responde-la.

– Estou bem, sinto que dormi demais e perdi coisas demais nesse tempo, mas é algo que posso lidar. Ouça eu tenho alguns nomes que podem lhe ser familiares e gostaria de lhe revelar quando possível, sinto que eles lhe pertencem e de certa forma isso pode nos ajudar no futuro. E sim, minha querida senhora, sempre terei perguntas a serem feitas, mas podemos começar por, quanto tempo dormi e quem são os nossos convidados?

Esperando pela reação de Lucie era com um suave gesto que indicava que iria me lavar, rumando para a bacia de água na mesa eu lavava meu rosto e cabelos para começar a me arrumar da melhor maneira possível para a noite que se revelava.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime27/5/2021, 13:08

Sentada a beira da cama, Lucie se levantava ao notar que você começava a enfim reagir. Desenhando um sorriso delicado nos lábios, ela passava as mãos rapidamente pelos cabelos negros, ajeitando-os e reafirmando a pressão dos prendedores que os mantinham perfeitamente alinhados e penteados.

-Fico feliz em saber que houve alguém para guiá-lo, lá é muito confuso para qualquer um e existe uma real chance de a qualquer momento os uivos dos chacais nos levar para sempre... Mas me permita sugerir que você não diga para os outros que você não sabe como lidar com o mal que nos circunda e se espalha agora pela cidade. Apenas diga que você sabe uma forma de encontrar um destino melhor...

Ela dizia piscando na sua direção e em seguida caminhando para estender a mão em uma oferta de auxílio para lavar o seu rosto e suas mãos.

-Temos a presença do Senhor Aurélien Blaise, do Clã Capadócio. Que está interessadíssimo em ouvir sobre as suas previsões. Fabián Coronil, emissário de Altamira, do Clã Brujah que acompanhou o Senhor Blaise em sua viagem até o castelo. E uma refugiada, recém encontrada entre os destroços do centro da cidade de Marseille, a jovem Solome Nahum, herdeira das Princesas de Ébano.

Respondia Lucie, dando tempo para que você assimilasse toda a realidade ao seu arredor e as informações novas que ela trazia, já pronta para responder suas próximas perguntas.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime28/5/2021, 18:11

Os movimentos de Lucie de certa forma acompanhavam os meus, sua pequena verificação para ter certeza que os grampos prendiam seus claros cabelos e a preocupação com aparência me deixavam claro que os convidados que haviam chegado eram de uma grande importância, uma ainda não mencionada, mas que deveria ser considerada.

“Saber que nunca mais estarei completamente sozinho seria um desafio enorme, mas se não fosse pelo velho Leterimas e até mesmo Louhi eu poderia ter me perdido completamente. Até mesmo Leterimas se mostrou interessado em minhas visões, espero que os outros clãs também o façam.”

Molhando pela primeira vez o rosto era respirando com calma que parava os movimentos para ouvir as palavras de Lucie, atento ao conselho que era me dado era com cuidado que abri espaço para a que a figura jovial de minha senhora me auxiliasse, concordando com um breve aceno eu lhe sorria ao comentar de maneira simples:

– Tens razão, eles não escutariam um marinheiro perdido, mas se eu lhes mostrar a rota correta nossa chave pode despertar o interesse dos viajantes.

Lavando a face e mãos com cuidado eu me dava o tempo para apreciar a água fria e aquele simples gesto repetido inúmeras vezes em minha vida mortal, ainda assim minha mente se concentrava nas palavras de Lucie sobre nossos convidados, algo que me despertava o interesse.

– Me perdoe, mas acreditas que apenas a presença do monsieur Aurélien Blaise será o suficiente para fazer com que os outros clãs entendam a gravidade do que se aproxima?

Terminando de me lavar era com calma que enxugava minha face e cabelo na toalha enquanto esperava pela resposta de Lucie, ainda curioso sobre a menção de Solome Nahum era com calma que perguntava de maneira educada.

– A mademoiselle Solome não me parece ser de um clã ao qual eu reconheço o nome, ela irá permanecer sobre sua proteção? E antes que me esqueça, como devo me portar diante do monsier Aurélien? Imagino que está não seja a primeira previsão de que ele já tenha ido buscar, e eu não gostaria de cometer algum erro que possa faze-lo desacreditar de nossa palavra.

Esperando pela resposta de Lucie era com calma que me dirigia até o biombo do quarto para vestir a túnica que usaria nas próximas noites, esperando que esta estivesse do agrado de Lucie, principalmente que agora tínhamos convidados de importância.

Túnica:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime10/6/2021, 00:58

-Primeiramente... Não, a presença de Aurélian não será o suficiente. Temo que, infelizmente, meu caríssimo Gaetan, não existe nenhuma figura que possa vir até nós que tenha tamanha capacidade nesse exato momento. Estamos sem nenhuma certeza sobre os títulos sociais da corte civil de nossa região, não há verdadeiramente nenhuma autoridade máxima nesse instante que possa defender sua visão. Porém, precisamos de aliados e o clã da Morte é fascinado pelo destino, por visões e previsões, os enigmas os inunda de ânimo e os faz tecer alianças, erguer fortalezas e conquistar povos. Sem esse ânimo, eles são apenas curiosos estranhos escondidos em suas catacumbas à estudar pela eternidade. Nenhum membro experiente ouve a profecia de um Capadócio e a ignora por completo, nenhum pretendente a líder presencia o testemunho de um estudioso da morte e a diminui, pelo contrário, muitos Príncipes só alcançaram a coroa com o auxílio deles... E nosso é claro, afinal, nossa percepção não conhece limites.

Afirmava Lucie através de uma longa frase acompanhada de muitos gestos e movimentos, afinal, ela se levanta e se sentava por diversas vezes, como se tivesse a verdadeiramente vivenciar e sentir as próprias palavras, divertindo-se com elas em até um certo grau. Para então erguer o dedo direito e sorrir.

-Claro claro! Você tem razão, a jovem Solome é uma emissária com peso de ouro. Veja, existem cainitas em todo mundo, nós somos os de herança das terras do norte, existem aqueles que viveram seus milênios nas profundezas dos desertos árabes e inclusive entre as matas selvagens e ricas das tribos ao sul. Solome é um contato com colônias da coroa francesa em territórios africanos, precisamos entender o que aconteceu com os familiares dela e assegurar que essa fronte comercial e política não se feche ou que seja tomada por nossos inimigos. Por tanto, sim, ela permanecerá sob nossa proteção até a chegada do próximo Príncipe.

Sorrindo e finalizando com um aceno positivo, Lucie concordava com suas percepções sobre o convidado que estava a sua espera.

-Tens razão, ele já ouviu incontáveis profecias, lendas, visões... E por isso mesmo ele saberá que a sua é verdadeira. Por tanto, não seja nada diferente, mantenha o respeito, lembre-se que ele é mais antigo e experiente, mas não se esqueça que ele está perdido nesse momento, ele e todos os antigos que sobreviveram as chamas das noites anteriores, esse ataque foi uma surpresa! Mas você pode quebrar esse enigma, você pode apontar um caminho e todos estão ansiosos para isso. Por fim, está pronto, podemos ir?!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime11/6/2021, 17:39

As palavras da jovem Lucie e até mesmo seus movimentos quase energéticos me faziam observa-la com cuidado, era um costume que incluía gradualmente em minha rotina, já que, minha jovem senhora, compartilhava sua existência com sua figura mais velha.

“Será que um dia irei descobrir qual das duas veio primeiro?”

Balançando a cabeça para afastar os pensamentos menos importantes naquele momento, terminando de me vestir com calma, era sentando na cama para calçar as botas que concordava com as palavras de Lucie.

– O monsieur Aurélian pode não ser o suficiente, mas é um começo. É um bom sinal saber que ao menos algum clã se importando de nos escutar, e se ele conseguir convencer outros de que talvez seja uma boa ideia também faze-lo, então o pouco terá sido muito melhor do que nada.

Comentava de maneira calma ao terminar de calçar as botas, tomando o cuidado de me certificar que a túnica estava vestida de forma correta, minha atenção se voltava para o caso de Solomé.

“Costa africana, talvez ela tenha o árabe como língua mãe. Talvez Zahra fique feliz se às duas puderem compartilhar a mesma língua, e com sorte meu árabe fique mais fluente.”

Respirando com força era com uma longa esticada de corpo que me levantava ainda escutando as palavras de Lucie, sorrindo com a facilidade que, minha senhora, tinha para discursar em torno de minhas dúvidas era com um breve aceno que concordava ao lhe esticar o braço deixando claro que eu estava mais que pronto.

– Vamos deixar que a experiência do monsieur Aurélian o avise da importância do que eu vi, até porque se eu tentasse engana-lo ele o perceberia. Quanto a mademoiselle Solomé, talvez devêssemos lhe deixar claro que está segura aqui, isso a deixaria aberta a boas palavras ao nosso favor quando ela reencontrar os seus. Uma boa palavra e um voto de confiança podem nos render bem mais do que rotas comerciais no futuro.

Esperando por Lucie era com calma que coçava a barba imaginando como ocorreria aquela conversa com a figura de Aurélian.

“Tentar engana-lo seria idiotice e Lucie está certa, minha visão pode ser a chave de nossa sobrevivência... Talvez seja isso que o pequeno vaga-lume signifique.”
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime22/6/2021, 02:10

-Exatamente meu caro, és natural com tudo isso, uma sorte do acaso eu diria se não tivesse total compreensão de que jamais foi uma questão do acaso, não é mesmo?! Mas por fim, vamos nos adiantar!

Dizia Lucie em sua diminuta e jovial aparência, que prontamente se colocava a caminhar assim que a própria percebia que você estava totalmente pronto para sair de seu quarto. Prontamente iniciando uma caminhada ágil e silenciosa, a pequena figura feminina se deslocava a sua frente, curiosamente descalça por debaixo de um longo vestido azul claro bem volumoso. O destino logo ficava claro para sua percepção: A sala de jantar.

Sala de Jantar:

Eram as mãos delicadas de Lucie que abriam as portas da sala, dando visão ao interior da mesma, onde você prontamente reconhecia a figura de Martial que se colocava de pé para acenar vigorosamente na sua direção, com um largo sorriso no rosto ele afirmava:

-Que alegria em revê-lo! Veja, este é Gaetan, nosso novo membro e o responsável pela premonição da qual temos lhe falado, monsieur Aurélian!

Martial iniciava a fala direcionado a voz à você. Porém, seguia a mesma com um desvio de atenção, focando na figura do outro homem presente no local. Um homem negro com vestes europeias do baixo clero, vestes essas que eram somente em preto e branco e nenhum outro possível tom se fazia presente. Totalmente careca e com uma expressão profundamente séria, o homem o analisava em silencio por breves momentos, até se levantar vagarosamente. Era um movimento tão lento e estranho que você poderia até jurar que os ossos dele estavam a ranger enquanto ele se movimentava como um cadáver! Ficando por fim de pé, o homem dizia com uma voz grossa e rouca:

-Saudações, Madame Besson. É sempre uma honra apresentar-me diante de vossa presença ilustre e única. Vejo que este é aquele que herdou vossa semente, uma prole em uma cena como esta é deveras corajoso e devo estender aqui meus votos de admiração para com a vossa senhoria.

A jovem senhorita sorria e fazia um aceno na direção do convidado, para então tomar a sua mão e o conduzir diretamente até a mesa, para que assim você ocupasse uma das cadeiras enquanto ela dizia:

-Obrigada por suas palavras! Ainda és o educadíssimo homem que me lembro de ter conhecido tantos anos atrás! E sim, Gaetan é meu primeiro herdeiro, minha primeira prole. É o recomeço da história de minha linhagem nessas terras.

Somente após as palavras de Lucie que o convidado misterioso e com pouquíssimas expressões faciais olhava na sua direção. Era uma sensação estranha, afinal, o mesmo era uma espécie de morto-vivo muito mais morto do que você havia se acostumado a ver, em alguns momentos você até se perguntava se ele não era realmente só um cadaver! Porém, independente disso, o mesmo dizia ao olhar profundamente na sua direção:

-Consigo ver dentro desse jovem muitos sentimentos, é de fato uma aura complexa e habitada por legados de um passado poderoso. Ele não é apenas mais um e é por isso que estou tão fascinado em ouvir as suas palavras, meu jovem Gaetan. Muito aconteceu em nossa cidade e nossos olhos falharam em prever essa maré de horrores. Diga-me, herdeiro da serpente nórdica, qual foi o vosso sonho e o que irá ocorrer se não tomarmos as providências necessárias para enfrentar essas trevas que ancoraram nos portos de nossa cidade e queimaram nossos iguais?!


Aurélien Blaise:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime22/6/2021, 15:48

As palavras de Lucie me faziam sorrir, receber o reconhecimento de sua jovem figuro era algo que me alegrava, já que ambas as faces de minha senhora tinham pensamentos rápidos e críticos.

– Começo a compreender que nada é ao total acaso.

Comentava com suavidade ao seguir a figura de Lucie, seus passos rápidos e descalços me guiavam até a sala de jantar, as primeiras lembranças daquele ambiente agora se misturavam com as novas lembranças de meu convívio diário com os membros de minha nova família, ainda assim me parecia que aquele ambiente tão conhecido sempre guardaria pequenas surpresas e desta vez a surpresa era a presença do cainita de pele negra.

Sorrindo em direção de Martial era com cuidado que evitava o atropelar de falas e apresentações, observando a austera figura de Aurélian era com educação que me mantinha respeitosamente afastados de Lucie esperando por minha vez de falar.

“As roupas dele sugerem certa ligação com o clero... Eu nunca imaginaria a igreja possuísse ligação com cainitas, espero que Abelin esteja bem.”

Notar os movimentos secos e quase inumanos de Auréllien me deixava curioso, a forma como nossa maldição o havia afetado faziam com que minha mente borbulhasse de questionamentos, mas aquele não era o momento ideal para externa-las e o toque de Lucie me diziam isso, deixando-me ser guiado por Lucie era com cuidado que escolhia uma das cadeiras do meio para me sentar.

Respirando fundo eu me ajeitava na cadeira apenas para me levantar diante da figura de Auréllien quando este direcionava a palavra a minha pessoa, fazendo uma suave mensura diante deste eu o encarava por alguns instantes antes de responde-lo de forma educada.

– Boa noite monsieur Auréllien, espero que sua viagem até aqui tenha sido feita em segurança. Se me permite monsieur, não acredito que vossos olhos tenham falhado, a maré de horrores que assolou as ruas de Marseille está profundamente ligada ao mar, durante minha vida mortal eu fui marinheiro então talvez meus olhos fossem mais sensíveis aos humores marítimos que pegaram a todos desprevenidos. Quanto ao meu sonho Monsieur, ele também está ligado ao mar, porque nele eu vi o que apenas as mais escuras águas podem esconder, vi uma Marseille tomada por sombras, suas pessoas controladas pelas mesmas sombras e uma cidade fragmentada, morta e cheia de sangue, um fragmento distorcido do que Marseille o é.

Sentindo a musculatura de minhas costas tensionarem diante das lembranças ainda vividas de meu sonho, era com esforço que mantinha minha postura ereta o suficiente para não faltar com respeito a Auréllien, respirando com calma por era com cuidado que voltava a responder o questionamento do cainita mais velho.

– Seria soberba minha acreditar que tenha a verdadeira resposta para impedir o que pode nos acontecer, mas acredito que a luz para nosso questionamento também esteja ligada ao oceano e suas sombras.

Esperando pela reação de Auréllien meus olhos se voltavam para Martial e Lucie, não havia o que esconder do estudioso a minha frente, mas saber se eu havia passado do ponto era uma preocupação que me incomodava.


“Duvido que ele não saiba quem é a serpente nórdica, então ele deve conhecer as capacidades de Louhi..."
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime11/7/2021, 17:21

Sob os olhares atentos de Martial e Lucie, você começava a apresentar para o atento homem sentado à mesa sobre a sua visão. Todos ficavam em silencio, em respeito ao que você tinha para dizer, assim como, em respeito as possíveis reações que o senhor Aurélian poderia vir a demonstrar, afinal, a resposta dele poderia trazer significados e mudanças fundamentais. Por fim, após alguns instantes de um silencio profundo, o home dizia:

-Entendo, o mar então é a peça fundamental de mudança. Segundo a vossa visão, seja ela para o bem ou para o mal. Porém, meu jovem Gaetan, permita-me indagá-lo sobre a sua percepção dos fatos. Você fala sobre uma sombra, mas não fala sobre uma forma. Por acaso essas sombras tinham algum formato, representavam algum desenho, faziam alguma movimentação ou demonstravam alguma personalidade ou expressão? É necessário que todos os mínimos detalhes sejam analisados e compartilhados. Um simples segredo ou até mesmo, esquecimento pode nos direcionar a uma falha terrível que levará a nossa cidade a sua ruína.

Assim que terminava de questioná-lo, monsieur Aurélian olhava na direção dos outros dois membros ali presentes. E Martial comentava:

-Enquanto Gaetan pensa a respeito da sua pergunta, nós podemos afirmar que não estamos a estruturar nenhum tipo de peça ou teatro para seus olhos, o assunto é sério e nós temos ciência dos fatos que lavaram as ruas de Marseille com sangue e fogo. Nós não somos autarcas e não temos nada para compartilhar com esses...

O homem de vestes clericais então respondia:

-Mantenho meu voto de confiança em vocês, não porque eu acredito que todas as suas ações são puras e justas, nenhum de nós somos criaturas de bondade e luz. Mas eu mantenho meu voto porque a visão vem de um neófito recém abraçado, ele ainda não teria motivos para ter uma visão influenciada por interesses políticos ou pelos jogos de ego e vingança travados pelos antigos da região. Assim sendo, reforço minha questão, Gaetan. As sombras destrutivas tinham alguma forma? Como você as descreveria?!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime14/7/2021, 17:40

Era em silêncio que esperava pelas reações de Aurélian, mas o silêncio que nos acompanhava parecia pesar não só sobre meus ombros, mas sobre os ombros de Lucie e Martial. Quando por fim o cainita com pele de ébano me respondia, era em um profundo escapar de ar que o encarava por alguns segundos, a tensão que se acumulava em minhas costas me deixavam desconfortável, mas nem por nenhum segundo meus olhos desviavam da figura de Aurélian.

Quando este voltava os olhos para Martial e Lucie, eu o acompanhava tentando compreender o que se passava ali, de certa forma era notável que ainda haviam rusgas entre os cainitas mais velhos naquela sala, algo que provavelmente o tempo me diria quais eram e em meu íntimo eu torcia para que não atrapalhasse a verdade de minhas palavras.

Fechando os olhos com calma era em minha mente que buscava o sonho, as lembranças que por vários dias haviam me feito acordar assustado na cama, coçando a nuca numa tentativa de aliviar minha tensão, meus olhos se abriam na direção de Aurélian quando a pergunta sobre as formas me era refeita.

– Perdão monsieur Aurélian, não era minha intenção lhe faltar com detalhes. As sombras as quais vi possuíam sim uma forma, elas se pareciam com tentáculos de polvos e lulas, estes mesmos tentáculos pareciam sugar ou controlar a vontade daqueles que estavam conectados, eles desciam do céu que parecia estar tomado por uma escuridão vinda diretamente do abismo que existe onde a luz não alcança nas profundezas dos mares.

Respirando profundamente ao relaxar minha postura era com certo desconforto que me ajeitava na cadeira apenas para apoiar minhas costas e então esperar pela resposta de Aurélian.

“Viver tempo suficiente para ver tudo e a todos escondendo segundas intenções deve ser difícil. Ainda assim não é estranho de imaginar que a queda de Einhard seja vista com desconfiança.”
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime7/8/2021, 01:24

As suas palavras pareciam trazer um novo peso para o clima daquele ambiente compartilhado por faces conhecidas e desconhecidas, um silêncio se estendia após o termino da sua fala e os olhares trocados por Lucie e Martial não disfarçavam a tensão que parecia crescer a cada segundo. O convidado por fim iniciava pequenas reações, a primeira era a de se ajustar na própria cadeira, demonstrando desconforto e em seguida, as mãos do mesmo alcançavam as mangas nas alturas dos punhos das vestes e enquanto desviava os olhos de você, para olhar diretamente para sua Senhora, o mesmo as ajeitava para então se pronunciar:

-Devo admitir que eu não acreditei quando li a descrição dessas sombras na carta que me foi enviada. Porém, aqui diante de seu testemunho, Gaetan... Não me restam dúvidas... Você realmente teve esse presságio. Isso é inquestionável.

Martial sorria aliviado ao ouvir as palavras do antigo Capaddocian sentado na mesma mesa que você. Porém, Lucie tinha algo a perguntar:

-O Sangue dos Homens do Mar, os herdeiros de Constantius, somente esses teriam acesso a tamanha obscuridade. Todavia, minha mente não pode deixar de lembrar que há um conflito entre os Filhos das Marés... Não irei levantar falso testemunho ou acusações, mas precisamos entender que, dessa noite em diante, se não nos atentarmos aos males que eles podem trazer, iremos afundar em um abismo terrível. Por isso, eu lhe pergunto, monsieur Aurélian, o que iremos fazer?

A resposta do convidado era imediata:

-Adrienne Daucourt, nossa Príncipe de Sangue foi destruída pelas chamas que engolfaram a cidade, esse crime precisa ser respondido e ouso dizer que os sonhos de Gaetan e esses crimes cometidos tem uma origem em comum. Pude me assegurar, ao enviar o último herdeiro da linhagem de Daucourt para um local seguro, da manutenção das tradições. Porém, sem um Príncipe estamos sem uma real estrutura organizada, alguns nomes me aparecem a mente, Serverus poderia construir seu trono nessas terras, assim como a própria Altamira. Porém, acredito que algo inesperado está para ocorrer... Existe uma figura, cuja clama é imbatível, precisaremos estar prontos pare recebê-la e até lá, devo levar essas palavras de George até todos meus aliados.

Martial então perguntava, curioso e de maneira impulsiva:

-E quem seria o dono dessa clama?

O olhar de censura de Lucie chegava tarde demais. A pergunta já havia sido feita e naquele momento, o convidado se levantava e olhava na direção de todos os presentes para dizer:

-Existe uma herdeira direta do grande Michahel de Constantinopla em nossas terras, em silêncio ela atentou-se a seu jardim. As raízes dele cresceram fortes e nas noites recentes, ela se manifestou, uma figura dessa magnitude, quando se manifesta, move mundos e modifica realidades. Meus contatos entre os Nosferatu indicaram que o ressurgir dessa rosa titânica colocou a própria grande Nobreza das Rosas de Paris em alerta. Ter uma figura dessas com a nossa coroa na cabeça, significa muito... Mas por hora, irei me recolher. Tenham uma boa noite e obrigado por sua honestidade Gaetan.

Prontamente Lucie se levantava para acompanhar o convidado até a saída da sala, Martial corria para se aproximar de você, colocando uma mão no seu ombro e falando animado em um tom baixo:

-Viu! Deu tudo certo! Imagina a honra que será contar essa visão para essa Titã das rosas? Você rapidamente se tornará em uma figura importante na nova corte!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime10/8/2021, 20:51

O peso de minhas palavras eram sentidos por todos na sala de jantar, em minhas costas as mesmas palavras proferidas por minha boca pareciam pesar como uma ancora a manter a embarcação ancorada, por isso quando Aurélian reagia de maneira desconfortável era com um suspiro que respirava.

“Ele deve saber de muito mais coisas do que nós... Tenho que admitir que a segurança que If nos dá é única, mas isso nos afasta de informações e contato com outros membros... É como se estivessem nos cegando de proposito.”

Diante das palavras de Aurélian era me limitando a acenar de maneira educada e positiva que concordava com suas palavras, de minha parte era compreensível o receio de ser enganado pela descrição de meu sonho, e de certa forma era aliviante saber que Aurélian já não duvidava de minha visão.

Ainda em silêncio era com curiosidade que escutava atentamente a conversa entre Lucie e o único Aurélian, nomes e clãs de importância eram mencionados com cuidado, principalmente quando nosso futuro era tão incerto.

“Esse caos... As trevas e sombras provavelmente se aproveitaram disso para plantar suas sementes enquanto os feridos se recuperam desse caos... Devemos ficar atentos no agora.”

Voltando meus olhos para o inquieto Martial, era com um leve suspiro que via os olhos repreensivos de Lucie algo que me teria feito sorrir em outro momento, mas naquele era com educação que me levantava da cadeira que até então estivera sentado, ouvindo as palavras de Aurélian sobre a força que poderia se levantar era a curiosidade sobre o nome de Michahel de Constantinopla que me atiçava a mente.

Diante da despedida de Aurélian era com uma breve mensura que o respondia pronta e educadamente.

– Tenha uma boa noite monsieur Aurélian, e de minha parte espero sempre poder lhe ser sincero.

Ainda em pé era com um sorriso calmo que ouvia as palavras de Martial, tocando de leve em seu ombro era com um suave acenar que lhe comentava.

– Um passo por vez meu caro, antes de me tornar uma figura importante para a corte eu preciso estar apto para a corte. Além disso, se essa titã das rosas ouvir alguém, ela provavelmente ouviria alguém mais velho, não uma criança como eu.

Voltando meus olhos para a movimentação de Lucie, era com calma que esperava pelas reações de meu irmão e as de minha senhora.

“Pela forma que o monsieur Aurélian se refere a essa cainita, ela deve ser velha e possuir uma força a ser considerada...”
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime7/9/2021, 17:43

Lucie deixava a sala junto de Aurelian, era possível ouvir uma breve conversa distante mantida entre os dois anciões que caminhavam agora fora do seu campo de visão. Ao contrário dos dois, Martial seguia dentro da sala de jantar, um ambiente que parecia cada vez mais fundamental para todos os membros que viviam dentro do castelo. Sorridente ele sinalizava positivamente com a cabeça e dizia:

-Sim, um passo de cada vez. Sem dúvidas, é preciso aprender a caminhar antes de corrermos! Mas não se iluda, a voz dos mais jovens terá mais poder com o avanço dos tempos. Todos sabemos quais são os destinos daqueles antigos que se isolam dentro de suas esferas de poder e influência, mas ainda não sabemos o que pode vir se as vozes mais jovens também participarem... Veja, aos olhos de cainitas como o Monsieur Aurélian, nós somos duas crianças. A verdade é que o novo é temido pelos homens e desprezado pelos cainitas!

Dizia Martial, que agora caminhava pelo entorno da mesa e gesticulava bastante enquanto falava.

-Tive uma ideia! Se existe uma figura como esta a caminho, precisamos construir uma fábula, uma parábola, uma fantasia! O clã das rosas aprecia os pequenos detalhes, os mínimos gestos que diferem o homem da besta, entende? Por exemplo, é mais importante para eles como você se veste quando está sozinho, do que quando está para receber um nobre em seus domínios, entende? E se existe um clã que valoriza a vida dos comuns, esse clã é o das rosas! Então, precisamos começar a construir uma sensação de aversão à sombras... Estou divagando eu sei. Me desculpe, mas não consigo controlar minha ansiedade!

Desenhando um sorriso enorme e empolgante nos lábios, Martial atravessava rapidamente a distância que os separava para se estacionar a sua frente e colocar uma mão na cintura e apontar o indicador esquerdo na sua direção.

-Você disse uma coisa sobre os homens terem medo da noite em alto mar! Porque?! Na realidade, não importa! É esse sentimento sem explicação que precisa crescer dentro da região portuária, precisamos incentivar as pessoas a comprar lamparinas! O fogo que queimou precisa ser usado a nosso favor, a minha ideia é a seguinte! Vou transformar o seu sonho em um poema! Enquanto isso, você aprenderá com Lucie como se portar em Corte. Vamos precisar de uma figura jovem, firme, confiável, local e forte para apresentar aos novos líderes que chegarão para reconstruir a cidade, assim, seremos fundamentais para eles e com isso, conseguiremos enfrentar os males previstos por ti!O que me diz? Preparado para começar a caminhar?

Questionava Martial, confiante e ansioso por sua resposta.

[Off: Última ação para o final do ato]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet   1º Arco - 6ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet I_icon_minitime9/9/2021, 11:23

Em silencio meus olhos acompanhavam a saída de Lucie e monsieur Aurelian, o silencio é claro não permanecia muito em minha companhia, já que os movimentos de Martial e suas palavras logo capturavam minha atenção.

Ainda sentado na mesa de jantar daquela sala que aos poucos se tornava o local reconfortante de minha família, um sorriso calmo surgia em meus lábios ao acompanhar os movimentos de meu jovem irmão, suas palavras aos poucos ganhavam novos significados em minha mente não tão mais silenciosa quanto eu já fora acostumado.

“Martial está certo, o tempo nos dará mais oportunidades que se não aproveitadas serão desperdiçadas. Espero que Lucie também tenha isso em mente.”

Sorrindo diante das inúmeras palavras de Martial, era com calma que me levantava apenas para esticar minhas costas até que estas relaxassem o suficiente daquele primeiro encontro com monsieur Aurelian.

– Acredito que consigo entender onde você quer chegar, e de certa forma estás certo. Só devemos tomar cuidado para que nossos atos não sejam vistos como um ataque direto as sombras que se aproximam, uma hora o serão, mas agora é preferível manter a prudência e segurança.

Respondia a Martial com calma, observando o ambiente a minha volta era respirando que ainda me lembrava de minha primeira noite naquela mesma sala de jantar e dos inúmeros sentimentos conflitantes que aquela mesma noite havia me proporcionado, por fim fechando os olhos era com calma que colocava minhas mãos sobre os ombros de Martial com firmeza e cuidado.

– Irei sim aprender a caminhar, foi o que lhe prometi naquela noite não foi meu irmão? E sim os homens temem o mar a noite, porque é de noite que os fantasmas ganham vida. Se queres combater esses fantasmas com seu poema Martial, sugiro que o espalhe pelas tavernas do porto, é lá que as lamparinas irão se acender e se espalhar, não existe nada mais supersticioso do que um velho lobo do mar, podemos usar isso a nosso favor. Mas antes de qualquer passo ou palavra escrita, sugiro que Lucie esteja a par de nossas ideias, é através do apoio de Lucie que teremos segurança para começar nossa empreitada, e experiência dela nos será muito útil.

Dando uma leve apertada nos ombros de Martial eu sorria para meu jovem irmão, mesmo sabendo que entre nós dois eu era o mais novo.

“Será bom nos colocarmos como fornecedores desta rosa caso ela queira a coroa... Mas duvido que outros não pensem igual.”
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