Regras de Criação de Personagem

O cheiro das águas da baia de Tampa e da fritura que torrava na chapa eram algo comum para mim e para minha família que tinha um grande restaurante perto do cais da cidade. Sim, diferentemente do que as pessoas pensam ao me verem pela primeira vez, eu nasci em uma família enorme, bem diferente, barulhenta e divertida que durante vários anos criou um dos icônicos restaurantes daquela região.

Naquele restaurante trabalhavam não apenas meu pai, minha mãe e meus irmão, mas também meus tios e alguns de meus primos e que fazia nossa família ser muito bem unida ao ponto de morar um ao lado do outro, ir para a mesma escola e fazer churrasco todo final de semana para assistir os Buccaneers perderem na NFL. No entanto, eu era um pouco diferente da minha família no geral.

Eu fui o casula de minha família e o último primo a nascer e como se isso já não fosse motivo suficiente para meus primos pegarem no meu pé e minhas primas me tratarem como um bebê, eu era completamente diferente deles. Eu não gostava de assistir partidas de futebol, muito menos de outros esportes, não conseguia ingerir a mesma quantidade de álcool que eles, muito menos tinha o mesmo tesão em carne que eles tinham pra se empanturrar até passar mal nos finais de semana. Eu era uma pessoa muito mais controlada, discreta e focada. Então quando meus primos farreavam com meus tios e meus pais, eu tomava meu tempo para me focar nos estudos, afinal, eu não queria ser como eles e trabalhar minha vida inteira em um restaurante de frente pro cais.

Mesmo amando minha família pelo jeito irreverente de serem, eu não posso negar que sofri muito nas mãos deles durante toda minha vida, principalmente na infância. Enquanto meus primos seguiam o sonho americano de serem jogadores de futebol ou de basquete, eu me tornava aquele nerd que as pessoas gostavam de abusar na escola, mas pra minha sorte eu sempre tive a proteção de meus primos e primas.

Apesar dos pesares, eu consegui me focar no que eu gostava de fazer que era justamente na internet, ir ao clube de Hardware que eu e meus amigos montamos na escola e por algum motivo eu era muito bom no xadrez também. Durante meu tempo na escola eu aprendi muito mais do que o basico, eu aprendi linguagens de programação, comecei a estudar os componentes de hardware e muito mais sobre tecnologia. Era incrível como eu conseguia passar horas e horas estudando aquelas linguagens diferentes, montado protótipos e testando hardwares diferentes, talvez eu tivesse puxado a mesma força de vontade que meus pais tinham para beber o dia todo e não morrer no fim do dia.

Além de todo meu esforço e estudo, ainda durante a escola eu contei com a ajuda muito importante de um de minhas professoras: Sophia Anderson. Uma mulher com meio misteriosa e maluca que, segundo as histórias que eram contadas, havia se formado em engenharia no MIT mas havia desistido de tudo para ensinar. Foi a professora Anderson que me guiou durante minha juventude e que atiçou minha curiosidade para continuar em frente em busca de mais conhecimento cada vez mais e, se não fosse por ela, eu não teria conseguido ser aceito em uma das melhores universidade do país: Harvard.

Me tornando o primeiro de toda minha família a conseguir entrar em uma universidade, eu deixei o lar descontraído e acolhedor de minha casa como um homem e não mais aquele menino nerd. Apesar de ser a ovelha negra da família, eu recebi todo o apoio deles para seguir meu próprio rumo e assim eu deixei Tampa aos 17 anos de idade para me aventurar sozinho em Boston.

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A vida em Boston era completamente diferente de Tampa. A cidade em sí era mais fria e a cultura dela também, afinal, Tampa era uma das mais calorosas cidades, com acesso a uma bela bacia natural e vibrante com todo tipo de esporte, desde o futebol até as pistas de Skate que haviam em cada praça. Não que aquela mudança de clima fosse ruim para mim, afinal, eu não tinha interesse no estilo de vida de Tampa e com a ajuda da minha ex-professora eu recebi uma grande ajuda da universidade e de um professor dela.

David J. Malan era o nome do professor que me acolheu em Boston e foi meu primeiro contato com um professor do curso de Ciência da Computação. Ao que parecia, David era um amigo próximo de Sophia e ambos havia estudado no MIT, no entanto David prosseguiu na vida acadêmica enquanto Sophia voltou a sua cidade natal para ensinar no ensino médio.

Depois das primeiras semanas de adaptação, onde eu precisei me acostumar com meu novo colega de quarto, Trevor, e com o ritmo das aulas, eu comecei a mostrar aos professores o porque Sophia havia me indicado para esta universidade. Dentre todos os assuntos que eu estudei, teve algo que realmente me chamou a atenção e foi a parte de segurança virtual. Minha aptidão para esse tópico em específico surgiu porque eu era muito bom em encontrar falhas em códigos e em sistemas de segurança, algo que não muito comum e que na verdade era uma das grandes falhas dos programadores: manter o código sem falhas e entendível para os outros.

Meu professor David, que também era o coordenador do curso, rapidamente percebeu minha capacidade nessa área e me convidou para participar de um grupo de pesquisa que ele comandava. O grupo abordava justamente o tema da segurança virtual, pois era algo que estava em grande demanda nessa época, e eu era o encarregado de checar os códigos e procurar brechas para começar a atacar e testas os sistemas de seguranças que estavam sendo desenvolvidos. Foi então nesse grupo de pesquisa que eu comecei a próxima etapa de minha vida.

Ja estava no final do curso quando David me procurou para termos uma reunião com um colega dele. Eu não sabia quem era o cara ou de onde ele vinha, mas meu professor me pediu para ir arrumado, o que significava que deveria ser alguém importante e minha intuição estava certa. Chegando a sala do professor, eu fui apresentado a Kenneth L. Williams, o diretor do Cyber Hub da Quantico!

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Aquela reunião com Kenneth não era uma reunião qualquer, era um recrutamento para um dos novos programas da Quantico e que estavam atrás de pessoas com capacidade para ingressar nessa divisão de cyber segurança da Quantico. Não pude negar que meus olhos brilharam quando eu ouvi a oportunidade naquele primeiro momento e Kenneth não conseguiu deixar um novato talentoso como eu passar em branco.

E foi assim que ele me conquistou, com a promessa de trabalhar em uma nova divisão do FBI, fazendo o que eu mais gostava de fazer. No entanto, eu descobri depois que aquela divisão não era diretamente ligada a Quantico ou ao FBI e que era um projeto independente que poderia servir de acesso para a Quantico se eu quisesse, porém, não demorou muito para eu mudar de ideia.

Foi pouco depois de alguns anos de trabalho duro no Cyber Hub que eu acabei entendendo de verdade o que eu estava fazendo. Quando eu havia chegado ao Hub, eles haviam me explicado que nos estaríamos testando os sistemas de seguranças de grandes empresas para ajudar elas a melhorarem seus sistemas de segurança, porém, a verdade não era exatamente assim. Durante aqueles anos, Kenneth se aproximou de mim e começou a me contar sobre seu passado e o que ele havia se tornado com o trabalho dele. Ele me mostrou sua verdadeira face e me ensinou sobre o que eram os Despertos e principalmente sobre os tecnocratas.

Eu não havia entendido no começo, mas o recrutamento para o Cyber Hub também havia sido um recrutamento para a tecnocracia, porém, como eu falei, durante meu trabalho, eu percebi que havia algo de errado. Algumas vezes eu havia me encontrado com alguns funcionários da Quantico e do FBI, mas poucos eram aqueles que sabiam sobre o Hub e os que sabiam, não tinham certeza do que era ou se realmente era alguma coisa. Além disso, eu também descobri que os ataques que estávamos fazendo não eram apenas ataques testes e sim ataques para roubar propriedade intelectual de várias empresas de grande porte ou para instalar mecanismos de monitoramento.

Quando eu descobri aquilo, eu imediatamente procurei ajuda de David para tentar esclarecer as coisas, mas, o e-mail que eu havia enviado anonimamente havia ido para outra pessoa e não para quem eu queria. Foi então quando eu fui contatado por um hacker chamado Masila. Masila era um hacker da costa oeste que estava investigando a tecnocracia e acabou interceptando meu e-mail. Depois daquele e-mail interceptado, eu e Masila continuamos trocando mensagens e foi assim que eu aprendi sobre a verdade do mundo dos despertos e quem de fato era a tecnocracia.

Depois de alguns meses de troca de mensagens, eu comecei a trabalhar com Masila para lhe dar acesso dentro do Hub e também como um agente infiltrado no local, mas aquilo não durou muito, pois Kenneth logo descobriu e instaurou uma caçada pela minha cabeça durante a noite. Aquela foi a primeira vez que eu realmente estava correndo perigo de vida e que não sabia o que fazer, porém, Masila mais uma vez apareceu para me ajudar.

Dessa vez, em vez de falar comigo apenas pelo computador, ele aparaceu na minha casa e foi a primeira vez que eu o vi. Ele era mais ou menos como eu pensava, magrelo, usando roupas gastas e folgadas, mas com uma inteligência fora do normal. Com a ajuda dele, conseguimos fugir da tecnocracia e saímos de Virginia com direção a California, onde ele vivia.

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Algumas semanas depois daquela perseguição eis que eu havia recebido a notícia que havia sido incriminado pelo diretor Kenneth como um contrabandista de informações confidenciais, ou seja, eu fui incriminado pelo trabalho que fazia para ele. No fim Kenneth realmente possuia conexões com o governo, de alguma forma, e conseguiu me colocar como um criminoso para assim perder minha carteira de identidade, de motorista e colocar um alerta vermelho no meu nome, porém, mais uma vez Masila me ajudou e assim nasceu Klaus Nothnagel, minha segunda identidade. Masila não só me ajudou a criar essa segunda identidade como também me iniciou e me guiou no despertar como um Adepto da Virtualidade.

Eu fiquei alguns anos com Masila, morando na costa oeste, aprendendo com ele e vendo-o ajudar um outro adepto, conhecido como Mestre Bell, a estabelecer uma rede de comunicação e recrutamento que seria instalada principalmente em São Francisco, no entanto, antes da minha instrução completa e da finalização da rede, algo horrível aconteceu. De manhã cedo, eu fui até nossa capela, onde sempre encontrava Masila e lá eu o encontrei estendido no chão, cheio de ferimentos horríveis. Não fazia ideia do que havia acontecido, mas a única coisa que eu percebia era uma conexão aberta com Mestre Bell, onde os dois se comunicavam.

Horas depois nossa capela entrou em contato com Holly, a aprendiz do Mestre Bell para saber o que havia acontecido e somente então pudemos entender. Algo ainda mais assustador havia acontecido ao Mestre Bell e na hora do acontecido os dois estavam se comunicando por uma rede direta, e o que matou o Bell, afetou também a Masila. Depois daquilo Masila nunca mais foi o mesmo. Ele demorou alguns meses para se recuperar, mas o que aconteceu naquele dia havia deixado uma marca permanente nele.

Por conta disso, eu fui mandado de San Diego para San Francisco para terminar meu treinamento e ajudar os Adeptos na nova fase que estava acontecendo na costa oeste depois do terrível acidente que havia ceifado a vida de todos os Magnus das tradições naquela região, já enfraquecida pelos outros desastres.