Primeiro Arco de Icaro: Ato III - Os caminhos levam à...

“Porque eu realmente achei que seria uma boa ideia provocar ela?”

Era a primeira coisa que me passava pela cabeça ao ver a surpresa de Valentina, alguns segundos depois eu tento correr, mas em cima da cama e contra alguém que tem duas pernas saudáveis isso é impossível.

A primeira mordida de Valentina me faz rir e me arrepiar, eu sinto todo meu corpo estremecer, ainda mais quando sou derrubado na cama, ser mastigado e mordido por Tina me causava uma crise de risada que nunca imaginei ter.

– HEI! Orelha não!

Era a única frase que eu conseguia articular enquanto tentava me proteger das mordidas, respirando fundo diante da ameaça do beijo é nos olhos de Valentina que olho, meus braços se cruzam por suas costas no exato momento em que ela morde meu queixo me arrancando uma nova onda de risos.

– Eu desisto! É maldade me atacar assim!

Apertando-a com força eu tentava joga-la para o lado na tentativa de escapar das mordidas.

-Tá reclamando do que?! Você falou que gostaria!

Afirmava Valentina ainda atirada sobre você e te prendendo com as pernas, as mordidas continuavam por mais alguns instantes e eram acompanhadas agora pelas mãos dela que cutucavam o seu corpo em busca de alguma zona que lhe causasse cócegas. Todavia, assim que você começava a pedir para parar, a jovem olhava nos seus olhos com um sorriso sapeca e lhe roubava um selinho, para então, sair literalmente escorrendo pelos seus braços e correr para longe da cama.

-Pronto! Minha vingança foi perfeita! Agora vai se arrumar bobinho, se não agente nunca chega à Roma!

Ela respirava ofegante e não parava nenhum instante de sorrir com a situação, mesmo apesar do beijo roubado, a jovem claramente encontrava diversão na cena inteira.

Com minhas pernas presas eu não consigo virar Valentina e escapar, rindo enquanto tentava me proteger ainda mais quando sentia o cutucar com as mãos de de Tina, com cuidado eu tento segurar as mãos e esconder os pontos mais sensíveis de cocegas.

- Gostaria! Eu não estou gostando!

Eu reclamava antes de receber o leve selinho em meus labios, isso simplesmente me faz parar e sorrir de forma suave, travando ao ver Valentina correr sinto todo meu corpo estremecer, meus olhos claros acompanham os movimentos dela com rapidez.

"Tão linda quanto o sonho!"

Esfregando meu rosto eu me levanto rindo ao ouvir as palavras de Valentina, me sentando na cama eu mostro a lingua apenas para começar a me mover.

- Eu avisei que a gente ia se atrasar! A culpa foi sua!

Levantando-me da cama me espreguiço para andar até minha bolsa e escolher a roupa que usaria, para só então me dirigir ao banheiro e ir me vestir.

Modelo da roupa:

-Você é fofinho de morder, valeu apena atrasar um pouquinho! Agora vai lá antes que eu te ataque de novo!

Dizia a jovem com um sorriso divertido na face. Era claramente uma brincadeira inocente que não seria realizada a não ser que você desse outra abertura, afinal, ela já se movia até o armário dela afim de escolher a própria roupa.

No momento em que você fazia seu retorno, já pronto e de banho tomado, ao quarto, era possível ver a figura da pequena e alegre Valentina já prontíssima! Ela estava finalizando de fechar uma mochila com alguns eletrônicos, como carregadores portáteis de celular, um notebook, tablete e outros pormenores que claramente eram uma preocupação com as suas necessidade e não as dela. Vestindo a mochila no ombro esquerdo e puxando uma mala já fechada com a mão direita, ela dizia sorridente:

-Venha, temos que correr um pouquinho por isso já deixei tudo prontinho! Pedi para que nosso carro fosse preparado e estará logo na saída para nós, o trajeto já esta feito no gps! Você começa dirigindo tá bem? Assim eu assumo quando estivermos à chegar em Roma, afinal eu já morei lá né!

Ainda esfregando minha orelha eu não consigo evitar de rir diante das ameaças de Valentina, de alguma forma eu sabia que se provocasse ela realmente atacaria, então em resposta a ameaça dela simplesmente mostro a língua antes de correr o mais rápido que minhas pernas permitem até o banheiro.

A água quente do banho me faz relaxar, por sorte minha perna não reclama da pequena corrida, mas meu corpo se lembra bem do toque suave dela e me faz suspirar, algo que eu não sei lidar ou reagir bem.

Sair do banheiro já vestido me fez sorrir como uma criança, Valentina estava simplesmente linda. Sem penar duas vezes eu assovio de maneira divertida para comentar.

- Isso tudo é pro Nerd que Bóia?!

Usando a toalha para enxugar meus cabelos ainda molhados eu escuto as palavras de minha prima, concordo com as decisões ao que parece Valentia pensou em tudo.

"Ela fica linda de preto também!"

- Sim senhora! Você está certa, conhece melhor a cidade então não corremos o risco de nos perder.

O seu assovio chamava a atenção da jovem, ela encolhia os ombros um pouco acanhada e sorria delicadamente. Para então responder a sua fala:

-Até que enfim você me notou eim Icaro! Mas não vou dizer se é só pra você não tá, talvez...

Ela então mostrava a língua na sua direção e fazia movimentos bem rápidos de pegar as malas e descer as escadas na sua frente. Todavia, ali ela parava e olhava diretamente para ti, para acompanhá-lo com bastante carinho pela escada.

-Icaro eu posso te fazer uma pergunta, não tem nada haver com a nossa missão em Roma mas eu quero muito, muito mesmo saber isso. Posso perguntar?

As palavras mais acanhadas de Valentina me fizeram levantar as mãos e fechar os olhos imitando um cego, rindo eu respondia de forma divertida.

- Droga preciso de um óculos! Isso é maldade com o Nerd que bóia! Boba, você está linda.

Pegando minhas coisas eu me oferecia para carregar a mala de Valentina, não que ela não conseguisse, mas por questão de educação e gentileza.

"Não deixe uma moça tão linda carregar peso Icaro, não custa tentar agradar.

As palavras de Valentina me fizeram encara-la curioso, a pergunta me pegou de surpresa, minhas entranhas por outro lado se encolhiam ansiosas.

- Hummm, claro te deixo até fazer duas, afinal já estou abusando da sua boa vontade.

Valentina reagia com uma careta divertida diante da sua expressão mais exagerada, mostrando a língua a jovem se divertia de maneira genuína e descontraída. Enfim, ela parava ali na escada, esfregando as mãos como se estivesse um pouco insegura e liberando uma risadinha nervosa, para enfim, falar:

-Olha, não sou boa com essas coisas tá?! Normalmente são os rapazes que me perguntam esse tipo de coisas, mas eu queria saber se você realmente me acha bonita, não só porque estou me vestindo bem... Em outro sentido sabe? E se um dia, quem sabe, eu terei uma chancezinha contigo? Eu não quero parecer oferecida sabe, mas também não quero fingir desinteresse então, melhor pergunta né?!

A jovem ficava suavemente avermelhada em uma reação de vergonha, ela desviava o olhar e segurava os próprios braços, sem saber se estava arrependida de ter dito daquela forma ou se estava apenas muitíssimo assustada com uma possível rejeição.

Rir com Valentina me faz bem, sinto todo meu corpo leve quando estou com ela e de certa forma isso me agrada, mais do que eu inicialmente esperava, o que me fazia sorrir com carinho.

"Um sopro de vida em meio ao deserto?! Eu mereço isso?"

Com as malas pesadas em mão, vejo Valentina parar no meio da escada, andando ainda alguns degraus eu paro para escuta-la, suas palavras e inseguranças me atingem de uma maneira estranha, sinto cada músculo de meu corpo se tensionar em resposta ao medo dela, um medo do qual eu não esperava.

Terminando de descer as escadas para deixar as malas no térreo, eu volto a subi-las para puxar Valentina para meus braços, apertando-a com carinho e força, ali eu me permito enterrar meu rosto em seus cabelos e expirar o perfume deles.

- Você é linda, a coisa mais linda que eu já vi em minha vida! Eu tenho medo Val, medo de não poder te proteger, de não ser o suficiente. Já vi isso acontecer antes e veja só no que me transformei. Eu não quero te machucar, mas esse coração não aguentaria essa dor de novo. Não desista de mim, por favor!

-Val?!

Murmurava a jovem que era tomada pelos seus braços sem a menor capacidade de reação. Ela estava surpresa em demasia para exibir a notória personalidade brincalhona e debochada, ali ela apenas se encolhia dentro dos seus braços e gentilmente trançava as mãos por trás das suas costas.

-Eu vejo no que você se transformou Ícaro, em um homem.

A jovem levantava a face na intenção de olhar na direção da sua, a diferença de tamanho certamente a fazia ficar na ponta dos pés e mesmo assim sem sucesso em lhe alcançar completamente. Todavia, ela não se importava com isso e seguia a falar:

-Ter medo é natural, eu tenho muitos. Tenho medo de ser traída, de ser abandonada, de ser renegada e de ficar sozinha. Mas eu sei que você nunca faria nada disso comigo e é por isso que eu não vou desistir. Quero que você uma noite me diga que ao meu lado, você se sinta acolhido e feliz... Vou esperar, obrigada por me aceitar! Vamos com calma tá bem?

A mesma dava um beijo no seu rosto e voltando ao humor característico ela murmurava:

-Ou não também, sua mordida foi bem... uau!

Rindo ela terminava o abraço e tocava com muita ternura na sua face. E enfim a mesma afirmava em um tom informal e relaxado:

-Certo! Agora vamos a Roma, a viagem é longa e você fica me atrasando com essa fofura toda!

[Off: Ultima ação para o final do ato]

Sentir a resposta dos braços de Valentina me fez sorrir, eu posso sentir meu corpo inteiro relaxar diante do abraço dela e mesmo assim meu coração dói em medo, um fato novo que me atinge com força.

"Eu ainda estou vivo?! Porque isso tem que doer tanto, depois de tanto tempo?"

As palavras dela me fazem olhar em seus olhos, mais uma vez a vida que tem nela me envolve com carinho, eu simplesmente não consigo negar essa sensação boa e viva que meu coração tanto precisa.

O beijo em minha face apenas me faz sorrir e aperta-la com mais carinho em meus braços, em resposta eu beijo com delicadeza sua testa aproveitando o abraço.

– Obrigado por entender Val, no momento certo vou fazer valer a pena. Prometo!

Não consigo segurar a risada diante das brincadeiras tão suaves dela, soltando-a com delicadeza eu bato de leve em minha roupa respondendo de maneira convencida.

– Que culpa eu tenho se são seus olhos Val?!