WoD by Night
WoD by Night
WoD by Night
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.


Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
InícioÚltimas imagensProcurarRegistarEntrar

 

 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet

Ir para baixo 
3 participantes
Ir à página : 1, 2  Seguinte
AutorMensagem
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime25/8/2019, 13:39


A Cidade de Marseille:
Data: 10 de Maio de 1550
Local: Porto de Marseille

O som da chuva sobre o mar...
Nada poderia ser mais poético e silenciosamente barulhento quanto uma tempestade sobre a imensidão do mar. As madeiras do barco a ranger, desafiadas pelas fúrias das ondas, os caixotes de madeira a se chocarem, os gritos dos homens afoitos junto as cordas. A tensão do mastro, as chibatadas das rajadas de água fria contra o peito que derrubava os menos experientes... Não havia nada nesse mundo como o som da chuva sobre o mar!

Seus olhos, no entanto, não encontravam a beleza dessa chuva, mas viam com nitidez o sangue a tingir as aguas turvas, os estrondos violentos dos canhões, os gritos de desespero e horror... Havia sim algo que superava uma tempestade em alto mar e isto se chamava guerra. E era junto do som de um disparo fúnebre e grave que seus olhos saltavam, sua respiração acelerada faziam seus pulmões arderem em uma respiração pesada. Tateando em torno da escuridão, você buscava o mais rápido possível pela luz mais próxima, afim de por um final naqueles pesadelos malditos! O sabor do rum nos seus lábios ainda eram marcantes, era como se você tivesse acordado assustado, ainda sob o efeito de muito rum. Mas por fim, seus dedos tateavam a lamparina e giravam o mecanismo responsável pela liberação do combustível de queima, para ali, enfim haver um pouco de luz dentro daquele pesadelo estranho, amórfico e marcado pelas suas mais dolorosas e violentas lembranças. Enfim, um pouco de sanidade!

Sala de Jantar:
Todavia, seus olhos não pareciam responsáveis por levarem você de volta ao local onde você havia adormecido. Pois, diante deles, você via um ambiente maravilhosamente luxuoso, uma sala de jantar pela qual seus pés jamais caminharam antes. Era uma sala de jantar nobre, cujas madeiras deveriam custar mais caro do que toda a sua embarcação e as vidas dos os homens dentro dela somados! A tapeçaria azulada, o ouro a forrar a parede e os quadros, o calor da lareira... Sensações e perfumes exóticos, velas de cera de abelha e o silêncio que não existia em alto mar... Esse silêncio só era cortado por uma voz masculina preocupada que parecia se pronunciar naquele mesmo cômodo, no entanto, seus olhos falhavam em encontrá-lo, mas presumiam que este se localizava próximo da lareira.

-A Nossa Senhora ficará furiosa! Por Deus, encontre Aurélie Clement imediatamente! Isso é uma ordem! Não quero ouvir suas desculpas, tão pouco sobre suas falhas, cumpra o que lhe é ordenado!

Em seguida, era possível ouvir uma briga, seus olhos até testemunhavam cadeiras sendo empurradas, o carpete se torcer, era uma estranha experiência de observar dois fantasmas se engalfinharem! Seria cômico, se as manchas de sangue não fossem tão reais! E os sons, os terríveis sons de dor, agonia e de ossos a se quebrar! Um crânio havia sido partido, suas experiências de guerra lhe davam essa certeza macabra! E outra voz quebrava o silêncio ao falar, era a voz de uma mulher, uma voz familiar:

-Que se dane! Eu nunca mais irei obedecer uma ordem dada por um merda outra vez! Vou resolver esse assunto sozinha, custe o que custar! Basta que ele retorne de uma vez por todas... Droga, preciso me alimentar novamente...

Ela teria mais a falar, mas o som inesperado e agressivo da porta do seu quarto sendo aberta lhe puxava de uma vez por todas dos mundos dos sonhos. Ali, diante dos seus olhos você via o interior do seu quarto na embarcação que havia ancorado em Marseille no final da noite anterior. E segurando a maçaneta da porta, você via um dos homens que trabalhava na embarcação que você havia tomado em direção ao seu destino atual. O homem sujo e marcado pelo trabalho forçado junto as cordas, sorria com seus dentes irregulares e escurecidos pelo fumo, para dizer:

-Chegamos Vizet, o capitão mandou avisar que chegamos. Mas temos um pequeno problema, existem alguns guardas lá em cima e eles parecem irritados procurando por você...
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime26/8/2019, 01:29

Legenda:

Por um momento tudo que eu fazia era acompanhar com meus olhos o que se passava ao meu redor. Como se o tempo desacelerasse por um momento eu observava tudo com bastante cautela, procurando pelas direções e informações que meus olhos aguçados geralmente procuravam naquele tipo de situação, porém, aquela não era uma tempestade comum e sim algo que havia ficado em um passado não tão distante.

Retocada com borrões vermelhos e sons agonizantes de dor e tiros, eu via ali uma das cenas que havia ficado gravada para sempre em meus olhos. Algo que tirava meu sono uma vez ou outra mas que sempre estivera ali para me lembrar dos males daquele tempo. Uma cena de dor, mas, ainda assim, vazia de sentimentos. Algo que somente a guerra poderia provocar. No entanto, era o som estridente dos canhões que me acordava para algo diferente.

Meus olhos se abriam tão rápido quanto a mesma bala que me acordara. A escuridão me tomava ao princípio e imediatamente eu ia em busca de alguma luz até encontrar o lampião ao meu lado para poder acendê-lo e me deparar com algo nó mínimo estranho. Ao contrato do que eu esperava, eu não me encontrava em uma cama ou em meus aposentos, eu estava sentado em uma cadeira luxuosa em um espaço ainda mais luxuoso. Um ambiente que eu nunca havia estado e que nunca havia sonhado em estar.

Com os meus olhos atentos de marinheiro eu procurava por entender o que estava se passando ao mesmo tempo que absorvia todos aquelas sensações que a sala parecia oferecer e que era bem diferente do que eu estava acostumado. Porém minha “experiência” chegava ao fim quando duas vozes adentravam na sala e começavam a conversar calorosamente.

Imediatamente eu tentava procurar por aquelas vozes e até começava o movimento para me levantar da cadeira mas o que acontecia em seguida me deixava paralisado em confusão. Além do nome de Aurélie ter sido citado e exigido naquela conversa, literalmente do nada os sons de uma briga tomavam conta do ambiente e ao final um som pior era emitido. Para mim aquilo soava claro como as águas do mar batendo contra os rochedos das ilhas. Aquilo era o som de um crânio quebrando e de um corpo caindo ao chão. Mas não era só aquilo que me chamava a atenção e sim quem e o que a pessoa ganhadora havia falado em seguida.

“Quê merda que está acontecendo aqui!?”

Em dúvida sobre o que estava presenciando, eu não esboçava nenhuma ação definitiva e apenas tentava entender o que se passava, afinal, alguém havia morrido naquele local e o nome de Aurélie estava envolvido de alguma forma. Contudo, aquilo tudo chegava ao fim e, mais uma vez, eu acordava mas dessa vez em meus aposentos de verdade. A voz de um dos tripulantes me acordava de um sonho diferenciado e que havia me proporcionado muitas dúvidas, no entanto não era apenas o sonho que me pegava de surpresa.

– Porra, não posso mais dormir por umas horas que já há problemas para resolver…

Resmungando, como de costume, eu me levantava e me sentava na cama por um momento, ainda tentando entender o que havia acontecido em minha cabeça e o que estava acontecendo. Mais uma vez eu olhava para a cara do tripulante que havia feito o desserviço de me acordar e o perguntava enquanto me levantava e começava a vestir o resto de minhas roupas.

– Você disse que há guardas irritados querendo me ver? Eles por acaso disseram o motivo de estarem irritados? E quantos são?

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime28/8/2019, 19:11

-Já acorda revoltado, puta merda, ninguém merece... São três, até falaram mas eu não tava lá e não ouvi. Só vai lá logo resolver isso porque ainda temos que aportar e eu quero logo ir pra algum bordel, não aguento mais olhar esse monte de cara de homem sujo! Passar bem!

Resmungava o homem em uma reposta atravessada e já feita em movimentação, afinal, ele não estava ali para nada além de passar o recado e isso estava feito. Deixando a sua visão sem sequer esperar qualquer resposta, o deixava sozinho. Dessa forma, você teria o tempo necessário para arrumar suas vestes e se recompor dos pesadelos estranhos do começo da manhã que ainda reverberavam discretamente dentro da sua memória recente.

E assim que você se aprontava da maneira que considerava correta, você se deslocava pelo interior de madeira do navio, subindo as escadas finais para a proa da embarcação. Do lado de fora, a primeira sensação que lhe vinha era a do vento gélido do começo de uma manhã, seus olhos logo viam a cidade de Marseille no horizonte, vocês ainda precisariam descarregar a embarcação, mas o lado positivo era já vê-la ancorada junto ao porto murado e muito bem guarnecido da cidade comercial francesa que aprendera das piores formas possíveis, a necessidade de muros e torres preparadas.

Na proa, você notava três figuras distintas que estavam próximas da rampa de acesso ao cais. Os guardas usavam roupas similares, elmos de ferro retangulares e simples, um conjunto de espada e escudo, camisas de lã grossa de tonalidade azul clara que servia de suporte para uma corselete reforçado. Cravado na altura do peito esquerdo, era possível ver o brasão da casa dos Valois, o que certamente concedia aqueles homens a autoridade que eles exibiam com suas posturas e olhares lançados na direção dos trabalhadores que estavam ali na proa a uma distância segura.

-Nicolas Vizet?

Questionava o guarda à direita, mais próximo da rampa de acesso ao assoalho de madeira do porto. Em seguida, o guarda do centro do trio, dava um passo a frente e se pronunciava:

-Representamos a voz de Claude de Savoie, conde de Tende e Grã-Senescal de Provença sob os olhares reais da casa Valois. O senhor Vizet esta sendo convocado a se apresentar no inicio da noite de hoje ao château de sua família. Caso não o faça, será considerado um inimigo da Coroa.

O terceiro soldado parecia uma estátua, parado com firmeza, sequer piscava ou olhava na sua direção, com uma tonalidade de pele mais pálida e próxima a de um homem com pouca saúde, o mesmo parecia correr os olhos por locais aleatórios.

Referência do Brasão:
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime30/8/2019, 20:09

A resposta do tripulante me fazia soltar uma risada engasgada que por pouquíssimo tempo mantinha uma risada no rosto. Aquele pequeno diálogo que acontecia mostrava um pouco de como era a comunicação entre a maioria dos tripulantes e o que eu aturava praticamente todos os dias. “Você também acordaria dessa forma se tivesse um sonho como o que eu tive. E por falar nisso… que sonho foi esse. Mas enfim, depois eu penso nisso porque agora parece ter um problema real para resolver.” Com a cara fechada eu via o homem voltar por onde veio e sair para que eu então pudesse me lavar brevemente e terminar de me arrumar.

Quando estava finalmente pronto eu pegava minhas coisas pessoais, colocava na bolsa de couro que sempre carregava comigo e rapidamente me dirigia para o convés do navio. O som da madeira rangendo não me impedia de pular de degrau em degrau e nem de desacelerar meu passo para chegar ao lado externo do navio o mais rápido possível para, assim que chegasse, poder olhar ao redor e apreciar a beleza da cidade de Marseille. Os muros imponentes me remetiam a guerra, porém, me traziam a segurança que os moradores precisavam para evitar algo que aconteceu no passado. No entanto, não eram as grandes construções ou a beleza da paísagem que me chamava mais a atenção, era sim a presença dos guardas na proa do navio.

– Casa de Valois… Eles não são apenas “guardas”.

Falava baixinho, praticamente pensando alto, antes de começar a me mover na direção dos tais guardas. Mesmo sendo eu a me aproximar, eram eles que me notava e imediatamente perguntavam para confirmar.

– Sim, sou eu mesmo. Como posso ajudar os senhores?

Eu não era idiota de tentar ser um completo ignorante com alguém como eles e, por mais carrancudo que fosse, eu tentava ser o mais tranquilo que podia, mas ainda sem demonstrar completa empatia pela presença deles ali. No entanto, somente bastava ouvir o que o homem do meio havia a dizer que minha testa franzia e meus olhos cerravam em reação à convocação. “Inimigo da coroa? Poucas vezes eu pisei aqui e eles já me convocam para me ‘apresentar para a família real’? Isso não está me cheirando bem. Será que tem a ver com…” Por um momento as palavras reveladoras dos meus pais adotivos surgiam e me lembravam que havia sido nessa cidade que meu pai biológico havia morrido e justamente pelas mãos da realeza. Aquilo me deixava um pouco mais irritado do que estava e me fazia respirar profundamente antes de falar.

– Hmm… certo, certo. Parece ser algo que eu não poderei perder, não é? Mas se não for um problema, será que eu poderia saber algo mais sobre o porque eu ser convocado com tanta… rapidez?

Eu tentava conseguir um pouco mais de informações antes dos soldados simplesmente se virarem e marcharem de volta pra onde vieram, porém, algo me chamava ainda mais a atenção e era o estranho comportamento do terceiro soldado que parecia estar com algum problema de saúde. Além de parecer sem fraco e efermo, o que era completamente estranho pra um soldado, os olhos do homem não paravam e continuavam analisando todos os cantos do navio sem nenhum padrão ou direção definida. Há principio eu não sabia como reagir ao que via e simplesmente fazia uma careta de estranhamento enquanto esperava pela gentil resposta do soldado a qual estava falando.

Roupas:

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime1/9/2019, 11:43

O seu diálogo com os guardas, obviamente, atraia a atenção de todos os corsários e tripulantes do navio que estavam a trabalhar na proa, inclusive, o capitão do navio estava a espiar de maneira pouco furtiva o diálogo que ocorria na parte próxima a rampa de acesso ao assoalho do porto, lá do alto de sua sala, pela janela aberta. A sua questão parecia causar um certo desconforto entre os dois guardas que estavam a falar, ambos olhavam na direção do estranho e misterioso terceiro guarda que olhava com olhos vagos para locais pouco habituais ou naturais para a interação que estava a ocorrer ali. Por fim, o guarda que havia se colocado mais a frente, dava outro passo na sua direção e respondia de maneira informal:

-Apenas estamos seguindo as ordens do nosso capitão, eu sinceramente, não sabia lhe informar o que me questiona, todavia, devo recomendar que obedeça. O último que negou um convite do Grã-Senescal foi severamente punido.

Havia ali, diante dos seus olhos, uma situação anormal. Os dois guardas pareciam temerosos em relação ao capitão deles, que enfim tomava uma ação... O misterioso homem caminhava na sua direção e por alguns momentos, você poderia jurar que os olhos dele se enegreciam como a noite de uma tormenta em alto mar. E ali, ele respondia:

-Um herói de guerra precisa ser tratado como tal. E a resposta que procuras é: Nosso lorde precisa de seus talentos. Todavia, considerando que acabas de chegar de vossa viagem, o prazo se estenderá para duas noites. De acordo?

Questionava o capitão que enfim, focava os olhos opacos na sua direção. Você certamente já havia encarado homens mais assustadores e ameaçadores, no entanto, a apatia dele lhe inquietava.
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime2/9/2019, 00:20

Aquele era de fato um dialogo bem inesperado, até mesmo aos tripulantes que paravam seus afazeres para prestar atenção ao que estávamos conversando e eu, é claro, não deixava de notar aquilo. No entanto, eu mesmo não dava muita importância para aquele pequeno detalhe e apenas voltava meus olhos para o guarda que retornava a falar após minha pergunta.

Apesar de ser uma simples pergunta os dois guardas, que pareciam estar com a saúde em dia, não conseguiam me responder aquilo e acabavam por se voltarem na direção daquele que era, de longe, o mais estranho de todos. “O que é isso? Ele não pode me dizer o motivo de eu ir me apresentar a realeza? Que tipo de convocação é essa!?” As dúvidas em minha cabeça começavam a aumentar com o somatório de detalhes estranhos naquele momento, porém algo ali acontecia e me deixava extremamente desconfortável com o que eu via.

Nem mesmo a tentativa de imposição de força do soldado e nem a ameça dele haviam me feito mexer sequem uma sobrancelha ou um centímetro para trás, todavia, os olhos do homem pálido me pegavam de surpresa e me faziam recuar um passo enquanto eu encarava aquilo e tentava entender o que se passava. “Mas que merda é essa!” O primeiro pensamento que vinha a minha mente poderia facilmente ter sido proferido pela minha boca, porém, eu não era estúpido o suficiente para fazer aquilo na frente de um membro das forças da nobreza.

Ao primeiro momento eu nem conseguia acreditar no que havia visto, ainda mais depois de um sonho atordoante como aquele mas algo ainda mais inacreditável saia da boca do “capitão” em forma de palavras. “Heroi de guerra? Meus talentos? Isso definitivamente não está me cheirando bem.” Meus olhos se cerravam mais uma vez e com mais intensidade do que antes. Após o impacto da visão absurda nos olhos do homem de se dissipado de meu corpo, eu agora dava um passo para frente, me colocando mais perto do homem e com uma expressão fechada em uma forma de mostrar que não havia ficado intimidado pelo que havia acontecido.

Colocando as mãos na cintura e com uma postura “marrenta”, eu tomava alguns breves segundos para mostrar minha própria força de “herói de guerra” afinal, eu não sairia por baixo em uma situação dessas nem que fosse contra o pirata Otomano mais grotesco! No entanto, aquela pose de marra sumia para exibir um sorriso forçado e amarelo em meu rosto que era precedido de algumas palavras antes de eu me virar e ir em direção aos meus companheiros tripulantes.

– Tudo bem, tudo bem. Eu tentarei não deixar O Conde de Tende e Grã-Senescal de Provença esperando por minha humilde presença e tentarei comparecer ainda hoje, mas fico muito grato por dar-me duas noites para me estabelecer na cidade. Sabe como é né? Nós passamos algum tempo em alto-mar, cheio de homens fedidos e tudo que eu quero no momento é apenas um pouco de paz, rum e uma bela mulher para ouvir minhas histórias! Não é mesmo, homens!?

A parte final da minha fala saia em alto e bom som para que todos pudessem ouvir e encerrar aquela conversa de uma forma mais suave e animada como sempre era nas rodas de bebidas que fazíamos ao aportar. Mas, por mais que eu tentasse demonstrar uma confiança e leveza em minhas palavras e ações, algo dentro de mim ainda se remoía quanto ao homem que havia falado comigo agora a pouco. Eu não conseguia dizer exatamente o que eu sentia com relação ao ocorrido, mas aquilo havia me marcado de uma forma um tanto quanto assustadora.

“Essa convocação não está me cheirando muito bem, ainda mais com um mensageiro desses. Eu tenho que me adiantar no que preciso fazer aqui e meter o pé daqui. Meu pai foi morto nesta cidade por algum motivo e do nada eu sou convocado sob a pena de morte. Definitivamente tem algo de errado aqui!”

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime8/9/2019, 12:45

A sua fala acusatória e irrefutável referente a feiura dos homens que estavam a trabalhar no navio era acompanhada pro resmungos, palavrões e confirmações dos próprios homens que estavam próximos o suficiente para ouvir, mas não necessariamente estavam a participar diretamente do diálogo que ocorria entre você e os guardas. O guarda que havia tomado a frente em primeiro lugar sorria e comentava logo de imediato:

-Se estiver realmente tão afoito assim, rapaz, recomendo a você e aos seus companheiros o casarão do Luar Turquesa, fica logo a noroeste do quinto portuário.

O segundo guarda, que parecia realmente incomodado com a questão sinistra que rodeava seu capitão, parecia distraído a conversa que era iniciada a respeito do Luar Turquesa, não deixando de manter uma mão sobre a própria arma e os olhos de você e do capitão, com um receio de que algo pudesse sair de controle a qualquer momento.

-Bem, nossa missão acabou por aqui, estamos a nos retirar mas antes, pode deixar avisado a seu capitão que a revista da embarcação foi cancelada por ordens do Grã-Senescal... Sinceramente, rapaz, não sei quem você é, mas se me permite, lhe darei um conselho como bom cristão que sou. Essa cidade tem muitos olhos gananciosos e você parece ter atraído todos por algum motivo! Mantenha sua lâmina por perto... Que Deus o tenha e boa sorte a todos vocês.

A fala final do guarda era direcionada a todos e feita em alto e bom som, assim o mesmo fazia uma curta reverência e sinalizava aos demais guardas que iria começar a caminhar, algo que era seguido em silencio tanto pelo capitão que parecia novamente profundamente apático e ao nervoso terceiro guarda.
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime9/9/2019, 08:56

Ver e ouvir a reação dos homens sobre minha fala era divertido e brotava um sorriso rápido em meu rosto que permanecia até ouvir a indicação do soldado sobre o Luar de Turquesa. Aquela frase me parava no meio da caminhada de saída que eu fazia e me fazia virar e olhar na direção do soldado que havia falado para respondê-lo, porém, a sua segunda frase me pegava de surpresa e confirmava de alguma forma o que eu havia pensado.

– Hmm… Estarei com isso em mente. Muito obrigado pelas recomendações.

Agora não mais um tom de descontração ou orgulho saia de minha boca, mas sim um tom sério que reconhecia aquilo que ouvia. “Então no fim das contas eles estão mesmo atrás de mim, porém… ele não parece ter se referido somente ao Grã-Senescal. E, além disso, por que o Grã-Senescal me convidaria para se apresentar e ainda liberaria o navio da inspeção? Eu não estou entendendo e parece que eu vou ter uma tarde e noite mais cheia do que eu imaginava…” As dúvidas em minha cabeça me preocupavam mais do que eu podia expressar naquele momento e, assim que os guardas saiam do navio eu me diria até o capitão.

– Senhor, posso ter uma palavrinha?

De forma discreta e sutil eu pedia por um momento de conversa privada com o capitão e indicava com a cabeça para um local mais afastado de pessoas para que pudéssemos conversar. Naquele momento eu demonstrava sim um pouco de preocupação para enfatizar meu pedido, mas não demonstrava medo pelo que havia ouvido, afinal, agora minha vida estava em perigo e eu não poderia perder mais nem uma hora sequer.

– Bom, acredito que o senhor tenha visto a boa notícia que tive logo cedo não é? Felizmente não haverá inspeção no navio e por isso eu vou sair agora para resolver algumas coisas o quanto antes. Aqui está o livro do inventário da carga que foi conferido ontem e eu só queria lhe dizer obrigado por me acolher com vocês durante esse tempo. Querendo ou não eu iria me despedir de vocês em algum momento não tao distante de hoje, eu só esperava fazer isso de uma forma mais agradável.

Aquela não era uma despedida momentânea. Do momento que eu havia me juntado à embarcação, eu sabia que ficaria ali por pouco tempo somente para chegar a Marseille e poder encontrar a tal Aurélie Clement que até em meus sonhos aparecia. Ao final de minhas palavras eu estendia minha mão ao capitão para um último cumprimento e para ouvir suas palavras finais, caso houvessem, antes de sair na direção do porto.

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime15/9/2019, 19:36

Deixando de lado a situação nada comum que havia marcado o seu começo de manhã, você subia as escadas de madeira em direção a sala do capitão, a sala do mesmo era não somente um ambiente de reunião ou armazenamento de mapas, também era o quarto do homem responsável pela embarcação. Um francês nascido em Lyon, já com seus quarenta e poucos anos, nove dedos nas mãos e muitos calos nas mesmas. Já totalmente calvo o homem se orgulhava de sua barba frondosa e inevitavelmente suja de rum barato e fedido. Abrindo a porta ao notar a sua aproximação, o homem ajeitava o cinto afim de encolher a "pança de rum", para sorrir com seus dentes amarelados de tabaco e rir com o começo da sua fala.

-Boa noticias de fato! Pensei que já teria que subornar esses engomados e pra ser sincero, não tenho ouro suficiente pra isso não, iria era me endividar!

O homem ria com sua voz rouca, dando algumas tossidas e por fim, ouvindo tudo que você tinha para falar.

-Certo, certo. Fico muito agradecido pelo inventario feito, mas não se preocupe com essas coisas de despedidas e até logos, siga teu rumo. Cê ainda é jovem e tem muito mar ainda para passar pela frente dos seus olhos! Vamos ficar por aqui ainda essa semana inteira, se for precisar de alguma ajuda, ou lugar pra se proteger, pode procurar pela Estalagem do Cravo Negro, fica logo aqui no porto, mas não é pra qualquer um. Só falar o nome da nossa embarcação e você vai ter a passagem liberada. Vá com Deus rapaz e não abaixe a cabeça pra esses engomados de merda ai!

Dizia o capitão do navio, dando alguns tapas firmes no seu ombro e estendendo por fim a mão e lhe saudando para finalizar aquela interação e comentar ao fim:

-E obrigado por conseguir que nosso navio não passe por inspeção, tem bastante coisa que não deveria estar aqui! Tome essas moedas aqui como pagamento por essa divida viu?!

O homem então lhe empurrava um saco de couro pequeno, com alguns punhados de francos em seu interior. Não era nenhuma fortuna, mas era o suficiente para lhe garantir uns dois dias na cidade sem passar necessidades.
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime19/9/2019, 11:50

A tensão do momento anterior e o estresse após acordar estavam começando a se dissipar e agora eu já conseguia exibir um sorriso risonho ao que o capitão falava. O homem já de idade avançada havia me acolhido em sua embarcação há alguns meses e, durante esse tempo, havia se mostrado uma pessoa que merecia respeito. Com paciência eu ouvia o que ele havia para falar, pegava a pequena bolsa de francos que me era entregue e estendia a mão para cumprimentá-lo respeitosamente enquanto o respondia pela última vez naquele dia.

– É claro que você tinha, foi eu quem fez o inventário! Bom, obrigado capitão, vou tentar aparecer no Cravo Negro sim! Só preciso resolver essa situação… Até mais!

Após me despedir do capitão, eu imediatamente guardava o saco de dinheiro junto com meus outros pertences e começava a caminhar na direção da saída do navio para ir até o porto. “Vejamos… Estive aqui algumas vezes mas sempre foi a trabalho e não tive como ir atrás de mais respostas. Pelo lado bom, esse convite me deu espaço para ir atrás disso agora, porém agora é o único tempo que eu realmente tenho.” Minha caminhada tomava um ritmo lento para que eu não embarrasse em nada no porto enquanto pensava profundamente no que deveria fazer dali para frente. “Bom, primeiramente eu tenho que achar essa mulher chamada Aurélie Clement para obter algumas respostas, mas onde diabos eu vou conseguir achar ela? Acho que já sei quem pode me ajudar…” Após pensar um pouco sobre o que iria fazer, eu aproveitava que ainda estava no porto e rapidamente mudava minha rota para ir em direção a um dos meus poucos amigos nessa cidade, ou melhor, amiga.

Sem nem pensar duas vezes eu começava a andar na direção de onde Caterina Darche ficava. Caterina é uma das responsáveis pela fiscalização de mercadoria no porto e eu havia a conhecido durante minha primeira estadia na cidade. “Ela é uma local e os pais dela são donos de uma pousada, tenho certeza que ela pode me ajudar de alguma forma. Pelo menos me dar uma luz para me guiar na cidade, afinal eu só conheço mesmo o porto daqui.” Desta forma, eu apressava o passo para encontrá-la o mais rápido possível.

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime19/9/2019, 17:33

Deixando a embarcação para trás após um forte aperto de mãos com o capitão da embarcação e ainda com os avisos deixados em sua memória ainda a ecoar, você descia pela rampa de madeira que servia de acesso ao chamado "porto de beira", que era composto por uma longa plataforma de madeiras reaproveitadas dos estaleiros, com pilares profundos submersos que conectava os barcos, seus tripulantes e mercadorias ao porto. Suas botas atravessavam rapidamente as madeiras e começavam a pisar nas rochas firmes que já pertenciam a cidade de Marseille. Toda a cidade havia sido reforçada após os conflitos mais recentes, as partes destruídas estavam agora fortificadas por muralhas de pedras, torres, guardas e canhões. Era muito fácil notar que havia uma força dedicada a proteção da cidade ou monitoramento daquele porto extremamente importante à coroa francesa que havia anexado a província a pouco tempo.

Passando por alguns estaleiros e lojas localizadas no porto, você chegava a uma das passagens fundamentais que separava a cidade do porto, essa passagens eram arcos abertos nas muralhas, construindo verdadeiros tuneis rochosos que afunilavam em um posto da guarda de fiscalização portuária. Ali, haviam vários caixotes aglomerados, algumas pessoas sentadas em barris a conversar e jogar cartas enquanto esperavam suas oportunidades de obter acesso a cidade, alguns carrinhos de mão e uma movimentação mediana de pessoas e guardas. Já sabendo por quem procurar, você adentrava o túnel e ao invés de tentar passar diretamente para a cidade, você virava a esquerda, adentrando um dos salões internos onde os guardas e oficiais descansavam. Dentro do ambiente avermelhado pela presença de velas e ausência de luz solar direta, onde dois oficiais estavam a verificar uma enorme lista de cadernos financeiros. Ao fundo, havia uma escadaria de acesso a sala da oficial, com o nome de Caterina Darche esculpido na porta. Após um breve diálogo com os homens sentados ali, você por já ser conhecido, tinha a autorização de ir até a sala de Caterina sem problemas.

-Bem vindo outra vez a cidade Nicolas, quais ventos o trazem?

Questionava Caterina, com um sorriso simpático na face, levantando-se da cadeira dela ao se direcionar até você e lhe estender uma taça de ferro de vinho.

-Sente-se, você nunca vem apenas para comentar sobre qualquer coisa sem importância...

Ela já falava, caminhando sem preocupações aparentes em direção a mesa, parando junto da mesma para se servir de vinho e mordiscar um pequeno pedaço de queijo.

Caterina Darche:
Imagem de Referencia da Sala de Caterina:
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime23/9/2019, 10:02

Por mais que eu não conhecesse a Cidade de Marseille tão bem assim, o porto dela, ou melhor, qualquer porto era como uma segunda casa para mim e sem muita dificuldade eu conseguia transitar por ele e chegar até onde eu queria chegar sem muita dificuldade. Por já conhecer mesmo o caminho e algumas pessoas que ali trabalhavam, meu acesso era mais fácil e sem muitas delongas eu chegava a sala de minha amiga, e colega de copo, Caterina Darche. A recepção em sua sala era costumeira e, por sermos amigos, eu me sentia até mais a vontade.

- Ventos não muito bons, minha amiga. Como se uma tempestade estivesse se aproximando, uma tempestade das grandes!

Eu falava com certa tensão mas com um sorriso amarelo como se já estivesse acostumado com a situação de estar correndo risco de vida. Assim que terminava de falar, eu prontamente colocava meus pertences em um canto da sala e ia em direção a cadeira próxima a dela. Pegando a taça de vinho, eu rapidamente virava todo o conteúdo do copo em um único gole para, logo em seguida, pedir mais um copo.

- E como sempre, você está certa! Mas antes de eu entrar nos detalhes do que eu tenho a falar, você por acaso ouviu algo que envolvesse meu nome? Especialmente se tratando da parte mais nobre ou dos guardas?

Assim que eu fazia a pergunta, meus olhos fitavam a mulher para estudá-la e tentar ver as reações dela. “Por mais que eu confie nela como minha amiga, o que aqueles guardas falaram realmente me deixou desconfiado de tudo e segundo eles meu nome esta rodando pela cidade, então ela provavelmente deve ter ouvido algo!” Além das palavras, as pessoas podiam passar muitas informações pelas reações e expressões e eu havia aprendido isso durante o tempo que havia passado com os Otomanos.

[Off: Teste de Percepção + Empatia = 4d10]

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Dados

Dados


Mensagens : 292
Data de inscrição : 03/05/2016

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime23/9/2019, 10:02

O membro 'Lugo' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


'D10' : 2, 1, 3, 8
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime27/9/2019, 18:04

A experiente mulher servia novamente o seu copo, enchendo o mesmo até a marca próxima do gargalo, para então se encostar confortavelmente na própria cadeira e comentar com um sorriso debochado:

-Pronto, já servi o suficiente para ser considerada uma boa anfitriã, afinal, se continuar tentando manter seu copo cheio não farei mais nada na vida além disso!

Ainda com o mesmo sorriso na face, ela tomava um pouco do próprio vinho e respirava, com calma, tomando um tempo para pensar em uma resposta para a sua questão. Seus olhos eram bem experientes na leitura das faces mais brutas, violentas e acostumadas com a dureza da vida de batalhas e explorações em alto mar, mas ali, diante dos traços mais finos e complexos da face de Caterine, você não sabia nem sequer por onde começar a desvendar os sentimentos ou intenções que passavam pelas expressões e reações dela, ao menos, nada além do que ela deixava você ver é claro.

-Soube que alguns guardas estavam a procura do seu nome a alguns dias atrás, mas não cheguei a dar muita atenção ao fato... Mas porque você não me explica o que está lhe incomodando tanto? Talvez eu consiga pensar em algo mais definitivo se houver mais claridade em torno dessa frustração e inquietação que esta estampada na sua face.
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime29/9/2019, 21:43

Depois de ter meu copo propriamente servido, eu fazia um breve aceno de agradecimento com a cabeça e tomava mais um pouco da bebida para, logo em seguida, repousá-la sobre a mesa de Caterina. Meus olhos então procuravam pela face da moça a minha frente e com minha apuradíssima visão que poderia dizer o que um bêbado estava pensando, eu tentava descobrir mais do que ela estava me dizendo.

No entanto, eu nada conseguia perceber além da beleza dos olhos dela. “Merda, porque eu nunca consigo decifrar as mulheres como eu consigo prever o que um marujo está aprontando só de ver seus olhos? Estou até um pouco preocupado agora…” Cerrando um pouco os olhos como uma forma de expressar minha frustração por não ter conseguido obter mais informação do que pretendia, eu fazia uma respiração profunda e escorregava um pouco na cadeira, relaxando meu corpo, para enfim respondê-la.

– A verdade é que eu também não sei muito bem o que está acontecendo. Só sei que o Grão-Senescal de Provença me convocou para uma reunião sob pena de ser considerado inimigo da coroa…

Por mais que estivesse em uma situação complicada com essa convocação, eu não deixava de apreciar a cara que ela faria ao ouvir aquela notícia. Depois de ver a reação dela eu me ajeitava na cadeira em que estava sentado e tomava o copo de vinho com uma de minhas mãos. “Não acho Caterina seja uma pessoa que eu deva ter cuidado. Ela é uma das minhas únicas pessoas de confiança aqui, mas eu não sei muito bem o motivo dessa convocação e também não quero colocá-la em uma posição perigosa, afinal, ela trabalha no porto e se há essa quantidade de pessoas atrás de mim, com certeza deve ter alguém me observando agora mesmo.” Antes de poder falar algo definitivamente, eu me levantava e caminhava pelo quarto em que estávamos. Calmamente eu fechava todas as portas e janelas da sala para tentar prevenir eventuais curiosos e voltava a me sentar na cadeira onde estava sentado.

– Eu não sei o motivo pelo qual estou sendo convocado para uma reunião, mas ao ponto de ser considerado inimigo da coroa, algo bom não deve ser. Mas o motivo de eu ter vindo aqui, não é exatamente esse. Está relacionado, eu acho, mas não é.

Fazendo uma pausa, eu tirava de minha sacola de pertences uma pequena bolsa que continha uma chave adornada e uma moeda de Navarro. Sem muita cerimônia eu tirava a moeda e colocava sobre a mesa junto da chave, guardando apenas a carta no local de onde eu havia a tirado.

– Eu não conheci meu pai biológico, mas há alguns anos eu soube que ele foi morto pela nobreza. Não posso dizer que pode estar relacionado, mas também não posso descartar isso e é por isso que eu vim aqui. A única coisa que eu sei sobre meu passado é o nome do meu pai e o nome da mulher que me resgatou. Você por acaso já ouviu falar de Amelie Clement ou sabe algo sobre essa moeda e chave?

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime30/9/2019, 20:59

-O Grão-Senescal?!

A cara de deboche da mulher sentada do outro lado da mesa em que você se encontrava, transformava-se em uma expressão de surpresa e logo, curiosidade. Apoiando os cotovelos sobre a mesa, ela observava a sua ação precavida de fechar as cortinas e verificar a tranca da porta, ação de causava o escurecimento do interior daquele quarto social que pertencia a Caterina dentro das muralhas da região portuária.

-Que porra é essa Nicolas?

Indagava a mulher, arqueando a sobrancelha e encarando todos os objetos que você enfileirava sobre a mesa. A reação arisca dela era uma surpresa inesperada e era direcionada a moeda da coroa de Navarro.

-Você entende que a família real esta executando e caçando qualquer um que tenha afiliação com os Burbons de Navarro? Onde você arrumou isso!?

Jogando o tronco para trás, a mulher se apoiava na cadeira e respirava fundo, esfregando as mãos na face por alguns instantes, tentando se recompor o mais rápido que conseguia, para enfim, lhe olhar diretamente e responder com mais calma:

-Vamos passo a passo, se não algo pode ficar de lado. Amelie Clement... A família Clement tinha bastante influência sob o mandato do Grão-Senescal anterior, ela foi acusada de traição, muitos acabaram mortos ou banidos... Nunca conheci diretamente nenhuma Amelie, mas é possível encontrar registros sobre ela aqui mesmo, nos registros das pessoas banidas da cidade.

Afirmava Caterina, com a face avermelhada por causa da breve irritação, empurrando na sua direção a moeda e tomando a chave nas próprias mãos para observá-la com mais calma enquanto aguardava as suas reações seguintes.
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime4/10/2019, 20:04

[Off: Teste de Raciocínio + Conhecimento Popular = 5d10 + 1 de força de vontade.]
Ir para o topo Ir para baixo
Dados

Dados


Mensagens : 292
Data de inscrição : 03/05/2016

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime4/10/2019, 20:04

O membro 'Lugo' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


'D10' : 8, 7, 2, 9, 6
Ir para o topo Ir para baixo
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime4/10/2019, 20:45

A reação inicial de Caterina junto com sua indagação mais arisca me forçava a fazer um sinal de silêncio e calma para a mulher que já protestava antes mesmo de ouvir o que eu havia a dizer. No entanto, sua reação após saber do que se tratava não me deixava mais alegre, muito menos calmo com o que acabava de ouvir. “A família real está executando qualquer um relacionado aos Burbon de Navarro? Em que merda meu pai biológico se meteu e que tipo de relação ele tinha com os Navarro?” Olhando tenso e pensativo para os itens sobre a mesa e para a moça a minha frente eu esperava ela terminar de falar para tomar mais um gole maior do vinho em minha mão.

- É como eu falei, isso ai veio comigo quando me entregaram para meus pais de criação. Eu não conheci meus pais biológicos. A única coisa que eu sei é que meu pai foi morto e minha mãe sumiu do mapa. Esses itens vieram junto de uma carta que explicou tudo. Eu so soube dessas coisas poucos anos atrás, mas aparentemente o sobrenome do meu pai era Vizet também. Se você pode ver os registros das famílias então a gente pode encontrar algo sobre a minha familia ai também, não é?

Eu estava realmente agoniado com o desenrolar da conversa e assim que Caterina me entregava a moeda eu rapidamente a guardava, esperando então sobre uma resposta com relação a chave e sobre os registro familiares.

- A unica coisa que eu sei é isso. Eu não sei em que situação meu pai foi morto, mas, se o Grão-Senescal me convocou sob pena de ser taxado de inimigo da coroa... algo bom não deve ser. No entanto, há algo me incomodando.

Fazendo uma pausa, eu me levantava e caminhava um pouco no interior da sala e ia até a janela novamente para olhar o movimento na rua e me certificar se havia alguma pessoa estranha por perto.

- Quando foram me convocar, os guardas reais eram beeeem estranhos e me deram até três dias para se apresentar ao Grão-Senescal. Por que alguém que iria querer me matar me daria três dia para me apresentar, afinal eu poderia muito bem escapar ainda hoje se quisesse. Além do mais, os guardas me alertaram que meu nome havia despertado o interesse de muitas pessoas e até me aconselharam a manter minha arma por perto…

Fechando a cortina novamente e andando agoniado até ficar do lado da cadeira, eu tomava todo o conteúdo do copo novamente e me apoiava na mesa de Caterina, sem me sentar na cadeira, para resmungar ainda confuso com tudo que estava acontecendo.

- Eu sinceramente não sei o que fazer e é por isso que eu vim aqui. Você é uma das poucas pessoas com quem eu posso contar para me ajudar. Eu não sei quem era essa Aurelié Clement, não sei o nome completo do meu pai e nem da minha mãe e muito menos o que eles fizeram para a nobreza e nem o real motivo dessa convocação. Meu deus, que confusão é essa? E eu ainda tive um sonho totalmente absurdo com o nome dessa mulher. Eu preciso de algumas resposta, Caterina.

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime9/10/2019, 00:03

Arqueando a sobrancelha, Caterina se servia com um pouco mais de vinho, para dizer antes de bebericar a bebida:

-Podemos dedicar um tempo para buscarmos informações sobre a sua família, ou melhor, seu Pai e alguns outros Vizet... Afinal, nunca ouvi nada em específico sobre o seu sobrenome e certamente deve haver algum parente vivo ainda na cidade ou em alguma província próxima.

Depositando a própria caneca de vinho sobre a mesa, Caterina cruzava as pernas e não dava a menor atenção para a sua preocupação com o selamento das janelas e das cortinas, dedicando-se a procurar por alguma coisa em uma das gavetas internas da mesa que estava a frente dela.

-Provavelmente se você bebesse menos, teria menos sonhos perturbadores...

Tirando uma carta marcada por um brasão de cera já rompido, para olhar novamente na sua direção e falar:

-Bom, devo agradecer pela confiança, mas não sei exatamente como poderia te ajudar nessa confusão de indicativos e meias verdades, todavia, quando você falou sobre o prazo para a sua apresentação ao Grão-Senescal... Eu recebi um convite para um jantar para exatos três dias a frente, mas o recebi no começo da semana passada.

Caterina estendia o papel da carta para você e neste, você lia uma carta escrita por alguém realmente letrado e capacitado na alta escrita e estudos, convidando Catarina para um jantar na residência do Grão-Senescal. Não havia um remetente, mas o brasão estava presente no próprio papel, o que indicava a veracidade do mesmo.

-Provavelmente, está ocorrendo algo grande na cidade. Algo que envolve as forças verdadeiras que geram as engrenagens... E que essas forças estão buscando membros notórios ou abrindo seus arcabouços de jogadas para movimentar as forças em torno dessa região.

Caterina se levantava, pegando a caneca com a mão não-hábil e caminhando silenciosamente pelo ambiente, para se sentar sobre o pequeno sofá que havia ali, ajeitando-se sobre o estofado roxo e tomando um longo gole de vinho, para olhar na sua direção e perguntar:

-Como você lida com os mistérios da vida e morte? Acredita em fantasmas? Deuses?
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime14/10/2019, 10:49

A calma excessiva de Caterina às vezes me deixava agoniado e impressionado pelo quão forte aquela mulher deveria ser, no entanto, não era o pescoço dela que estava em risco naquele momento e, ao que se mostrava, ela possuía muito mais informações sobre a cidade do que eu imaginava. “Caterina realmente deve ter muitos contatos em Marseille e até fora dela, afinal ela é uma dos oficiais em controle de cargas da cidade e, querendo ou não, ela tem muita informação valiosa nas mãos dela.” Assim eu observava a movimentação de Caterina e acabava me sentando quando ela me mostrava uma carta já aberta.

- Se eu bebesse menos, eu com certeza teria mais sonhos perturbadores.

Respondendo-a brevemente antes de pegar a carta, minha primeira reação era franzir a testa com em dúvida do que aquela carta tratava e curioso em como ela se relacionava com meu problema. Assim eu a pegava com cuidado, afinal era uma carta real, e, sem muita cerimônia, começava a ler o conteúdo da mesma. Minha expressão de dúvida se transformava em surpresa quando ela me contava mais detalhes do assunto por trás daquela carta e assim a dúvida voltava a estampar minha expressão como antes, mas não somente pelo que havia na carta e sim pelas coisas que a mulher me falava.

- Que tipo de conversa é essa Caterina? Quer dizer que você acredita em fantasmas?

Em um tom de deboche eu aproveitava para quebrar um pouco o clima, mas depois de olhar para a expressão da mulher e pensar um pouco sobre tudo que eu havia vivenciado, minha expressão ficava mais séria, mas não porque eu realmente acreditava em deuses ou fantasmas e sim pelos fantasmas que me atormentavam.

- Além das histórias do tripulantes, os únicos fantasmas são aqueles das nossas cabeças, que nos perseguem em nossos sonhos e tinham nossa paz. E a morte… bem. A morte é apenas o fim, portanto, temos que aproveitar enquanto estamos vivos.

Assim como ter refletido brevemente me trouxe os fantasmas do passado, pensar sobre a vida e a morte me trazia as boas memórias que a vida havia me proporcionado e era por essas boas memória que eu não desistiria da minha vida facil assim. Dando um sorriso esperançoso no fim de minha fala, eu pegava meu copo vazio, me levantava e ia até a garrafa de vinho para encher mais um pouco e dar um ultimo gole na bebida.

- Mas afinal, o quê que os “mistérios da vida” e “fantasmas” tem haver com o nosso assunto?

Perguntava por fim enquanto a encarava com curiosidade.

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime18/10/2019, 20:26

Cruzando as pernas, Caterina ria das suas palavras e exibia um sorriso debochado nos lábios, fitando-o com olhos atentos e analíticos para responder todas as suas palavras com uma seca e ácida fala:

-Eu sinto muito pela tua alma...

Terminando de beber da própria bebida, a mulher descruza as pernas e se levantava em um só movimento corporal, passando pela sua frente e encostando-se na mesa, algo que ela jamais fazia ou pertencia que alguém o fizesse, para apoiar as mãos na mesma e te olhar diretamente.

-O assunto depende exclusivamente de como você lida com o inexplicável. Muitos correm, se espantam, rezam, mas o deboche e o humor, diante do desespero abissal do desconhecido é para poucos. Eu sempre desconfiei que havia algo faltando dentro de ti, como falta em mim, mas agora tenho certeza dessa ausência. Veja...

Caterina então passava a mão rapidamente pela mesa, pegando a lâmina de abrir cartas, para imediatamente talhar no próprio antebraço esquerdo um corte grande e profundo! Sem sequer demonstrar dor ou receio, sem tirar os olhos de ti, ela regia com um simples cerrar do punho esquerdo e um sorriso de deboche enquanto o sangue começava a verter da ferida aberta.

-Olhe com atenção...

A ferida iniciava uma estranha reação de regeneração, como se a própria regressasse no tempo e nunca tivesse ocorrido, de um segundo para o outro, o braço da mulher estava intacto! E ali ela respondia finalmente a sua pergunta:

-As criaturas responsáveis pelo o que eu me tornei estão no controle de tudo que você pensar nesse mundo e ao que posso presumir, você atraiu a atenção de alguma delas... Assim como eu também fiz a algum tempo atrás. E lhe garanto, sua vida nunca mais será comum após ela se revelar aos teus olhos...
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime21/10/2019, 08:17

Dividindo minha atenção entre encher meu copo com mais vinho e observar e ouvir Caterina, obviamente dando mais importância a mulher com quem conversava. A reação de deboche por parte dela era unusual e me chamava a atenção, não que ela fosse uma mulher seria de mais ou ríspida, mas no final das contas ela era uma pessoa importante e aquela era uma atitude incomum da mesma.

“Como se lida com o inexplicável? Algo que falta em mim? Do que diabos ela está falando?”

E de fato o que diabos era aquilo que eu via! Sem muita cerimônia no que ela estava fazendo, a mulher sacava uma faca na minha frente e fazia algo que nem mesmo o mais duro e retardado dos marujos faria para se provar.

- Ei, o que você está fazendo!?

Como um reflexo eu elevava minha voz para alertá-la e rapidamente colocava me copo e a garrafa de vinho no lugar para sacar um pedaço de roupa de meus pertences e tentar impedir o grave ferimento que a mulher fazia em sí mesma.

- Você está maluca mulher, esse fe-

No meio do caminho, antes mesmo de eu chegar ao braço da mulher para tentar estancar o ferimento, algo completamente fora do normal acontecia diante de meus olhos. Algo que me fazia parar completamente para observar com espanto.

“Espera ai… o que… o que é isso? A ferida dela se curou? Isso… isso não pode ser real.”

Atordoado com o que eu estava vendo, eu ficava totalmente imóvel enquanto processava aquela cena e ouvia o que a mulher havia para dizer e, somente após ouvir-la e de alguns segundos pensando em tudo que havia acontecido, eu só podia imaginar duas razões para eu estar vendo aquilo.

“Certo, vamos lá, algo não esta certo. Será que eu já estou bebado? Não, isso não é possível. Foram apenas duas taças de vinho… mas… e se o vinho estiver com algum alucinógeno? É isso, deve ser isso.”

Calmamente eu me virava de costas para a mulher na sala e ia até a mesa onde a garrafa de vinho estava para pegá-la e analisar a mesma com muito cuidado. Olhando o conteúdo, cheirando e repetindo o procedimento com meu copo, eu tentava me certificar de alguma forma se aquele vinho estava adulterado ou não, mas, aquilo não parecia ser o caso.

“Não é isso, mas eu não estou bebado. Será que eu estou em outro sonho. Será que tudo que aconteceu hoje, aquele guarda maluco e isso agora, será que tudo isso é outro sonho?”

E sem pensar duas vezes eu me beliscava e dava alguns tapinhas em meu rosto para tentar me acordar do que eu achava ser outro sonho.

“Não, isso aqui é real! Mas, como pode ser real?”

Após aquela breve confirmações, eu me virava lentamente na direção da mulher, olhando-a nos olhos de uma forma que eu nunca havia a visto antes. De certa forma parecia que eu não a conhecia mais, parecia que a mulher que eu conhecia e confiava não era mais a mesma e ela definitivamente não era. Assim, ainda em uma ‘posição defensiva’ e acoada, eu voltava a falar com a mulher mas agora sem nenhum tom de brincadeira.

- Caterina, o que diabos acabou de acontecer aqui? O que você quis dizer com o que você se tornou? E de quem, ou melhor, do que eu chamei a atenção?

Detalhes:
Ir para o topo Ir para baixo
Danto
Admin
Danto


Mensagens : 4859
Data de inscrição : 04/06/2012
Idade : 32

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime26/10/2019, 20:12

Inclinando o corpo para frente, Caterina se colocava de pé ao mesmo tempo que se desencostava da mesa, deixando você tomar o seu tempo necessário para se convencer de que aquela ação inimaginável havia de fato ocorrido. Circulando a mesa, a mulher jogava a lâmina de abrir cartas sobre a mesa, ainda ensanguentado, como se fosse uma ferramenta qualquer e ao tempo em que os seus olhos buscavam os dela, com a seriedade que o assunto pedia, a mulher já estava sentada na cadeira dela e com a postura formal que você havia se acostumado a encontrá-la na maioria das vezes.

-Não sei o nome exato do que eu me tornei, mas aprendi o nome das criaturas que me transformaram nisto e acredito, ou melhor, tenho certeza de que elas sejam as mesmas a olhar na sua direção. Eles são chamados de Cainitas...

Caterine fazia uma breve pausa ao pronunciar a palavra que misteriosamente ressoava de uma maneira sombria, como esta fosse uma palavra proibida ou amaldiçoada de alguma forma. O clima do ambiente mudava tão bruscamente que as as luzes das velas trepidavam e algumas chegavam a apagar. Todavia, nenhuma dessas manifestações estranhas modificavam a expressão séria e pensativa de Caterine, que não removia os olhos da sua direção.

-Respire, Nicolas. A confiança que você afirmou ter em mim é reciproca e eu só estou lhe revelando a minha condição justamente por essa razão. E me permita lhe fornecer a primeira resposta das suas questões... Eu estou em um estágio acima do normal, mas esse estágio exige o consumo de uma substância chamada Vitae. É muito similar ao sangue, extremamente similar, poderia inclusive compará-la da seguinte forma: A distância, aguardente e agua são tão idênticas quanto o tal Vitae e o sangue... Esse líquido é viciante, poderoso e violento... E eu não escolhi estar como estou agora, mas meu corpo é capaz de sobrepujar os limites de outrora e sinceramente, Nicolas, eu só consegui sobreviver estes últimos meses por causa dessa nova condição.

Ela então esticava a mão esquerda sobre a mesa e olhava o fundo dos seus olhos, tateando com a mão direta até alcançar novamente a lâmina de abrir cartas e em uma ação rápida, bater com toda a força que tinha a ponta da lâmina contra as costas da mão esquerda aberta sobre a mesa, no entanto, dessa vez era a lâmina que falhava! Ela entortava e se partia como se tivesse apunhalado uma rocha! E nesse momento Caterine dizia:

-Madame Blanchet... Esse é o nome da Cainita que me transformou nisto. Observando as ações dela e compreendendo mais sobre essa situação, posso lhe afirmar, você só encontra respostas verdadeiras e sólidas sobre os olhos que foram postos sobre a sua cabeça, se você realmente confiar em mim e nós formos ao encontro de Madame Blanchet. O que me diz Nicolas? Estas preparado para deixar essa visão simples e racional do mundo para ver com seus próprios olhos as verdades que sempre nos foi negada?

Questionava a mulher sentada do outro lado da mesa, os olhos dela fervilhavam em uma emoção que você nunca havia visto nela: Esperança. Uma esperança que reverberava em uma confiança inabalável nas próprias palavras, era impossível encontrar qualquer malícia ou mentira nela, tão pouco a famosa apatia e o deboche sagaz que a acompanhavam rotineiramente. Caterine então se botava de pé e esticava a mão direta na sua direção em um convite informal, direto e explicito.

-Vamos?
Ir para o topo Ir para baixo
https://berlimbynight.forumeiros.com
Lugo

Lugo


Mensagens : 584
Data de inscrição : 17/10/2016
Idade : 28
Localização : Natal - RN

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime27/10/2019, 00:50

[Off: Teste de Acuidade + Inteligência = 2d10.]
[Off²: Gasto 1 de força de vontade]
Ir para o topo Ir para baixo
Conteúdo patrocinado





1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet I_icon_minitime

Ir para o topo Ir para baixo
 
1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet
Ir para o topo 
Página 1 de 2Ir à página : 1, 2  Seguinte
 Tópicos semelhantes
-
» 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet
» 1º Arco - 3ª Ato: Narrativa de George Deschamps
»  2º Arco - 2º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet
»  2º Arco - 5º Ato: Narrativa de Gaétan Donnet
» 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Gaétan Donnet

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
WoD by Night :: Arquivadas :: Dark Ages: Marseille :: Livro de Nicolas Vizet-
Ir para: