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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet

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Danto
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MensagemAssunto: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime11/11/2019, 15:40


Mansão de Madame Blanchet:
Data: 10 de Maio de 1550
Local: Mansão de Madame Blanchet, arredores de Marseille

A revelação em torno dos mistérios que circundavam seu passado ainda ecoavam em sua mente de forma desconexa. Ainda faltavam muitas peças fundamentais, peças que adicionariam contornos e atalhos para conectá-lo as próprias memórias e contextos da história trágica que envolvia o nome Vizet, nome este que certamente havia pertencido ao seu pai, já que sua mãe era uma princesa do reino de Navarro.
E era sobre ela que a maior de todas as sombras repousavam, estaria ela morta? O que haveria ocorrido com a irmã do atual Rei de Navarro? Porque ela havia apenas aceitado dar seu filho recém nascido sem nada por este fazer?!
Ser então o bastardo tão procurado faria de você alguém especial? Seria necessário mudar seu comportamento? As pessoas começariam a tratá-lo como um nobre? Você era realmente uma ameaça a família real francesa por apenas existir?
Eram tantas questões, incertezas, possibilidades e faltas de respostas diretas e satisfatórias que a sua mente parecia mergulhada em profundas águas geladas, já cansada de tanto se debater, esta apenas se permitia afundar cada vez mais, encontrando conforto na sensação de dormência e principalmente, no silêncio que afogava a torrente de dúvidas.
O tempo era dragado, escorrendo pelos cantos da sala na mesma velocidade com que as sombras se movimentavam, levando consigo aquele final de tarde e trazendo o anoitecer de maneira branda. Primeiro, chegavam os ventos mais frios , empurrando o calor confinado dentro da sala de chá onde você estava ainda sentado. Em seguida, a luminosidade começava a se despedir, ficando cada vez mais difusa até findar no escurecer natural da sua primeira noite em Provença após seu retorno do mar.
Seus ouvidos até entendiam alguns sons, pessoas pareciam trabalhar naquela enorme mansão, talvez estavam a preparar um jantar... A imagem de Caterina se mantinha sempre ao seu lado, ou ao menos, dentro da mesma sala em que você estava. A mesma tratava de ascender algumas velas dos castiçais do local. A mesma também, em algum momento, recebia um carrinho de chá, sobre este estavam postos alguns regalos para alimentação e um bule de porcelana com um jogo de xícaras, ela se servia e seguia a lhe fazer uma companhia silenciosa durante todo o tempo em que a sua mente se mantinha submersa dentro de si mesma.
Ela parecia inquieta, mas seus olhos não conseguia se focar totalmente na figura da mulher de cabelos loiros, não por muito tempo, afinal, o quanto ela sabia sobre você? Como ela tinha acesso a essas estranhas pessoas com tantos conhecimentos? Aquela demonstração com a lâmina, havia sido um truque?
Por fim, Caterina se erguia ao ser chamada por uma voz masculina do outro lado da porta, direcionando-se a esta, a mulher o deixava sozinho por alguns poucos momentos. Para então retornar e abrir as portas duplas daquela sala pela primeira vez:

-Sei que tens muito a pensar, Nicolas, mas peço um pouco de sua atenção para lhe apresentar à Noëlle Tonnelier, sétima de seu nome na linhagem de Collat e primogênita de Madame Daucourt.

Dando espaço para a entrada da pessoa anunciada, Caterine se posicionava ao lado esquerdo das duas portas e pelo centro dessas, adentrava uma mulher de cabelos negros, pele alva, olhos azuis escuros e opacos e de uma altura inesperada! Ela era mais alta do que você com o uso dos sapatos, o que indicava uma altura que você não era acostumado a encontrar em mulheres de canto algum. Seu vestido amarelo de alta costura já lhe revelava que ela não era algo menor do que uma moça pertencente a alta nobreza francesa. Os olhos dela prontamente buscavam por Caterina, de maneira grata e simpática, para então se atentarem à você.

-Minha prole e proprietária desta terra, Zoé Blanchet, me convidou após tomar conhecimento de sua identidade. Pela natureza do assunto ser acima das responsabilidades dela, vim pessoalmente tratar destes contextos.

Sua mente mais uma vez se perdia por alguns momentos, o termo prole não soava correto! A mulher a sua frente agora era mais jovem que a Madame Blanchet, incontestavelmente mais jovem! Mas antes que você pudesse reagir, Caterina falava outra vez:

-Apresento-lhes também à Lorraine Trouvé. Sétima de seu nome na linhagem de Calinot e membro da Casa Tremere.

Uma brisa gélida então tomava conta da sala, seguida por um perfume suave e doce de algo que o fazia lembrar de amoras. Seus olhos então tinham a oportunidade de ver uma linda mulher esbelta, também de cabelos negros, mas de vestes tão negras quanto estes. Uma expressão séria era presente no rosto fino e alvo dela, mas seus olhos azuis claros pareciam vibrar em uma emoção única e fascinante, era olhos encantadores e que você encontrava reais dificuldades de deixar de admirar.

-Prazer em finalmente conhecê-lo, jovem Nicolas. A última vez que coloquei meus olhos sobre ti, tu era ainda um recém-nascido.

Lorraine então se aproximava de ti, algo que a outra mulher não havia feito, pois estava recebendo auxilio de Caterina para se sentar no sofá central da sala. E ao chegar a sua frente, Lorraine que era também uma mulher alta, mas não tão fora da média quanto a dama sentada de vestido amarelo, lhe oferecia a mão esperando uma resposta tua.

Noelle Tonnelier:
Lorraine Trouvé:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime11/11/2019, 22:21

[Off: Teste de Percepção + Prontidão = 5d10. Dif. 6]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime11/11/2019, 22:21

O membro 'Lugo' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


#1 'D10' : 8, 3, 4, 1, 4

--------------------------------

#2 'D10' : 1, 10, 9
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime11/11/2019, 22:38

Um redemoinho de dúvidas se instalava em minha cabeça e meu corpo apenas agia no mínimo depois que a Madame Blanchet havia deixado a sala. As dúvidas que eu ja tinha sobre minha própria origem eram grandes e eram elas que me guiavam depois de uma parte de mim se perder na guerra. No entanto, aquelas dúvidas já não eram mais nada comparadas com as que martelavam minha cabeça, afinal, depois de um simples fato, minha vida havia mudado completamente.

Mesmo que a descoberta tivesse sido feita a pouco tempo, eu já não me via mais exatamente como aquele pobre marujo chamado de traidor que lutava diariamente para ter o que comer e um lugar para dormir. Eu era um nobre da realeza, o possível herdeiro da coroa e muito mais do que alguém normal poderia alcançar em toda sua vida. Porém, ao mesmo tempo, eu ainda não era aquilo e… será que eu conseguirei um dia?

Claro que aqueles pensamentos passavam em minha cabeça, no entanto eles não eram o que mais me preocupavam. A maior dúvida girava em torno de meu passado. Certo que eu já sabia quem era, ou quase isso, mas quem era minha mãe e meu pai? O que exatamente aconteceu com eles? E estariam eles ainda vivos, ou pelo menos um deles? E principalmente, quem foram os responsáveis pela morte deles?

E assim, com esses grandes questionamentos, eu me aprisionava em minha própria cabeça. Sem perceber muito ao meu redor, eu mal conseguia acompanhar a movimentação de Caterina e das pessoas que iam e vinham para organizar a sala e nem mesmo prestava atenção na hora que passava em um piscar de olhos.

Foi com o cair da noite e o cheiro de queimado da vela que me chamaram a atenção para o que estava acontecendo e para a inquietação de Caterina. Meus olho fitavam a mulher a minha frente que havia se mostrado muito mais do que eu jamais havia imaginado. Na verdade, ela ja não era a mesma mulher aos meus olhos, não somente pelo fato dela conseguir partir uma faca com seus próprios punhos, mas também pelo fato dela conhecer pessoas que eram donas desse tipo de riqueza.

“Eu sempre achei que lhe conhecia, mas pelo visto a mulher que eu conhecia não era metade do que tu me mostrou ser. Ainda assim, eu ainda acredito em você, de alguma forma, e acho que posso confiar no que está por vir. Afinal, você ainda é uma das poucas pessoas que eu posso contar, ainda mais nessa situação.”

Não demorou muito para que, depois desses pensamento, a porta se abrisse novamente e dela aparecesse a mulher a qual eu pensava juntamente de duas outras mulheres desconhecidas. Assim que ela entrava, eu imediatamente me levantava da cadeira, mas não era exatamente por uma questão de etiqueta e sim de defesa, afinal eu ainda estava em um ambiente desconhecido.

Apesar da forma defensiva que me portava, eu mantinha a calma e olhava fixamente para a mulher que entrava após ser anunciada. Esta mulher, mais do que a Madame Blanchet, possuía um ar de nobreza e uma altura incomum para uma mulher. No entanto suas palavras eram um pouco confusas para minha pessoa.

“Prole? Se ela é a primogênita, ela deveria ser a irmã mais velha da Madame Blanchet, mas… seus nomes são diferentes.”

Sem responder verbalmente, eu apenas balançava a cabeça em concordância e relaxava um pouco a postura. Apesar da desconfiança, não parecia haver motivos para eu me preocupar com minha segurança naquele momento e assim eu ficava mais à vontade. E foi então que a segunda mulher foi apresentada. Mesmo usando vestes arrumadas e polidas como as de Noelle, Lorraine era dona de uma beleza inusitada e encantadora, mas mais surpreendente que sua beleza era a forma como ela se aproximava e suas palavras.

“Essa mulher também é de uma linhagem a qual não carrega consigo seu nome, mas… Calinot não é a casa que Caterina e a Madame haviam comentado antes. A casa para quem a família Clement trabalhava.”

Como um bom ignorante que eu era, eu não agia de imediato ao ver a mão da mulher estendida em minha direção, no entanto eu me lembrava de como Caterina havia cumprimentado a Madame Blanchet e, após uma breve olhada na direção de minha aliada, eu tomava com bastante cuidado e insegurança a mão da mulher para dar um sutil beijo nas costas da mão dela para, em seguida, levantar a cabeça com a expressão de dúvida e falar.

- Você lembra de mim quando nasci? Sua memória deve realmente ser muito boa para se lembrar de algo de quando era criança bem pequena, afinal você não parece ser muito mais velha do que eu…

Soltando a mão da mulher sem muita cerimônia eu dava um passo para trás e me apoiava na cadeira com um de minhas mãos para falar com certa desconfiança enquanto alternava meus olhos entre as duas mulheres para tentar identificar se elas possuiam mais semelhanças com a Madame Blanchet além da pele extremamente pálida.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime14/11/2019, 20:16

Diante da sua reação de beijar a mão surpreendentemente gélida da senhorita Lorraine Trouvé, você sentia uma breve troca de olhares feitas por todas as mulheres ali presentes. A nobre e alta madame de vestido amarelo parecia levemente desapontada, enquanto Caterina demonstrava uma certa vergonha ou constrangimento, todavia, era a reação de Lorraine que acabava por tomar conta do ambiente. Pois a mesma abria um largo sorriso e nem sequer tentava segurar um riso divertido e espontâneo, para então comentar em meio a algumas risadas:

-Estava a esperar um aperto de mãos meu caro, mas de qualquer forma, agradeço a gentileza... E obrigada pelo elogio, tenho de fato uma boa memória!

Caterina também se permitia sorrir diante da situação, no entanto, a Madame Noëlle Tonnelier não demonstrava a mesma informalidade e cordialidade que as outras duas mulheres, com um olhar sério e sem dizer nenhuma palavra, ela corria os olhos por todos em uma rápida conquista do silencio total do ambiente. Para somente após a quietude se estabelecer, ela pudesse focar a atenção em Lorraine e lhe responder diretamente:

-Devo admitir que fizestes um trabalho acima do esperado, Mademoiselle Trouvé.  Considerando que a última família de herança ao trono foi totalmente destruída e teve seus herdeiros disputados à peso de Vitae. Este em específico jamais seria confundindo com o título que verdadeiramente carrega... É literalmente, um marujo qualquer...

A fala de Noëlle soava com um tom arrogante e de superioridade, era como se ela tivesse propositalmente ignorado totalmente o fato de você estar ali a ouvir aquela conversa!

-Vocês contrataram as nossas habilidades justamente para evitar uma repetição da história em torno da família Bourdon, então, usamos nossos caminhos para ocultar a existência desse rapaz, estruturando uma gama de pequenos artefatos para selá-lo aos olhos de outros Cainitas.

A resposta de Trouvé era simples, didática e calma. Com os olhos claros, a mulher fazia questão de olhar na sua direção quando se referia à você, demonstrando uma certa empatia inesperada pela sua situação. Já Caterina, parecia desejar falar mas claramente não tinha coragem de se direcionar à figura de Noëlle Tonnelier, que voltava a falar.

-Perfeito. Temos então em segurança em nossas mãos um herdeiro do trono francês, isso certamente irá agradar a minha Senhora e acima de tudo, nos colocará como principais forças dentro da corte de Provença e inevitavelmente, à corte de Paris se fizermos este rapaz procriar e conquistar o trono para seu herdeiro.

Os olhos de opacos da pálida mulher alta de vestido amarelo se voltavam à você, para lhe ordenar uma simples frase:

-Permaneça em silêncio e obedeça absolutamente todos os comandos, a tua fidelidade me pertence.

A fala da mulher parecia cravar algo dentro do seu âmago, como brasas quentes sendo mergulhadas em banha, você sentia o cheiro de queimado e toda uma dor paralisante. A sua vontade parecia ser furtada de ti, seus lábios se fechavam e se recusavam a olhe obedecer, já a sua mente lhe informava sobre a sua fidelidade a figura daquela mulher a todo instante. Nada era mais importante! Nem a conversa que se seguia após a ordem dada ou as movimentações tomadas pelas mulheres em cena. Tudo parecia minúsculo diante da ordem que havia lhe sido dada, ordem que você não conseguia parar de repetir a si mesmo no silencio da sua mente. Nenhuma memória restava, nada além da voz de Noëlle por horas! As luzes era apagadas, seu corpo era mexido e transportado como se fosse uma saca de grãos... Somente a sua fidelidade para com ela importava... E assim você era levado para um lugar desconhecido.

Interior da sala escura:

O mais perturbador de toda a experiência, era a sua consciência... Você sabia que estava sendo levado para algum lugar, sabia que era contra a sua vontade, sabia que alguém havia amarrado as suas mãos e pés com correntes e o jogado de um lado para o outro, como se fosse uma mercadoria qualquer. Você se lembra de vozes, da irritação de uma mulher e do doloroso silêncio por sua insolência... E você também sabia que estava no interior dessa mesma sala escura já faziam algumas horas, sem saber exatamente como havia chegado dentro dela, mas ali você estava a esperar, essa havia sido a ordem...

O silêncio arrepiante daquela experiência inexplicável e torturante era rompido pelo som de sapatos descendo uma escada, pouco a pouco, uma silhueta se apresentava pela única fonte de luz que havia no local. Era uma figura de um homem, de vestes negras que cobriam seu corpo por completo. Um som inusitado do bater de asas de uma mariposa começava a rodear o ambiente assim que a figura masculina adentrava o local.

Ele prontamente marchava até você, esticando as duas mãos por dentro das vestes e alcançando a sua face. Era um toque morno de mãos morenas, mãos de alguém acostumado com trabalhos leves... O som vibrante das asas daquele inseto se intensificavam ao ponto de lhe incomodar, ele parecia estar batendo suas asas dentro dos seus ouvidos e de uma maneira inesperada... A sua vontade regressava! Seus pulmões se enchiam de ar e uma mariposa enorme caia morta a sua frente, com as assas negras abertas sobre o chão. O homem então falava em tom de urgência.

-Escolha rápido e com sabedoria. Queres ser um eterno escravo da vontade daqueles que controlam as vidas das pessoas simples, com a do teu pai outrora fora. Ou queres lutar pelo teu caminho, pelo caminho de teu pai, da tua mãe e de tantos outros? Responda-me, queres ser um mestre das vontades dos outros ou de sua própria vontade? Eu sou a tua salvação, se assim quiser. Trouvé me contou sobre tua captura, seja rápido meu rapaz, pense! Posso te livrar de todas as suas amarras, mas preciso que você me responda!

Dizia o homem com um sotaque carregado de influências hispânicas. Que de dentro de seu manto totalmente negro, seguia a lhe oferecer a mão direta. As correntes que outrora lhe prendiam, pareciam mais frouxas e abertas, sua mente regressava com violência, a adrenalina era presente, mas você sabia que aquilo era verdade e não um pesadelo. Era um momento obscuro de escolhas e pela urgência na voz do homem, vocês tinham pouco tempo!

Vestes do homem :
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime15/11/2019, 02:03

Vendo a reação das três mulheres a minha ação de beijar a mão da bela Lorraine, eu percebia que havia feito algo fora do esperado antes mesmo da moça abertamente dizer o que havia sido. Fechando os olhos e exibindo o rosto um pouco mais avermelhado do que o normal, eu tentava disfarçar ao expor um sorriso engessado e tímido, acompanhado de uma resposta curta.

- Um aperto de mão, é claro…

Apesar do vexame, a conversa parecia começar de forma positiva se não fosse pela presença e atitudes da outra mulher que havia sido apresentada como primogênita da madame Blanchet. Está em questão, diferentemente de todas as outras mulheres que haviam sido-me apresentadas, possuía um tom muito mais autoritário e suas falas começavam a mostrar o tipo de mulher e situação que eu estava para me envolver.

- Marujo qualquer… ora sua…

No instante que a mulher falava e me esnobava daquela forma, meus pulmões se enchiam de ar para tentar respondê-la de prontidão, porém, a mulher que havia se mostrado gentil no começo também me ignorava e a respondia de imediato. A resposta dela, no entanto, era muito diferente do que eu esperava e na verdade apresentava informações sobre o que havia acontecido comigo em meu próprio nascimento.

“Contrataram? O quê!? A familia dessa mulher foi contratada para me esconder? E o que diabos são esses cainitas!?”

Mais dúvidas começavam a aparecer a medida que a conversa tomava seu rumo, so que a frase seguinte me abatia de uma maneira como nunca havia sentido. - Ora sua desgraçada, você acha que eu sou… - Mesmo relutando de imediato e avançando na direção da autoritária e esnobe mulher, seus olhos penetravam os meus e dominavam todo meu corpo com as palavras firmes e poderosas daquela mulher.

Meu corpo todo se fechava e minha mente se enegrecia para ressaltar o eco que aquelas palavras faziam dentro de mim. Aquelas palavras, aquelas fortes palavras pareciam sugar toda minha força, minha voz e minha vontade e a única coisa que ainda me restava era aquele sentimento forçado de “fidelidade” que pulsava em mim e a leve percepção das coisas ao meu redor que me davam uma leve ideia do que estava se passando comigo fora de minha cabeça.

No entanto, mesmo que aquela frase continuassem marcada em minha cabeça como o ferro quente ficava na pele, por baixo dela um sentimento se acumulava. Mais uma vez eu havia sido traído por aqueles que desejavam poder. Dessa vez, poder às minhas custas. Eu não aceitaria aquilo, mas, eu era forçado, toda aquela força reprimia o mais forte de meus sentimento se não fosse a aparição daquele homem.

Vestido com um manto negro, ele surgia do nada e quebrava parcialmente o que é que estivesse me prendendo daquela forma, revelando assim o local que eu estava. Uma sala, mais parecida com uma cela, escura e com grilhões que me prendiam fisicamente. A aparição do homem também revelava um som diferente e contínuo: o bater de asas de um inseto que sobrevoava minha cabeça. E assim, da mesma forma que ocorria a chegada daquele homem, acontecia o retorno de minha vontade.

O que é que me prendia havia sumido e meu corpo e mente se liberavam por completos, assim como aquele sentimento que se acumulava dentro de mim. A princípio eu não sabia o que era, mas quando minha vontade regressava, aquele sentimento se revelava em um ódio brutal como as cenas mais brutais que eu havia presenciado em minha vida. Depois de todos esses anos eu nunca havia sentido aquele desejo de carnificina que os otomanos me ensinaram, mas ali, ele se mostrava mais vivo do que nunca e agora com um proposito bem definido.

Me tremendo ao início, eu virava meu corpo para ficar com a barriga para baixo, me apoiando com meus joelhos e antebraços, para tomar o fôlego e deixar aquela sensação ardente sair. Era então quando eu ouvia as palavras do homem que havia me libertado e também reparava na mariposa morta ao meu lado. Então, quando ele exigia a minha resposta, eu a dava.

Socando com toda minha força aquela mariposa, eu me segurava para não liberar toda a frustração transformada em raiva que meu coração carregava naquele homem e me levantava ja agarrando o homem pelas vestes para dizer-lhe com o sotaque carregado que havia adquirido dos turcos.

- Minha salvação!? Eu já ouvi isso antes e olhe onde eu estou! Me dê o primeiro sinal que você não só mais um a querer me usar ou irei arrancar sua cabeça de seu corpo, assim como eu farei com todas aquelas vadias que me colocaram aqui!

Aquela era minha resposta positiva para a pergunta dele e assim que eu a dava, eu prontamente soltava suas roupas e o empurrava para a saída. Eu não sabia quem era aquele homem, apenas sabia que ele era próximo de uma das mulheres que havia me colocado aqui, porém, ele era minha única saída daquela prisão.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime15/11/2019, 11:16

As suas mãos agarravam com força as vestes do homem que surpreso, tentava recuar, o que resultava na queda do gorro do mesmo, revelando uma face masculina experiente e de cor. Ele não parecia um típico francês, sequer carregava consigo qualquer presença ou traço de nobreza, sua pele morena e olhos castanhos faziam dele um mistério intrigante, afinal, ele poderia ser literalmente um espanhol qualquer. E mesmo diante do seu empurrão, ele seguia a te observar, agora com mais calma e compreensão, para lhe responder:

-Reserve a sua fúria para o alvo apropriado, você foi usado, como eu outrora fui e muitos outros ainda serão. E aprenda o valor de suas promessas, não duvido de suas capacidades, mas você não está numa situação de se impor neste momento... Todavia, agradeço por sua resposta positiva, vamos embora deste local antes que "ELA" chegue...

Fazendo um sinal para que você o seguisse. O homem se adiantava para a saída, buscando uma das tochas com a mão esquerda para iluminar o caminho de saída de vocês. Ele não corria, mas andava compressa e fazia pausas importantes para evitar rondas de muitos guardas, vocês pareciam estar escapando de uma verdadeira prisão! Uma prisão que o desconhecido homem demonstrava conhecer todos os caminhos, desvios e imperfeições. A tocha então era atirada em um certo momento contra uma das portas que estava estrategicamente "brilhante", esta prontamente se incendiava com velocidade e os gritos do prisioneiro dentro daquela cena em específico atraia a atenção de muitos guardas.

-Dois coelhos numa cajadada só...

Dizia o homem fazendo uma curta pausa para te olhar e sorrir, para então apontar para o outro lado do corredor, o lado de onde os guardas corriam, o objetivo dele era literalmente, sair pela porta da frente da prisão! Afinal, os guardas da entrada haviam corrido pela escadaria, na direção da porta de madeira que queimava como um pequeno inferno! Os urros de desespero do homem preso dentro da sela eram assustadores, parecia em alguns momentos que uma verdadeira besta estava atrás daquela porta. E foi entre esses urros que o homem te olhava e dizia:

-Quando a porta vier ao chão, vamos correr sem olhar para que saiu de dentro dela! Entendido? Vamos direto pra saída! Lá fora temos uma carruagem a nossa espera...

Virando-se e ainda mantendo a posição escondida do inicio do corredor escuro onde vocês estavam, o homem aguardava. E enquanto os guardas falhavam em apagar o incêndio com baldes de agua, uma figura rompia a porta em chamas, como um animal violento! Urrando, com suas presas a mostra, a criatura de corpo humanoide rompia com tanta força as madeiras em chamas que acabava por acertar um dos guardas, arrancando-lhe a parte superior do corpo como se este fosse um boneco de estofado!

-AGORA!! Em frente, sem olhar para trás!

Gritava o homem que o acompanhava, que iniciava uma corrida na direção da saída enquanto o ser bestial que havia escapado da própria sela em chamas tratava de triturar os guardas confusos e assustados.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime15/11/2019, 16:39

Com a queda do capuz, a face do homem que me libertará era revelada e ali eu via um homem de aparência e porte tão comuns como os meus. Além de ele não portar nenhum tipo de nobreza como as mulheres havia conhecido recentemente, o homem também não possuía nenhum traço de que era francês. Sua feição, seu sotaque, seu tom de pele, nada levava a crer que ele era francês, no entanto, suas palavras nos colocava em um denominador comum: assim como eu ele também havia passado por essa situação.

Meus olhos de raiva se acalmavam ao ver que aquele homem não era, ou não parecia, ser um nobre, mas ainda assim minha guarda se mantinha erguida e minhas mãos logo tateavam minhas vestes à procura de minha lâmina que portava próxima de meu corpo. Porém eu não tinha muito tempo para procurá-la. O homem que havia me libertado rapidamente saia pela porta e liderava o caminho pelos corredores do que definitivamente parecia uma prisão.

“Quem é esse homem? Ele definitivamente não é daqui, ainda assim sabe todos os caminhos como se conhecesse esse lugar como a palma de sua mão!”

Durante nosso caminho eu tentava seguir o homem com o máximo de cuidado para não nos revelar quando ele parava para evitar um ou outro grupo de guardas. Mesmo nessas pausas eu não tinha muito tempo para pensar, mas o homem parecia ja ter pensado em tudo, pois quando chegavamos até uma porta específica ele parava e sem pensar duas vezes ele atirava a tocha nela. A porta em questão brilhava de uma forma confusa a primeira vista, mas assim que a tocha a tocava a dúvida era esclarecida!

“Puta merda! O que ele está fazendo!?”

O fogo da tocha rapidamente engolia toda a porta e de dentro dela urros poderosíssimos de uma criatura rasgavam toda a prisão e chamavam a atenção dos guardas para ela. Quando os guardas se aproximavam, o homem me chamava a atenção novamente e apontava para a porta do outro lado do corredor. A porta parecia ser somente a porta de entrada da prisão, porém, o mais surpreendente era o plano mirabolante que ele me contava.

- Perai, vc ta brincando comigo né?

Minha indagação era prontamente silenciada por mais um rugido e o estouro da porta. O que quer que estivesse ali dentro estava em completo descontrole e usava toda sua força para derrubar a porta da cela dele! A chama me impedia de olhar diretamente para a criatura que sai de dentro daquela cela, mas sua silhueta parecia ser de um humano, mas a presença de presas deixava em cheque o que quer que fosse aquele ser. Mas, apesar de minha curiosidade, eu teria de deixar para trás aquilo e correr daquele monstro que seria nossa distração para sair pela porta da frente.

Então, quando o momento certo chegava e o homem gritava para corrermos, eu o fazia da forma como ele pedia. Na guerra eu aprendi a seguir a ordem daqueles que sabiam o que fazer, mesmo que ela parecesse estranha ou difícil de se fazer. Se ele tinha certeza do que era pra fazer, eu deveria fazer como ele dizia e assim que ouvia as palavras do homem, eu disparava na direção da porta sem olhar para trás, afinal, o meu objetivo não estava atrás e sim a minha frente: a saída daquele local!

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime15/11/2019, 22:13

Por mais absurdo, desconexo e violento que tudo poderia estar sendo e por mais que a sua mente não fosse capaz de interpretar corretamente tudo que seus olhos viam, seus instintos funcionavam perfeitamente em plenas faculdades. Enquanto você corria com todas as suas forças em direção a saída daquela prisão maldita, em meio aos gritos de pânico dos guardas que eram dilacerados por aquela criatura bestial que ficava para trás a cada novo metro conquistado pelos seus pés, você conseguia ouvir uma risada vinda do homem que o salvava, uma risada que você estranhava mas conseguia se empatizar com a mesma, era uma risada de alguém que conquistara em fim uma vingança e se sentia realizado por tal.

E enfim, o vento da liberdade enfim tocava a sua face novamente! Seus pulmões respiravam fundo o ar da cidade de Marseille, você estava dentro do distrito mais rico da cidade, em sua parte mais alta e antiga. Do lado de fora, no centro da rua, havia uma carruagem a esperar. O cocheiro já os avistava e dava o primeiro sinal para que os cavalos começassem a se mover! Isso o forçava a adentrar a carruagem em seus movimentos iniciais, algo que o seu guia também o fazia. E por fim, assim que o deslocamento do veículo alcançava uma velocidade considerável, o seu misterioso salvador retirava completamente o gorro e estendia a mão esquerda na sua direção:

-Gabriel Viscarri, prazer em conhece-lo. Como te chamas rapaz?

Esperando a sua reação, o homem tirava o próprio casaco pesado, revelando vestes leves e sem nenhuma característica única ou luxuosa, eram apenas roupas escuras e bem confortáveis e nada além disso. Você conseguia ver marcas profundas de correntes nos pulsos do homem, além de algumas cicatrizes em seu tórax enquanto o mesmo erguia os braços para puxar o manto por cima da cabeça e removê-lo por total, cicatrizes de guerra e chibatadas. Enfim, ele se ajeitava e sorria na sua direção.

-Sinto muito, meu caro, pelos traumas recentes. Os líderes da minha sociedade não conseguem olhar para vocês com dignidade. Eles só veem peças em seus tabuleiros de poder... Imagino que estejas bastante frustrado e irritado, ao ponto de talvez não quiser se comunicar. Sei que também não tenho direito nenhum de pedir por tal, mas terei que pedir por sua confiança, estamos indo para um lugar longe das forças desses pulhas. E quando tiver o interesse, podemos conversar sobre a situação...

Comentava o homem, que relaxava no interior da carruagem que seguia a toda velocidade para  a saída da cidade de Marseille, em direção a zona rural da mesma.

-E antes que comece a esbravejar percevejos na minha direção, vou te dizer isso apenas uma vez! Eu não suporto pessoas mal educadas e não tenho paciência para ameaças! Se quiser gritar, ofender, espernear, desça da carruagem e o faça! Está bem? Somos seres civilizados e devemos sempre manter um nível mínimo em nossas conversas, está bem? Entendo os traumas aos quais fostes exposto. Mas o destino daqueles que não destilam seus sentimentos é cruel, solitário e amargo... Para tudo tem seu momento. Então, como quer conduzir essa interação ao nosso destino, Nicolas?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime15/11/2019, 23:43

As correntes que me prendiam anteriormente agora não me restringiam mais e meu corpo se movia a todo vapor na direção da saída daquela prisão. Sem pensar, sem olhar para trás e determinado a atropelar qualquer um que aparecesse a minha frente tentando me bloquear da minha liberdade. Se havia algo em minha vida pela qual eu prezava era a minha liberdade e essa era uma sensação que minha vida de marujo havia me agraciado.

Somente quando chegávamos perto da saída o oxigênio parecia chegar até meu cérebro a mesma medida que chegava até as pernas e eu voltava a ter meus sentidos em alerta para ouvir os urros deixados para trás, mas era a risada do homem que havia me salvado que realmente chamava a atenção. Era claro que ele estava feliz com o que estava acontecendo e ficava óbvio que ele tinha uma história com aquele local, mas aquilo não importava muito no momento.

Deixando aquele lugar para trás nós finalmente alcançamos a saída da prisão e de imediato meus olhos reconheciam o lugar em que estávamos. Olhando pela formação das casas, pela organização das ruas e todos os detalhes bem mais límpidos, aquela era uma das regiões mais nobres da cidade de Marseille.

“Então eles me trouxeram até aqui! Esses filhos da puta construíram uma prisão secreta para tratar dos interesses deles bem no meio da parte rica da cidade? Filhos de umas putas sem escrúpulos!”

Apesar de cerrar os punhos e ranger os dentes de raiva, meus olhos logo avistavam a carruagem que o homem havia indicado que seria nossa rota de fuga e de imediato eu corria na direção dela para poder, praticamente, saltar para dentro dela enquanto ela ja se movia.

Depois de entrar na carruagem e estar devidamente sentado, meus pulmões trabalhavam a todo vapor para restaurar o fôlego de alcoólatra que eu tinha e ali eu ficava por alguns minutos. Aqueles minutos em silêncio eram justamente o tempo para a carruagem embalar em sua velocidade e nos colocar alguns vários metros de distância do local que havíamos acabado de fugir.

Depois de estamos a uma distância e em uma velocidade considerável, o homem começava a falar e eu rapidamente me ajustava no local onde estava sentado. Me sentando corretamente e colocando as costas completamente escoradas na carruagem, quase de uma forma defensiva, eu o olhava e observava enquanto ele estendia a mão para mim.

- Nicolas… Vizet.

Eu hesitava algumas vezes em apertar a mão dele ou até em falar, mas, o homem, agora identificado como Gabriel, possuía marcas que começavam a fazer sentido o motivo dele saber tão bem como andar pelo local em que estávamos. Depois de falar meu nome, eu apertava a mão dele de forma vigorosa e relaxava um pouco no assento da carruagem enquanto continuava a ouvir o homem.

“Minha sociedade…”

Minha única reação no começo era dar uma risada seca sobre o que ouvia para em seguida poder falar em resposta.

- Confiança não é algo que eu posso mais me dar ao luxo de ter, mesmo que você tenha me salvado dessa prisão, espero que você entenda. E justamente por isso que eu não posso me deixar continuar nessa carruagem se você não for totalmente franco comigo e me disser que tipo de sociedade maluca é essa, o que diabos são cainitas e para onde você está me levando.

Minhas palavras saiam com firmeza mas eu não tentava ser ofensivo com o homem, afinal, ele ja havia feito mais do que a mulher que se dizia ser minha aliada.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime16/11/2019, 00:19

A carruagem seguia seu caminho durante os primeiros momentos da fala de Gabriel, seguindo até a sua fala. O homem o observava com atenção e claramente, virava os olhos em uma expressão de reprovação e incomodo com a sua reação, respirando fundo ele ajeitava os ombros e passava uma mão pela própria face, para resmungar algumas palavras em um idioma similar ao latim, rápido e marcado por vários "r" fortíssimos... algo como "Cabron" e "Hijo de una cabra preñada", assim como outras palavras que pareciam palavrões naquele idioma era resmungadas pelo homem que batia contra o teto da carruagem e ordenava:

-PARE!!

O veiculo que os transportava começava a parar e o homem o encarava diretamente, para responder de maneira irritada:

-O que diabos eu falei sobre manter a educação? Mas se é assim que você quer é assim que será, Nicolas.

Gabriel esfregava as mãos e não lhe dava nenhum tempo de resposta, para já iniciar a fala outra vez:

-A sociedade maluca a qual você se refere é a sociedade que rege a sua, vocês são peças dentro de um tabuleiro antigo de criaturas poderosas chamadas Cainitas, ou no mais vulgar de mal educado possível para que você entenda com essa cara emburrada e essa postura de burguês mimado que caiu do berço, vampiros.

Ele fazia uma curta pausa, deixando você assimilar e seguia:

-Estou levando você para o território da minha linhagem, somos os maiores opositores da linhagem da moça que dobrou a sua vontade e o carregou para dentro de uma prisão como um saco de estrume. Um cainita é um ser imortal por idade, abençoado e amaldiçoado, com poderes e restrições, um monte de lendas, costumes e afins. Imagine viver em uma sociedade em que o seu Rei tem literalmente mil anos de idade e nenhuma chance de morrer de velhice ou gripe? Uma merda não é? Então, essa é a sociedade cainita, onde o mais velho é mais forte e comanda.

Gabriel então abria a porta da carruagem e o encarava diretamente:

-Então, como vai ser, senhor Nicolas? Vamos manter a educação nessa conversa ou o senhor continuará a relinchar? Pois se assim for, o local dos cavalos é lá na frente. Sei que tudo pode parecer surreal, insano, macabro, mas é a verdade. Somos... "vampiros" e temos muito poder e ambição, a maioria acredita ter o direito de comandar e controlar, assim, aqueles humanos que podem lhes ceder esse poder, são seus alvos prioritários. Não faço ideia de quem você seja, não me importo, não reconheço coroas por nascimento. A minha querida Lorraine Trouvé me informou que os Patrícios haviam passado dos limites e posto a vida de um inocente em risco, cá estamos. Meu prazer é chutar o pé do trono desses "líderes"... Uma pedra imortal no sapato de "maricón" deles... E ai, já decidiu se vai com os cavalos ou não?

Indagava o homem, que tinha um senso de humor único, que aguardava a sua reação. Do lado de fora, era possível ouvir risos do cocheiro! O homem que conduzia os cavalos estavam se divertido profundamente com a situação que ocorria dentro da carruagem, algo que fazia a postura séria de Gabriel se desfazer pouco a pouco, enquanto ele tentava segurar o riso diante da engraçada, aguda e horrível risada do cocheiro.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime16/11/2019, 01:50

[justify]A forma como o homem reagia a minhas palavras me pegava de surpresa. Eu não o havia insultado e muito menos levantado a voz para falar com ele, mas, ainda assim ele se levantou e começou a falar de forma agressiva. Eu ouvia tudo o que ele havia a dizer sem falar nada e com os olhos focados nos olhos dele, porém, por mais que eu quisesse responder de imediato, o que eu ouvia não poderia passar em branco.[/color]

“Vampiros ele disse. Seres imortais com poderes e que controlam toda a minha sociedade. Isso parece inacreditável, mas depois do que eu vi Caterina fazer e senti o que aquela vadia fez comigo, é difícil não acreditar. Na verdade, ela iria fazer exatamente o que ele acabou de falar. Iria me usar para lhe assegurar o poder como ela bem falou. Então era isso… Caterina sua megera… Você tinha minha confiança e me levou direto para o covil das víboras.”

Desfocando do homem e me perdendo em meus pensamentos por um minuto eu começava a conectar os pontos do que havia acontecido comigo. As coisas começavam a fazer sentido, mas a risada entre os dois homens me fazia voltar a realidade para responder a grosseria. Mesmo que o homem tivesse falado daquela forma, mesmo que agora eu soubesse que ele era um vampiro e possuindo poderes que eu jamais poderia imaginar, eu nunca abaixava minha cabeça para ninguém e não era porque eu era um nobre. Na verdade, eu nunca fui!

- Você cobra educação mas faz exatamente o oposto. Eu não sei como eu deveria ter falado, apesar de que tenho certeza de que não te insultei e nem ergui minha voz contra você. Você mesmo falou que entendia minha situação, mas quando eu lhe falei dela a primeira coisa que recebi foi uma resposta grosseira. Talvez no fundo tu é igual a aquela mulher que me prendeu e também não dê a menor importância para nós, suas “marionetes”.

Sem vacilar, nem demonstrar nenhum medo do que estava dizendo, eu falava no mesmo tom neutro e firme que havia falado com ele antes dele tentar me esnobar.

- A única coisa que eu pedi foi para que fossemos honesto e você me tratou dessa forma, me chamou de cavalo e praticamente me expulsou dessa carruagem… se parar para pensar bem, talvez você seja o cavalo.

Dessa vez eu começava a inclinar meu corpo para frente com o intuito de reforçar as minhas palavras e após uma breve pausa eu retomava.

- Já que você não sabe quem eu sou, deixe-me esclarecer para você. Eu não nasci em berço de ouro como tu imagina, muito pelo contrário, nasci em um lugar humilde e roubava para comer até que alguém me desse uma oportunidade de ser um marinheiro. Depois de anos de trabalho eu tive algum reconhecimento e a única coroa que eu carrego esta comigo até hoje e é uma coroa de espinhos pelas atrocidades que cometi na guerra pelos interesses dos outros. Por fim, o motivo de que estou aqui é porque eu fui traído pela pessoa que mais confiava e acabar sendo jogado, como um saco de estrume, nessa prisão que abriga monstruosidades.

Depois de fazer uma leve pausa para que o ser a minha frente conseguisse me acompanhar, eu retomava.

- Então, senhor Gabriel, deve ser um absurdo pedir um pouco de honestidade, querer saber o que estava acontecendo comigo e quem eram aquelas “pessoas” responsáveis pelo que está acontecendo… Talvez os cavalos possam mesmo responder melhor que o senhor.

Sem esperar a resposta dele, eu saia da carruagem e ia até o local onde o cocheiro estava para me sentar ao lado dele para dizer com raiva e indicar com a cabeça para ele prosseguir.

- Ele pode não morrer, mas e você? Continue ou eu vou assumir daqui e acredite em mim, vai ser pior se eu assumir.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime16/11/2019, 11:57

Encostado no estofado interno da carruagem, Gabriel cruzava as pernas diante das suas primeiras palavras e permanecia em silêncio a ouvir tudo que você tinha a dizer, concentrado o homem não esboça muitas reações, apenas algumas arqueadas de sobrancelhas ou olhares mais cerrados, ambos sem muitas conexões claras ou com algum objetivo de resposta direta ao conteúdo das suas falas. Ele então dizia, assim que você saia do interior da carruagem:

-Esse nasceu pronto pra ser um Patrício, impressionante... O sangue é forte mesmo!

Dando então um sinal ao cocheiro, que havia notoriamente ignorado a sua fala inicial, Gabriel indicava que era a hora de vocês retomarem o caminho. Assim, o cocheiro olhava diretamente na sua direção, com os olhos estranhos e avermelhados de um lobo ou algo similar, para falar de maneira ríspida de dentro de suas vestes negras que o cobriam quase que por completo:

-Fique no seu lugar, garoto.

A face barbada e suja do cocheiro não era nem um pouco receptiva, mas os olhos bestiais dele faziam você se lembrar por alguns segundos da imagem daquela besta que triturava os guardas da prisão que vocês haviam acabado de fugir e assim, o cocheiro se silenciava e se concentrava em conduzir os cavalos.

O silencio do final do caminho era de certa forma, um alívio. Você tinha muito para pensar e reavaliar dentro de si e conseguir ver com seus próprios olhos o caminho que a carruagem tomava lhe transmitia uma segurança maior. Em poucos momentos, vocês atravessavam as pequenas fazendas que circundavam Marseille, deixando as muralhas da cidade para trás e sob a luz da lua, vocês prosseguiam noite a dentro, cruzando propriedades de alguns camponeses que estavam certamente em suas devidas camas nesse horário. Por fim, você começava a reconhecer os arredores, a mata surgia em torno de um lago conhecido por "Le Merlan", um território que pertencia a um pequenino barão local conhecido pela venda de mel e frutas para a cidade.

A carruagem passava em frente ao grande casarão branco que se localizava nas proximidades do lago, e enquanto o cocheiro tratava de arrumar a melhor forma de parar os cavalos, era possível ver a porta do casarão se abrir. Pela porta frontal, você via uma face feminina conhecida caminhando por entre duas faces masculinas desconhecidas. Ali, a se posicionar na entrada do casarão, você revia a figura encantadora de Lorraine Trouvé, ela estava entre duas inesperadas presenças masculinas que o inquietava.

O homem a esquerda de Lorraine era simplesmente o mais horripilante homem que você já havia visto em sua vida inteira! A face dele era queimada e torcida como se um trauma terrível tivesse sido aplicada ao mesmo, talvez ele fosse um sortudo sobrevivente de uma tortura exótica, mas seus quase dois metros de altura e sua postura corcunda, mão exageradamente largas e finas, contribuíam para a construção de uma figura que parecia ter sido inspiração para um romance de horror. Ele usava as vestes de um padre, inclusive, com o colarinho branco da batina estava presente.

O segundo homem, a direita de Lorraine era um verdadeiro desafio para a sua mente. Era um homem forte, não muito alto, mas que se apresentava como um soldado romano! Um verdadeiro ponto de questionamento a sua memória, afinal, ele parecia ter saído dos quadros que retratavam as batalhas do já extinto a muitos séculos, Império Romano.

-Boa noite, é um prazer vê-lo em segurança Nicolas. Espero que Gabriel não tenha exagerado...

Dizia Lorraine em tom de saudação quando a carruagem enfim parava, o cocheiro resmungava:

-Ele sempre fala mais do que deveria.

A fala do cocheiro fazia Lorraine sorrir, o homem horripilante e altíssimo então perguntava:

-Esse é o tão procurado herdeiro do velho Vizet? Todos estavam procurando por um homem de fé, as pistas eram falsas?!

Lorraine o respondia:

-Claro. Os mistérios são a fundação da minha Casa, meu caríssimo Eunuco.

Concordando positivamente com a cabeça o estranho homem então aguardava a sua ação, já que Gabriel claramente não demonstrava nenhuma pressa em sair da carruagem. O outro homem presente na cena, parecia uma perfeita estátua! Era muito estranho olhar diretamente para o mesmo, em alguns momentos você não sabia dizer se ele era realidade ou um delírio, tamanho o anacronismo que ele transmitia. E no momento em que você descia da carruagem, o cocheiro tratava de guiá-la para o fundo da casa, deixando-o a sós com os três indivíduos. Sua atenção também era capaz de notar que havia uma luz em um dos últimos quartos do casarão branco que estava atrás das três figuras que o aguardavam reagir, de lá, uma mulher de cabelos loiros os observava atentamente.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime16/11/2019, 18:27

A expressão de Gabriel começava a me dar nos nervos e sua fala me fazia praticamente bufar de raiva, mas, se ele também era um Cainita, o que eu poderia fazer contra ele? Desarmado, sem nenhum conhecimento de como me defender das bruxarias deles e cansado de tudo que já tinha acontecido. Sim, eu não poderia fazer nada ali e provavelmente a melhor coisa que eu poderia fazer era sair de perto dele para, pelo menos, evitar olhar em sua cara.

Assim eu deixava o interior da carruagem para me sentar ao lado do cocheiro, onde eu achava que teria mais sucesso em me impor, mas, para minha surpresa, aquele “simples” cocheiro também parecia ser tão estranho como a besta que havia ficado para trás e seus olhos me forçaram a ficar quieto em meu lugar.

Naquele momento eu acho que a única coisa que eu podia fazer era aceitar o que estava acontecendo e me tremer de raiva enquanto lutava internamente para entender o que estava acontecendo. Depois de algum tempo de viagem, depois que os campos e a área rural se apresentavam aos meus olhos, as peças iam se encaixando na minha mente e a raiva sumia para dar lugar às lembranças de tudo que havia acontecido. Na verdade, não só as lembranças recentes enchiam a minha cabeça, na verdade eu começava a reviver em todas as coisas que haviam acontecido na minha vida com uma visão diferente e com os novos conhecimentos que eu havia adquirido.

Passando pelos últimos meses de serviço no navio comercial, pela guerra que havia me quebrado e até pela minha feliz infância, eu começava a procurar indícios de coisas “anormais” que eu havia ignorado por não ter esse conhecimento que me fora revelado hoje.

“Eu imagino quantas vezes eu devo ter me deparado com coisas desse tipo e nunca havia notado. Acho que eu nunca me senti tão enganado na minha vida como eu me sinto agora.”

Aqueles pensamentos tomavam conta de todas as minhas memórias e colocavam em cheque todas as pessoas que eu conhecia, até mesmo os meus pais que me criaram. Será que eles também tinham algum tipo de envolvimento com essa sociedade e por isso me receberam? Será que eles ganharam algo para me criar ou eles realmente me amavam como o filho que eles tanto queriam ter e não podiam? Tudo havia se transformado em uma única e grande dúvida agora que ocupava toda minha mente.

No entanto a viagem parecia chegar ao fim quando a carruagem começava a entrar numa grande propriedade até chegar o casarão de um dos barões da cidade de Marseille. De forma estranhamente tranquila, eu esperava a carruagem parar na frente da casa para eu descer dela e observar Lorraine sair de dentro da casa com mais duas figuras muito distintas.

Ali mais uma vez eu via coisas que parecia completamente anormais e que eu jamais acreditaria que existiriam. Um homem que parecia um monstro, um soldado do império romano e uma mulher que na verdade era uma bruxa e ali, juntos, eles conversavam sobre coisas que mais uma vez eu sequer entendia.

Por mais um momento eu ficava em silêncio, olhando para os três, tentando entender o que estava acontecendo para finalmente me agachar um pouco, cobrir o rosto e começar a rir. Eu não sabia mais o que estava acontecendo, não sabia mais o que era verdade, o que era mentira, mas ver a figura de Lorraine ali parada e falando sobre mim como se se nada tivesse acontecido me fazia rir como nunca havia acontecido na minha vida.

“Essa mulher… Ela so pode estar brincando comigo. Ela foi a contratada para me tirar dos meus pais verdadeiros e me esconder em um lugar que ninguém pensaria em procurar, para depois trair a mulher que a contratou, conseguir alguém para me tirar daquela prisão para enfim me vender de novo… Incrível! E o pior de tudo… é que meu pai parece ser conhecido desses sujeitos. Sério, o que mais vai acontecer hoje? Talvez eu ainda esteja sonhando e nunca acordei de verdade. Sim, provavelmente é isso.”

Minha cabeça estava tão confusa que eu sequer conseguia me controlar para parar de rir e até me agachava e escondia minha face por um momento enquanto gradualmente recobrava minha sanidade, ou melhor, o resto dela. Enfim, eu limpava as lágrimas que escorriam depois de tanto rir e voltava a me levantar para olhar na direção da mulher para respondê-la.

- Obrigado pela preocupação, senhorita Trouvé! Muito gentil da sua parte, mas não, ele não exagerou não… Na verdade, descobrir que vampiros existem, possuem poderes místicos e que dominam a sociedade há mais de mil anos talvez tenha sido o momento mais tranquilo do meu dia! Pelo menos foi o que mais fez sentido, por incrível que pareça!

Minhas palavras saiam em um tom debochado e em minha expressão ainda havia uma feição risonha que esperava, com atenção, a resposta que a mulher iria me dar.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime17/11/2019, 01:48

No inicio dos seus risos, o estranho soldado romano simplesmente virava de costas e retornava para o interior do casarão sem demonstrar nenhuma reação, deixando a porta aberta e assim, retirando-se da cena sem sequer participar de fato da mesma. Já o estranho e horrível homem chamado por "Eunuco" parecia encontrar uma forma de diversão nas suas palavras e ações, apoiando as costas na parede de madeira ao lado da porta de entrada do casarão, o alto homem de face retorcida sorria em silêncio enquanto o olhava atentamente.

Por fim, os olhos de Lorraine se dedicavam a vê-lo, algo que nenhum outro auto proclamado parecia tentar fazer contigo até então. Havia um sentimento no olhar dela, uma empatia estranha e inesperada. A mulher se movimentava com tranquilidade até a sua frente e esticava a mão para tocar com leveza no seu ombro direito, se assim você permitisse.

-Existem muitos mistérios escondidos nas sombras das vidas que vem e vão dessa terra. A luz não é para todos e muito que por ela passam, regozijam em sua alienação. A loucura é uma forma de defesa, assim como a fúria também o é, diante das revelações que à nós fora negada. Respire. Você nunca teve o luxo de sonhar... Porque começaria agora?

Ela o questionava para logo em seguida, sorrir com leveza e remover a mão do seu ombro, para falar outra vez:

-E seus pensamentos estão equivocados, ninguém me contratou, sou uma mulher mas não estou a venda. Minha Casa foi contratada pelos patrícios locais que estavam a procura do herdeiro da coroa de Navarro e por consequência, teria a calma ao trono Francês. No entanto, eu dei a minha palavra ao teu Pai quando este veio a minha procura por proteção. Não há ninguém a venda nessa residência, meu caro, existem apenas seres com inimigos em comum.

Ela esboçava um sorriso no rosto e então completava com um certo alivio e humor:

-Já considero um sucesso vê-lo novamente e não ser recebida por crucifixos, estacas, água benta e alho, com o teu Pai fez.

O eunuco então adicionava:

-Somos os herdeiros de Caim e vocês de Abel, nossos destinos estão entrelaçados para todo sempre, meu jovem. A única diferença é que vocês caminham na luz e nós... Jamais a veremos outra vez. Para vocês há perdão, para nós, maldição. E tente ver as coisas sobre uma esta perspectiva: A tua vida tem um peso enorme para muitas outras, queira você ou não. Você pode buscar força, aliados e se capacitar para ocupar o lugar que é teu por direito ou poderá deixar que os outros façam isso por ti e peçam o preço por tal quando o momento lhes for oportuno. A família Valois de Paris o quer esquartejado e empalhado como uma caça qualquer em sua sala de jantar... A família dos Patrícios locais quer o teu status para batalhar por uma posição na corte de Paris... Todos que estão no poder o querem para algo. Porque não encontrar poder suficiente e se tornar dono do próprio destino?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime17/11/2019, 03:36

Sem reagir a saída do soldado, eu apenas olhava na direção dos outros dois que continuavam presentes a me ver como um coitado ou perdido que eu realmente era naquele momento, mas quando Lorraine me olhava com empatia e começava a vir em minha direção eu apenas fechava os olhos e virava o rosto um pouco para o lado oposto.

Apesar de querer tirar a mão da mulher de meu ombro e evitar todo contato possível com ela, ou qualquer outro ser naquele momento, eu não fazia nada e apenas deixava-a falar. No entanto, suas palavras me pagavam com mais uma surpresa, das coisas que ela havia me falado, nenhuma delas eu havia pronunciado e havia deixado guardado em minha mente, ou pelo menos era isso que eu achava.

Meu rosto se virava lentamente na direção da mulher, que já não me tocava mais, e com meus olhos frios eu a encarava surpreso, mais uma vez, pelas ações dela e pelas palavras que ela usava para tentar me lecionar. Fechando os olhos e respirando fundo, eu engolia aquelas palavras assim como engolia minha vontade de gritar contra a cara daquela mulher, afinal, o que mais eu poderia fazer naquela situação.

- Pelo visto meu pai era alguém mais sábio do que eu. Ele pelo menos sábia com o que estava lidando...

Minhas palavras saiam novamente sem nenhuma emoção e eram ditas antes do homem conhecido como eunuco falar. Novamente eu ouvia suas palavras em silêncio sem esboçar nenhuma reação ao início, mas ao final de sua frase eu o olhava diretamente e respondia.

- Você fala como se nós, “seres da luz”, realmente tivéssemos alguma força contra vocês, mas se nós pensarmos em alguma coisa, vocês já sabem porque conseguem entrar em nossas cabeças. Se nós tentarmos falar alguma coisa, a voz de vocês nos cala sem nenhum esforço. Se nós tentarmos lutar, vocês se tornam em algo que consegue nos rasgar como um boneco de palha. Você fala como se houvesse alguma troca justa entre “nosso mundo” com o seu, como se nós tivéssemos alguma força para decidir algo por nós mesmo, mas no fim é a palavra de vocês que vai decidir e isso, para mim, é só mais uma forma de escravidão.

Durante minha fala, meus olhos saltavam entre as duas figuras que ainda conversavam comigo e ali eu tomava a liberdade de andar um pouco e aproveitar para olhar mais uma vez para a paisagem que circundava a casa.

- Enfim, não vamos perder mais tempo, até porque vocês são imortais mas eu ainda estou vivo e tempo não parece ser algo que eu possa me dar ao luxo de esbanjar, devido aos acontecimentos recentes. Vocês tiveram o trabalho de me tirar de uma prisão, me trouxeram até aqui e me falaram sobre me tornar dono do meu próprio destino e construir alianças, mas ainda não disseram o que querem de verdade, afinal, cada um tem seu interesse em mim, não é mesmo?

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime17/11/2019, 10:56

O estranho homem que atendia apenas por "eunuco" arqueava uma das sobrancelhas diante das suas palavras e balançava a cabeça negativamente, em desaprovação. Para então murmurar:

-Uma péssima escolha de palavras...

Os olhos empáticos e sempre calmos de Lorraine se modificavam pouco a pouco, a mulher começava a demonstrar um certo incomodo com as suas reações, todavia, quando você apontava a escravidão, os olhos azuis que sempre vibravam com uma intensa vida, se modificavam drasticamente! O azulado começava a embranquecer muito rápido, assumindo uma tonalidade leitosa estranha e assustadora. Seus pés que ousavam dar alguns passos, simplesmente travavam no solo como se fossem pregos sendo batidos contra a madeira. Um frio terrível percorria a sua espinha e a mulher se virava com um olhar perigoso e violento na sua direção.

-Sua burrice e sua arrogância não conhece limites. Deixarei que a vida o ensine o que cada uma das suas palavras alcance seus verdadeiros significados! Tu serás o escravo de tua própria ignorância e só reconhecerá a chance desperdiçada nesta noite quando for tarde de mais.

O corpo da mulher tremia como se estivesse sendo eletrocutado! As nuvens corriam pelos céus de maneira violenta e um real trovão caia tão próximo de ti que o seu corpo era arremessado para o chão. A voz de Lorraine então ecoava como a voz de uma entidade onipresente e ali ela o amaldiçoava:

-Nicolas Vizet, o ingrato, eu o amaldiçoo com as forças do meu Vitae! Tu caminharás pelo verdadeiro caminho sem escolhas, pela mais escura das noites, serás o escravo de suas palavras e falhas e só reconhecerá o peso das algemas quando for tarde demais! Aprenderás da maneira mais sórdida e violenta as lições do mundo. A dor será seu guia, a solidão tua amiga e a escravidão a tua liberdade! Agora SUMA e ESQUEÇA! Retorne ao teu mundo e a tua ignorância, pois tu não é merecedor do destino forjado por nossas mãos!

Um enorme estrondo ocorria, os céus pareciam se abrir sobre a tua cabeça, raios, trovões e um ardor violento em suas mãos finalizavam aquela horrível memória que jamais seria revisitada... Assim você navegava de volta, dessa vez, sozinho.


A Cidade de Marseille:
Data: 11 de Maio de 1550
Local: Porto de Marseille

Era muito raro acordar dentro do barco vazio, as poucas vezes que isso havia ocorrido em sua vida foram quando você havia realmente exagerado no consumo do rum! E pelo visto, esse começo de tarde não era diferente. Seu corpo estava totalmente dolorido, a palma da sua mão esquerda tinha algumas pequenas queimaduras que incomodavam muito, pareciam que você havia segurado um pedaço de brasa ou algo similar a isto.

Sua boca estava seca, sua respiração ofegante e sua memória totalmente turva. Você se lembrava da convocação feita pelo nobre local, lembrava de ter ido até Caterina e de nada de importante ter encontrado a respeito de sua família e em frustração, havia passado o final de noite em um bordel a sonhar com possibilidades de futuros magníficos e tristes enquanto gastava suas moedas restantes.

O silencio do navio só não era total porque você ouvia as garrafas vazias de rum correrem de um lado para o outro dentro da embarcação... Definitivamente, você havia perdido uma noite para a bebedeira, mais uma! E isso o colocava numa situação complicada, afinal, os guardas haviam lhe dado duas noites, ou seja, o tempo era ainda mais curto hoje! Após alguns instantes necessários para se recompor e iniciar uma saída do navio, você ouvia alguém caminhando no convés e ao sair para ver o mesmo, seus olhos encontravam a figura curiosa do imediato da embarcação que o notava e ria por vê-lo.

-Nicolas, cê caiu num barril de rum rapaz?

Questionava o marujo rindo com alguns dentes podres na boca e um excelente humor que sempre tinha. O homem então se aproximava  de você e comentava enquanto lhe estendia a mão para uma saudação:

-Fomos para aquele puteiro indicado pelos guardas de ontem, lembra? Que lugar horrível! Ao menos a cerveja era barata! E você rapaz, por onde andou?

Havia no entanto, uma angústia em seu âmago, uma sensação de ter tido um pesadelo tão terrivel que a sua mente o privava de lembrar corretamente dos últimos acontecimentos da noite passada, só de tentar se aproximar dessas memórias, você sentia uma tontura forte e uma vontade de vomitar difícil de ser controlada.

-Misturou as bebidas de novo né? Garoto teu corpo vai virar um barril de álcool se você continuar a beber tanto!

Dizia o imediato do navio, sorrindo diante dos seus sintomas que pareciam uma fortíssima ressaca, mas que eram sentidos por ti numa intensidade diferente e anormal.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime17/11/2019, 16:49

Durante toda minha vida eu sempre havia sido bem tratado e retribuído esse tratamento meu esforço, mas quando as pessoas tentavam pisar mim, eu nunca abaixava a cabeça e aceitava a situação, mas dessa vez, minha petulância havia atingido seres que desafiavam a imaginação. O sorriso debochado que outrora preenchia meu rosto agora não existia e eu entrava completamente em um modo defensivo quando a feição da mulher mudava por completo.

Recuando lentamente eu a olhava com medo e admiração do que estava vendo com meus olhos. A mulher realmente era uma bruxa, mas não aquelas de estórias de marinheiro, uma bruxa com poderes de verdade, incrivelmente belos e poderosos mas que teriam como seu alvo a minha pessoa. E assim ela o lançava contra mim. Um estrondoso raio descia dos céus e quase me acertava, mas ainda assim próximo o suficiente para me arremessar alguns metros ao chão.

Caído e gemendo de dor do impacto, eu via a mulher terminar o trabalho e por fim um grande show de trovões me tomava. A dor era a última coisa que sentia antes de minha mente se apagar por completo. Eu não só perdia minha consciência como também perdia todas as memórias daquela noite e todos aqueles sentimentos que me consumiam desapareciam por completo.

Depois que todas as memórias, sensações e sentimentos sumiam do meu corpo, eu poderia quase imaginar que aquele seria o fim de tudo, mas pouco a pouco meus olhos se abriam para ver, novamente, o local onde eu havia acordado a noite passada. Só que diferentemente da primeira noite, nesta eu estava completamente acabado.

Mais uma vez eu parecia ter perdido a noite para meu vício no álcool, só que dessa vez eu realmente havia exagerado. Com uma queimadura na mão bem feia e uma dor em meu corpo que me fazia arquejar no chão por alguns minutos. Ali no chão eu tentava me lembrar do que diabos eu havia feito na noite anterior, mas toda vez que eu tentava mais minha cabeça doía de uma forma diferente. No fim, eu me lembrava de algumas coisas e finalmente decidi me sentar para pensar melhor.

“Apesar de não lembrar exatamente o que aconteceu, acho que Caterina já não é mais uma opção. Tenho certeza que se ela pudesse me ajudar eu não estaria aqui dessa forma. Por Deus, o que eu fiz dessa vez? Gastei todo meu dinheiro na bebida… Já fazia bastante tempo que isso não acontecia.”

Já sentado eu olhava ao meu redor para as garrafas que rolavam no chão e começava a me arrepender do que havia feito. Balançando a cabeça negativamente eu deixava de reclamar e me levantava para começar a pegar as garrafas vazias do meu quarto e arrumá-lo por completo. Era nessa arrumação que eu percebia que as únicas coisas que havia me restado eram as roupas do meu corpo.

“Como diabos eu perdi minha faca e todo meu dinheiro em rum? Será que eu esfaqueei alguém? Espero que não… mais esse problema é tudo que eu menos preciso. Bom, pelo menos eu sei que o resto de minhas coisas está com Caterina e não levei para a bebedeira comigo. Depois eu irei conversar com ela para saber se ela achou alguma resposta sobre meu passado. Mas por enquanto… eu tenho que dar um jeito na minha aparência com o que eu tenho a disposição.”

Desde que havia chegado no porto eu não havia me lavado e aproveitando que eu estava em meu quarto eu me fazia esse favor de me levar para pelo menos tirar o cheiro grosso de bebida.

“Bom, parece que terei que me apresentar essa noite para o Grã-senescal de qualquer jeito. Acho que eu devia pelo menos me limpar o suficiente para não parecer um pedinte e colocar minha melhor roupa.”

Com bastante calma e morosidade eu me lavava por completo, dando uma atenção especial para a ferida em minha mão, e por fim trocava de roupa, colocando a melhor roupa que eu possuísse até finalmente começar a caminhar na direção da saída do navio. No caminho eu encontrava com um dos marujos do navio, mais especificamente o que havia me acordado na manhã anterior, e, para minha surpresa, o homem notava logo de cara a minha condição em decorrência da bebedeira da noite anterior. No entanto, o que mais me chamava a atenção era o fato que o homem me contava.

- É parece que exagerei ontem. Acho que vou começar a pegar leve, se não eu vou ser eternamente pobre. Mas então quer dizer que vocês foram até o… como era o nome mesmo em… luar de turquesa não é? Bom, como a recomendação veio daquele homem estranho, não é de se surpreender que o local também não seja lá essas coisas. Mas e que tipo de gente frequentava o local? Mais gente estranha como aquele lá ou pelo menos teve alguma diversão?

Eu tentava ao máximo disfarçar minha ressaca e esconder os traumas da noite anterior, mas algo não escapava da minha mente.

“Se aquele homem sugeriu esse bar ele pode ter enviado algum tipo de oficial para me vigiar também. Pelo menos se eu fosse ele e tivesse de levar alguém ao seu superior nas condições que ele impôs eu não deixaria essa pessoa andar livremente pela cidade.”

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime18/11/2019, 22:41

-Acho que era mesmo esse nome, Luar de Turquesa, não tenho certeza. Eu estava mais seguindo os homens do que realmente atento... Mas o lugar era um pouco estranho, as moças não cobravam pelos serviços, pagamos um pouco mais caro no vinho e na alimentação, mas elas eram todas por conta da casa...

Comentava o homem coçando um pouco a barba, ele parecia um pouco confuso sobre os detalhes mais precisos sobre a noite anterior, mas sorria ao mencionar a gratuidade dos serviços e ria antes de falar:

-Diversão houve! Muita! E tinham gente de todos os tipos, só que nem todas entravam, haviam uns homens armados na frente do local que sabiam, sei lá como, quem poderia entrar ou não. E um sujeito lá perguntou ao capitão sobre você... Um sujeito negro, alto e chamado Saunier...

Bocejando um pouco o homem pedia um instante, para esfregar as mãos e a face, para sorrir com os dentes mal cuidados que possuía e apontar para a sua roupa.

-Pelo menos você se esforçou pra parecer alguém, parabéns!

Rindo o vice capitão do navio dava um tapa no seu ombro e começava a se prepara para caminhar na direção da sala do capitão.

-Boa sorte lá com o nobre abestalhado da cidade, o capitão já ficou feliz por você conseguir nos livrar da revista, se conseguir um contrato então, o homem vai encher teu colchão de peças de ouro, ou garrafas de rum, o que for mais valioso pra ti!

Falava o homem em tom de despedida, aguardando a sua resposta, mas já indicando que estava com uma certa pressa.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime19/11/2019, 08:47

Era com atenção que eu ouvia a resposta do homem sobre o estabelecimento que eles foram na noite anterior e, assim como eu suspeitava, o Grã-Senescal estava mesmo tentando seguir meus passos.

“Um bordel que não cobra pelo serviço de suas mulheres, convidados selecionados e bastante variedade de pessoas… esse não era um lugar comum mesmo.”

Ouvindo o homem falar, eu cruzava os braços e assentia com a cabeça à medida que ele avançava em suas palavra até que ele comentava da minha aparência. Eu não deixava de dar uma curta risada que era suprimida pela dor de cabeça da ressaca que sentia.

- Claro que eu me esforcei, minha cabeça está em jogo e você sabe como são essas pessoas… eles piram por qualquer coisa.

Assim como ele, eu também fazia uma piadinha e ria um pouco, junto do homem, para amenizar o clima e, por fim, ouvir suas últimas palavras antes de dividirmos nossos caminhos. Respondendo sua última frase com um sinal positivo com minha cabeça e já me despedindo do homem, eu me virava na direção do píer e começava minha caminhada para onde seria o encontro com o Grã-Senescal.

“Como aquele marinheiro estranho falou, provavelmente há pessoas me observando, mas não somente com más intenções. Assim como as pessoa que me querem o mal, eu provavelmente devo contar com a ajuda dos guardas para me manter seguro. Então é melhor eu evitar caminhos alternativos e ruas pouco movimentadas.”

Com o plano definido eu começava minha caminhada pelo caminho principal e, durante este, eu sempre mantinha minha atenção as pessoas ao meu redor. Meus olhos procuravam por pessoas que estivessem a me observar e também procurando rotas de fuga ou guardas que carregavam o mesmo brasão que os guardas que vierem me convocar, para caso alguém aparecesse eu correria na direção desses guardas para me anunciar e buscar ajuda.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime23/11/2019, 01:04

Seu caminho até o destino era feito com cautela, sem pressa e com muita atenção aos detalhes que o cercavam. Em alguns momentos, você realmente acreditara estar sendo seguido, para logo depois, entender que eram de fato apenas soldados a fazerem rondas em determinadas ruas movimentadas, especialmente quando você começava a caminhar para parte mais central da cidade, onde os maiores casarões estavam localizados. Lá havia uma comoção maior, um dos casarões parecia ter sido incendiado na noite anterior, isso certamente justificava o maior volume de guardas nas ruas mais nobres da cidade. O fim de tarde se apresentava com cada vez menos força, sendo acompanhado por uma garoa leve e uma névoa densa, assim, envolvo por essa chuva leve e fria e uma pertinente névoa que só aumentava, os primeiros momentos do crepúsculo se apresentavam quando você via os portões do pequeno palacete do conde de Tende e Grã-Senescal de Provença, se abrirem e os dois guardas ali presentes, permitiam a sua entrada como se já estivessem cientes de quem você era. Antes mesmo que você se apresentasse ou falasse algo, revelando a ponte de pedras de acesso a construção localizada as margens do bairro norte da cidade, já próximo a sua saída noroeste para a floresta.

Entrada da Morada do Grã-Senescal:

Você era escoltado até a porta de entrar pelo dois silenciosos e estranhamente idênticos guardas, ambos eram homens altos, armados e vestindo armaduras de batalha com os brasões brilhantes da família real francesa em seus peitos de metal. A porta então era aberta assim que vocês se colocavam a frente desta, do lado de dentro, um homem sorria com um largo sorriso amarelo na sua direção.

-Senhor Vizet, correto?! Não pode ser outro, estávamos contanto as horas de sua chegada meu rapaz. O Lorde ainda está se preparando, isso deve demorar alguns instantes porque não entra e deixa esse sereno para trás, meu jovem?

O homem de idade avançada olhava você de cima a baixo e ainda sorrindo, fazia um sinal dispensando os guardas e movimentava as mesmas mãos, lhe convidando a entrar.

-Vamos rapaz, não temos todo o tempo do mundo para que você fique a olhar tudo aqui! Sou o Mordomo chefe dessa propriedade, tenho sido antes mesmo o atual Lorde nascer. Não sei se digo se você tem sorte ou azar rapaz, mas certamente, tens uma importância que não condiz com tua postura e posses, então, atenção: O Lorde não é um homem paciente. Mas a comida é uma sinfonia para nossas barrigas plebeias.

Esperando sua reação, o homem fechava a porta assim que você adentrava o local e já tratava de marchar a sua frente, obrigando-o andar bem rápido atrás dele, afim de chegarem o mais rápido possível para a cozinha dos funcionários.

Cozinha:

Ali, você via um faisão preso dentro de uma gaiola suspensa, assim como o forno aceso que esquentava o local e fervia alguns caldos bem perfumados e que faziam a sua barriga reagir positivamente sem fosse capaz de controlá-la. Haviam temperos sobre a mesa, o jantar parecia estar ainda em seus retoques finais. O mordomo que não havia se apresentado e não parecia se importar com o mesmo, virava na sua direção e perguntava:

-Sei que isso pode soar estranho, garoto, mas preciso da sua resposta mais pura e honesta possível. Ela é deveras importante, acredite no que esse velho serviçal acostumado com a nobreza esta a lhe dizer, certo? Então, se um dia você acordasse em um berço de ouro, descobrindo que sempre fora um desses poucos de sorte a nascerem com uma herança ao teu dispor e com o dever de ser um Rei para aqueles como nós agora somos. Por quem você iria olhar primeiro? Antes de tudo, antes de colocar sua coroa, qual seria a primeira vida que você mudaria?

Coçando a barba o velho mordomo então esperava a sua resposta, encarando-o com curiosidade e atenção.

Mordomo-Chefe:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime23/11/2019, 20:33

Enquanto meus olhos ficavam atentos, até de mais, ao meu redor, minhas pernas trabalhavam vigorosamente para me levar até meu local de destino. O palacete do Grã-Senescal era algo que eu não imaginava estar entrando nem mesmo em meus sonhos, afinal este se localizava na região nobre da cidade e nobreza era algo que eu realmente não possuía. Mesmo não sendo familiarizado com aquela região, não era difícil chegar até ele e quando eu chegava, uma leve garoa e neblina tomava conta da paisagem, dando a esta um clima mais sombrio.

Aquela paisagem sombria combinava com os eventos que prosseguiam a minha chegada. Assim como o capitão do navio que eu trabalhava havia contado, eu também era esperado aqui e dessa vez não haviam cerimônias para esconder esse fato. As pessoas que guardavam o local e as que trabalhavam ali já sabiam quem eu era e aquilo me deixava um com o pé atrás. No entanto, quando o homem tentava confirmar minha identidade eu prontamente balançava a cabeça positivamente e antes que pudesse falar algo, o próprio homem já dava continuidade, dispensando os guardas e me instruindo para segui-lo.

“Isso ainda me parece estranho. Esses homens parecem saber de mais sobre mim e me chamar aqui porque eu fui um herói de guerra é muito estranho. Se eu realmente fui um herói de guerra, porque somente agora estou sendo reconhecido como tal?”

Apesar da desconfiança que eu estava, antes mesmo de entrar nas imediações do pequeno castelo, eu ainda seguia o velho mordomo pelo caminho que ele me guiava. Eu tomava bastante cuidado e o observava por todo o caminho, desviando meu olhar apenas para tentar decorar as curvas feitas para a saída do palacete, caso algo desse errado. Assim, mais uma vez, o homem fazia um comentário mas que dessa vez me sobrava espaço para responder.

- Bom, não tive muita escolha, senhor. Mas ainda me considero feliz por ter voltado da guerra com todos os membros e com saúde.

Meus olhos deixavam de se concentrar no caminho ao meu redor um pouco para focar no homem que me guiava. Suas palavras continuavam em minha mente com um toque de incerteza no que havia ouvido.

“Que tipo de importância um simples marinheiro como eu teria para um Grã-Senescal? Do que esse homem está falando? Será que eles me confundiram com outra pessoa?”

Apesar dos questionamentos que enchiam minha cabeça, tudo aquilo ficava um pouco de lado quando nós finalmente chegávamos a cozinha dos empregados. Por um segundo uma risada quase saída da minha boca, mas a pergunta do homem me impedia por um momento.

“Isso não faz o menor sentido mesmo!”

Ali eu recuava um passo e olhava ao redor procurando entender a conexão daquela pergunta com o motivo de eu estar ali. Sem sucesso eu olhava mais uma vez para o homem e notava o tom de seriedade do mesmo enquanto esperava pela minha resposta e depois de um breve momento eu o respondia com sinceridade que ele pedia, mas de forma breve por não entender o sentido daquilo.

- Eu com certeza iria retribuir os esforços daqueles que lutaram ao meu lado para realizar minhas conquistas e ajudaria as famílias daqueles que caíram nas batalhas.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime25/11/2019, 16:10

-Sempre fico a me perguntar, será que eu era assim também quando era jovem?!

Dizia o homem com um sorriso brincalhão nos lábios diante da sua demora para oferecer qualquer resposta. Para então, enfim ouvir o que você tinha a dizer e balançar a cabeça positivamente, demonstrando ter ouvido e compreendido de alguma forma o que você havia dito. Ele então caminhava até a mesa, pegando uma faca para cortar um pedaço de uma cenoura que estava no cesto de legumes que certamente seriam usados no jantar, para então, colocá-lo na boca e começar a comer. Olhando você outra vez, ele ainda mastigava enquanto falava:

-Recomendo que se sente e pegue algo para roer, você chegou bem cedo, o que não é um problema, mas certamente terás que esperar ainda algumas boas horas para comer como um Rei!

Dizia o velho com um sorriso gentil e um pouco cansado na face, fazendo um sinal para que você esperasse, ele caminhava dentro da cozinha até um dos armários e retornando com uma garrafa de vinho e dois copos de metal velhos, porém de excelente qualidade. Para servi-los e em silêncio, continuar a comer e beber por alguns instantes.


Tudo parecia bem normal enquanto você estava sentado dentro daquela cozinha morna, algumas empregadas chegam a adentrar e iniciar o jantar, ausentando-se vez ou outra para buscar carnes e alguns grãos que pareciam ser armazenados em outro cômodo próximo. E foi durante uma dessas ausências das moças, que o idoso começava a tossir. Era uma tosse forte, dolorosa que o fazia expelir o vinho que estava a tomar, levando-o rapidamente ao chão, o idoso tossia sangue!

Imediatamente ele levantava uma das mãos, negando a possível ajuda oferecida, mas a tosse era tão forte que o mesmo não conseguia lutar contra ela. A situação se tornava ainda pior quando ele cuspia uma quantidade alarmante de sangue no chão, um sangue com manchas negras que pareciam pulsar e se movimentar! O velho seguia a tossir, expelindo também os pedaços do legume previamente mastigado, mas esses, ao caírem no chão ensanguentado, tomavam formas similares a de insetos escurecidos e avermelhados! Um som forte de um trovão caindo próximo do local o fazia se assustar ainda mais! O clarão vindo deste, o cegava por breves segundos e quando sua visão voltava, o corpo do velho estava morto a sua frente, caído e já em estado avançado de decomposição! Moscas voavam por cima deste e vermes o devoravam lentamente, o cheiro forte e pútrido era nauseante e o local todo, parecia estar abandonado há muito, muito tempo!

A porta de acesso a cozinha era então aberta, lentamente, por uma figura feminina. Suas mãos era enormes, seus dedos terminavam em garras negras e haviam pinturas douradas sobre uma pele tão escura quanto o carvão. Ela não parecia ter face ou qualquer outra veste, seu corpo era de sombras e apenas um chapéu se destacava por entre o manto de trevas que a circundava como um terrível lençol que vinha dos seus mais profundos pesadelos. Ali, o cheiro de queimado e pólvora se misturava ao fedor do corpo do velho, o som de moscas voando se tornava pequeno diante do som estridente de um disparo de canhão! Era um pesadelo, um pesadelo real! Você sabia que não estava sonhando, mas por alguma maldita razão, seus pesadelos ocorriam!

O vulto negro se movia como se não tivesse pés, flutuando pelas sombras e deixando um rastro enorme de sangue por onde passava, aquela terrível criatura vinha na sua direção, rogando-lhe palavras horripilantes que pareciam lhe cortar a sua própria fé e percepção do real. As palavras dela circulavam e marcavam a sua pele, ardendo em brasas, sua cabeça doía como se alguém tentasse quebrá-la como uma castanha. A criatura então apontava na direção da queimadura da sua mão e essa começava a queimar! Em chamas negras!

-É chegada a hora! Teus pecados pedem passagem! Assassino! Covarde! Traidor! O sangue que derramou te ti será roubado! Falso rei, falso guerreiro, falso vivo! Irei levá-lo ao teu fim! Diga tuas últimas palavras aos mundo dos vivos! Quem ouvirá teu último pranto?

Ali, em meio aquele terrível pesadelo e dominado pelo medo gerado por todos os estímulos aterrorizantes, a sua memória da noite passada voltava... E você só era capaz de dizer um único nome, seria o nome a ouvir sobre teu fim, era essa a sua única escolha, só havia ar em teu âmago para um nome.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime26/11/2019, 19:39

A reação do homem a minha resposta parecia ser indiferente, o que deixava ainda mais misteriosa o motivo pelo qual ele havia me perguntado aquilo. A cada momento que eu passava ali dentro mais estranho aquilo ficava e aquele homem não era diferente, mas quando ele informava que ainda iria demorar um pouco para eu de fato me apresentar ao Grã-Senescal e me falava para comer, eu me tentava me lembrar qual foi a última vez que havia realmente comigo algo.

“Nossa, não lembro se Caterine me deu algo para comer quando fui vê-la e definitivamente não lembro de nada da noite, mas pela quantidade de álcool que havia no chão do meu quarto, não deve ter sobrado dinheiro para a comida.”

A desconfiança abria espaço para a fome que ja estava ali mas que estava mascarada pela seriedade daquela convocação, no entanto, quando eu finalmente parava para notar que estava numa cozinha de um palacete e ali deveria haver somente comida de qualidade. Meu estômago roncava e eu olhava ao redor procurando por comida e, é claro, bebida.

“Ele esta certo, se eu vim aqui, devo pelo menos comer um pouco como eles antes de sair daqui.”

Minha procura não era muito extensa pois logo o mordomo pegava uma garrafa de vinho e a única coisa que eu fazia era pegar um pouco de comida para me sentar e apreciar aquele momento que todo plebeu gostaria de ter. Ali eu comia como um rei, assim como o mordomo havia dito, e me preocupava menos com minha situação, apenas me focando na comida e em saciar minha fome. No entanto, algo muito estranho começava a acontecer.

- Ei, ei! Você ta bem!?

Parando de comer imediatamente, eu olhava um pouco assustado com a tosse repentina e violenta que o homem tinha. Assim que ele caia ao chão eu me levantava da cadeira, mas ao ver a mão do homem eu ficava parado, esperando ele realmente se levantar para mostrar que estava tudo bem.

- Você tem certeza?

Não era nem necessário ele responder pois logo em seguida ele voltava a tossir só que dessa vez ele chegava expelir sangue no chão. Meus olhos se cerravam e eu tentava entender o que estava acontecendo enquanto já andava na direção do homem para tentar ajuda-lo, mas quando as manchas de sangue expelidas começavam a se movimentar eu parava e observava confuso.

- Mas que porra...

A cada tossida o velho parecia piorar mais e mais e eu começava a me distanciar um pouco dele, afinal aquela tosse não era nada normal, principalmente quando ele tossia insetos vermelhos de dentro dele.

“Por Deus, o que está acontecendo com esse cara!?”

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo, mas, depois de piscar algo ainda mais inacreditável acontecia. Ao que parecia, um trovão caia dentro daquela sala fechada e me cegava, mas depois de recobrar a visão, eu via o que aquele trovão havia feito. Ali eu ja estava escorado no canto da sala, com medo e completamente atordoado com as coisas que estava acontecendo.

Eu olhava mais incrédulo do que nunca para o velho que agora havia se transformado um cadáver em estado avançado de decomposição. Parecia que ele estava ali fazia horas ou até mesmo dias e aquilo não fazia o menor sentido pois eu havia acabado de ver o homem em perfeita saúde a instantes atrás. O cheiro forte, a visão grotesca e a confusão mental não me deixava pensar com clareza naquele momento e a única coisa que eu podia fazer era tentar sair daquela sala e chamar por ajuda, mas, assim que eu começava a me mover na direção da porta, ela se abria para revelar uma figura muito mais assustadora e horripilante do que qualquer coisa que eu havia visto em toda minha vida.

Novamente eu estava encurralado no canto daquela sala enquanto olhava ao redor a procura de uma saída, mas quando a figura horripilante começava a se mover, algo me acontecia. As sensações que sentia ali pareciam mudar um pouco, me deixando ainda mais confuso do que eu já estava. O som de balas de canhão me fazia levantar os braços e me proteger como se realmente estivessem sendo atiradas contra mim, mas eram as palavras daquela aberração que me prendiam no chão.

Assim que as palavras começavam a serem pronunciadas eu me ajoelhava e gritava de dor quando a criatura apontava para a ferida em minha mão. As palavras dela pareciam machucar mais e mais a cada segundo e mesmo eu tentando lutar contra aquilo, nada acontecia! O sofrimento era implacável mas era aquele sofrimento que me libertava da maldição!

Ali todas as memoria da noite anterior voltavam e com elas toda a raiva que havia sido guardada no fundo do meu coração explodia. As pessoas que haviam me traído, que tentaram me usar, me prender e me escravizar, todas elas surgiam em minha mente e por conta daquilo não havia espaço para falar um só nome! Eu queria todos eles! Caterina, Madame Blanchet, Noelle e por fim Lorraine! Todas essas mulheres haviam despertado minha fúria e eu so conseguia gritar de raíva sem escolher uma delas!

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet    1º Arco - 2ª Ato: Narrativa de Nicolas Vizet   I_icon_minitime26/11/2019, 22:40


Imagem referencial:
Parte II
Data: ?? de Maio de 1550
Local: Arredores de Marseille

Seus olhos se abriam outra vez após um longo período de total escuridão, após o grande trauma e aquele turbilhão de ódio e pavor, seu corpo havia se entregado ao silencioso abismo da inconsciência em busca de abrigo. Ofegante, você despertava de supetão, com os pulmões sendo preenchidos por um ar gelado, úmido e empoeirado. Estava de noite, mas a luz do luar preenchia o ambiente de maneira irregular, porém com intensidade suficiente para lhe revelar alguns detalhes do interior daquela sala de estar em escombros.

Você não sabia onde estava, seu corpo estava verdadeiramente dolorido como se o mesmo tivesse sido pisoteado por uma multidão de desconhecidos. Haviam marcas de queimaduras pelos seus braços e pernas, seus lábios estavam rachados e sua garganta arranhada devido a marcante e incomoda sede. Seus ouvidos logo buscavam por sons e ali encontrava vozes a conversar em um dialeto estranho, muito similar ao que os otomanos falavam, o que lhe fornecia pequenos significados como "vingança", "liberdade", "luta", "força", "guerra". Era a voz masculina de um homem encostado na parede à sua direita, com o corpo quase totalmente escondido pelas sombras, mas com uma silhueta bem alta, vestindo uma longa capa negra e um adorno junto a cintura que lhe parecia uma espada e sentada na última poltrona velha e empoeirada à sua esquerda, estava uma figura feminina de cabelos e vestes negras, cuja pele branca como a neve já trazia uma inevitável sensação de reconhecimento: ela era um dos malditos seres que estavam a lhe assombrar e trair! A mulher, sentada de pernas cruzadas e braços bem abertos e despojados sobre os apoios da poltrona, tinha dois machados jogados aos seus pés. E ela prontamente olhava na direção do misterioso homem que começava a sair das sombras sem nenhuma pressa, deixando a própria arma para trás, apoiada contra a parede daquela sala escura e cheia de escombros e comentava:

-Pelo visto bruxa Kadira tinha razão... Ele esta vivo...

O homem que olhava primeiro para a única porta de saída livre a sua direita, já que a outra, na sua esquerda, estava cheia de entulhos e restos de móveis. E em seguida olhando na sua direção enquanto caminhava até a frente da única saída viável do local, ele falava em francês, assim como a mulher havia feito, mas com um sotaque nortenho muito forte:

-Nicolas Vizet, o mortal mais desejado pela alta corte de Provença dês dos Bourdon... Se tu soubesses, quantos Vizet morreram no seu lugar por engano...

Dizia o homem que era interrompido por um sinal feito pela mão da mulher de baixa estatura, mas que reverberava no ambiente como uma força única e incontestável.

-Basta Hedeon, dobre vossa língua e interrompa essa desnecessária postura de imediato, o rapaz já foi torturado o suficiente por membros da nossa raça.

Olhando agora para você, a mulher apoiava os cotovelos nos joelhos e inclinava o tronco para frente, usando as mãos como apoio para o queixo, ela dizia:

-Coloque-se de pé rapaz. Eu tenho uma proposta a lhe fazer... Mas antes devo lhe avisar, não sou como aqueles que tu tiveras o desprazer de conhecer. Sou mais antiga do que qualquer um deles e vi o que nenhum deles jamais realmente viu nesse mundo, algo que nós compartilhamos e eles não, uma verdadeira guerra. Forjei-me dentro de incontáveis delas. E não há nenhuma da qual eu me recorde com orgulho... E não há nenhuma a qual eu não faria parte novamente. Eu tenho uma oferta de liberdade e poder a lhe oferecer.

Fazendo uma curta pausa, ela então finalizava:

-Kadira me contou sobre os nomes que o fazem arder em ódio, Caterina, Blanchet, Noelle e Lorraine... Alguns desses eu reconheço e posso lhe ensinar o caminho para que nunca mais sejas dominado por elas. Vamos conversar sobre que tu és e seu destino, Nicolas?

Ela então recuava o corpo e voltava a se sentar na posição original, aguardando a sua reação, mantendo uma expressão calma na face.

-Em sinal de boa fé, irei começar... Sou Altamira, herdeira de Troile, a verdadeira e eterna rainha de Cartago. Pertenço orgulhosamente ao Clã Brujah, os altos guerreiros e filósofos dentre os herdeiros de Caim.

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