Ato III - O Baile das Rosas de Berlim II

Alfie a observava com uma notória admiração, apesar daquela pequena mordida despertar um olhar mais lascivo no homem a postura inteira dele ainda era muito tranquila, era curioso como ele respeitosamente a desejava, mas acima de tudo era o amor que ficava muito mais evidente, tantas formas diferentes e expostas ao mesmo tempo por toda a postura e expressão facial dele.

Assim que a sua besta o atacava, ele ria e abraçava a mesma com força necessária para controlar ela e ao mesmo tempo acalmá-la, naquele breve instante uma curta memória lhe regressou a mente. A noite do seu primeiro fascínio terrador, foi uma sensação extremamente similar pela qual Lotte havia passado, mas foram os braços de Masdela que a seguraram naquela noite. Controlando seu impeto e seu descontrole, da mesma forma que ele fazia com a sua besta em um contexto diferente é claro.

-Então vamos?!

Comentava seu irmão que tocava suavemente outra vez na sua perna, dessa vez era um simples tapinha no joelho com os dedos. Assim ele abria a porta do carro e deixava a sua besta sair na frente, a mesma corria na direção do portão animadíssima e ansiosa para poder brincar na pequena praça que ficava em frente ao palácio. Seu irmão então saia logo atrás dela e esperava por você a alguns passos do carro, para acompanhá-la até o portão.

Todavia, assim que vocês dois caminharam lado a lado até a entrada do mesmo, a atenção de vocês se voltou para a entrada do enorme palácio, de pé em frente a porta estava a figura de Friderich.

-Acho que ele sentiu a sua chegada querida...

Brincava Masdela, mas você era capaz de suspeitar que havia sido o contrário. Masdela era o ancião mais poderoso ali, mais antigo que o próprio Friederich e com muito mais experiência em várias situações. Friderich então inciava uma rápida caminhada até os portões.

O olhar de desejo de Masdela fez a face da cainita corar, por sorte o ataque da besta ela barulhento e expressivo para que Pietra pudesse disfarçar com um riso, mesmo assim havia uma certa alegria em ver como Alfonsus a amava e demonstrava isso a cada pequeno gesto.

As lembranças de seu primeiro fascínio terrador a fez sorrir com carinho, havia sido nos braços de Masdela que o terror passara, assim como era agora nos braços dele que a besta encontrava carinho e calma depois de seu ataque.

“ Seja paciente Pietra, não quero machucar ele. Não de novo!”

Concordando com um leve aceno, Pietra abriu a porta rindo com a cena de sua besta. Andando ao lado de seu irmão a cainita logo notou a presença de Friedrich a entrada do castelo, seus olhos atentos estudaram todos os movimentos de seu amado para ver como estava seu humor, e nele a cainita riu ao ver uma curiosidade disfarçada sobre a figura autoritária do Arcebispo.

- Ele está curioso, mas é melhor não testarmos nossa sorte não é Alfie! Nos vemos amanhã e nem pensem em chegar atrasado!

Comentava a cainita ao segurar a mão deste e beija-la em uma forma de despedida.

-Talvez só um pouquinho sim?!

Comentava seu irmão que aceitava aquele seu beijo de despedida, mas de uma maneira bastante ousada, mas nem um pouco ofensiva dava um passo na sua direção e beijava-lhe as faces com um toque bem carinhoso. Assim que o beijo era feito, seu irmão olhava para você e dizia em um tom mais alto de voz:

-Boa noite irmã.

Friderich claramente ouvia aquela frase e colocava-se a frente dos portões, de braços cruzados o homem se apresentava ali com uma expressão séria e uma postura digna do altíssimo cargo que possuía dentro da Espada de Caim. Destemido e inabalável, um verdadeiro patrício. Seu irmão então virava na direção dele e fazia uma cortês reverência:

-Alfonsus Masdela, ao dispor de vossa soberana autoridade, Friedrich von Köln, Arcebispo de Berlim.

Os olhos de Friderich olhavam na sua direção, não havia nenhum único sinal de surpresa na expressão do homem, mas a sua longa experiência ao lado dele lhe revelava que ele havia ficado quase sem palavras!

-É um enorme prazer finalmente ter a oportunidade de por uma face a um nome deveras conhecido por mim. Agradeço pela cordialidade de trazer Pietra até aqui. Afinal, vossa senhoria é uma notória autoridade da Torre de Marfim, teus feitos são famosos meu Senhor.

Masdela sorria para Friderich e cuidadosamente afirmava de maneira carismática:

-Apenas Alfonsus ou Masdela é o suficiente meu caro Arcebispo, afinal és o companheiro de minha irmãzinha. Não é mesmo?!

O seu amado Ventrue concordava com um aceno positivo de cabeça e afirmava:

-Estás corretíssimo Alfonsus. Por tanto, me chame por Friederich sim?

Seu irmão seguia com os movimentos ousados e dava três passos até a direção dos portões e esticava a mão direita:

-Então venha cá Friderich permita-me conhecê-lo apropriadamente meu querido cunhado!

O Arcebispo não recuava, abrindo os portões com as próprias mãos ele atravessava a pequena distância que havia ali entre vocês e apertava a mão de Masdela com vigor. Era curioso ver ali a diferença gritante de alturas e estaturas, mas ao mesmo tempo os dois trocavam um forte aperto de mãos e olhavam-se diretamente.

-Você me lembra meu irmão, fostes um guerreiro em sua juventude correto?

Masdela concordava suavemente com a cabeça e complementava:

-Tive meus momento de glória e decepção junto as tropas de meu Duque, enfim devo me retirar agora. Até amanhã sim?!

Friederich mais uma vez olhava na sua direção e posteriormente sorria para seu alto irmão.

-Certo, uma boa noite e até amanhã. Foi um prazer conhecê-lo!

Masdela fazia uma curta reverência pedindo pela autorização de se retirar da presença do Arcebispo, um pequeno afago no ego de Friderich que você sabia muito bem que o agradaria bastante. Afinal, Narses fazia o mesmo sempre que desejava agradar o Arcebispo. Assim, seu irmão recebeu a autorização de Friderich com um curto aceno de cabeça e finalmente, ele partia. Discretamente piscando o olho esquerdo para você e adentrando o carro.

Restavam então apenas vocês três ali, sua besta que dava tchau para Masdela, Friderich que se aproximava de ti e você, com uma sensação curiosa em seu âmago. Afinal, Masdela conseguia se sair muito melhor do que o esperado!

Pietra olhou surpresa para a iniciativa de seu irmão, os beijos em suas faces e a despedida dita em voz alta fizeram Pietra resmungar baixinho para este.

- Abusado!

Vendo a reverencia dada a Friedrich a cainita suspirou profundamente sentindo seu corpo tencionar, a forma que os dois poderosos cainitas conversavam, em silencio Pietra estudou as mudanças de Friedrich contestando que Masdela causava uma boa impressão em seu amado.

“Bom, isso é bom não é?! Masdela sabe ser bem cortes e não esta fazendo nenhum movimento errado. Que a sorte continue do nossa lado então!”

O aperto de mãos entre os dois homens fez Pietra sorrir, as palavras finais de Masdela juntamente com a reverencia para se retirar trouxeram alivio a cainita, a piscada de olhos de seu irmão foi respondida com uma leve mensura e um sorriso maroto.

Por fim voltando-se para Friedrich, Pietra se aproximou com calma sorrindo de maneira suave e de certa forma encabulada ao comentar.

- Lhe devo algumas explicações mio amato! Queres entrar para conversar com calma?

Estendendo a mão para o austero ventrue, Pietra pedia um abraço e um beijo deste.