Ato I - Narrativa de Henrik - Solas a ’deàrrsadh

Sua imaginação preenchia aquele enorme estábulo de pedra com diversos grifos, e como se um sonho a sensação de vida preenchia aquele lugar vazio por alguns instantes, isso até seus pensamentos se voltarem para a grande troll a sua frente.

Diante de seus olhos estava a figura de Âse, ali a sua frente estava alguém visivelmente orgulhosa de quem era e seu trabalho, mas ainda assim era difícil imaginar a grande troll lutando até a morte, principalmente imagina-la matando alguém, embora Âse tivesse força para tal ato.

Suas palavras a faziam sorrir com calma e até mesmo carinho, principalmente quando seu ato de levantar a mão era feito com o pedido de desculpas.

– Não é como se tivéssemos resolvido está questão rapaz, o fae mim de um comum morre assim como a casca mundana que o protege, mas sua existência não se perde totalmente, nosso descanso é uma transformação, se hoje eu sou Âse Gaoth Fhuar também já fui Solbjorg Oidhche Howl, minhas lembranças das vidas que já tive, dos mundanos com os quais compartilhei minha existência não diminui ou aumenta quem eu sou hoje. Claro que a fama e glória que meu eu passado conquistaram ainda me cabem, mas aos nobres lhe cabe algo diferente, vocês conseguem criar vida, novos fae mim descendem dos Shide de Arcádia, e não explicação para isso.

Comentava a troll ao se ajoelhar para ficar na altura de sua face, neste momento era como se uma segunda sombra de Âse também o fizesse, algo que você notava com surpresa, já para a pequena Tordis ao seu lado a jovem apenas abria um sorriso reconhecendo a segunda sombra de Âse, já a troll seguia a se comunicar com calma, mas agora olhando diretamente para seus olhos.

– Tens razão, sua existência é um fato único, um nunca visto, pelo menos não até a onde se tem registros. E justamente por ser um fato único é que o aceitamos sobre nossa proteção, mas não se engane Henrik, se Jasper não tivesse entendido que existe algo que vale a pena proteger ele não o teria colocado como seu aprendiz. Nem mesmo todo o falatório de Nohr seria capaz de convencer Jasper disso, e para sua proteção e a de Katri é que os protegemos, ninguém sabe como o sonhar que nos cerca se comporta, ou como ele ainda pode afetar vocês dois.

Colocando a mão sobre seu ombro a grande Troll apertava apenas para lhe dar a certeza de que ela estava falando a verdade, já que a pressão era forte o suficiente para lhe chamar a atenção, mas não era agressiva ou lhe causava dores.

– Mas não se preocupe com isso agora, sobre a proteção de Jasper e Nohr nenhum mal acontecerá a vocês dois, é nosso dever como regentes deste ducado, e a palavras de Jasper também é minha palavras rapaz.

Enquanto Âse falava, os olhos e atenção de Tordis se voltavam para a porta e assim que as palavras da grande troll terminavam a jovem olhava para vocês dois apenas para comentar.

– Acredito que o senhor Carvão está chegando.

Tal ação fazia com que Âse risse ao se levantar e indicar o caminho que deveriam seguir.

– Venham, teremos um dia cheio hoje e a noite promete ser mais movimentada. Se Niklas está vindo aqui por vontade própria quer dizer que a neta de Thomas chegou a cidade, será interessante ver Magnar se virar com um aprendiz que ele não pode devorar.

"Existe muita história, muita dor e muita superação. Quando passei pela minha crisálida achei que tinha virado algum tipo de super herói ou algo assim, mas na verdade, não é nada perto disso. É uma vida como a minha outra também era, mas aqui, as pessoas se lembram de quem são, de porque estão aqui e valorizam suas histórias... Preciso encontrar o que me representa ou o que eu represento, afinal como Âse deixou bem claro, aqui todos se lembram, mesmo em vidas futuras."

Sinalizando de maneira afirmativa com a cabeça, sorria ao ouvir as palavras sábias da enorme Troll e agradecia aquelas palavras através de um olhar sincero e uma movimentação labial de "obrigado" em um tom baixo de voz, para enfim, comentar antes de já me atentar a indicação feita por Tordis.

-Falo por mim e pela Katri. Somos muito gratos, por tudo.

Afirmava com um olhar direto para Âse, para logo então fazer um sinal positivo com a cabeça e já me colocar em movimento para receber quem quer que fosse que estaria a chegar, afinal, eu ainda não conhecia muitas faces e já sentia a ansiedade de enfim, fazer parte dessa nova sociedade.

"Pelo visto, Magnar deve ser alguém a ser temido e respeitado. Interessante!"