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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini

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Danto
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MensagemAssunto: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime8/3/2021, 02:24


Data: 13 de Maio de 1550
Local: Ansouis, Provença

A primeira noite de recepção dos convidados que haviam sobrevivido aos acontecimentos em Marseille foi marcada pela leve conversa inicial nos jardins que se estendeu para um longo jantar marcado pelas apresentações musicais de Éloi, Anatole e Bruno. Em seguida, algumas obras de Lambert foram exibidas e Estelle se fez responsável por uma longa e tediosa apresentação de toda a residência e seus cômodos, áreas comunais e um pouco da história da região e dos mortais locais. Esses eventos acabaram por consumir muitas horas da noite que já estava por terminar e assim, pouco restou para maiores interações ou diálogos mais extensos sobre qualquer tipo de tópico. E era assim, em meio a uma mansão muito mais movimentada e cheia de barulhos do que o habitual que você se recolhia a seus aposentos ao final da noite, para despertar no começo de outra.

A segunda noite era iniciada com um suave barulho de chuva contra a fechada e encoberta do seu quarto privado. Logo o perfume de terra molhada lhe invadia as narinas, seguido pelo notório cheiro de sangue junto do móvel mais próximo que havia da sua cama. Sobre este, havia uma taça alta e funda, preenchida por um sangue mortal bem fresco, com pequenos ramos de alecrim em sua base para estimular o seu olfato. Tanto a taça, quanto a bandeja desta, eram feitas de bronze e lhe remetiam a um passado muito mais antigo, era uma das raras ocasiões em que as taças pessoais de Adela eram expostas e utilizadas para a alimentação.

Assim que você tomava a taça em mãos e antes que você pudesse dar a primeira golada, um toque seco era feito contra a sua porta, acompanhando pela voz baixa de seu único irmão de sangue.

-Boa noite Pietra, teve um bom descanso? Sei que ontem as coisas acabaram por serem formais demais, exigências de nossa querida Estelle. Sabe como é não é mesmo? Pois bem, posso entrar?

Esperando a sua autorização, Éloi adentrava seu quarto. O alto homem e magro homem francês estava com suas roupas de descanso, uma longa veste branca por cima de uma calça também branca de algodão fino. E trazia em mãos uma taça idêntica a sua, também ainda com sangue em seu interior.

-Antes que se alimente, peço para que me acompanhe. Adela me pediu para que nós pudéssemos nos reunir para o inicio dessa noite em sua sala de banho pessoal. É um costume um pouco estranho, mas bem Grego... E bem, acredito que será a nossa primeira reunião como herdeiros dela, nunca compartilhei essa experiência com alguém, devo admitir que estou ansioso e levemente inseguro, mas lhe dou a minha palavra que é uma reunião familiar. Antes que a minha má fama influencie seus pensamentos!

Ele claramente terminava a fala com uma piada para disfarçar a vergonha que estava a sentir em estar ali a sua frente a lhe convocar para uma reunião de cunho tão pessoal e intimo, afinal, vocês tiveram raros momentos de interações mais pessoais.

-Enfim, nossa Senhora acredita que será necessário que as nossas relações se estreitem e que as nossas verdades sejam compartilhadas. Iremos nos expor a uma sociedade complexa, tramas, inimigos e Cainitas poderosos, ambiciosos... Você é uma herdeira de um poder que trás medo, respeito, idolatria e esperança. Mas que também atraí olhos sórdidos, invejosos, malignos e obscuros... A sua voz terá uma força especial e ela pode conquistar muitos. Enfim, é hora de conhecer seu legado e assumir suas responsabilidades, minha cara irmã.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime8/3/2021, 17:25

A conversa calma e descontraída dava lugar aos deveres sociais impostos por Estelle pelo resto da noite, algo que me deixava suspirando disfarçadamente ao lado de Danielle, já que a jovem assim como eu entendia os sacrifícios daqueles deveres.

Já no fim da noite enquanto eu lavava meus pés antes do adormecer era em uma brincadeira comigo mesma que aumentava minha audição, apenas para escutar os novos sons que povoavam a casa de minha senhora, deitada era contra o sono que eu lutava apenas para aproveitar aquela singela nova sinfonia, porém o sono não me deixava escapar como em todas as noites que eu já havia lutado contra ele.

O despertar letárgico de meu corpo era acompanhado pelo cheiro de terra molhada, algo que fazia meus pés coçarem com a vontade de correr pelos jardins e campos da região, porém o aviso rápido de minha mente sobre a presença de Estelle em casa logo fazia à vontade morrer, por sorte o cheiro forte e único de sangue fazia com que meus pensamentos desviassem de foco.

Sentando-me na cama meus olhos logo percebiam a taça de bronze e o alecrim colocado sob a bandeja do mesmo material, aquele era um claro aviso de Adela de que algo grande aconteceria naquela noite, mas saber o que aconteceria me era uma incógnita.

“O que ela está planejando?”

O toque seco da madeira acompanhado da voz inconfundível de Éloi me faziam sair da cama apenas para me esticar e então correr até a porta para abri-la pessoalmente para meu irmão.

– Buona notte mio fratello, mas é claro que tens a permissão de entrar, e sim infelizmente não seria certo ir contra as exigências de Estelle, mesmo que isso deixe o clima um pouco enfadonho.

Observar Éloi em suas roupas de descanso apenas me deixava mais curiosa, porém eram as palavras de meu irmão que acabavam por responder minhas dúvidas, duvidas que claramente envolviam nossa senhora.

“Será mesmo que estou pronta? É melhor que eu esteja, já não tenho mais tempo para me esconder e na corte isso será quase impossível.”

Adiantando-me para o biombo eu vestia uma simples camisola de seda branca por cima de minha camisola, rindo com as palavras de alerta de meu irmão eu tomava meu tempo para ajeitar meus cabelos e então comentar.

– Não se preocupe mio amato, se os boatos forem reais sei que tenho a proteção de Adela e Estelle, afinal se algo acontecesse nostra signora lhe arrancaria as orelhas e jogaria na fogueira.

Comentava ao mostrar a língua para o desconcertado Èloi que se apresentava a minha frente, enrolando-me melhor na camisola era com calma que escutava as certezas de meu irmão, o tempo de isolamento estava acabando e com isso um mar de possibilidades se apresentariam a minha frente, um em que minha presença e a herança de Adela seriam vistas por outros cainitas.

– Se você está ansioso então pode imaginar como me sinto não? Fui instruída para ser uma criança que deveria estar a sete passos de Caim, estar a exatos seis ainda me é assustador, mas não desconfortável, ainda assim a linhagem de nossa senhora sempre terá um peso único e inquestionável, aprenderei a lidar com isso porque sei que sua experiência me auxiliara neste caminho.

Tomando a taça de bronze em minhas mãos eu ainda cheirava o ramo de alecrim apenas para andar até Éloi e toma-lo pelo braço indicando que este deveria guiar.

– Agora é melhor não deixarmos Adela esperando, eu odiaria vê-la irritada esta noite.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime9/3/2021, 02:27

-Esses boatos são completamente exagerados e descabidos!

Respondia Éloi, ao esconder uma das orelhas com a mão livre e exibir um breve sorriso em seguida. Mesmo que vocês tivessem tido poucas noites para se conhecerem verdadeiramente, a característica mais marcante do mesmo sempre fora seu bom humor em qualquer situação, era um humor tão inteligente e ágil quanto o de Anatole, mas sem a mesma malícia. Logo, ver a interação entre os dois era certeza de riso garantido em algum momento, por mais sério fosse o assunto.

Ouvindo as suas palavras e esperando por suas ações, seu irmão mais velho de abraço prontamente segurava seu braço e começava a guiar a caminhada de vocês dois enquanto expressava sua resposta sobre os tópicos apresentados por ti.

-Imagino que tudo deva ser de fato uma novidade verdadeiramente inesperada, afinal, hoje você está no mesmo patamar de poder que aquele que outrora seria seu Senhor. O lado dele, suas responsabilidades seriam outras, sua história e tudo que viria a ser contado... Mas bem, uma mudança tão grandiosa não ocorre com todos e seu destino será certamente incomparável!

Dizia o homem, com um sorriso gentil na face. O mesmo seguia então a guiá-los pelos corredores, claramente evitando os criados da mansão e se movimentando com agilidade e cautela, para enfim, alcançar o quarto de Adela, adentrando o local, Éloi fazia uma breve pausa para te olhar e sorrir, para então indicar que vocês iriam além daquele ponto. Guiada por ele, você se via parada diante de uma parede sólida de pedra ao lado esquerdo da cama de Adela, ali, Éloi soltava seu braço para poder esticar o mesmo e tocar na pedra e empurrá-la com precisão e força necessária para fazê-la ceder e revelar uma passagem secreta!

-Quando chegamos aqui, haviam apenas essas ruínas que verás agora. A reconstrução foi longa e complicada, era um verdadeiro tesouro que nossa Senhora acreditou que mereceria seus cuidados pessoais... Essa casa foi construída por cima de um antigo assentamento do povo galês e posteriormente, romano. Existem várias passagens como essas que levam às ruínas, essa em específico nos levará a antiga fonte termal dessa vila ancestral... Você é a terceira pessoa a saber disso, nem Estelle tem conhecimento desses segredos, pois é nesses lugares que a verdadeira história de Nossa Senhora está guardada e é essa a nossa herança.

Fazendo um aceno para que você o seguisse, Éloi agora a guiava para um escuro corredor que prontamente descia em uma longa escadaria de madeira estreita e reforçada por escoras bem seguras e firmes.

Imagem referencial:

As ruínas daquela ancestral sala de banho de pedras e mármore era marcada pelo passar das eras. Várias paredes estavam debilitadas ou resumidas apenas em uma pilha de rochas aglomeradas, o teto que certamente era aberto para o céu em sua arquitetura original, era agora forrado por longas vigas de madeira e rochas polidas em suas quinas. A altura do teto certamente alcançava seus três metros de altura e as maravilhosas colunas romanas de mármore se apresentavam em sua maioria em perfeito estado, as poucas que estavam comprometidas, recebiam reforços de madeira e escoras de ferro. Haviam portas e passagem que certamente serviram para a passagem de pessoas pelo local, mas que agora levavam apenas para paredes de pedra ou estruturas de madeira e ferro que sustentavam aquela relíquia atemporal. Já outras passagens, agora eram pequenas saletas com no máximo um metro de cumprimento que serviam para guardar enormes jarros, candelabros, cavaletes, instrumentos musicais, telas, tecidos, esculturas, vasos, adornos, joias sacras, vestes, baús, barris e incontáveis outros tesouros de várias origens diferentes, porém, a maioria dessas relíquias ali guardadas eram Bizantinas. Uma dessas saletas, por exemplo, estava literalmente forra de moedas de ouro do chão ao seu teto! Outras aglomeravam livros, tomos, pergaminhos e incontáveis tesouros.

O local era essencialmente simétrico e quadrado, colunas equivalentes e apresentavam ao lado de cada uma das margens da água esverdeada e escura que se aglomerava na piscina central. O acesso a água era feito por três lances de escadas de pedra polida de bordas arredondadas. A simetria só era comprometida por causa da presença de várias flores e plantas que haviam invadido as paredes inutilizadas e grande parte dos amontoados de rochas e paredes caídas. A iluminação era toda feita por tochas que ficavam no alto dos pilares, fora da linha natural de visão daqueles que caminhavam pelo ambiente, uma adaptação curiosa que parecia fazer parte da arquitetura primordial daquela sala de banhos.

-Boa noite minhas queridas proles...

Saudava Adela que surgia por entre algumas das pilastras na margem oposta da qual vocês se localizavam no momento. Nas mãos dela, havia uma taça similar a que vocês dois carregavam consigo e trajava um vestido romano de uma única cor. Tomando o cuidado em torno da borda da piscina que os separava, Adela falava:

-Meu Senhor, Beshter abraçou primeiramente Petronius, seu querido escritor e poeta. Em seguida, ele escolheu Enimachia, a misteriosa dançarina. Depois de muitos anos, Ele abraçou suas musas artísticas: Anthemios, musa da Arquitetura. Pakourianis, musa da Pintura. Bathalos, musa da Escultura.

Olhando para água, ela seguia a falar:

-Todavia, os três jovens artistas traziam uma profunda nova cultura, eram ambiciosos e talentosos. Petronius era muito diferente de seus irmãos mais novos, sempre centrado, equilibrado, tradicionalista. Já Enimachia era caótica, irreverente e incontrolável... Eram diferenças fundamentais que o desafiava todo os dias! Porém, o destino nos levaria a uma cidade que poderia ser o lugar ideal para os sonhos de meu Senhor. Todos logo encontraram seus lugares, menos a indomável dançarina, cujos pés pareciam serem incapazes de se contentar... Mesmo quando Constantinopla se ergueu em seu mais puro e poderoso ouro, para ela, nada era mais importante do que a liberdade e as várias outras culturas que haviam na infinitude daquele maravilhoso mundo!

Terminando a caminhada diante de vocês, Adela estendia a taça à vocês em um claro convite de um brinde e dizia:

-Meu Senhor então ascendeu, tornou-se o Arcanjo Miguel. Seus filhos herdaram sua santidade e seu Sonho, mas sua filha não compartilhava daquela pureza vibrante e incontestável, ela sabia que havia algo além e em seu coração, ela sabia que os amores de seu Senhor não eram solidificações seguras. Diante dessa situação, o coração abençoado e puro de Miguel chorou por sua filha e a convocou para uma despedida, lá ele reuniu todos seus herdeiros e entregou para cada um deles uma dessas taças, cheias de seu próprio vitae e olhando no fundo dos meus olhos ele disse: "Vá ao encontro do teu sonho, minha filha. O nosso será este e ecoará para toda eternidade. Mudaremos o nosso mundo nesse momento e juntos ascenderemos aos céus dourados de Nosso Senhor. Leve consigo o meu sangue e o sangue de todos seus irmãos, teus pés serão aqueles que carregarão para longe a esperança desse Sonho, para que este seja revivido por outros corações em um futuro que só será possível se nós, hoje, nos entregarmos totalmente ao Sonho Dourado de Constantinopla. Esse é nosso Adeus, aqui teu nome será esquecido e desta noite até tua eternidade, atenderás por Adela, a portadora do mais nobre de todos os corações."

Estendendo a taça para cima, ela esperava que você e Elói também fizessem o mesmo, em um sinal de agradecimento aos céus, ou ao próprio Miguel. Adela abaixava a taça e assim que vocês também o fizessem ela se aproximava para brindar a taça de Elói e em seguida a sua. Ali, diante dos seus olhos castanhos, o sangue perfumado era transformado em um viscoso vitae que reverberava em poder, ressoando uma grandiosidade incomparável e irradiando uma aura dourada sobrenatural. Adela sorria e tomava o vitae contido na taça dela, para então dizer:

-Alimentem-se meus herdeiros, do vitae dos nossos antecessores. Elói, está será a sua segunda vez, o que fará de ti ainda mais próximo de sua herança. E lembre-se lhe faltará apenas uma única dose para a ascensão... Já você, minha filha, minha dançarina do caos, minha doce e magnífica filha, aproveite sua primeira prova de todo o verdadeiro tesouro que lhe pertencerá para toda eternidade. É hora de conhecer o sonho de nosso Patriarca.

Finalizava Adela, aguardando a sua ação enquanto Éloi prontamente ingeria todo o vitae contido na taça que ele segurava.

Vestes de Adela:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime9/3/2021, 12:54

O humor de Éloi me fazia sorrir, embora a brincadeira de meu irmão fosse parte de sua personalidade era quase impossível os boatos sobre sua figura terem se espalhado sem um fundo de verdade.

“Se Éloi tentasse algo tenho certeza que Estelle o tacaria na fogueira com a permissão de Adela, talvez até seu incentivo.”

As palavras de meu irmão sobre Elonzo me fazia sorrir de forma saudosa, era inevitável que meu destino ao lado de meu antigo senhor fosse completamente diferente do qual se apresentava a minha frente, um que eu ainda desbravaria.

– Não podemos decidir o destino, mas ele não costuma brincar em seu trabalho, então só me resta lidar com o que vier da melhor maneira possível, já que em nossa natureza o tempo é um companheiro não um rival.

Brincando com o ramo de alecrim em minha mão era com certa curiosidade que percebia que Éloi não fazia questão de se alimentar da taça, por cuidado eu o imitava temendo contrariar Adela de alguma forma, já que aquela era uma de suas taças pessoais. Acompanhando os passos de meu irmão era com rapidez que chegávamos aos aposentos de nossa senhora, ali já perto da cama a revelação da passagem secreta me surpreendia.

– Agora me sinto uma criança perdida, vive aqui todo esse tempo sem sequer imaginar que isso fosse possível. Mas acredito que posso compreender os motivos de Adela, tudo lhe foi tão custoso que o cuidado se torna um companheiro não?

Comentava ao cuidadosamente seguir Éloi pela passagem, o toque do primeiro degrau sobre meus pés era um sinal de que agora eu adentrava em um segredo de minha própria linhagem, aquele primeiro passo sobre a passagem me distanciava de Estelle e dos que ficaram para atrás de uma forma que não haveria com voltar.

Respirando fundo eu me agarrava a taça de bronze e ao ramo de alecrim que ainda carregava e minhas mãos, cuidando para fechar a passagem a minhas costas meus passos seguiam com calma atrás da figura alta de Éloi, meus olhos estudavam o antigo banho romano que se apresentava com curiosidade, o passado marcado pela passagem do tempo e pelos cuidados de Adela era algo inesperadamente novo para meus olhos.

“O que mais ela tem em mente? Quantos segredos ela ainda guarda e carrega sobre seus ombros?”

Os tesouros guardados nos modificados corredores teriam me feito parar para admira-los e até mesmo estuda-los, mas aquele não era o momento então meus olhos se limitavam a apenas deseja-los por instantes enquanto meus pés obedientemente seguiam os passos de meu irmão. Por fim quando a piscina do banho se revelava a curiosidade era saciada pela presença reconfortante de nossa senhora.

O vestido romano lhe caia melhor do que as intricadas roupas da corte francesa, realçava a beleza única de Adela, suas palavras sobre o passado de nossa linhagem, sobre o progenitor e seus sonhos prendiam minha atenção sem o menor esforço, e ali diante do nome de Bathalos eu sorria de forma carinhosa.

“Eu estive diante de minha própria herança esse tempo todo e nem percebi?! Espero ser digna do que o destino me reservou, porque só assim serei capaz de honrar meus tios e tias...”

Parada ao lado de Éloi meus olhos acompanhavam a figura de Adela, sua própria história enfim revelada e os cuidados se seu senhor em protege-la do futuro sombrio que havia sido reservado a Constantinopla, era inevitável que finas lagrimas de sangue manchassem minha face enquanto minhas mãos levantavam a taça de bronze aos céus e sua benção.

O brinde que revelava a força do vitae ali contido na taça me surpreendia, e a surpresa não sentia vergonha em se estampar em meus olhos, a leve impressão dourada e a força que emanavam da taça faziam com que minha respiração cessasse por completo, voltando os olhos para Èloi eu o observava sorver da taça sem medo, e diante de Adela eu sorria ao me aproxima desta apenas para com delicadeza colocar o ramo de alecrim junto de seus cabelos e sorrindo finalmente cantarolar em um leve sussurrar.

- Rosmarino, rosmarino dorato
Chi è nato nel campo senza essere seminato
È stato il mio amore a dirmelo
Che il fiore del campo è il rosmarino

Respirando fundo eu levava a taça de bronze a meus lábios e tomava do vitae ancestral de toda a minha linhagem.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime18/3/2021, 03:32


O vitae que outrora residia no interior daquela antiga taça era ingerido por ti e assim que a primeira gota entrava em contato com o interior da sua boca, maravilhas sensoriais ocorriam. Uma fortíssima onda de calor tomava seu corpo por inteiro, dos pés à cabeça, correndo da ponta dos seus dedos até os mais distantes fios dos seus cabelos. Era como se você estivesse mais uma vez na presença do grande astro, o Sol.

Seus lábios então adormeciam em uma prazerosa sensação adocicada, seus músculos vibravam em euforia e seus olhos eram ofuscados por uma fantástica visão de uma praia no alto de sua noite, com uma poderosa lua prateada a preencher o céu escuro e a refletir sobre as tremulas águas do oceano. No horizonte, pairando sobre a água como um verdadeiro arcanjo, havia um homem. Seus cabelos eram dourados, seus olhos azuis cristalinos, sua pele alva e perfeita, suas asas se moviam com a suavidade necessária para manter aquele pairar delicado que faziam seus pés tocaram a superfície prateada do reflexo lunar. Por fim a figura do homem repousava seus pés na areia da praia e esticava as mãos na sua direção em um convite claro de aproximação e assim que você se colocava diante desse misterioso, belíssimo e angelical homem, o mesmo tomava suas mãos e sorria com o mais belo e perfeito de todos os sorrisos que já haviam sido forjados nesse mundo.

-Nós abandonamos a Eterna Cidade de Roma por uma razão fundamental, nela muitos corações negros dançavam perdidos em suas óperas caóticas, sanguinárias e se coroavam-se como grandes Lordes e Imperadores. Decididos a tomarem as rédeas da história, esses Lordes Sombrios se perderam em suas labirintos de ego e conflitos, aprisionados eternamente em suas falhas e excessos, dançando a eterna dança da morte. Mas nós não, nós encontramos um sonho, uma verdadeira esperança! Uma cidade onde poderíamos nos aprimorar, onde poderíamos aprimorar à todos, sem exceção. Onde o belo não seria apenas admirado, mas sim, vivenciado. Apreciaríamos a bênção da vida, vivenciando cada centelha desta a seu máximo potencial. Uma cidade de livros, músicas, arquitetura, arte, vida verdadeira e ampla! Esse é sonho que busquei e sonhei para todos vocês, meus herdeiros. Um sonho para ser sonhado com todos aqueles que vocês desejassem! Um Sonho que libertaria os corações negros de outrora e nos levaria, humanos e cainitas, juntos à um caminho de aprendizado, aperfeiçoamento, amplitude e agraciamento. Um reencontro com Deus, com o Sol e com a Vida! Sim, eles foram os vitoriosos, os seres de coração adoecido e profanado. Sim, são eles aqueles a contarem a história e a sentar nos tronos de trevas e sangue. Mas não se engane, tu és minha herdeira, uma semente dentro do meu Jardim, és Pietra Rafaldini! E de agora até o fim do tempo, teu caminho de luz iluminará e guiará seus próximos em direção ao Sonho de uma existência divina.

Agora eu devo retornar ao meu descanso, mas todas as noites em que seus olhos se fecharem eu estarei lá para impedir que as sombras a dominem por completo e para defender o vosso direito de Sonhar. Minha doce e bela herdeira, seja bem vinda a sua família, ao seu propósito, ao seu legado. Juntos, alcançaremos a perfeição da beleza que nos foi cedido! Ascenda minha Pietra! Abra teus olhos para a luz divina que carrego em minhas mãos...


O homem de traços andrógenos e delicados segurava suas mãos com delicadeza durante toda sua fala suave, harmônica e perfeitamente afinada. Porém, ao final de seu monólogo, este fechava os olhos e do centro de seu peito, uma vibrante e aquecida luz dourada emanava na direção das suas mãos. Essa luz corria então ao redor dos seus braços e adentrava o seu peito. Era ali, naquele momento em que sua jornada de aperfeiçoamento começaria, seu caminho na luz do Sonhar, por fim você se tornava uma herdeira do Arcanjo Miguel, o Grande Patriarca da Cidade de Ouro de Constantinopla, quarto de seu nome, o eterno Beshter.
-
Sua mente havia sido dragada pra uma experiência surreal, era difícil mensurar até onde aquela visão havia sido verdadeira ou apenas um sonho, mas o fato era que nesse exato momento sua mente estava regressando ao seu corpo e o encontrava diferente, menos afetado pelas mazelas do abraço e muito mais vívido, feminino e belo. Seus cabelos pareciam amaciados e leves, suas unhas menos quebradiças e arredondadas, sua temperatura corporal estava maior e seu coração parecia prestes a bater a qualquer momento!

A segunda sensação era a água, afinal, você estava completamente despida e submergida nas águas daquela ancestral casa de banhos escondida nos subterrâneos do casarão de sua linhagem. Seus lábios sorriam sozinhos em alegria enquanto você despertava totalmente mais uma vez nessa noite, emergindo da água para encontrar a figura de Adela a poucos metros de distancia de ti, também dentro da água e também despida de suas vestes. Ao fundo era possível ver a figura de seu irmão de abraço, Éloi a emergir de uma experiência própria que parecia ter revelado ao mesmo, algo tão importante quanto havia sido revelado à você. Naturalmente, todos estavam dentro da água e esta, para sua surpresa, era agradável e morna em sua temperatura.

-Você o encontrou, filha? Acredito que sim, nenhum outro seria capaz de lhe ceder uma dádiva como esta, és capaz de sentir a mudança?

Questionava Adela, aproximando-se de ti para lhe ajudar a ficar de pé, já que sua coordenação e total capacidade corporal retornavam pouco a pouco, como se você tivesse realmente acabado de acordar!

[Off: Qualidade "Nephilim" adquirida através da ação de ingerir o vitae em cena.
-Nephilim concede a Pietra os seguinte benefícios: As qualidades: Ingerir comida, Rubor de Saúde, Senhor de Prestígio, Indelével, Contenção Impressionante, Beleza Surreal, Propósito Maior, Alma de Musa e +1 dado em todas as paradas de dado envolvendo o uso da Disciplina: Presença.]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime18/3/2021, 17:25

O êxtase que aquele antigo e poderoso vitae causava em meu corpo me fazia suspirar enquanto ainda o sorvia da taça de bronze, o tremor e frescor que se apossavam de meu corpo, meus olhos se fechavam em uma tentativa de ao menos compreende o calor que se apossava de meu corpo, um calor que nunca mais havia esperado sentir.

“Il sole...”

Ainda em meio ao caos de prazeres e novas sensações quo vitae de minha linhagem me proporcionava meus olhos castanhos se abriam apenas para me deixar mais surpresa, a extensa faixa de areia era iluminada por uma lua tão prateada quanto a lua de meus sonhos infantis, mas a presença dele marcava os céus fazendo com que fosse impossível que meus olhos desviassem.

As longas asas que o faziam planar pela superfície da água traziam um sorriso aos meus lábios, sem medo eu caminhava em sua direção quando ele pisava na areia, diante da figura de Miguel o patriarca de minha linhagem eu me ajoelhava, sua beleza quase etérea teria me levado ao fascínio, mas ali diante do toque de suas mãos a minha eu apenas sorria enquanto suaves lagrimas marcavam minha face.

– Mio nonno.

Eram o que meus lábios conseguiam por fim murmurar diante daquele que demonstrava ter alcançados os céus, mas se mantivera entre os amaldiçoados como uma luz de esperança. Ouvindo suas palavras era com pesar que por fim compreendia o peso que Adela carregará por tantos anos sozinha, ainda assim diante do sorrio de Miguel, eu me alegrava, minha senhora não estava mais sozinha e o Sonho que muitas vezes me parecerá estranho e distante demais, agora se revelavam com suavidade e uma certa proximidade antes ignorada.

– Descanse mio nonno, descanse sabendo que as rosas de seu jardim continuam a sonhar o sonho que tu começaste e agora carregamos em nossos corações.

A luz que o eterno Beshter exalava de seu peito não me assustou, mesmo que surpresa a certeza de que em sua presença nenhum mal me seria feito nascia forte em meu coração, então quando a luz dourada e quente tocava meu corpo meus olhos se fechavam e meu coração se abria completamente aceitando a tarefa e o sonho que me eram destinados.

O calor trazia consigo a velha e quase esquecida sensação de meu coração batendo, as mudanças se revelavam com rapidez e ainda atônita eu me permitia explorá-las por alguns instantes, uma velha e viva força voltava a habitar meu corpo que por anos fora gelado, algo que me surpreendia completamente.

Abrindo meus olhos era com certa surpresa que percebia estar submersa, mesmo que não precisasse respirar a sensação incomoda de falta de ar me fazia sentar na piscina natural de água morna, puxando o ar com rapidez eu sentia as lagrimas daquele encontro me alcançarem enquanto a presença carinhosa de Adela se revelava.

“Não foi um sonho... Eu vi Miguel... Eu vi o progenitor de Adela, mas como?”

Aceitando a ajuda de Adela para me levantar eu lhe sorria com um breve aceno, não havia como negar aquele encontro e muito menos as mudanças que sentia a flor da pele naquele momento.

– Eu... É como se todo meu corpo se lembrasse de como é estar vivo, eu pensei que já havia me esquecido de como era sentir isso.

Respondia a Adela enquanto firmava minhas pernas, respirando fundo minhas mãos buscavam a água morna da piscina para lavar meu rosto, minha nudez apenas me ajudava a entender como meu corpo se sentia, e mesmo a nudez de Adela ou Éloi não me incomodavam, aquele era um detalhe se comparado as mudanças pelas quais passava.

– O que ele fez comigo madre?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime23/3/2021, 13:54

Diante da sua pergunta, Adela abria um largo sorriso e esticava as mãos para buscar pela sua face, já que a mesma não era tão alta quanto você. Com as duas mãos ela então segurava sua face e a trazia para perto, para enfim beijar sua testa de maneira carinhosa e enfim lhe soltar para dizer:

-Você recebeu a primeira parte da sua herança, minha filha, o vitae divino de nosso Patriarca agora corre em suas veias e acorda o seu corpo para que você possa sonhar, como ele outrora também sonhou.

Dizia Adela que não escondia sua felicidade. Ao longe era possível ver Éloi também se firmar de pé, ele parecia pensativo e com um olhar distante ele dizia:

-Caim, o primeiro pecador, foi banido e amaldiçoado pelos Arcanjos pelos seus crimes. Mas um deles, Gabriel, deixou uma semente de esperança e luz, mesmo que essa tenha sido negada pelo infrator em questão. Poucos foram aqueles que se interessaram por essa semente, os primeiros certamente foram os filhos de Saulot e esses a chamaram de Golconda. E assim eles passaram a buscar caminhos que os pudessem levar até ela, as primeiras trilhas feitas foram as éticas da Humanidade, seguidas pelas Trilhas dos Céus... Filosofias que buscavam a construção de guias morais e éticas para que nós, Cainitas, não fôssemos meros espelhos do destino do pecador original.

A longa fala de Éloi era dita em voz alta, mas sem nenhum direcionamento, os olhos do alto e jovem rapaz estavam claramente desfocados e até mesmo opacos. Porém, ao final dessas palavras o mesmo atravessava a distância que havia entre vocês em um piscar de olhos, parando exatamente ao seu lado e também de frente para Adela.

-Mas Miguel, nosso Patriarca, sonhou com algo além. E esse sonho teria três partes: O corpo, a mente e o espírito. Você acaba de receber dele os avanços corporais que ele alcançou, sua vitae daqui em diante, enquanto você caminhar por esse caminho, é um vitae sacro, puro, vívido e por tanto seu corpo estará cada vez mais como ele outrora fora, antes do abraço e suas experiências corporais precisarão ser vividas, estudas e exploradas para que elas se aprimorem pare receber os próximos passos...

Adicionava Éloi, com palavras rápidas e um tom de voz brando e gentil, algo havia mudado dentro do seu irmão mais velho e o mesmo parecia agir pela primeira vez com o peso da idade que já possuía, algo que claramente enchia Adela de orgulho naquele momento.

-Seu irmão tem total razão nas palavras que diz. Seus ensinamentos começam agora, minha filha, irei ensiná-la a andar na trilha do sonho de Miguel e as suas experiências serão muito importantes, não guarde esses dons e aprimoramentos, vivencie eles ao máximo e entenda como eles fazem de você uma criatura abençoada. Muitos irão olhar na sua direção, por sua idade, por seu poder, muitos poderão aprender a sonhar junto com você e o com o que você poderá significar para os mais jovens... Enfim, minha querida, a resposta final é: Miguel não fez nada além de lhe dar o que sempre lhe pertenceu, a vida.

Respondia sua Senhora, orgulhosa, feliz e finalmente desperta como você sempre acreditou que ela poderia estar. Em seu âmago você sabia, com total e absoluta certeza, aquela era a primeira noite de uma grandiosa mudança no mundo, a história começaria a ser escrita ali, naquele momento.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime23/3/2021, 17:26

O simples gesto de Adela de buscar minha face e beijar minha testa me fez suspirar, havia uma alegria inquestionável no semblante de minha senhora, uma que até então eu nunca tivera a oportunidade de vislumbrar, pelo menos não até então.

“Vitae divino... O quão longe Miguel conseguiu ir da nossa maldição?

A presença de meu irmão de abraço fazia com que minha atenção se voltasse para ele, os olhos ainda vagos e as palavras pronunciadas com calma não condiziam com sua personalidade alegre e extrovertida, ainda observando Éloi sua aproximação repentina feita com a velocidade sobre-humana de nosso vitae me faziam recuar um passo para o lado, não que houvesse medo, mas a surpresa daquela ação era inevitável.

“Não foi apenas eu que mudei, algo dentro de Éloi se tornou mais velho. Quase como se sua idade finalmente o tivesse alcançado...”

Voltando meus olhos para a figura de nossa senhora, o orgulho que Adela transparecia e suas palavras me faziam sorrir com carinho, tomando uma de suas mãos era com um suave beijo nesta que respondia a diminuta figura de Adela.

– Se um dia meu coração se sentiu perdido, já não lhe cabe mais este sentimento. Mesmo que a benção de Miguel não me fosse cedida eu lhe seria eternamente grata, sua visita e palavras seriam o suficiente para marcar minha existência. Agora não temo mais o Sonho de Beshter, não o considero mais um estranho e sei que minhas raízes encontraram um solo fértil sobre sua proteção.

Ainda segurando a mão de Adela, era com carinho que com minha mão livre tomava uma das mãos de Éloi, o sempre jovem rapaz carregava o peso da figura de nossa senhora em seus ombros, um peso que agora seria divido já que ambos éramos crianças da linhagem de Miguel.

– A responsabilidade que carregas já não farás sozinho, sei que ainda tenho muito que aprender, mas estarei ao seu lado e me esforçarei para que o sonho de nosso progenitor continue a tocar aos que estão ao nosso redor.

“Adela alçará aos céus com suas assas, mas ao contrário de Ícaro suas assas não derreteram com o calor do sol, apenas se tornarão mais fortes e vivas... Talvez eu nunca tivesse isso ao lado de Elonzo, mas isso não muda o respeito que tenho por ele e seus cuidados.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime5/4/2021, 02:50

Adela esticava as mãos, tocando o seu colo e o tronco de Éloi, afinal, vocês tinham alturas bem distintas e estavam lado a lado. A mão de Adela tinha um toque morno e gentil, assim como seus olhos que pareciam finalmente alegres por estarem ali verdadeiramente diante de seus herdeiros e escolhidos.

-É para vocês, meus filhos que eu faço essa promessa. Se no passado eu recuei diante as ameaças que cercavam nossos muros, dessa vez eu caminharei na direção delas e as ensinarei a sonhar conosco. Quando chegarmos em Marseille, faremos nela a nossa corte das rosas, plantaremos as sementes do nosso jardim e faremos a cidade florescer como nenhuma outra em toda Europa irá! E quando meu momento de descansar chegar, serão vocês, meus filhos que darão sequência ao nosso Sonho, Marseille será especial, única, dourada e humana. A nova cidade da esperança.

Adela então abraçava cada um de vocês e em seguida se encaminhava na direção da saída mais próxima da grande banheira onde vocês estavam, mas sem antes é claro, mergulhar por alguns instantes seu corpo por completo sob as águas da nascente que inundavam o salão que vocês compartilhavam naquele momento. Enquanto Adela se levantava já na parte seca, Éloi olhava na sua direção, deixando a expressão serena e experiente para trás e desenhando um sorriso bem maroto na face.

-É verdade, você tem muito a aprender Pietra esta é a sua primeira lição... Mantenha a guarda alta!

Em uma ação brincalhona, Éloi falava enquanto avançava na sua frente e em um salto, apoiava as mãos no seu ombro e a empurrava de costas contra a água, rindo bastante o rapaz a esperava submergir para enfim falar:

-Eu ouvi suas palavras irmã, juro. E é por isso que eu aproveito esse momento em que você está me olhando com tanta veemência para lhe dizer: Nossos esforços estarão tão unidos quanto a nossa relação estiver, pela minha parte você sempre saberá que és minha irmã mais nova, minha rosa mais querida e divertida, faremos muito juntos e eu estarei sempre pronto para lhe ensinar o que estiver ao alcance do meu conhecimento. E por favor, tente não me matar!

Terminava Éloi, rindo já esperando por uma represália por sua ousadia. Adela, já de pé e fora das águas se virava para olhar na direção de vocês e ria ao comentar:

-Bom, tomem o tempo de vocês, acho que ainda existem coisas que vocês precisam conversar. Enquanto isso, visitarei Estelle, ela também precisa ouvir de mim algumas verdades antes que nós possamos iniciar nossos planos... Até logo meus filhos...
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime7/4/2021, 17:50

O toque quente e gentil de Adela faziam com que meus olhos a admirassem, aquela era a primeira vez que via minha senhora presente e completa, a faceta brincalhona na qual Adela se agarrava já não existia ali, por isso meu coração batia amando-a com força e orgulho.

“Sou sua filha minha eterna mãe, espero um dia lhe orgulhar da mesma forma que orgulhaste a Besther, orgulhar seu eterno pai e poder me orgulhar de meus próprios filhos...”

Ainda de pé observando as ações de Adela eu era pega de surpresa por Éloi, o sorriso maroto de meu irmão era um indicativo de que ele não havia mudado, por isso as risadas escapavam de meus lábios mesmo enquanto submersa.

Sentando-me no chão daquela fonte natural eu retirava a cabeça da água para respirar e mostrar a língua para Éloi diante de suas palavras, voltando minha atenção para Adela e sua explicação do que ela faria, era com certa preocupação que olhava para meu irmão perguntando de maneira séria.

– Você julga ser seguro deixar Estelle ouvir as verdades de Adela?

Esperando pelo momento perfeito, eu fazia a rapidez de meu corpo agir apenas para com as pernas entrelaçar os pés de Éloi e derruba-lo na água, da mesma forma que ele havia feito comigo, algo que me fazia rir ao me levantar e correr para me sentar em uma das partes mais altas da piscina.

– Eu não vou matar você mio querido fratello, deixo essa atividade para Estelle. Mas venha, nostra signora tem razão, sinto que temos muito a conversar e agora que a verdade de nossa linhagem me foi revelada é o melhor momento para isso. Ainda assim quero que saibas que estarei ao seu lado e sempre o verei como mio fratello mais velho sedento por alegrias e diversão, mas ainda assim meu irmão.

Respirando profundamente eu ainda tentava entender a extensão de minhas mudanças enquanto cuidadosamente arrumava o cabelo para torce-lo e retirar o excesso de água que o deixava pesado.

Off: Gasto 1 ponto de sangue para ativar rapidez
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime8/4/2021, 02:29

A sua pergunta fazia com que a figura de Éloi se concentrasse na ação de imaginar quais verdades poderiam ser ditas e os riscos que essas poderiam causar, afinal, a personalidade forte de Estelle sempre ela lembrada por aqueles que conviviam com ela. E era por causa dessa distração que a sua ação de derrubá-lo funcionava com perfeição!

Entretanto, apesar da engraçada imagem daquele alto e magricela homem caindo sem nenhuma resistência dentro da água, o vitae se comportava de uma maneira diferente dentro do seu corpo! Você sentia sua respiração sair do seu controle por breves segundos, seu coração batia vigorosamente e seu corpo inteiro ficava mais corado, como se você tivesse passado alguns momentos debaixo do sol! E quando você se sentava em uma das partes mais rasas da piscina você conseguia sentir um leve formigamento na sola dos seus pés, além da força que havia se concentrado nas suas panturrilhas, todas essas manifestações eram passageiras, como se fossem seus novos reflexos corporais, todavia, era difícil não notar esse emaranhado de novas percepções.

-É, por essa eu não esperava!

Comentava Éloi ao se levantar, sorridente o rapaz caminhava na sua direção enquanto falava.

-Sobre essa conversa entre Estelle e Adela, não acho que possamos fazer algo para impedir e ela precisa acontecer. Adela poderia ter escolhido abraçar Estelle e essa questão sempre as manteve distantes, entende? Como uma barreira invisível que sempre as separou e uma situação dessas pode ser envenenada em uma situação de corte, por exemplo. Especialmente em uma cena como essas que estão acontecendo por todas grandes cidades, onde mais jovens de sangue mais fraco se unem para derrubar antigos com sangue mais forte... É muito complicado...

Éloi fazia uma pausa, para respirar e por fim sentar ao seu lado e olhar para o teto por alguns momentos e enfim olhar diretamente para você, para dizer:

-Ela era uma mulher experiente, talentosa, educada em Milão, herdeira de uma família nobre. E eu era um filho de mercadores venezianos, ousado, atrevido e contador de histórias falsas e muita coragem e falta de noção. Eu sinceramente acredito que ela deveria ter sido abraçada no meu lugar, tanto que assim que pude entender minha condição, prontamente a abracei!

Éloi sorria ao comentar sobre sua decisão de abraçar Estelle, era algo que o sempre brincalhão e jovial rapaz não conseguia esconder, a admiração que ele sentia por Estelle.

-E ainda pior, nós fomos realmente casados em nossas vidas mortais! O primeiro esposo dela faleceu cedo e por questões comerciais e políticas, nossas famílias decidiram que seria prudente colocar o filho degenerado para se casar com a viúva experiente e prendada... Bom, de certa forma deu certo! Nosso casamento foi terrível, mas os frutos dele são eternos. Entretanto, existe aqui uma distinção, Estelle é a minha prole. Você, minha irmã, é prole de Adela e é natural que você venha a se tornar muito mais do que ela, independente da diferença de idade e mais uma vez, a barreira invisível retorna. Quando Estelle soube do seu abraço, ela ficou enfurecida por várias noites e chegou a jurar nunca voltar para cá... Mas não se sinta culpada por nada disso, eu mesmo não me sinto e não acho que seja egoísmo. É um assunto entre as duas e elas vão se resolver de alguma forma, disso eu tenho certeza.

Éloi então se movimentava, saindo do seu lado para sentar-se de frente para você, ambos estavam na parte mais rasa da banheira a poucos centímetros de distância da borda seca.

-Você está bem corada, por acaso ativou algum dos seus poderes? Como seu coração ficou? Não se preocupe que aos poucos você vai se acostumando, mas meu conselho inicial é: Não deixe de explorar suas novas condições para que elas não venham a te surpreender quando estivermos em Marseille. Existem muitos cainitas que odeiam a humanidade, que a encaram como fraqueza ou que simplesmente não conseguem lidar com ela, uma expressão como essas poderia ser ofensiva para essas criaturas tristes.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime8/4/2021, 17:53

Por alguns instantes diante da postura centrada de Éloi cheguei a hesitar em continuar na pequena brincadeira, porém o impulso de continuar ganhava força e ver meu querido irmão cair na água sem nenhuma resistência me fez rir.

A risada se perdia quando as estranhas ondas de sensações tomavam meu corpo durante o uso dos poderes de meu sangue, meu coração batendo com rapidez e a respiração descompassada me surpreendiam ao ponto de me fazer sentar com pressa e encolher minhas pernas em uma ação de proteção.

Tentando controlar minha respiração eu ainda sentia a minha pele mais quente do que o normal, um indicativo de que eu estava corada, ainda assim eram as primeiras palavras de Éloi que me faziam rir de verdade, entrelaçando minhas pernas eu ria ao dar de ombros enquanto comentava.

– Eu disse que não te mataria, mas isso não quer dizer que não sei brincar!

Ajeitando-me para abrir espaço para Éloi ao meu lado na parte rasa da piscina de água quente, suas palavras me faziam observa-lo com curiosidade, aquela era mais uma faceta da personalidade de meu irmão que agora com a proximidade eu começava a conhecer.

“Ele admira Estelle como poucos homens admiram suas próprias mães... Mas essas feridas de que Éloi fala, será que elas já não estão envenenadas? Será doloroso para todos se isso for real.”

Suspirando com calma eu via meu irmão se sentar à minha frente e demonstrar sua preocupação com as sensações que sentia causadas pela mudança do vitae de Miguel, sorrindo com calma eu tomava uma de suas mãos para beija-la com carinho e responde-lo.

– Usei minha rapidez, fiquei em dúvida se a brincadeira teria represálias ou não, então decidi não arriscar.

Brincando com as linhas da palma de Éloi eu suspirava ao responder com calma sua pergunta.

– Meu coração bateu como se eu estivesse viva e em meio a uma corrida animada, uma das que eu dava entre os campos de girassóis nas tardes quentes e chuvosas da Toscana, minha respiração se descontrolou completamente e até meus pés e panturrilhas ficaram dormentes. Tens razão em dizer que muitos cainitas amargurados encarariam isso como uma fraqueza, muitos encaram os mortais a sua volta como ovelhas selvagens a serem tosquiadas das sombras.

Soltando a mão de Éloi eu me aproximava para com carinho tomar-lhe as faces e lhe beijar a testa com carinho, sentando-me ao seu lado era com calma que apoiava minha cabeça em seu ombro para então comentar.

– Vou aproveitar esses dias de sossego para aprender a lidar com a herança de Besther, mas ficaria feliz se você pudesse me ajudar, sua experiência com a Corte vai muito além do que a minha como vassala.

Fechando os olhos por alguns instantes, eu respirava com calma acalmando meus sentidos e preocupações, afinal ainda havia algum tempo antes de ser iniciada no jogo da corte de Marseille.

– Agora quanto Adela e Estelle... Eu sou uma filha de comerciantes que ascendiam, os vinhos produzidos em nossa vinícola não eram os melhores, mas ainda assim eram o orgulho de meu pai. Posso entender a mágoa de Estelle quando eu fui escolhida para ser prole de Adela e ela não, julgo que se eu estivesse na mesma situação também me sentiria ofendida. Eu já havia aceitado ser prole de Elonzo quando estivesse pronta, mas o destino ou a vontade de Adela assim não o quiseram... De qualquer forma, a conversa entre às duas era inevitável, mas é nosso dever, o meu como prole e o seu como senhor cuidar para que as arestas entre às duas sejam cuidadosamente polidas, para que nenhuma ferida seja esquecida e supure, e se puder com carinho lembrar a Estelle que eu a admiro por favor o faça, ela é o exemplo de mulher e mãe que quero seguir, e mesmo que agora eu não possa ter crianças da minha carne posso ao menos ter proles de meu vitae, e todos eles aprenderão com Estelle e a amaram com eu a amo.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime22/4/2021, 02:34

Sentados lado a lado na parte mais rasa daquela enorme e ancestral sala de banho vocês seguiam o diálogo após a saída de Adela. Éloi escutava suas palavras com atenção, ele já não parecia estar tão distante quanto outrora e tão pouco demonstrava os traços mais sérios e até "antigos", ao seu lado e a sorrir de maneira gentil, estava o Éloi que você estava a se acostumar a lidar, um rapaz eternizado no alto de sua juventude e naturalmente feliz por estar vivo.

-Veja, acredito que hoje o sentimento de Estelle direcionado à você seja positivo ou no mais extremo, neutro. Mas de qualquer forma eu concordo com todas as suas palavras sobre a relação entre elas e entre vocês, na realidade, todas nossas relações deverão receber mais atenção desse momento em diante. Não seremos apenas herdeiros da mesma linhagem, todos nós vamos significar algo para os olhos de todos os cainitas da futura corte e de todas as cortes próximas, haverão muitos que irão nos admirar, muito que irão nos odiar e outros que vão se remoer de inveja. Qualquer pequena rusga, qualquer pequeno contraponto e por menor que possa ser a briga interna, ela pode ser transformada em uma tempestade por mãos envenenadas e com disposição para o mal.

Fazendo uma curta pausa, Éloi olhava diretamente para você e com suavidade, passava a ponta dos dedos pelos seus cabelos, ajeitando-os atrás da sua orelha, para então dizer.

-Apesar de sua pouca idade, já existe uma sabedoria natural dentro de ti, você será uma Senhora maravilhosa para suas proles e uma Matriarca fenomenal para nossa linhagem, tenho certeza disso.

Desenhando um sorriso brincalhão no rosto, ele ainda adicionava:

-Além de ser una bellissima ragazza!

Rindo sozinho ao imitar um péssimo sotaque italiano, bem bonachão, o rapaz seguia rindo por mais alguns instantes para enfim finalizar:

-Enfim, eu prometo que irei ajudar você em todas as questões que você desejar, especialmente agora que Adela terá muitas obrigações, será uma honra compartilhar meus conhecimentos contigo, tanto sobre a nossa condição única e hereditária, quanto sobre os desdobramentos sociais da corte Cainita. A primeira dica, por agora, é sobre o que você sentiu quando ativou seus poderes físicos... Daqui em diante, toda vez que você utilizar o vitae para aprimorar suas capacidades físicas, você sentirá a região aquecer, se tornar mais sensível, mais vívida e até mais tátil, é uma forma que a vida que nosso sangue carrega tem de reanimar as condições da nossa maldição, para que seja possível manifestar essa força sem romper a nossa carne ou ossos... Afinal, nós conseguimos sobrepor qualquer limite humano com facilidade, por tanto, existe essa compensação energética, que é simbolizada pelo calor corporal, a super sensibilidade tátil e especialmente os leves tremores referentes a circulação do vitae. Entende?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime23/4/2021, 17:34

A estranha proximidade com a figura de Éloi ainda me era uma novidade, mas aos poucos era mais fácil compreender por fim quem era meu irmão mais velho, o sempre e jovial rapaz eternizado na flor da idade agia conforme sua aparência e seu amor pelo simples ato de estar vivo talvez fosse sua maior dadiva.

As palavras de Éloi sobre Estelle e o maior cuidado que teríamos que ter com nossos laços familiares me fez concordar com um breve aceno, era inegável que o nome de Adela atraísse para sua linhagem sentimentos positivos e negativos dos cainitas que nos rodeavam e dentro de uma corte tais sentimentos seriam explorados com afinco pelos mais ambiciosos.

“O tempo que passei na corte de Florença foi tão pouco, e um vassalo não tem tantas oportunidades quanto um cainita. Éloi esta certo, será bom mantermos os laços de nossa linhagem firmes e saudáveis, caso contrário eles serão usados contra nós.”

O pequeno carinho de meu irmão ao arrumar meus cabelos e sua pequena piada me faziam rir, balançando a cabeça afim de fazer com que meus cachos ficassem soltos era rindo que respondia a Éloi.

– Mas eu sono sempre stata una bella ragazza!

Dizia enquanto levantava o queixo e um claro desafio, porem no fim era rindo e me encolhendo que admitia em um tom jocoso.

– Quer dizer, isso quando eu não estava suja de pó de mármore até o pescoço ou de lama porque resolverá que era uma boa ideia moldar o barro para testar uma ideia. Devo admitir que minha nona teve trabalho em me manter limpa durante a infância.

Ouvindo o tom mais instrutivo de meu irmão, era com curiosidade que tocava em minha panturrilha, o calor e os tremores que havia sentido após o uso de minha força sanguínea ainda estavam frescos em meu corpo, e a curiosidade sobre a herança iluminada de Miguel ainda me consumiria por diversas noites.

– Entendo, nossa herança contrapõe a força que fazemos que nossos corpos não saiam feridos, e como força gera calor sentimos o eco disso no lugar onde a maior força foi feita. Sei que alguns cainitas conseguem simular esses ecos com certo esforço, pude observar isso na corte de Florença, mas acredito que o que temos seja mais natural, ou ao menos mais forte.

Tomando uma das mãos de Éloi era com um suave beijo que lhe sorria, apenas para no fim morder de maneira leve e rir com a brincadeira, porém voltando meus olhos para meu irmão minhas palavras eram soavam de maneira séria.

– Ouça, eu posso ter certa sabedoria se comparada a minha pouca idade como cainita, mas não irei tomar de Estelle a figura de matriarca a qual ela desempenha, não seria justo ou certo, mas se por ventura um dia ela vier a adormecer não terei medo deste papel. Mas até lá serei a aprendiz que o conhecimento de vocês precisa que eu seja. Agora me diga mio amato fratello, existe algo que o incomoda? Porque em meu coração não reside mais nenhuma dúvida.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime29/4/2021, 12:00

Éloi mantinha um delicado sorriso no rosto, confortável com a conversa e a sua presença o rapaz não só estava com a guarda baixa, mas como também transparecia seus sentimentos e impressões com fluidez e nitidez.

-Sim, você tem razão nessa conclusão. Existem cainitas que conseguem manifestar esse calor corporal ou até se reconectarem com suas humanidades ao ponto de se alimentarem de outras fontes de nutrição, respirar ou até mesmo manter relações intimas... Mas são simulações, estímulos forçados. A herança de nosso Patriarca nos permite ir além dessas simulações, ela faz com que nós possamos de fato vivenciar instintivamente e naturalmente essas manifestações corporais típicas dos humanos.

Em seguida o rapaz acabava por rir ao receber a mordida nas mãos, surpreso com essa sua ação o mesmo não deixava de achá-la divertida. E ao notar a seriedade da sua última fala, o mesmo prontamente a respondia:

-Em primeiro lugar, acho que é fundamental que você tenha total certeza de sua decisão. Todos entenderiam caso você desejasse a clama na ausência de Adela, tu és prole direta dela. Mas optar pelos mais antigos sempre fará de você uma jovem bem vista pelos mais antigos. E certamente deixará Estelle mais segura de si. E com ela segura em seus sapatos, nossa linhagem inteira ganha uma rosa poderosa e confiante dentro da corte... Agora se existe algo que me incomoda? Várias coisas, se eu tivesse o poder eu mudaria muitas coisas nesse mundo!

O rapaz sorria e então se colocava de pé, esticando a mão na sua direção em um convite para que você se levantasse.

-Brincadeiras a parte, é preciso falar dos custos, algo que Adela normalmente ignora por já carregar dentro de si essa semente dês de sua criação. Saiba que tudo nesse mundo tem um valor, um custo e o que nós pagamos para mantermos a herança de Miguel ativa em nossos corpos é o consumo dobrado de sangue para a nossa nutrição. Isso já causou problemas para muitos de nós, especialmente em momentos de guerra ou a depravação mais sórdida dos prazeres carnais... A nossa alimentação se torna complexa, sentimos menos fome e ao mesmo tempo, precisamos de mais nutrição do que qualquer outro e por isso, somos expostos aos prazeres da alimentação por longos períodos de tempo. Já pude ver alguns se perderem no vício desse sentimento e se transformarem em verdadeiros Caligulas descontrolados. E também já vi alguns esquecerem de se alimentar e definharem em seus refúgios... Esse será seu maior desafio, é o preço que criou hereges, ceifou vidas e silenciou muitas outras.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime1/5/2021, 11:56

O sorriso delicado e simples de meu irmão fazia com que meu corpo relaxasse, as mudanças pela qual havia passado ainda me eram novas por isso custosas de compreender em sua totalidade, ainda assim eram nas palavras de Éloi que me concentrava, afinal aquela era uma das raras conversas que poderíamos ter sem medo de sermos julgados.

“Mesmo amaldiçoados ainda podemos nos reconectar com o sopro de vida que abandonamos, deve ser um caminho árduo e solitário.”

A risada de Éloi diante de minha brincadeira apenas me fazia sorrir, já que a seriedade de minhas palavras se fazia presentes e era essencial que meu irmão as compreendesse.

– Tenha certeza de que não estaria a comentar com você esta decisão se eu já não estivesse decidida quanto a isso. Sei bem que dar a preferência aos mais velhos sempre me deixará em bons lençóis com aqueles que adoram as tradições, também entendo que a força de minha geração me dá certas regalias das quais eu poderia muito bem tirar proveito. Mas é certo que Estelle tem mais experiência e com certeza essa experiência me superaria em muito, além disso, posso aprender com ela e tens razão quando dizes que se Estelle estiver segura de si todos nós ganharíamos. Além disso, eu não conseguiria levantar a voz com ela, afinal ela tem todo o direito de puxar minhas orelhas.

Observando os movimentos de Éloi era com calma que aceitava sua ajuda para me levantar, o peso de suas palavras sobre o custo de nossa herança me deixava preocupada, já que aquele era um detalhe que mudaria em muito minha vida como cainita.

– Não acredito que ela ignore o custo, apenas já esta mais acostumada do que nós, ou em seu entendimento este custo sempre foi o que conheceu. De qualquer forma tens razão é algo realmente perigoso em todos os sentidos, e é algo que terei de me atentar, principalmente enquanto não tiver o total controle e consciência sobre as mudanças. Mas me digas mio amato fratello, como vem sendo sua alimentação? Isso me daria uma ideia de como seguir de forma saudável com nossa herança.

“Acredito que seja melhor eu permanecer com as taças por mais tempo, me alimentar direto da fonte pode ser perigoso.”
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime15/5/2021, 11:17

Éloi sinalizava positivamente com a cabeça, enquanto ainda segurava a sua mão após tê-la oferecido para lhe ajudar a se colocar de pé, para se corrigir:

-Tens razão, ela não ignora, é realmente uma questão de já vivenciar esse preço rotineiramente à séculos. Além disso, agora consigo entender que o preço é baixo se comparado aos benefícios, porém, jamais poderá ser ignorado.

Com gentileza, o alto e esbelto homem soltava a sua mão para apoiar as próprias mãos na cintura e ouvir a sua fala final e mais preocupada, respirando por alguns momentos ele claramente pensava e analisava como iria responder a uma pergunta sobre a alimentação.

-Bom, minha irmã, essa é uma questão complicada. Acho que preciso começar a explicar ela pelo início, então vamos lá, quando fui abraçado eu recebia o nosso alimento por taças e jarros, sem sequer imaginar de onde vinha essa nutrição, afinal eu tinha fome e precisava. Quando precisei passar a ter que encontrar caminhos para me alimentar por conta própria, tomei uma decisão inicial de imaginar a minha fonte perfeita, ou seja, quais seriam as características que as pessoas teriam, aparência, profissão, educação, status social, enfim... Tudo que faz da pessoa importante e presente nesse mundo, para que a minha própria consciência sentisse o peso de tirar dela uma porção de sua vitalidade e assim, obrigar a minha culpa e vergonha a trabalharem juntas contra os meus instintos e fome.

Fazendo uma curta pausa, Éloi então retomava a fala:

-Mas é importante lembrar, eu ainda precisava de ajuda. Escolhi primeiro um vassalo de confiança e o lecionei algumas das nossas habilidades sobrenaturais para que ele pudesse encantar essa fonte de alimento e através de sedução, gentilezas e bons tratos, conquistar esse sangue a ser derramado. Eu só entrava em contato com o sangue, diretamente, quando o mesmo estava bem distante de sua fonte original. Só quando eu me senti confiante, passei a me alimentar diretamente da própria fonte e mesmo assim, mantive as mesmas regras de respeito e até mesmo, admiração por quem iria me ceder a vitalidade necessária para suprir os meus desejos por sangue.

Desenhando um sorriso debochado ele então concluía.

-Por sorte, Deus me abençoou com esse charme natural. Então, jovens inocentes passaram a serem presas inevitáveis para o meu encanto!

Concluía o rapaz, rindo sozinho do próprio exagero.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime17/5/2021, 18:51

O toque de nossas mãos me fazia sorrir, mas minha atenção se voltava para a complexa explicação que meu irmão dava, as pequenas escolhas de como se alimentar garantindo a segurança do mortal que sedia seu sangue até o real ato de se alimentar me faziam ponderar sobre a situação.

“Diversos cuidados para que ninguém fosse ferido ou corresse perigo, Éloi esconde muitas facetas sob o manto da que escolheu carregar.”

Rindo diante da brincadeira de Éloi sobre suas habilidades de encantar a todos eu concordava com um breve aceno, puxando a mão a qual ainda mantínhamos contato eu a mordia para rindo responde-lo.

– Sim, o encantador Éloi! Pelos céus, noite passada foi um alívio sair da sala de visitas tão apinhada de cainitas entediados! Embora a visita guiada de Estelle não tenha ajudado em nada depois disso.

Ainda rindo eu respirava com profundidade enquanto fechava os olhos e relaxava, usando minhas mãos para torcer a água de meu cabelo ainda molhado era com um suspiro calmo que por fim comentava de maneira mais séria.

– Posso compreender seus cuidados, e fico feliz que já se sintas seguro o suficiente para fazer sua alimentação diretamente da fonte. A forma que escolheste lidar com essa problemática é provavelmente a mesma que usarei, ainda não possuo a autorização de ter um vassalo então tenho algum tempo para aprender a lidar com o consumo maior de sangue. Além disso, sempre me senti bem com as taças então permanecer por mais tempo dependente delas não me parece algo tão custoso.

Olhando em volta para a fonte termal que escondida sobre os segredos de Adela eu sorria com um leve suspiro, se pudesse passaria a noite toda ali aproveitando da água quente e do ambiente antigo, mas haviam visitas a serem entretidas e o resultado da conversa de Estelle e Adela para ser descoberto, coisas demais que precisavam de atenção e cuidados.

– Creio ser melhor não nos demorarmos mais, provavelmente a falta de nossa presença já deve ter sido sentida e temos visitas demais para iniciar um rumor desnecessário. Além disso, já existe algum jogo politico em movimento, pelo menos o monsieur Bertrand demonstrou sua curiosidade sobre os desejos de Adela de retornar ativamente a corte, e seria de muito interesse nosso que protegêssemos o jovem monsieur Nathanael das brincadeiras de Anatole, ele com toda a certeza se aproveitara da inocência sobre nossa natureza de Nathanael.

Comentava rindo ao simplesmente lembrar das diversas mentiras que Anatole já havia contado ao inocente Lambert.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime4/6/2021, 11:39

-É importante não acelerar nenhum dos seus pequenos processos de mudança, hoje foram vários, mas seus ecos serão sentidos aos poucos e as vezes poderão passar até despercebidos. Então, use com muito cuidado o tempo que essa bênção/maldição nos concede...

Dizia Éloi, sorridente por causa das brincadeiras e o tom leve que se mantinha presente nessa conversa mantida por vocês dois. Diante da sua indicação de saída e retorno aos olhos dos demais, Éloi sinalizava positivamente com a cabeça, concordando com a sua fala e então, já se direcionava para a saída da fonte termal, para se direcionar diretamente aos armários antigos de toalhas e retornar com algumas em mãos, lhe estendendo duas enquanto respondia:

-A política jamais sairá dos nossos arredores, por mais venenosa que ela seja. Por isso é sempre bom lembrar dos espinhos que possuímos... Mas sinceramente, eu não gostaria de ser Nathanael, são sapatos grandes demais para serem vestidos sem auxílio algum e uma víbora treinada a espreitar por uma oportunidade... Nessa analogia, Anatole é a víbora é claro!

Éloi ria ao comprar o sempre sarcástico e engenhoso Anatole. Para em seguida indicar:

-Tenho uma ideia, talvez, entre todos os presentes, você seja a única capaz de realmente empatizar com o jovem Nathanael. Porque não o faz uma visita amistosa enquanto eu dedico um pouco do meu tempo para dar atenção aos anseios políticos do jovem Bertrand?! O que acha?

Indagava Éloi, esperando a sua resposta enquanto usava as demais toalhas para secar o excesso de água dos cabelos e do próprio corpo.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime5/6/2021, 17:45

O tom alegre e gentil de Éloi fazia com que eu mantivesse um sorriso no rosto, suas palavras aconselhadoras, porém eram ouvidas com atenção, principalmente sobre os ecos que ainda aprenderia a reconhecer e sentiria.

“Espero que neste caso o tempo seja uma benção. As mudanças irão se revelar e eu preciso estar atenta, é a herança de Miguel merece o devido respeito.”

Seguindo Éloi era com alívio que o via pegar as toalhas no velho armário, recebendo o tecido em mãos era com calma que enrolava meu cabelo em uma das toalhas para com a outra começar a me secar, ainda assim as palavras de meu irmão me chamavam a atenção, principalmente quando elas se referiam a Anatole.

– Por mais que eu saiba que a política nunca deixa de nos rondar, não penso que seja justo desdenhar dos menos preparados. Um dia Anatole poderá encontrar uma víbora tão ardilosa quanto ele e esse sim, seria um embate interessante.

Tomando o cuidado de enxugar meu corpo era com calma que me concentrava em retirar o excesso de água de meu cabelo, penteando meus cachos com os dedos eu sorria com a ideia de Éloi, já que meu irmão conseguiria responder as angústias politicas de Bertrand melhor do que eu.

– Esta é uma ótima ideia, assim posso ao menos proteger Nathanael de nossa víbora favorita, ou simplesmente lhe oferecer alguma palavra de consolo. E bem você com toda a certeza tem uma ideia melhor dos planos de Adela do que eu, isso deve ajudar ao monsieur Bertrand a sossegar sua curiosidade.

Por fim balançando minha cabeça para deixar meu cabelo mais solto, meus olhos buscavam a nossa volta as roupas das quais havíamos sido despidos, olhando para Éloi eu sorria ao perguntar curiosa.

– Por acaso Adela não lhe disse quais seriam as regras das vestimentas de hoje não é?!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime15/6/2021, 14:38

Seus dedos sentiam a suave diferença na textura dos seus cachos enquanto você os penteava afim de remover o excesso de água contidos nos mesmos, era algo suave, mas que a fazia recordar da sensação de ter um cabelo em constante crescimento e desenvolvimento que reagia de diferentes formas de acordo com as formas de lavagem e possíveis cosméticos utilizados. Éloi fazia um simples sinal para que você o seguisse enquanto ele a respondia:

-Além disso, eu tenho um pequeno favor a lhe pedir a respeito do jovem Nathanaël Barthet... O mesmo é prole de Adrienne Daucourt, antiga Príncipe de Sangue da Corte de Marseille. E digamos que os últimos momentos de sua Senhora são um mistério que precisa de respostas, ainda não sabemos quem de fato a executou e talvez ele seja o único capaz de prover alguma informação...

Éloi fazia uma curta pausa para se abaixar a frente de um baú largo e antiquíssimo de madeira, para abri-lo e de lá tirar dois roupões de seda forrados internamente por uma grossa e confortável camada de algodão. Entregando um à você, ele completava a fala:

-Não estou pedindo para que você extraia isso dele, mas apenas que você consiga fazê-lo entender que ele é muito importante para o futuro de todos nós. E bem, sobre as vestimentas, Adela não comentou absolutamente nada até agora, acho que essa noite será mais livre nesse aspecto, ela tem muito à fazer e como você pode ver, ela está empolgadíssima.

Sorrindo, Éloi se vestia com o roupão e respirava fundo.

-Vamos?! A noite está apenas começando e ela certamente será memorável!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime16/6/2021, 19:06

A suave mudança em meus cachos me surpreendia, sentir a vida correr novamente por meu corpo era algo único e a curiosidade de até onde as mudanças iam me enchiam a mente de forma avassaladora.

“Será que meu cabelo vai voltar a crescer? Como os outros membros percebem essa mudança?”

Ainda perdida em meus próprios pensamentos meus olhos se voltavam para o simples gesto de Éloi de estender o roupão, ali sorrindo eu aceitava a peça de roupa respirando ao prestar minha atenção nas palavras de meu irmão, o pedido relacionado a Nathanael me fazia encara-lo por alguns segundos.

– Ele é prole da antiga Príncipe. Agora posso entender os calçados grandes demais que lhe foram dados. Não acredito que o forçar a me responder qualquer questão seria o correto.

Enrolando-me no roupão quente era com calma que torcia uma ultima vez meus cachos para então deixa-los soltos a minhas costas, cuidando para que o roupão estivesse bem preso eu sorria ao responder Éloi.

– Tomarei cuidado com essa questão, pelo que pude perceber o abraço dele talvez não tenha sido premeditado, ou talvez tenha sido uma tentativa de desviar a atenção. Se por acaso o jovem monsieur Barthet se sentir confortável em dividir suas experiencias, comigo serás o primeiro a saber mio fratello. Mas talvez essas sejam respostas que nunca teremos.

Comentava a figura de Éloi, sua alegria para iniciar aquela noite me fazia sorrir, descobrir que não haveriam tantas regras sobre as vestimentas me deixava relaxada, algo que era inevitável já que a guerra entre vontade de Adela e Estelle era um terreno perigoso de se adentrar ou participar.

– Bom vamos ser sábios e aproveitar o tempo de tranquilidade que ainda nos resta, porque quando Adela finalmente começar a mover suas peças, nos restará pouco tempo de descanso.

Olhando por alguns momentos para a fonte termal era com um suspiro que me despedia daquela lugar, afinal a noite estava para começar e eu ainda precisava me vestir, virando-me para Éloi era com um gesto suave que indicava que ele deveria ir à frente, afinal era ele que conhecia o caminho.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime30/6/2021, 11:46

-A prole de um Príncipe sempre tem uma história complexa e sangrenta a ser vivida, é ainda pior quando esse Senhor caí e não é mais a cabeça que carrega a coroa, afinal, os inimigos ainda existem e os aliados e privilégios, não.

Finalizava Éloi com um tom calmo de voz, quase como se tivesse a lhe contar um conselho ou algo similar. Para então, assim que estivesse totalmente vestido novamente, pudesse lhe acompanhar até a saída daquele local secreto e belíssimo que existia dentro das propriedades da sua linhagem. Seu irmão mais velho de abraço reduzia propositalmente a velocidade da caminhada, para que você pudesse aprender as passagens secretas e desvios necessários para que fosse possível acessar o local que vocês haviam acabado de deixar para trás. E assim que vocês retornavam para os corredores da mansão central da propriedade, ele se virava para se despedir com palavras breves e um beijo na sua face esquerda.

-Os convidados estão todos na mesma ala, cada um deles em um quarto separado com a diferença dos irmãos, acredito que o jovem monsieur Barthet estará no quarto de cobre, masi ao sul. Até logo!

Dizia Éloi, que enfim partia para deixá-la a sós nos corredores da mansão. E era ali, sozinha dentro dos mais seguros e calmos corredores daquela belíssima e sempre bem decorada mansão que você era capaz de voltar a ouvir, ainda de maneira muito tímida e fora de ritmo, o pulsar do seu coração. Era algo que para os mortais certamente passaria despercebido, mas já haviam tantos anos que o silencio era o esperado que o som, delicado e suave, ressoava como um verdadeiro marcador de uma nova experiência de existência.

Hall Central:

Seguindo as indicações apontadas por seu irmão mais velho de abraço, você seguia até alcançar o Hall Central da mansão que dava acesso a praticamente todas as alas e divisões do enorme casarão/palacete que vocês habitavam. Porém, para sua própria surpresa o homem que você estava a procurar estava justamente sentado, sozinho, na parte baixa do Hall Central. Em silêncio ele parecia olhar atentamente para uma anel dourado que estava na palma de sua mão direita. Nathanaël Barthet era um jovem de cabelos loiros, olhos castanhos e um porte naturalmente esperado de um nobre no auge de sua juventude, porém, sozinho e sem suas roupas militares o mesmo parecia deslocado. Além disso, ele olhava com tamanha atenção para a joia que segurava que sequer havia notado a sua presença no andar superior.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime4/7/2021, 19:23

As palavras de Éloi me faziam encara-lo por alguns instantes, a experiência de meu irmão mais velho era inegável e aquele era um conselho importante de se considerar, principalmente quando a recém-abraçada prole da Príncipe estava sobre a proteção de nossa senhora.

“Um destino cruel e solitário... Cair em inimizades que talvez ele nunca realmente descubra a existência até ser tarde demais. Espero que nossa linhagem possa ao menos proporcionar um pouco de alento a ele.”

Ainda pensativa com as palavras de meu irmão era com calma que o seguia, mesmo em meios aos meus pensamentos era fácil notar o cuidado de Éloi em me dar tempo para decorar o caminho até aquele esconderijo, algo que me fazia sorrir com carinho.

“Aqui seria um lugar perfeito para me esconder de Estelle, principalmente quando ela tiver reais motivos para me castigar!”

Suspirando ao sair dos corredores que escondiam a antiga fonte era com atenção que escutava a figura de Éloi, tomando uma de suas mãos eu a beijava com carinho ao concordar com um breve aceno as suas palavras e breves despedidas.

– Sim, os irmãos foram postos nos quartos dos estudantes, Adela quis deixar claro que eles estavam seguros, mas que era um favor prestado ao monsieur Pasquier, de qualquer forma acredito que tenha sido melhor assim, afinal eles podem apoiar um ao outro depois do que lhes ocorreu. Até mais mio amato fratello.

Com a breve despedida de Éloi o silêncio tão natural de minha existência como cainita dava lugar a uma nova experiencia, o som tímido de meu próprio coração batendo me surpreendia e por alguns instantes nada mais era tão importante quanto aquele singelo som.

Era suspirando que me esforçava para despertar de meus pensamentos, ainda de roupão era inevitável que corresse em direção do meu quarto, procurando evitar os corredores mais movimentados do casarão meus pés me levavam de volta a segurança de meus aposentos, ali rindo comigo mesma me entregava ao luxo de rir com a felicidade que preenchia meu peito.

“Sei que não estou viva, mas senti tantas saudades desse som, uma pena que só tenha aprendido a apreciá-lo quando ele já não me pertencia mais.”

Balançando a cabeça para me concentrar no início da noite, era com calma que terminava de enxugar meu cabelo e o penteava com cuidado, só depois desta pequena tarefa é que escolhia o vestido da noite para então me vestir e finalmente sair do quarto, carregando na mão sapatilhas simples, porém confortáveis.

“Espero que a regra de permanecer sem sapatos continue, mas de qualquer forma posso leva-los por segurança.”

Vestido usado:


Voltando até o Hall Central do palacete era com surpresa que encontrava a figura de Nathanael, ali em ao luxuoso salão o rapaz de cabelos loiros parecia perdido, da mesma forma que eu estivera e às vezes me sentia, atento ao anel que segurava era claro que Nathanael não havia me visto, me aproveitando disso era com calma que me aproximava, respirando profundamente eu sorria ao perguntar de maneira educada.

– Buonna notte, eu poderia me sentar aqui e tentar escapar de toda aquela formalidade da noite passada?!

Dizia ao usar as sapatilhas para delicadamente apontar para o assento mais próximo de Nathanael.


Última edição por Jess em 18/8/2021, 17:07, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime7/8/2021, 01:24

Os olhos castanhos claros do jovem Nathanaël Barthet se levantavam com agilidade na sua direção, enquanto a mão que outrora estava aberta e a exibir um anel, se fechava ainda mais veloz que o olhar do rapaz. Levando a mão fechada ao bolso, o mesmo se levantava para fazer uma curta reverencia para lhe saudar quando você fazia a sua aproximação.

-Boa noite Mademoiselle Rafaldini, claro claro, por favor...

Havia na fala do jovem uma marcação sutil, o sotaque francês que o mesmo replicava com maestria parecia soar treinado demais para seus ouvidos, seus anos ao lado do sempre sagaz e esperto Príncipe de Florença poderiam lhe afirmar que o jovem não era nascido em nenhum território da coroa francesa, pelo contrário, ele tinha ascendência germânica! O rapaz fazia um gesto para lhe apontar o assento mais próximo ao qual ele estava sentado anteriormente. Ainda de pé, o mesmo observava as sapatilhas que estavam em suas mãos.

-Mademoiselle, perdoe-me a insolência da pergunta, sei que buscas por um refúgio das formalidades da corte, mas... Acho que é a primeira vez que vejo uma Mademoiselle se deslocando no interior de sua residência sem sapatos.

Nathanaël terminava de fazer a pergunta, voltando a se sentar e a olhar diretamente na sua direção, claramente curioso com o fato das suas sapatilhas estarem em suas mãos.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini    1º Arco - 4ª Ato: Narrativa de Pietra Rafaldini   I_icon_minitime

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