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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas

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Danto
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MensagemAssunto: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime12/9/2020, 01:03


28 de Abril de 2010, Noite de Quarta-feira.
Vereda Corta, 3, 28109 Alcobendas Madri, Espanha

Casa/Domínio de Raúl:

Dentre os vários luxos e novos conceitos pelas rosas à cidade de Madrid, a mais disputada nessas novas noites onde o conforto e a segurança eram fundamentais, eram as chamadas as "las urbanización", que consistiam em pequenas vilas reconstruídas em áreas que orbitavam a cidade de Madrid, recriando uma nova estrutura completamente inovadora, parques eram feitos de terrenos de areia, casas fantásticas e tão imponentes quanto os antigos palacetes eram construídas sobre colinas e tudo era planificado, planejado e perfeitamente preparado para acomodar todas as necessidades que um membro do Sabá de Berlim merecia, isso é claro, se este tivesse a possibilidade de pagar por um... E para você, herdeiro de uma das mais poderosas linhagens e empresário de sucesso, o dinheiro nunca era uma questão a ser debatida, assim sendo, mesmo com a notícia dos assassinatos na cidade e a crescente onda de violência, nada havia mudado em sua vizinhança.

A noite de quarta-feira havia se iniciado de uma maneira natural, confortável e corriqueira, Benício havia lhe passado algumas pautas importantes sobre os novos investimentos feitos pelo bando dos Los Blancos que se deleitavam com o sucesso internacional da marca que possuíam, Talia Beltran, Ductus do bando estava a sua procura, na intenção de marcar uma conversa de negócios sobre o time de maior sucesso na cidade.

Como de costume, você estava em seu escritório, pronto para realizar a ligação à Ductus dos Los Blancos quando um vento misterioso e silencioso demais se chocava contra o vidro do escritório. Uma lufada suave, fria como apenas o inverno poderia ser, essa fazia com que as portas de vidro que se abriam vagarosamente em uma manifestação claramente sobrenatural. Algo ou alguém estava se aproximando! Prontamente, seus instintos entravam em ação, o seu vitae corria pelo teu corpo em uma ação defensiva e as sombras já se afiavam em formações geométricas longas e pontiagudas.

1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas Home-stratosphere

Entretanto, algo que você havia visto ocorrer décadas atrás, em uma presença tão poderosa e misteriosa que já não tinha como mais existir, voltava a ocorrer. As sombras que você controlava pareciam frágeis, perdidas, rasas... A presença que se aproximava era mais poderosa, mais antiga e muito mais conectada do que você era ao Abismo. Prontamente sua mente o fazia transitar entre as terríveis memória da noite em que você havia se encontrando com a figura de Agustín Cazalla!

Diante da varanda que se localizava na área externa do seu escritório uma sombra começava a se construir, essa sombra possuía a silhueta de uma mulher e a presença de uma verdadeira rainha. Era um encontro misterioso, talvez com uma criatura do próprio abismo! Mas incontáveis perguntas corriam pela sua mente enquanto seus instintos tentavam buscar explicações rápidas para tudo aquilo que estava a ocorrer.

O vento frio se tornava gélido como o vento dos alpes. Seus aparelhos eletrônicos começavam a falhar, a luz elétrica que iluminava o ambiente se tornava frágil, trêmula e inconstante. Uma outra lufada de vento adentrava o seu escritório e rumava na sua direção, trazendo a voz feminina e poderosa de uma antiga do Sangue:

-Boa noite, Raúl. A ocasião me faz ignorar as tradições e por isto, adianto a ti minhas condolências, rogo por estas com veemência e ficaria furiosa se o mesmo ocorre comigo em meu próprio refúgio, por tanto, venho a ti com um pedido formal de que permitas meu acesso a vossa presença nesse exato momento.

A voz fazia uma curta pausa e seguia em seguinte a dizer:

-Tu deves me conhecer pelo título de a Traidora. Todavia, atendo por Lucita de Aragão. E pude descobrir que seria vossa senhoria um dos poucos membros de nosso clã capacitado nas artes do Abismo. Por isso, precisaria do teu auxílio em uma questão pessoal. Qual é a tua resposta, Raúl?

Indagava a voz que parecia estar a cada instantes mais próxima!
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime12/9/2020, 22:20

Legenda:

Sentado em minha cadeira, analisando os documentos que Benício havia deixado e já com o celular em mãos para ligar para Talia, a sequência de eventos sobrenaturais me fazia largar o aparelho sobre a mesa para me levantar lentamente e olhar para a sacada de meu escritório.

Com o sangue fluindo em meu corpo, as sombras ao meu redor respondiam ao meu chamado para armar minha defesa contra o ser que ousava entrar meus domínios sem o devido convite. Porém, quando este ser começava a se aproximar, os meus olhos notavam a reação de minhas sombras para então perceber que aquela não era uma presença comum. Por um breve momento eu sentia um calafrio que trazia a lembrança de uma outra presença tão potente quanto aquela.

Fechando os olhos por um momento para me concentrar e focar minha atenção aos ecos do abismo ao meu redor, conseguia agora perceber aquela aura, muito mais poderosa e conectada ao abismo do que eu, se aproximar como se estivesse sendo trazida pelos ventos que sopravam o poder de sua força. Depois de notar minhas próprias sombras vacilando, me colocava a andar até o centro da sala para olhar na direção da saca.

Por mais que estivesse acostumado a navegar pelo abismo e soubesse como lidar com as criaturas de la, aquela que se apresentava diante de mim não era normal. Olhando com curiosidade aquela sombra ganhar a forma de uma mulher, foi com um sorriso bastante largo que eu recebia aquela presença.

- Ora, ora, não é toda noite que eu recebo uma visita ilustre dessas e com certeza eu não a deixaria do lado de fora de minha casa.

Com um sorriso de canto de boca em meu rosto, caminhava lentamente na direção da sacada. Por mais que ela somente se anunciasse depois, já estava claro quem era ela e assim que ela confirmava sua identidade, eu estendia minha mão para receber a dela com um cumprimento formal quando ela finalmente saísse das sombras.

- Lucita de Aragão, é uma honra recebê-la em minha residência e fico lisonjeado por ser reconhecido por minhas artes… Não são todos por aqui que apreciam os meus estudos. Portanto me diga, como posso ser útil à vossa eminência?

Com calma eu esperava Lucita se acomodar em meu sofá para me, somente então, me sentar na poltrona de frente a ela e aguarda pela sua resposta.

“O que será que uma visita inesperada como essa poderá me trazer? E o que será que ela quis dizer com questão pessoal? Hmm, eu sabia que essa seria uma noite diferente, mas não imaginava que seria dessa forma…”

Roupas:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime24/9/2020, 01:54

Em primeiro lugar, tua mão era oferecida ao ar, na direção da sombra que se formava diante dos seus olhos. Uma visão que certamente assombraria os sonhos de qualquer homem por uma verdadeira eternidade, era na realidade, para você, um estudioso daquele misterioso e perigoso elemento tenebroso, uma verdadeira manifestação de um poder ancestral que permitia aos antigos anciões do clã das Sombras viajarem através das sombras do nosso mundo através de uma rápida e inconsciente ação de "mergulhar" no abismo. Por tanto, munido de seu conhecimento, você sentia o toque inicial daquela complexa estrutura fluída e sólida de sombras que logo se transformava em uma mão feminina de pele morena.

Posteriormente, assim que a saudação feita pelas suas mãos enfim terminava, a figura da própria Lucita enfim chegava por completo diante dos seus olhos. E para vossa surpresa, era uma visão que teus olhos iriam nutrir com alegria e orgulho, afinal, era verdadeiramente a primeira vez em sua vida que você avistava uma verdadeira princesa dos temos ancestrais da alta realeza do reino de Aragão. Muitos falavam sobre a força, outros tantos sobre a ferocidade que ela sempre demonstrou, porém, não haviam muitos registros sobre sua beleza e isso certamente era uma falha fundamental na imagem que a "A Traidora" carregava pelas fileiras do Sabá.

-Fico feliz em ser recebida sem animosidade... Obrigada pelas palavras, caríssimo...

Enfim, Lucita estava diante dos seus olhos e finalizando a ação de lhe apertar a mão, para prontamente atravessar a sala do seu escritório e sentar-se no sofá onde você havia indicado, cruzando as pernas. A poderosa antiga se vestia com uma primazia moderna invejável para muitas rosas locais e ao contrário da preferência de antigos, ela não parecia enfrentar nenhuma dificuldade com as modernidades, tanto que depositava um telefone móvel sobre a mesa central e o observava atentamente antes de retomar a fala:

-Deve ser um desafio esconder ou transparecer que seus estudos estão dentro das filosofias defendidas com tanto fervor por Ambrosio e seus seguidores. Por isso já devo lhe adiantar uma saudação formal por teu mérito, muitos estudantes do abismo foram caçados pela vossa Inquisição ou até mesmo, acabaram por serem considerados hereges não é mesmo? Afinal, como o próprio amava dizer: Quanto mais se olha diretamente para as trevas, mais próximo dela você estará...

Lucita fazia uma pausa e notoriamente usava o primeiro nome do importante e famoso Eterno Cardeal de Madrid, deixando claro que para ela, o mesmo era apenas "alguém" e não uma entidade ou figura de poder e influência como praticamente todo o Sabá se referia ao mesmo.

-Bom, não irei tomar muito do seu tempo e também não quero causar conflitos com minha irmã mais nova de abraço. Considerando que vocês são do mesmo bando, correto? Enfim, preciso de um verdadeiro especialista do abismo para encontrar minha prole mais experiente, Selena de Leon. Você é capaz de procurar por ecos e rastros deixados pelo Abismo ou algo similar?!

Questionava Lucita, que fazia questão de estruturar um diálogo simples e informal contigo, referindo-se à sua pessoa por pronomes diretos e modernos.

A Traídora:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime24/9/2020, 11:43

[Rolagem: Percepção + Empatia = 6d10 dif. 6]
[Rolagem²: Percepção + Empatia = 6d10 dif. 9]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime24/9/2020, 11:43

O membro 'Lugo' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


#1 'D10' : 3, 9, 1, 8, 6, 9

--------------------------------

#2 'D10' : 9, 5, 2, 1, 8, 4
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime24/9/2020, 21:22

A visão da “Traidora” era algo inesperado, para dizer o mínimo. Apesar de saber quem ela era, saber dos seus abomináveis feitos contra o Sabá e de sua história de vida, a aparência estonteante daquela mulher era de fato uma joia obscurecida pelas sombras de seu passado.

“E pensar que uma mulher dessa beleza, teria uma imagem tão assustadora em nossa sociedade. A verdade é que a beleza física não define o quão impactante e poderosa uma pessoa pode ser… Ela é a prova de que um rosto bonito pode ser tão temido como os monstros que se escondem no próprio abismo.”

Era com um sorriso charmoso e ardiloso que a recebia em minha residência e ainda durante nosso cumprimento eu a respondia após uma sutil gargalhada.

- Não tenho motivos para lhe desejar mal algum, Lucita. Você é muito bem vinda em minha residência, principalmente depois dessa entrada.

Fazendo uma menção a forma como ela havia me contactado e a demonstração de poder abissal dela, eu esperava que ela tomasse o lugar que mais lhe fosse conveniente para se sentir confortável em minha sala. Em uma demonstração de respeito, eu somente me sentava depois que ela o fizesse e de forma alguma meus olhos vacilavam da imagem estonteante da mulher de pele escura.

Ouvindo-a falar após se sentar, um sorriso era minha primeira resposta às suas palavras e depois de ouvi-la por inteiro eu me encostava na poltrona que estava sentado. Desabotoando o terno para me deixar mais confortável, cruzando uma das pernas e repousando minhas mãos, juntas, sobre meu joelho, eu a respondia com orgulho e convicção.

- Hoje eu não preciso mais esconder minhas artes, justamente graças aos ensinamentos do Cardeal Monçada. Mesmo que seus seguidores mais fervorosos me julguem pela minha conexão com o abismo, eles somente o fazem por medo do desconhecido potencial dele. E por mais que o eterno cardeal realmente costumasse dizer isso, foi com ele que eu aprendi que toda luz gera uma sombra e quanto maior a luz, maior a escuridão ao seu redor.

Usando meu vitae para ativar os poderes do abismo presentes em mim, eu começava a manipular as sombras ao meu redor para se agruparem ao meu redor em um círculo perfeito. Ajustando a intensidade dessas sombras sem causar nenhum dano a ninguém, eu apenas ajustava a forma como a luz da lâmpada sobre mim me afetava criando assim um efeito de iluminação teatral sobre minha cabeça enquanto as sombras negras me circundam de forma vívida.

- Afinal, o abismo está por toda parte e negar a existência dele é uma completa irracionalidade. Por isso eu me dediquei a estudar ele de uma forma saudável. Porque alguém precisa entender ele sem querer usá-lo indiscriminadamente, como outros já o fizeram e por isso sucumbiram.

Minhas palavras traziam a tona a imagem de Agustin, meu tio de abraço segundo a genealogia, e provavelmente o maior e menos humano feiticeiro do abismo que eu jamais havia conhecido. Depois de respondê-la, liberava as sombras do controle de meus poderes para voltarem ao estado normal e deixava a mulher a minha frente tomar a palavra para que nossa conversa continuasse e ela pudesse me falar o real motivo de sua visita.

Lucita era uma mulher de uma fama assombrosa no Sabá, da pior forma possível, e muitos ainda duvidavam dela e do objetivo dela voltando ao Sabá. Eu por outro lado ainda não havia levantado suspeitas sobre ela e não tinha opinião formada, porém, depois de vê-la ali, na minha frente, eu sabia que ela falava comigo como uma mãe preocupada.

Dessa vez nenhum sorriso surgia em meu rosto, afinal, o desaparecimento de alguém na época em que vivemos não devia ser negligenciado.

- Como esse é o caso, não se preocupe com tempo. E sim, isso seria possível. Talvez não aqui, mas no local certo com certeza sim.

Me levantando e indo até a minha mesa, eu pegava meu celular para olhar a hora nele rapidamente e devolvê-lo ao lugar onde ele estava. Minha reunião com Talia teria de esperar, pois ali havia algo muito mais importante.

- Se me permite perguntar, onde e quando foi a última vez que você esteve com ela? Desde quando ela está desaparecida?

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime4/10/2020, 03:26

Olhando no seu celular, você notava que ainda eram nove horas e algumas poucas e indiferentes quantias de minutos, a noite estava apenas começando e talvez, ainda fosse possível retornar a seus afazeres originais para a noite e entrar em contato com o Bando dos Los Blancos. Deixando o celular em seu devido local de origem, você retornava sua atenção a Lucita que estava a lhe responder:

-Por sorte ou azar, essa pergunta possuí uma resposta mais simples do que você imagina. A última vez que vi Selena foi aqui mesmo em Madrid, ela estava deixando seu refúgio para ir a uma apresentação nos Jardins do Retiro. E isso ocorreu a duas noites atrás.

Respondia a antiga Lasombra com uma voz calma e centrada, entretanto, a mesma não escondia a preocupação no olhar.

-Você acredita que ainda é possível encontrar algum rastro de Selena se formos diretamente até os Jardin ou seria mais fácil irmos até o refúgio dela? Eu já procurei na noite anterior das maneiras que sei fazer e nada pude encontrar, minha conclusão então foi uma manifestação de algo que está fora da minha especialidade.

Descruzando as pernas, Lucita apoiava as mãos em seus próprios joelhos e desviava os olhos da sua figura por alguns momentos, analisando o ambiente em que estava inserida e os detalhes decorativos de seu escritório.

-Sei que não posso comprar o teu silêncio sobre o assunto, mas espero que não o torne público tão rapidamente. O simples fato de minhas proles serem minhas herdeiras já tem sido um desafio específico para elas, somar isso a um desaparecimento em uma situação tão delicada quanto nos encontramos, só aumentaria ainda mais os transtornos sociais para elas. Sei que muitos adorariam me fazer sangrar e até mesmo, perder o que me é de valor, minha lista de inimigos é vasta. Porém, não pude encontrar nenhum indicativo, por mais que procurasse, que me indicasse qualquer forma de ataque pessoal... Enfim, tens minha gratidão por demonstrar o interesse em me ajudar e lhe garanto, caso ela seja encontrada, ficarei em dívida contigo.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime14/10/2020, 00:16

Meu celular imediatamente ia para dentro de meu bolso enquanto que minha atenção se focava na mulher ao meu lado. Ao terminar de ouvi-la um sorriso compreensivo se abria em meu rosto. Colocando as mãos no bolso do terno e me colocando de frente a ela, eu a respondia olhando diretamente nos olhos.

- Não se preocupe Lucita. Obviamente não esconderei isso de meu bando, quando me for perguntado, mas nunca iria sair gritando pelas ruas de madrid sobre algo desse tipo. Mesmo que me favorecesse em algo, eu não sou do tipo de ganhar no sofrimento dos outros. Além do mais, muitos acreditem que não, por conta das minhas artes abissais, mas eu me importo os meus iguais e estamos vivendo tempos sombrios demais para ignorar um fato desse.

O sorriso e a expressão mais leve sumiam quando mencionava os tempos em que viviamos.

“Negligenciar a vida nesse momento é uma péssima decisão. A ordem das rosas brancas está em ativa e ninguém ainda conseguiu uma pista sequer. Estamos à completa mercê das ações deles até o momento, então não podemos dar mais motivos para que eles sejam bem sucedidos em suas ações.”

Aquela era a minha maior preocupação nesse momento e por mais que não houvesse pista nenhuma, ainda, eu não poderia descartar o envolvimento da ordem das rosas brancas nesse desaparecimento.

- Portanto, não se preocupe que de minha boca não sairá nada até o momento que realmente seja necessário, se é chegarmos nesse ponto.

Sem querer ser negativo com a situação para deixá-la ainda mais preocupada, eu fazia apenas um pequeno reforço em minhas palavras em caso de não ter sido completamente claro antes.

- Bom, quanto ao local devemos ir… o ideal é irmos no local onde ela realmente esteve por último. No entanto, no Jardins vai existir muito mais energia de outros que também estiveram lá, o que tornaria mais difícil focar a busca por ela. Provavelmente seria melhor irmos ao refúgio dela. Eu só preciso… de alguns minutos para fazer uma ligação e re-marcar um compromisso e partimos logo em seguida, certo? Pode ficar a vontade, mi casa es tu casa.

Tomando alguns minutos, ia até minha mesa novamente, pegava o telefone e ligava rapidamente para Talia. Minha conversa com ela era branda, mas de forma alguma eu tentava menosprezá-la e falava com ela de forma completamente profissional para podermos re-marcar nossa reunião.

Quando finalmente tivesse terminado a ligação, me levantava, pegava o sobretudo que completava minha roupa, colocava minhas luvas de couro preto e pegava, na quarta gaveta da minha mesa, um anel bem único. Esse anel era feito de uma pedra chamada apatita e tinha um significado na cultura das wicca que também servia em algumas ocasiões.

- Então, preferes ir de carro ou da mesma forma que chegaste?

Falava com um certo sorriso no rosto e deixava que ela escolhesse a forma como iríamos até o refúgio de sua prole. Não podia deixar de expor minha animação por ter a oportunidade de viajar pelo abismo, mas de qualquer forma a viagem ao lado de uma mulher como a Lucita não seria menos incrível.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime19/10/2020, 14:47

-Sem problemas, tome seu tempo, Raúl.

Lucita acomodava-se por fim no sofá do seu escritório afim de esperar por ti, mas logo que a sua conversa ao telefone se iniciava, a mulher se colocava de pé e caminhava na direção da varanda por onde havia chegado até a sua residência, permanecendo lá até o final da sua breve conversa com a líder do bando dos Los Blancos. A conversa, na realidade, se mostrava ainda mais rápida e ágil do que o esperado, em resumo, Talia demonstrava compreensão e aceitava adiar a reunião e até o agradecia por tal, pois aparentemente, havia ocorrido um ataque terrorista durante a manhã nas proximidades do estádio e os acessos estariam nessa noite, relativamente mais complicados do que o habitual por causa da presença da imprensa internacional.

Enfim, ao desligar a chamada você se aproximava para responder Lucita que o aguardava na varanda. E silenciosamente a poderosa anciã apenas acenava de maneira positiva com a cabeça, para então fechar os olhos e movimentar as mãos, reunindo as sombras em torno de vocês dois. As sombras formavam um potente e rápido turbilhão que os englobava em uma fração de segundos e em seguida, vinha a sensação de queda livre em uma realidade negra, silenciosa e gélida... Prontamente sua mente se localizava, vocês estavam a transitar pelo Abismo!

Seus olhos não viam nada além das mais profundas e negra sombras, mas seus sentidos conseguiam sentir presenças naquele local, elas em sua maioria, estavam distantes e escondidas, receosas pela presença daquela que conduzia a viagem, ao contrário do que você esperava, Lucita não atravessava o Abismo por ser uma hábil praticante do Abismo, ela o fazia por força e terror. A natureza da besta dela era forte o suficiente para afugentar aos próprias anomalias e criaturas que lá habitavam, isso tornava a viagem rápida como um mergulho breve em uma piscina gelada durante o final de uma madrugada chuvosa. E assim, as sombras se dissipavam e você se via a beira de uma verdadeira piscina iluminada por lâmpadas azuis e uma belíssima casa de dois andares.

Imagem de Referência:

-Chegamos...

E antes que você fosse capaz de falar alguma coisa o realizar qualquer ação, a porta dupla que dava acesso a varanda onde vocês dois estavam de pé se abria, revelando a imagem de uma jovem mulher de cabelos castanhos e pele alva, com lábios avermelhados e fortes olhos verdes, era Luiza Lizardo, a jovem que havia sido recentemente apresentada a Espada de Madrid como a mais jovem prole de Lucita, esta recebera a bênção do novo Arcebispo e essa ação havia causado um verdadeiro "caos" político na cidade nas mais recentes noites.

-Por Deus o que está acontecendo...

Surpresa, a jovem parava de falar e sorria ao ver Lucita ao seu lado.

-Mãe eu não encontrei nada aqui, já estava para lhe procurar para te deixar ciente disto mas pelo visto você tinha outros planos né...

Lucita respondia:

-Eu lhe disse que cuidaria do assunto minha cara, não há razões para se preocupar tanto, Selena é capaz de se cuidar como poucos de sua idade são. Enfim, este é Raúl e ele poderá procurar por sua irmã de uma maneira diferente e provavelmente mais eficaz.

A jovem atravessava a varanda para se posicionar a sua frente e estender mão, apresentando-se:

-Prazer, Luzia. Seja bem vindo, espero realmente que consiga obter alguma informação sobre o paradeiro de minha irmã, já não sei mais o que fazer sobre isso!
Luzia Lizardo:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime7/11/2020, 15:30

Depois de brevemente conversar com Talia, a líder dos Los Lobos, sobre o adiamento de nossa reunião, pegava o anel que já havia deixado separado e rapidamente mandava uma mensagem de texto para o celular de Benício.

Mensagem:

Depois de mandar a mensagem, me levantava, pegava meu casaco para completar minha roupa e ia até a sacada onde Lucita já me aguardava. Aguardando um pouco, ficava observando a maneira como Lucita agia e como ela fazia para invocar seus poderes. De uma forma bem simples ela reunia as sombras ques nos engoliam e nos levaram direto para o abismo.

“E pensar que os mais antigos conseguem fazer isso sem nem mesmo serem adeptos da feitiçaria. Mesmo se eu conseguisse de alguma forma entrar aqui desse jeito, com certeza eu seria brutalmente atacado pelas criaturas daqui.”

O poder de Lucita era realmente abismal e a reação das próprias criaturas do abismo me diziam isso.

“Com certeza deve existir algum colosso dentro do abismo que não fugiria da presença dela, mas em uma passagem superficial como essa seria muito difícil de chamar a atenção desse tipo de criatura.”

Mesmo não vendo nada, era possível ter a sensação das coisas ao nosso redor e entender o local não era realmente difícil. Por mais que eu estivesse achando incrível a passagem pelo local, a viagem chegava ao fim muito rápido e ao abrir meus olhos eu conseguia ver o que parecia já ser o interior da casa da prole de Lucita. Sem nem mesmo muito tempo de tentar entender onde era aquele lugar, a segunda e mais jovem prole de Lucita aparecia de forma eufórica.

“Mãe…”

Um sorriso intrigante surgia em minha face quando elas conversavam brevemente e ali eu podia ver mais um pouco da relação que Lucita tinha com suas proles.

“Pelo que parece ela ainda segue a ideologia da Camarilla e trata sua linhagem como suas filhas.”

Eu não tinha nada contra, na verdade, me sentia um pouco comovido de ver uma cena daquelas afinal esse tipo de tratamento no Sabá era muito raro e talvez o motivo pelo qual o sabá era tão complexo. Enfim, ao ser cumprimentado por Luzia eu prontamente respondia seu cumprimento com um aperto de mão tranquilo e um largo sorriso.

- O prazer é todo meu Luzia. E eu também espero poder ajudar, mas eu acredito que Lucita esteja certa, não subestime Selena, afinal, eu e ela temos a mesma idade, mas ela teve a graça de ter uma senhora como Lucita. Eu tive que me virar sozinho.

Tentando acalmar um pouco a jovem a minha frente, eu tirava o anel do bolso e suavemente o colocava em meu dedo na mão esquerda para em seguida olhar na direção de Lucita e falar com tranquilidade.

- Bom, vamos ao que interessa. Peço permissão para poder andar livremente nos domínios de vossa linhagem, Lucita.

Mesmo sabendo que era uma pergunta que já havia sido respondida, implicitamente, eu a perguntava e somente após o seu consentimento eu começava minha ritualista. O anel em meu dedo era um anel feito de uma pedra especial muito usada por bruxas no passado e era um anel que possuia um efeito de aumentar a capacidade espiritual dos seus usuários. Mesmo sendo um feiticeiro do abismo de uma vertente católica e não um bruxo, tais artefatos ainda poderiam me ajudar.

“A casa toda contêm a presença dela, mas o seu quarto é onde ela provavelmente guarda suas coisas e momentos mais íntimos, portanto sua energia deve ser maior ali.”

Minha primeira ação ali era andar até a beira da piscina. De frente para ela, eu sacudia um pouco os braços para me livrar da tensão, relaxava meu corpo e começava a espalhar o meu vitae e deixar meu corpo mais vivo, para expulsar toda a letargia e melhorar todos os meus sentidos. Com os olhos fechados e as mãos juntas à frente de meu peito, eu começava a rezar.

- Oh, Espírito de Sabedoria! Vinde e instruí o meu coração, para que eu saiba estimar e amar os bens celestes e antepô-los a todos os bens da terra. Glória ao Pai. Vinde, Espírito de Entendimento! Iluminai a minha mente, para que entenda e abrace todos os mistérios e mereça alcançar um pleno conhecimento Vosso, do Pai e do Filho. Glória ao Pai.

Depois de fazer a breve reza, minhas mãos faziam o sinal da cruz e finalizava ao estender a mão para fazer uma pequena ferida com minhas unhas e derramar uma gota de vitae em oferenda. Após aquela pequena ritualística, eu abria os olhos que agora estavam com a visão noturna ligadas e começava a andar pela casa.

Observando cada canto da casa, eu procurava por alguma presença ou manifestação do abismo para poder começar um ritual mais profundo em busca das respostas. Naquele momento, eu estava apenas em busca de uma ponta solta do abismo e para isso eu andaria por toda a casa, em todos os cômodos, observando a cada detalhe.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime9/11/2020, 00:41

-Sinta-se livre para transitar pela residência de minha filha.

Respondia Lucita de maneira breve, cujos olhos poderosos e experientes observavam as suas ações com rigor, ali você sentia um leve frio na espinha, qualquer falha poderia causar a fúria daquela anciã e você sentia a besta dela deixar isso sutilmente explicito. As suas ações também eram vistas por Luzia de maneira curiosa, era nítido na face da jovem como ela não conseguia sequer imaginar o que seus movimentos, falas ou ações poderiam significar. Entretanto, mesmo sem entender anda, ela fazia pequenos acenos com a cabeça, indicando que confiava e certificava as suas ações.

-Guie nosso convidado pela casa, Luzia. Eu já me reunirei à vocês...

Dizia Lucita, ficando de pé a beira da piscina enquanto você deixavam a área externa, seguindo para o interior daquela belíssima casa. Era uma residência moderna, com vários eletrodomésticos e uma arquitetura arrojada, era até fácil imaginar um ancião ou até ancillae se sentir perdido e desorientado diante tanta modernidade. Luzes com sensores de presença, sistemas de controle eletrônico de temperatura, pequenos speakers posicionados pelos cômodos e tomadas de amplificadores de redes sem fio.

Todavia, seus olhos não estavam à procura do superficial ou tão pouco reagiam as luzes e toda a modernidade do ambiente como era de se esperar. Na realidade, eles viam marcações em praticamente todas as paredes, signos que representavam a figura da Mãe Noite, a Dama das Trevas, Lilith. Essas marcas estavam talhadas nas sombras mais fixas das paredes e corredores, elas o levavam diretamente para a sala de estar da casa.

Sala de Estar:

No loca, a televisão ainda estava ligada. Sobre a mesa central havia uma bolsa feminina, um conjunto de chaves e um celular. Porém, seus olhos imediatamente se focavam nas sombras do vaso da mesa de centro... As sombras do mesmo estavam densas, polidas em uma perfeição anormal, quase como se tivessem sido esculpidas pelo mais crítico de todos os escultores da renascença. Todavia, toda essa magnífica perfeição da sombra não levava em conta a variação da iluminação, ou seja, a marcação ali era fixa, imutável, uma sombra escravizada em uma só forma, uma incontestável manifestação do abismo, ou de uma falha na tentativa de sua manipulação.

Parada ao lado do grande vaso escuro que abrigava uma planta vermelha artificial, Luzia o questionava:

-Tem algo de errado na mesa central? Já tentamos desbloquear o celular dela, sem sucesso... E bem, também não encontramos nenhum papel ou indicativo de possível paradeiro...
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime12/11/2020, 21:06

A mudança do comportamento amistoso para algo ríspido e imponente de Lucita não era inesperado, mas o motivo por trás dele podia ser duvidoso, afinal, ela poderia estar se portando daquela forma por conta de sua prole ou somente para abusar de seu poder após me tirar de meus domínios. No entanto aquilo era algo para ser analisado posteriormente, afinal, tanto quanto ela, eu gostaria de descobrir o que havia acontecido com sua prole.

Mesmo mantendo uma expressão neutra e observadora sempre, a saída de Lucita era um pouco suspeita. Por mais que eu não tivesse motivos concretos para duvidar dela ainda, a mudança de comportamento com essa saída me deixava com uma pulga atrás da orelha. Quando ficava a sos com Luzia, eu sorria brevemente para ela e direcionava minha mão, com a palma para cima, na direção da casa, indicando que ela liderasse o caminho.

Sem perder tempo, começava minha procura naquela enorme casa por um ponto onde o abismo estivesse presente. Com um semblante sério e olhos atentos e brilhantes, por conta da visão noturna, eu olhava para cada canto da casa e tentava encontrar o que estava a procurar: um oubliet. Definido por Boukephos como locais de manifestação do abismo, seria nesse lugar que eu poderia conseguir as respostas que eu tanto queria.

“Não deve ser difícil, mas eu preciso procurar minuciosamente.”

Me locomovendo pela residência com ajuda de Luzia, para não ficar perdido, me ausentando de palavras para intensificar meu foco, principalmente depois que meus olhos encontrava a primeira de muitas marcas inesperadas. Naquele momento eu precisava do máximo de calma possível pois naquela casa eu encontrava muito mais do que um oubliet, eu achava várias marcas do culto de Lilith.

“Essas marcas… Não foram colocada aí por qualquer um. Quem as colocou ali não é um novato nesse culto! Porém… eu não me lembro de existir um Lasombra entre os Lilins. Será que Selena está envolvida com eles, ou…”

Praticamente com uma expressão congelada em uma face séria e neutra, algumas pessoas poderia até mesmo assumir que eu havia morrido com o rosto daquela forma, pois nem mesmo um músculo dele se mexia, afinal, eu havia acabado de descobrir que a prole de Lucita, ou até mesmo a própria Lucita, poderia estar envolvida com os hereges.

Por um momento encontrar o oubliet foi a parte mais relaxante daquele momento, afinal, com ele eu poderia encontrar mais respostas. Encontrando-o na sala, perto do celular de Selena, meus olhos rapidamente identificaram o oubliet e praticamente ignorando as palavras de Luzia, eu falava após ela terminar de falar.

- Luzia, me traga uma bacia com água, um pouco de sal e um incenso se tiver aqui. Se não tiver os últimos dois não tem problema.

Falava com autoridade de um feiticeiro experiente, mas com respeito e suavidade para não ofender a garota. Assim que terminava de falar, rapidamente começava a andar na direção do centro da mesa para olhar ao redor e pensar na melhor forma de fazer aquilo. Depois de ponderar um pouco, decidia por me ajoelhar a frente da mesa, do lado em que o celular se encontrava, e, se preciso afastaria o sofá para ter espaço o suficiente para meu ritual.

Além daquelas preparações que duravam pouquíssimo tempo, eu sabia que talvez demorasse um pouco para Luzia encontrar uma bacia, enchê-la com água e encontrar sal, principalmente por se tratar da casa de um vampiro. Assim eu rapidamente bombeava sangue para meus músculos com o intuito de torná-los ágeis a uma velocidade que nenhum humano conseguiria.

Aquilo me custava um pouco de esforço e duraria pouco tempo, mas seria o suficiente para pegar meu celular em meu bolso e escrever uma mensagem de texto para Maria. Ali eu apenas escrevia a mensagem e selecionava o destinatário, mas não enviava.

Mensagem:

A mensagem era a mais simples possível para tomar o menor tempo e rapidamente devolver o celular, bloqueado, para meu bolso antes que Luzia ou Lucita aparecessem.

“Caso algo dê errado, isso pode ser minha saída.”

Já com minha carta na manga preparada, voltava minha atenção novamente para o oubliet a minha frente e esperava por Luzia voltar com, pelo menos, a água para prosseguir.

- O abismo está presente na sombra dessa mesa e, muito provavelmente, é o motivo do celular dela não estar funcionando. Eu posso interagir com essa presença, mas precisamos esperar por Lucita para continuar agora.

Já com os materiais que havia solicitado, colocava os itens que havia solicitados nas seguintes posições: a bacia com água ficaria no chão bem à minha frente, o incenso no canto da mesa e o sal ao meu lado direito.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime26/11/2020, 00:55

Luzia não respondia verbalmente ao seu pedido, ela apenas sinalizava de maneira positiva com a cabeça e se colocava em movimento pela casa, demorando alguns instantes para retornar com todos os itens pedidos, isso lhe dava tempo necessário e até confortável para redigir o texto emergencial em seu aparelho de telefone móvel. Por fim, a jovem Luzia retornava com todos os elementos, dentre esses, dois vidros distintos e pequenos de sal, um deles sendo branco e outro rosado, já os incensos, haviam quatro pacotes diferentes de origens distintas.

-Existiam outros incensos, mas trouxe os que eu sei que ela gostava mais de usar. Espero que isso possa ajudar, já esses aqui devem ser alguns tipos de sais de cozinha ou algo assim, realmente não sei diferenciar a razão dessas cores. Mas enfim, está aqui!

Ela dizia, lhe entregando os objetos e aguardando o que iria ocorrer. Ouvindo que seria necessário esperar pro Lucita, a jovem apenas cruzava os braços e ficava a olhar ao redor, ali de pé vocês esperavam por quase vinte minutos até Lucita enfim adentrar o local onde vocês estavam a aguardar.

-Me desculpem pela demora, já deram inicio a alguma ação?! Posso presumir que tenhas visto as marcações na parede, elas são realmente apontamentos a cerca de algum tipo de culto à Lilith?

Questionava Lucita, direcionando-se à você.

-Lilith?

Perguntava Luiza, estranhando o nome. Lucita então olhava para sua filha mais jovem e comentava de maneira breve:

-Sim, esse nome não é apenas mitológico ou fantástico. Ela é uma entidade tão antiga quanto o próprio Caim, na realidade, muito mais antiga... Existem vampiros que a cultuam e eu não sei se a Luzia tem de fato um envolvimento com esse culto ou estava a estudá-lo. Mas de qualquer forma, não tenho total certeza, mas acredito que nosso convidado tenha conhecimento mais aprofundado em tais cultos e conhecimentos ocultos... Então, quais são suas suspeitas inicias meu caro? Seja sincero. Por favor.

Finalizava Lucita, olhando na sua direção com olhos sérios e atentos.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime5/12/2020, 11:04


Mesmo com a possível presença de um Herege próximo a mim, minha mente não vacilava na tarefa que estava fazendo. Minha concentração era total e absoluta nos ritos que passavam por minha cabeça e era reproduzidos pela minha boca. Ali eu pedia por apoio de Deus na linguagem dos anjos, algo completamente irreconhecível para os ouvidos mundanos e não crentes.

Ajoelhado de frente para a mesa que estava o celular com as mãos juntas em prece e com os olhos fixos, sem piscar, no oubliet a minha frente, esperava Luzia trazer tudo que havia sido solicitado para finalmente dar uma pausa em minhas orações e me levantar, após efetuar o sinal da cruz com minha mão direita.

- Obrigado Luzia, gostaria apenas de lhe pedir mais algumas coisas…

Agora que já tinha os recursos necessários para fazer minha ritualística, iria apenas solicitar os detalhes finais para que tudo ocorresse da forma correta. Primeiramente pedia para Luzia posicionar e acender um dos incensos na bancada onde ficava a televisão enquanto eu separava e organizava os materiais no chão a frente da mesa. Conforme fosse necessitando, pedia por algumas vasilhas ou bacias para separar o sal e a água e, quando tudo estava devidamente separado, devolvia todos os recursos excedentes.

Assim como um padre, assim como Monçada havia me ensinado, meus rituais era baseados na fé católica e, enquanto Lucita não retornava, tomava a liberdade de explicar a Luzia o que estava fazendo.

- Luzia, não sei se você é ou não uma devota assim como eu, mas minhas artes são baseadas nesses conceitos e tomarei a liberdade de explicar um pouco o que está acontecendo. A água benta é um recurso muitíssimo poderoso usado não só na religião católica, mas em outras diversas religiões. Existem algumas diferenças na forma que ela é feita, porém, o propósito é o mesmo: purificação, proteção ou banimento de forças malignas.

A primeira parte de minha fala era dita olhando diretamente para a jovem para, em seguida, olhar na direção dos recursos a minha frente para continuar.

- A minha frente temos sal e água, os elementos necessários para reproduzir a água benta. Jesus Cristo fala ser o Sal da terra e a Luz do mundo. Dessa forma o sal representa a mente e corpo de Jesus. Já a água representa o Santíssimo Espírito! Presente em todos os seres vivos e criador de toda a vida. Assim a junção desses dois elementos, sob os ritos católicos, criam a água benta. Ela pode ser usada de diversas formas, como lhe falei, mas aqui, iremos usar como proteção.

Assim como Monçada, minha fala era a mais didática e calma possível e ao mencionar cada um dos elementos eu os indicava com minhas mãos sem realmente sair de minha posição.

- Apesar de minha ritualística ser baseada no Catolicismo, ela é um pouco diferente e você verá quando Lucita retornar. Por ora, devemos aguardar seu retorno para continuar. Mas antes, me permita perguntar: que tipo de pessoa a senhorita Selena é. Não a conheço e gostaria de saber um pouco mais sobre a mesma.

Minha explicação não demorava muito, o que dava tempo suficiente para Luzia me responder antes mesmo do retorno de Lucita, e quando esta chegava os meus pulmões se enchiam de ar para agora manter uma respiração consciente e humana. Porém, ante que pudesse realmente falar algo, a pergunta e fala de Lucita me surpreenda um pouco.

“Não duvidaria que ela conseguiria ver as marcas, mas ela parece bem tranquila ao mencionar que sua filha pode estar envolvida.”

Sem respondê-la de imediato, pensava um pouco e ponderava sobre alguns detalhes antes de realmente expor minha opinião. Assim que estava pronto para responder, me levantava tranquilamente e falava olhando para Lucita.

- Bahari é o nome do culto herege que propaga as palavras profanas da filosofia de Lilith. Provavelmente o mais antigo culto de hereges que nos assombra. Os membros desse culto são antigos inimigos do Sabá e depois de ver essas marcas a figura de Selena é, sinceramente, um mistério. - Fazia uma breve pausa para prosseguir. - Somente um Lasombra com certa experiência em feitiçaria ou nos rituais deles conseguiria colocar essas marcas sob as sombras, mas, nós não conhecemos nenhum Lasombra que esteja entre seus membros. Portanto, tenho duas hipóteses: Primeiramente eles possuem um novo membro, um Lasombra, versado em conhecimento de feitiçaria ou de uma outra região que também segue esse culto, e que de alguma forma se conectou a Selena e à esse local, como por exemplo raptando-a e deixando as marcas para os seguirmos. Segundamente, Selena foi a responsável por tais marcações, mas, como você falou, estaria ela realmente cultuando Lilith como eles ou estudando-a de alguma forma? Alguma vez na vida dela, Selena demonstrou conhecimentos nas artes da feitiçaria do abismo ou algum interesse nesses cultos? Essas são as perguntas que devemos fazer antes de mais nada e somente depois de conseguirmos nossa informações aqui, poderemos pensar a respeito.

Lucita pedia para que eu fosse franco e ali eu era o mais franco possível, mesmo que eu tivesse de dizer que Selena, a prole de Lucita de Aragão, fosse uma herege. Depois de falar, deixava que Lucita tivesse tempo para responder para enfim me pronunciar novamente.

- Bom, as preparações para o ritual estão prontas, devemos começar, sim?

Tendo a confirmação de Lucita, me dirigia ao local onde estava sentado sobre os joelhos e começava a fazer minha ritualística. Primeiramente pegando o pote de sal branco que havia separado, segurava o pote com a mão esquerda enquanto que a mão direita pairava sobre o pote para começar a recitar.

- Deus eterno e todo-poderoso, imploramos humildemente à Vossa clemência, que abençoeis e santifiqueis esta criatura, o sal, que pusestes a serviço dos homens, para que proporcione saúde da alma e do corpo a todos os que o tomarem, e que desapareça, de tudo o que for por ele tocado ou salpicado, qualquer impureza e ataque dos espíritos do mal. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

A reza era feita para que todos pudessem reproduzir, porém, como eu não sabia se Lucita e Luzia eram devotas, eu apenas rezava por mim e por elas. Depois de benzer o sal, o devolvia ao seu lugar para pegar a vasilha com água e fazer a mesma coisa com uma prece diferente.

- Deus, que preparastes pela água os maiores mistérios da salvação dos homens, atendei propício às nossas invocações, e derramai sobre este elemento preparado por várias purificações a força da Vossa bênção, para que essa criatura, servindo aos mistérios, possua a eficácia da graça divina para expulsar os demônios e banir as doenças, e guarde de qualquer impureza e malefício as casas dos fiéis e outros lugares em que for aspergida, protegendo contra qualquer ataque, conseguida pela invocação do Vosso Santo Nome. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

Depois de fazer os exorcismos de impurezas dos elementos a minha frente, coloca as vasilhas uma ao lado da outra, com uma pequena distância entre as duas, para então pegar o sal com a mão direita e adicioná-lo à água em sinal da cruz e repetindo a seguinte oração.

- Faça-se esta mistura de sal e água, igualmente, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. - Fazendo o sinal do espírito santo logo após a palavra de força, continuava com uma oração. - Deus, fonte de força invencível e Rei de um império invencível, sois sempre o triunfador magnífico, a reprimir os ataques do adversário, a silenciar a sanha do inimigo ameaçador, derrotando decisivamente as manobras hostis. Em santo temor, nós Vos rogamos e suplicamos, Senhor, que olheis com benevolência esta criatura Vossa, a água com sal, e a santifiqueis com a luz da Vossa bênção, para que, à invocação do Vosso santo nome, ela expulse, onde for aspergida, os ataques do espírito impuro, afaste para longe o veneno da serpente maligna e atraia, em favor dos que recorrem à Vossa misericórdia, a presença do Espírito Santo. Por nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Enfim, após terminar a oração, me levantava segurando a vasilha com a água benta e caminhava até Lucita para o toque final.

- Para finalizar, é necessário uma oferenda tão sagrada quanto a água benta a nossa frente. Além disso, uma conexão direta com aquela que estamos em busca pode nos auxiliar em demasia!

Estendendo a tigela na direção de Lucita, minhas palavras falavam claramente sobre uma oferta do Vitae dela. Uma conexão sagrada e imortal que ela teria com sua prole, o seu próprio vitae. Depois que Lucita tivesse depositado uma pequena porção de seu vitae na vasilha, voltava para o local onde estava sentado e afastava qualquer outro material que havia usado. O próximo passo era misturar o vitae de Lucita com a água benta e isto eu fazia usando a ponta dos dedos para misturar em sentido horário. Quando achasse que estava misturado o suficiente, meus dedos novamente tocavam a água para desenhar uma cruz em minha testa. Olhando para Lucita e Luzia eu indicava que iria fazer o mesmo com elas, para proteção, porém se elas recusassem eu apenas iria recuar.

“Agora começa. Que Deus e o Espírito Santo me guiem e me revelem o há de ser revelado aqui.”

Com os olhos fechado e mãos juntas, fazia esta pequena prece para então remover com calma o vaso que estava sobre o oubliet, revelá-lo a todos que não havia o visto antes. Com os olhos vedados pela providência divina, observava o oubliet com cuidado, procurando pistas nele, tentando entendê-lo e procurando um sinal para poder enxergá-lo e abstrair alguma mensagem que nele estivesse contida e também para retirar o efeito que este fazia sobre o aparelho eletrônico que estava praticamente imerso nele.

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime16/12/2020, 20:05

Antes da chegada de Lucita e dos seus primeiros movimentos ritualísticos, houve tempo para uma breve resposta de Luzia a respeito de sua própria irmã de sangue. Pensando na questão por breves momentos, a jovem ajeitava os cabelos, entrelaçando-os e os colocando para trás do ombro esquerdo, para enfim lhe responder:

-Selena é nascida dentro da alta nobreza espanhola, se não me engano o atual Rei é até um parente próximo direto de Selena. Muitos dos antigos aliados de Nossa Senhora, sempre fizeram questão de apontar como Selena é parecida com a própria, muitos até dizem que elas seriam almas gêmeas ao algo assim, mas sinceramente eu não concordo com isso. Selena é uma mulher determinada, bem humorada, inteligente e profundamente católica. Lembro-me que ela e Nossa Senhora ficaram em pé de guerra por muito tempo por causa do retorno à Madrid...

Luzia claramente tinha muito mais à dizer, mas o retorno de Lucita trazia consigo não somente a mudança na atmosfera da sala, mas também simbolizava a urgência do inicio das suas ações ritualísticas que assim foram feitas. Atentas e em silêncios as duas cainitas observavam as suas iniciativas, Luzia parecia fascinada e ao mesmo tempo, completamente surpresa como se nunca tivesse testemunhado qualquer situação similar em sua vida. Já Lucita permanecia séria, estática e com os olhos analíticos que por incontáveis vezes, pareciam fitar profundamente a sua aura.

Assim que a sua aproximação à Lucita era feito com o receptáculo em mãos, na intenção de colher o vitae da mesma, Luzia olhava preocupada e chegava a abraçar os próprios braços temendo por algo. Porém, para a surpresa dela e o seu alívio, a primeira prole de Monçada usava a unha do indicador oposto para perfurar a pele do pulso direito e assim depositar uma pequena fração de seu próprio Vitae no receptáculo preparado por ti. Em seguida, a própria também aceitava a marcação de proteção, algo que também era aceito por Luzia de bom grado.

Suas mãos então moviam o vaso e revelavam aos olhos de todos o oubliet. Luzia soltava um suspiro surpreso e Lucita abria os olhos em um sinal de preocupação e defesa, ela parecia sentir a chegada de algo que nem mesmo você ainda havia entendido, não tão rapidamente é claro, mas logo diante dos primeiros movimentos do abismo dentro daquela sala, seus instintos o fariam reagir da mesma forma defensiva que Lucita reagiu. A sombra estática do vaso logo começava a trepidar e a se modificar, retorcendo-se em um redemoinho tenebroso e violento, em uma fração de segundos o mesmo começava a expressar uma potente força centrifuga, atraindo primeiramente o ar do local e logo em seguida, começando a arrastar pequenos objetos em sua direção e ali sua expansão se iniciava!

-Por Deus, o que está acontecendo?

Perguntava Luzia assustada. Uma pergunta que não era respondida, mas que fazia com que Lucita olhasse na sua direção e no exato momento em que seus olhos se cruzavam vocês dois pareciam compreender ao mesmo tempo o que estaria a acontecer: Uma manifestação do abismo.
Sala de Estar:

Gritos secos escapavam do oubliet enquanto vários pequenos objetos eram dragados por ele, as sombras corriam pelas paredes, subindo pelo teto e se derramando como piche sobre o chão, encharcando o carpete. Todavia, as sombras faziam claras circunferências em torno de vocês enquanto os desenhos feitos pelos seus dedos nas testas de todos os ali presentes, brilhava em um tom vermelho profundo e vívido. Era como se a proteção feita por ti impedisse que o abismo os tocasse! E em uma fração de segundos a sala inteira estava envolta por uma pesada mortalha. Luzia se encolhia e olhava assustada para todos os lados, talvez ela nem sequer fosse capaz de enxergar algo dentro daquelas sombras assustadoramente vivias que corriam como uma rio negro pelo chão da sala e que continuavam a cair do teto e das paredes, vertendo como sangue de uma presa recém abatida.

-Eu o comando que pare, agora! Identifique-se ou

Ordena Lucita cuja voz ecoava com a força de verdadeiros trovões, espalhando as sombras que se paralisavam diante da ordem da antiga Lasombra. Haviam emoções, reações e intenções obscuras naquelas sombras, indícios cada vez mais claros de que alguém estava tentando se comunicar... Alguém que você conhecia e que temia a figura de Lucita. Era uma voz feminina, pálida, fria e apática.

-Essas frágeis, falsas e heréticas crenças não os levarão fundo o suficiente para encontrar o que vocês buscam... Já se fazem alguns anos, meu querido traidor e pelo que vejo, tua decisão final foi a de associar-se com o maior de todos os covardes. Mas não é sobre você, não hoje... Venho para apresentar a vossa Senhoria, Lucita de Aragão, aqui, dentro das abissais criaturas obscuras, apenas um nome é respondido quando se é ouvido o nome de sua cria, Nikita de Sredetz.

Essa voz, você jamais se esqueceria da face da dona dessa voz! Era Soledat Castellblanc, prole de Agustín Cazalla! Ela estava se comunicando através do Oubliet, isso certamente a colocava fisicamente inalcançável. E enquanto a sua mente maquinava sobre a situação, Soledat seguia a falar:

-Esse ataque não foi gratuito e é uma manifestação que já ecoa no interior dos cultistas a décadas, é chegada a hora da ascensão... E o vitae do maior de todos os traidores deverá regar o chão sagrado de Madrid. Logo, acredito que Selena esteja sob a ameaça dos hereges e que o verdadeiro alvo deles sejam vocês, os três herdeiros de Monçada.

Os olhos de Lucita analisavam o ambiente e seus punhos se cerravam quando ela ouvia o nome "Monçada". Luzia se ajoelhava e abaixava a cabeça em um sinal de autopreservação, já que imediatamente em seguida, Lucita simplesmente corria pela sala, fazendo uma pausa brusca de frente para uma das paredes e desferindo um soco tão forte contra a parede de sombras, que seu braço inteiro a atravessava! Ali, você testemunhava uma habilidade que sempre lhe pareceu absurdamente mitológica: A capacidade de romper a mortalha com os próprios punhos! O braço de Lucita atravessava o Oubliet, cruzando as mais profundas camadas do abismo para puxar de lá, pelo pescoço, a própria Soledat! Que assustada como uma criança diante de seus pais enfurecidos, olhava com os olhos esbugalhados e movimentava as mãos em um claro pedido de clemencia para Lucita.

-Como? Por favor, não me mate! Como isso foi possível? Eu nem estava em Madrid!

Lucita então girava na sua direção, mantendo o corpo de Soledat erguido do chão enquanto ela se debatia e tentava se soltar. Os olhos de Lucita então te encaravam como os olhos de uma verdadeira leoa enfurecida e pronta para matar para proteger suas crias.

-Ponha fim nesse ritual, temos alguém para que você possa interrogar e obter informações específicas. É hora de vocês conversarem e me apresentarem uma resposta sobre onde está a minha filha!
Npc em cena:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime29/12/2020, 23:02

Ouvir um pouco sobre Selena plantava uma dúvida em minha duvida. Se antes eu duvidava e colocava a mulher como uma possível cultista de Lilith, agora eu não poderia fazer tal afirmação. Por mais que as qualidades citadas por Luzia não eliminasse a possibilidade, elas me traziam uma nova visão de Selena que eu não possuía antes.

Porém, aquele assunto ficaria para uma outra hora, afinal, Lucita chegava e com a chegada dela sua prole se calava. Naquele momento, eu finalmente começava meu ritual para que pudéssemos estudar aquele Oubliet em segurança. Tendo uma forte base no catolicismo e nas práticas ensinadas pelo próprio Monçada, eu sentia um receio de fazer o ritual na frente de Lucita, já que ela já havia demonstrado certo desgosto ao ouvir o nome do eterno cardeal, mas surpreendentemente ela não o recusava.

Terminando o ritual e começando o estudo do Oubliet, éramos todos surpreendidos quando eu retirava o jarro de cima e iniciava o contato. De forma completamente inesperada, o Oubliet começava a se comportar de forma estranha e que eu jamais havia presenciado, apenas lido e estudado. Tornando-se um redemoinho, sugando pequenos objetos, e, ao mesmo tempo, emitindo sons abissais e sombras, o que era para ser um pequeno orbe de escuridão se tornava no centro de uma mortalha!

- Mas o que!?

Surpreso com aquela ação inesperada, minha primeira reação era tocar a água benta com a ponta de meus dedos e respingar um pouco na borda do oubliet onde se encontrava o celular de Selena. Como ele estava próximo, ele seria o primeiro objeto a ser sugado, mas com a ação da água benta eu talvez tivesse alguns segundos para pegá-lo rapidamente.

Depois de salvar o celular, meus olhos procuravam por Lucita e Luzia. A primeira, me olhava e, assim como eu, tentava entender o que se passava, porém sua prole sofria com a reação agressiva das sombras. - Luzia, escute-me. Você está protegida e selada pela força do espírito santo! Nada poderá lhe macular! Acredite na força do espírito e você será resguardada! - Antes mesmo de Lucita tomar alguma atitude, eu sabia e via que a proteção estava dando certo, portanto, minha primeira missão era acalmar Luzia que era consumida pelo medo do desconhecido. Porém…

Quando a voz de uma velha conhecida ecoava pelas sombras, os meus olhos se vidravam naquele oubliet. Com atenção eu ouvia o que ela dizia, mas quando ela mencionava quem eram os alvos, a sensação que percorria meu corpo era a mesma de quando o coração de um mortal parava momentaneamente. No mesmo instante a figura de Maria surgia em minha cabeça e meu corpo todo se enrijeceu. Entrando em uma forma de “combate” o vitae era bombeado impulsivamente para me tornar ainda mais forte.

- Como ousa! Apareça agora, herege!

Falando, com as presas à mostra e como um animal enfurecido, eu olhava ao redor, por entre as sombras, procurando pela megera que ameaçava minha líder. O vitae era bombeado com raiva, uma raiva que poucas vezes eu havia emanado, mas que por conta da presença e força de Lucita era contida!

“Ela! Ela socou a mortalha! Isso… é possível!?"

Como um truque de mágica mortal, Lucita arrancava Soledat das sombras como um mágico tirava um coelho da cartola. Aquela ação era tão inesperada que por um momento eu fiquei paralisado pelo poder da mulher. Somente quando Lucita me ordenava encerrar o ritual é que eu voltava a consciência, retraía minhas presas e me controlava. - Certo! - Eu não costumava tomar ordens, mas naquele momento eu somente obedecia e rapidamente me dirigia até o Oubliet para com muita agilidade finalizar o ritual ao jogar uma quantidade considerável de água benta em cima do ponto central e realizando uma breve oração de encerramento.

Assim que o ritual tivesse terminado e a mortalha se dissipasse, minha atenção voltava para a prisioneira que estava, literalmente, nas mãos de Lucita.

- Parece que nos encontramos de novo, prima!

Com os olhos enfurecidos, ainda lembrando da ameaça que havia sido pronunciada, eu começava uma pequena introdução de quem era aquela mulher para Lucita.

- Lucita, esta é Soledat. Uma antiga herege e membro de um dos cultos mais conhecidos de nossa lista negra: os Angellis Ater. Esta é prole de Agustin Cazalla, executado por suas heresias, porém essa mulher é uma procurada de alto valor pelo fato de ser uma das coordenadoras e arquitetas desse e, provavelmente, de muitos outros movimentos. - Fazendo uma pausa para olhar na direção de Lucita, eu continuava. - Se quiser começar o questionário, eu recomendo que não seja branda...

Ali eu dava a Lucita a iniciativa do interrogatório, apesar de que ela com certeza tomaria a frente de qualquer maneira.

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Danto
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime6/1/2021, 23:59

As sombras se desfaziam com uma agilidade muito maior do que haviam se formado, era quase como se elas estivessem verdadeiramente dispostas a fugir da presença de Lucita que de pé, no centro da sala, seguia com o braço direito estendido, mantendo a figura assustada de Soledat presa pelo pescoço, com os pés pendendo no ar. Luzia, observava tudo com os olhos esbugalhados e até levemente confusa, afinal, aquela ação de Lucita colocava muitos limites da capacidade do Clã em xeque. Porém, diante das suas primeiras palavras, a antiga anciã soltava o pescoço de Soledat, esta caia de joelhos e tateava o chão, tentado se assegurar de que não estava sonhando ou se realmente estava na frente de todos vocês.

-Prole de Agustin Cazalla... É um nome que não escuto à muitos anos, conheci teu Senhor antes mesmo dele ser abraçado, jamais concordarei com as decisões finais dele, mas consigo compreender as motivações iniciais.

Lucita então esfregava as mãos enquanto caminhava até o sofá, para sentar-se no mesmo.

-Olha eu não entendi absolutamente nada...

Comentava Luzia.

-As explicações virão depois, agora, eu acredito que seja melhor começarmos a obter informações que essa senhorita, Soledat, pode nos dar. Mas com todo respeito, Raúl, eu vejo que vocês tem história e é você que tem o conhecimento sobre essas seitas e heresias locais, se minha filha está envolvida com essas, só você saberá o que perguntar ou por quem perguntar... Por isso, acredito que seja melhor você conduzir isto. Afinal, se minha irmã mais nova lhe deu um voto de confiança, eu também posso fazer o mesmo.

Finalizava Lucita, olhando na sua direção e desviando os olhos unicamente para encarar Soledat que iniciava uma ação de se levantar, uma ação que era interrompida pelo olhar sério de censura da Lasombra mais experiente. Assim, a herege seguia de joelhos no chão, em silencio esperando pelo inicio de seu próprio interrogatório.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime19/4/2021, 11:33

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas   1º Arco - 1ª Ato: Narrativa de Raúl - Las Caras Nuevas I_icon_minitime19/4/2021, 11:33

O membro 'Lugo' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


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