Ato I - A Noite do Baile

O seu abraço em Francesco foi prontamente retribuído e a sua resposta vinha com um sorriso carinhoso e uma confirmação não verbal de que o encontro aconteceria sim antes da partida de Masdela da cidade. Todavia, o mesmo claramente tinha incontáveis afazeres a terminar e não houve tempo para uma conversa.

Dentro então do carro, a sua voz preenchia o ambiente e Luana prontamente sorria animadíssima com a possibilidade de dançar no Grande Baile das Rosas de Berlim, mexendo os pés e olhando intensamente para Masdela, a jovem dizia:

-Diz que sim Senhor Alfonsus, por favor! Eu prometo que tenho talento!

Os olhos de seu irmão entretanto se perdiam por alguns instantes, eles olhavam para Luana mas não pareciam vê-la. Acanhado, ele fechava os olhos e ajustava a gravata, esforçando-se para conseguir lidar com a situação.

-Eu não posso dar uma afirmativa sobre a questão apresentada, caberá a decisão ao responsável pela organização do Baile de Elsa, acredito que seja Hans. Por tanto, entenda que eu não posso dar certeza alguma mas que é possível conseguir que a apresentação ocorra.

Abrindo os olhos, seu irmão buscava diretamente a sua figura e da maneira mais sincera possível ele dizia:

-Me desculpe Pita, eu sinceramente não sei como aquilo foi ocorrer...

Masdela claramente tinha mais a dizer, todavia, Lucinde comentava de maneira divertida:

-Tudo começa quando o membro masculino fica ereto e então...

Alfonsus imediatamente beliscava o braço da loira ao lado dele, causando gargalhadas em Luana. Risos tão divertidos que acabavam por se espalhar naturalmente por todo o interior do veículo em movimento. Inclusive Masdela não resistia e ria baixinho da risada de Luana.

O abraço respondido por Francesco encantou profundamente Pietra, o homem a sua frente era uma representação de seu passado que agora retornava, uma parte boa esquecida entre lembranças cruéis e escuras.

A proposta feita animou a pequena filha da lua, sorrindo para Luana com carinho Pietra esperou pela resposta de seu irmão, o tempo que este levou para responder dava a italiana a dimensão da vergonha que este sentia.

“ Hummm, já sei o que eu vou pedir em troca para devolver o nariz do Hans!”

As de Masdela em seu pequeno pedido de desculpas fizeram Pietra sorrir, mas a interrupção de Lucinde fez com que a uma gargalhada gostosa ecoasse pela italiana. Controlando-se para não rir demais de seu acuado irmão Pietra balançou a cabeça ao comentar.

- Não precisa explicar nada, Eva me contou como terminou naquilo e de certa forma eu fico feliz. Tinha medo que vocês dois se odiassem e eu tivesse de convence-los a não se matar. Fique feliz Alfie, ela se preocupa com você e isso é raro mio amato. Mas estás me devendo mio fratello e eu sei muito bem o que eu quero.


Dizia a cainita de forma marota enquanto sua besta se materializava ao seu lado para atacar Alfie e morder o nariz do mesmo, aquele era o sinal de que a cainita não guardava nenhum rancor de seu irmão pelo ocorrido.

Lucinde retrucava a ação de seu irmão, mostrando-lhe a língua e se levantando para atravessar a limousine e sentar-se no banco que havia depois de você e Luana, fazendo um leve toque na sua aprendiz, Lucinde a convidava para uma conversa privada. Essa prontamente e ainda sorrindo, aceitou e acompanhou a loira.

Seu irmão ouvia as suas palavras e esboçava um claro alívio:

-Devo assumir que quando senti vossa presença adentrar o quarto, tive uma mistura de pânico e vergonha, ali eu pensei que a minha última chance poderia...

Mas uma vez interrompido, Masdela era prontamente atacado pela sua besta! O homem ria das ações da mesma de maneira contida e a controlava após escapar de algumas mordidas, mas não de todas!

-Pietra, Pietra... o que queres dessa vez irmã?

Questionava Masdela após ajeitar-se novamente no sofá do carro, era a mesma fala que você ouvia séculos atrás, pronunciada em italiano e com um poderoso fator nostálgico. Tomando a iniciativa de levantar-se e sentar ao seu lado, seu irmão tocava teu nariz e dizia:

-Esse teu sorriso é famoso querida, pelo jeito já está a maquinar algo. Vamos me digas o que eu terei de fazer para quitar essa divida contigo?

A iniciativa de Lucinde foi bem recebida por Pietra, afastando Luana do assunto delicado, mesmo assim antes que Masdela pudesse expressar seus sentimentos de culpa a besta atacou, mordendo sem nenhum pudor a besta impediu Masdela de terminar a frase e se divertiu ao morder com bem entendia.

“ Ele é tão fofo quando fica assim culpado. Ainda bem que eu tenho ela para me ajudar!”

Feliz por Alfie se sentir mais confortável para se sentar ao seu lado, Pietra não conteve o sorriso maroto que se espalhou por seu rosto com rapidez, tendo seu nariz apertado e aquela frase única repetida ali, Pietra abraçou o tronco de Alfie enterrando seu rosto no peito deste enquanto ria.

- Seu bobo, você está estragando meu plano! Mas já que perguntou.

Sentando-se ereta a cainita apertou as mãos com nervosismos ao falar em seu tom mais suave e baixo.

- Eu sei que daqui três dias você vai partir, mas quero ver você de novo então... Você deixa o Francesco comigo até você voltar para me visitar?

De acordo com a própria Evangeline, haviam dois tipos de cainitas: Os que sabiam abraçar e os que paravam ali como um poste no meio dos seus braços. Os postes indicavam cainitas sem sal e no máximo admiráveis. Enquanto os raros que ainda sabiam abraçar, eram os mais perigosos, afinal por eles era possível desenvolver sentimentos.

Esse breve pensamento lhe veio a mente quando seu irmão aproveitava a sua reação de abraçá-lo para prontamente a envolver em um quente, curto e forte abraço. Com as duas mãos bem abertas e com os dedos espalhados, seu irmão a acolhia como poucos conseguiriam fazer. O breve toque terminava e Masdela sorria de maneira divertia, inclinando-se para ouvir melhor a sua fala baixa.

-Você entende que Francesco precisa de vitae toda noite, certo? Se me prometer cuidar bem dele, não vejo problemas. Afinal, assim eu serei mesmo obrigado a retornar! Então, deixaremos assim. Após a minha breve despedida dessa cidade, Francesco ficaria contigo e quando eu tiver tudo solucionado, eu retorno para vê-la novamente.

O carro seguia pelas ruas de Berlim, por um caminho que você conseguia já começar a reconhecer. Não iria demorar muito mais do que vinte minutos para que vocês quatro finalmente chegassem ao Baile.

No abraço quente e único de Masdela, Pietra sorriu com as palavras de sua musa que lhe viam a mente, sendo totalmente recebida pelos braços de seu irmão a italiana sentiu a verdade por detrás daquelas palavras.

“ Será que um dia serei capaz de amar Masdela da forma que ele quer? Ele conseguiria amar Friederich?!”

Afastando os pensamentos enquanto seu irmão respondia, Pietra sorriu de forma triunfante dando pequenos saltinhos ali sentada, ter Francesco cedido daquela forma era um desejo com o qual Pietra não esperava contar.

- Eu prometo que cuidarei bem dele Alfie, afinal ele é um amigo antigo e eu não gostaria de fazer mal nenhum a ele. É surpreendente pensar que ele é mais velho do Eva, mas isso explica a clara dependência do vitae.

Apertando a mão de seu irmão Pietra sorriu com carinho para Masdela, apertando o nariz deste a cainita riu ao perceber que logo chegariam ao refúgio das rosas de Berlim.

- Vou cobrar essa visita meu querido irmão, alias quero conhecer sua filha e sua neta. Então tente traze-las na visita!

Comentava Pietra ainda sorrindo, a besta que se sentia ignorada, se deitou sobre o colo de Masdela cobrando por carinho em seus cabelos enquanto mordia os joelhos do cainita.

Lucinde e Luana seguiam conversando baixinho, eram claramente uma conversa sobre os anéis que a jovem filha da lua estava usando, já que as mãos dela estavam sendo exploradas pela Ventrue.

Masdela fazia uma pequena careta quando tinha o nariz apertado, uma reação que ele costumava sempre exibir e que lhe dava ainda mais certeza de que as barreiras dele estavam gradativamente caindo e não demoraria muito para que o homem voltasse a ser a figura que sua memória lhe contava. Notando sua besta, Alfonsus prontamente levava uma mão nos cabelos dela, fazendo-lhe um carinhoso cafuné.

-É quase como o realizar de um sonho...

Suspirava o homem que enfim, sorria e dizia:

-Veja bem, eu sei que você irá cuidar muito bem de Francesco. Ainda se lembra dele bem garoto, ainda sem pelos, a espiar minhas aulas de pintura à ti... Ele fará muito bem a você e todo esse novo processo de importância que iniciastes em vossa seita.

Terminando a frase, seu irmão esticava a mão livre na sua direção. Virando a palma para cima e pedindo silenciosamente pela sua, assim de forma suave e delicada, seu irmão esperava pela sua mão.

[Off: Ultima ação para o final do Ato]

Pelo canto dos olhos Pietra viu que Lucinde e Luana continuavam a conversar entretidas com as mãos e os anéis da jovem filha da lua, mas a pequena careta de Masdela arrancou um riso suave de Pietra, pondo a mão na frente da boca a cainita controlou o riso que logo viraria uma gargalhada.

“ Eles está voltando a ser ele mesmo, está funcionando e eu me sinto tão feliz por isso.”

Vendo a besta receber seu carinho a cainita concordou com um aceno leve e gentil sobre as palavras de seu irmão, a imagem de um Francesco espiando as suas aulas de pintura lhe vinham a mente revelando um sorriso saudoso. Respondendo com carinho o pedido de sua mão Pietra pousou sua mão sobre a de Masdela apertando-a de leve.

- Lembro bem das broncas que você me dava quando eu mostrava a língua pra ele, era divertido rir as suas costas e implicar com Francesco. Sei que ele me ajudará muito Alfie, eu fico feliz por poder te-lo do meu lado. Ter vocês dois.