Ato I - Narrativa Henrik - A' dùsgadh

Folhas e galhos batiam de encontro a sua pele quase como se tentassem impedir sua passagem, ou simplesmente abraçassem seu corpo, ainda assim sua passagem era suave e quase como esperada, havia agua na altura de seus joelhos e o frio parecia não lhe incomodar, era como se fizesse parte daquilo.

O cheiro úmido invadia suas narinas e conforme seu corpo avançava as arvores pareciam crescer de tamanho, deixando a caminhada muito mais longa do que realmente parecia. Em meio a caminhada uma luz o guiava, a luz se movia a cada passo dado, era como se o guiasse em meio a escuridão que o cercava, a luz esbranquiçada sempre o mantinha ao alcance de sua aura, mas por mais que você forçasse seu corpo parecia impossível alcançá-la completamente.

Um longo e profundo bramido fez as arvores a sua volta estremecer, pequenas quimeras feitas de luz corriam por entre as longas raízes, algumas corriam da luz ou em sua direção, e ali seus pés ganhavam força, ou a permissão da passagem. Abrindo caminho com mais rapidez, a luz mudava de tom ganhando um contorno mais azulado, abrindo as folhagens você quase vislumbrava a pelagem branca da criatura que emanava a luz.

Quarto:

O bramido se fez presente novamente, mas era o bater em sua porta que o acordava, despertando com o sentimento de urgência, você se encontrava em seu novo quarto, na casa que havia escolhido e comprado para viver com seus sobrinhos, e era justamente a voz de Maja que o despertava, a voz que por alguns instantes era tão parecida com a de sua irmã que chegava a doer sem que você percebesse.

– Tio? Chegou uma notificação judicial para você! Tio?

Acordando com o som do bater na porta, me sentava na cama e respirava fundo, esfregando a minha própria face com as duas mãos e tentava entender alguma impressão inicial sobre o sonho que havia me conduzido até esse momento de acordar.

"Que criatura é essa? Esse tom azul... Essa pelagem branca... Não sei o que é, será que é alguma visão? Preciso compartilhar isso com alguém com mais sensibilidade para esses mistérios do sonhar"

Ouvir a voz de Maja era sempre uma experiência inesperada, não bastava as similaridades na aparência com a minha irmã mais velha, mas a sua voz também reverberava de uma forma que por alguns instantes me faziam até conseguir imaginar rever a figura da mesma, algo que infelizmente jamais voltaria a acontecer. Porém, os filhos da minha irmã eram agora a minha responsabilidade e era com alegria e confiança que estava disposto a cuidar dos dois, mesmo com a nossa pouquíssima idade de diferença.

"Assim já tenho experiência como Pai quando o meu momento chegar!"

Me levantando da cama, prontamente respondia a garota que estava do outro lado da porta.

-Ei, chegou é? Beleza, já estou descendo! Rapidinho!

Respondia para logo apressar meus passos até o closet do quarto para me vestir de maneira prática e confortável para prontamente abrir a porta e falar.

-Pronto!

Era difícil esconder a alegria de receber aquela notícia, seria finalmente o momento de oficializar a minha função como tutor legal dos meus sobrinhos. Uma missão difícil, que vários certamente jamais aceitariam, mas era meu dever e eu iria cumprir o mesmo com alegria e atenção. Assim, já me direcionava para receber a pessoa que estaria a portar a notificação judicial referente aos meus sobrinhos.

Acordando com o sentimento de importância que o sonho transparecia, você se sentava na cama para sentir o gosto acido da semelhança que a jovem Maja tinha com a mãe, ainda assim era o sentido de dever e até mesmo alegria que tomava sua mente, afinal se havia uma procuração a sua espera só podia significar que eram os papeis da tutela de seus sobrinhos.

– Certo, eu espero!

Diziam a jovem que pelo seu tom de voz havia entendido que você perdera o horário. Tomando um curto tempo para se arrumar, era a água fria que o fazia deixar de lado a sonolência que ainda adormecia seu corpo, escolhendo uma roupa confortável e quente o suficiente para enfrentar o frio que crescia cada vez mais na cidade, você se apresentava a sua sobrinha quando abria a porta, ali a jovem sorri revelando uma das poucas coisas que não lembrava sua irmã o sorriso que ela havia puxado do pai.

– Tá, eu vou deixar essa roupa passar porque estamos em casa, mas nem pense em sair na rua assim!

Comentava a garota que empurrava uma caneca de café em suas mãos apenas para lhe dar um beijo na bochecha e continuar.

– O senhor Norh está te esperando na sala.

Descendo as escadas na sua frente, Maja rumava para a cozinha deixando-o livre para descer as escadas e na sala encontrar a figura sempre sisuda de Norh, o homem de certa idade já tinha os cabelos completamente brancos, mas isso contrastava com o terno de cor fechada que usava, distraído ele encarava a decoração da sala com certa curiosidade.

Sala de estar:

Asle Norh:

– Bom dia rapaz, espero não o ter acordado.

Dizia o homem mais velho ao virar o rosto e encará-lo, por alguns instantes o reflexo feérico do marquês brilhou, mas a sensação de realidade ainda era presente o suficiente para que vocês dois permanecessem na forma mundana.

Sorrindo de maneira descontraída para deixar claro que era só uma brincadeira, sinalizava de maneira positiva com a cabeça para Maja e já começava a me direcionar a sala.

-Não se preocupe, prometo que caso tenha que sair vou me trocar, mas já adianto que aceito ajuda. Ainda estou me acostumado a não ter a ajuda da K para escolher essas coisas!

E era verdade, quando ainda era famoso e aparecia em todos os cantos, sempre haviam pessoas que me vestiam e determinavam meu guarda roupas, depois disso, foi natural deixar esse controle sob a responsabilidade de K, tanto por sua habilidade com o tema, quanto por sua dedicação a excelencia na aparencia.

"Não vai chamar ele de Marquês eim, vai ser difícil de contornar!"

Já na sala, olhava na direção de Asle, reconhecendo-o de maneira imediata, tinha que me segurar para não reagir de um modo que pudesse ser confuso para Maja.

-Bom dia, não não, não se preocupe a sua presença é muito aguardada por nós, venha por favor, sente-se. Deseja algo para beber? Comer? Me desculpe a inevitável ansiedade mas estou realmente empolgado em fechar essa situação burocrática para ficarmos aliviados e acordados.

Terminava de falar, tomando mais alguns goles de café enquanto aguardava o desenvolver da situação.

Rindo com a brincadeira Maja colocava a mão na cintura para responde-lo em uma reclamação brincalhona.

– Ai ai tio, nada de deixar o trabalho pesado pra K e pra mim! Eu sou a adolescente aqui!

Era rindo que vocês dois desciam a escada, e as risadas chamavam a atenção de Nohr, os olhos do homem mais velho observavam a cena com certo interesse, fazendo com que a presença naturalmente austera deste deixasse que Maja transparecesse a ansiedade que sentia, afinal aquele era um assunto que dizia a respeito da vida da garota e a seriedade desta em tão pouca idade era mais uma das semelhanças com a da falecida mãe.

– Certo, eu acabei me atrasando por alguns problemas menores, mas fico feliz em saber que não atrapalhei. Eu aceitaria uma caneca de café se não for muito incomodo.

Comentava o sidhe mais velho olhando para a jovem Maja que mais do que prontamente acenava de maneira positiva e corria para a cozinha indo buscar a bebida pedida, Nohr então pegava a maleta depositada ao lado do sofá e a abria procurando pelos documentos que deveriam ser assinados.

– Bom, posso lhe adiantar que os tramites legais estão dentro do esperado, a assinatura é apenas uma formalização legal da guarda, mas é essencial que aconteça. Assim Maja e Thomas terão um respaldo caso precisem.

Dizia o homem ao retirar uma pasta e colocar em cima da mesa, abrindo a pasta este escolhia cuidadosamente as partes que deveriam ser assinadas, para só então retirar uma caneta do bolso do paletó e lhe oferecer.

Caneta:

– Fique a vontade para ler, por mais que esteja tudo dentro do padrão é um cuidado que entendo caso queira ter. Além do mais, eu tomei a liberdade de trazer a lista de documentos para a matrícula dos dois na Trellebakken Skole, é um dos deveres jurídicos do tutor.

Comentava Norh ao colocar uma segunda pasta em cima da mesa deixando claro que aquela deveria ficar, neste momento Maja retornava a sala com uma caneca de café e um prato com alguns biscoitos. A jovem colocava o prato em cima da mesa ao lado das pastas e entregava a caneca de café a Norh, que sorria de maneira educada em um simples obrigado a garota.

"Tenho que ser muito grato, imagina se eu recebo meu sobrinhos depois desse trauma e eles chegam aqui completamente anti sociais ou vivendo só trancafiados dentro de seus quartos, ou ainda pior, revoltados, adolescente revoltado é um desafio. Eu sei porque eu meio que fui um né!"

Sentando no sofá e ouvindo as palavras de Norh, acompanhava com os olhos a movimentação de Maja em direção a cozinha e colocava a minha caneca de café sobre a mesa de centro. Para então me esticar e pegar com cuidado a via do contrato que deveria ficar conosco.

-Entendi! Mas para ser muito sincero, eu não entendo muito ou basicamente nada sobre esses termos técnicos de jurisprudência...

Falava dando uma rápida olhada superficial e em seguida, sorria ao ouvir o nome da escola e animado com o segundo assunto já respondia.

-Ah! Muito obrigado, era um assunto que precisava tocar em algum momento e não fazia ideia de como iniciar, afinal, eles precisam voltar a escola e terminar os estudos de formação. Obrigado mesmo por esse auxílio...

Notando a entrada de Maja, prontamente compartilhava a notícia.

-Vocês vão para a Trellebakken Skole! É logo aqui perto, o senhor Norh já trouxe até a lista de documentação para a admissão de vocês.

Em seguida dava uma olhada breve na lista de documentos e a oferecia para que Maja pudesse ler, para então voltar a minha atenção ao documento central sobre a tutoria legal dos meus sobrinhos, fazendo uma leitura dinâmica e prontamente pegando a caneta para assinar se não notasse nada de errado.

"Não existem motivos para duvidar do Marquês! Ele é acima de tudo uma figura notória da corte, tutor da K e um herói para muitos. A minha confiança é total, vamos logo terminar com essa burocracia!"

Refletia ao tirar os olhos e olhar diretamente para a figura do Marquês, fazendo um movimento simples de cabeça para o mesmo para indicar que não havia mais porque seguir a leitura, o voto de confiança ali seria outro, muito mais poderoso e verdadeiro, com um olhar eu deixava muito claro o meu posicionamento e assim simplesmente pegava a caneta e marcava onde deveria com a minha assinatura.

De certa forma aliviado por saber que seus sobrinhos que haviam passado por uma situação tão traumática, não demonstravam ter sequelas sociais, e de certa forma começavam a assumir suas próprias prioridades e responsabilidades com facilidade, você sentava no sofá ouvindo as explicações e Nohr.

– Devo concordar que o linguajar judicial é complexo e por vezes demasiadamente burocrático.

Comentava Nohr com um sorriso simples de concordância, sua animação sobre o assunto escolar fazia com que o homem de cabelos brancos sorrisse de maneira genuína, era claro que a figura do Marques era respeitada por todos, mas havia um esforço genuíno neste em se provar capaz de tal respeito.

– Eu já ajudei a Trellebakken em algumas questões, então sei que é uma boa instituição, além disso, conhecer a diretora ajudou um pouco com a documentação.

Dizia o homem enquanto Maja pegava a pasta para olhar quais documentos seriam necessários, era visível a ansiedade da jovem, por isso Nohr dava espaço para que esta pudesse ler sem interrupções.

Enquanto você lia rapidamente os documentos de guarda, a sensação de dever com Nohr crescia, era claro que o sidhe mais velho havia feito seu trabalho com exímia qualidade e clareza, o dever deste com aqueles que o cercavam sempre estavam a mostra, e era com essa sensação de dever com a figura deste que você assinava o documento.

Porém, ao fazer o ato tão natural, a caneta em sua mão vibrava se tornando uma longa pena negra, a linha de tinta brilhava incrustada de glamour algo que fazia com que os olhos experientes do Marques o encaravam curiosos, mas assim que você retirava a longa pena do contato do papel, as linhas ganhavam vida transformando-se na figura de um pequeno grifo que pulava para fora do papel apenas para se desfazer em uma pequena fumaça de glamour e se dissipar no ar.

Antes que Nohr pudesse reagir ou comentar alguma coisa, Thomas corria para dentro da sala em uma clara euforia de alguém que havia descoberto algo maravilhoso, surpreendido pela figura de Nohr, o menino demorava alguns instantes antes de falar.

– Ah oi! Bom dia! Maja! Eu achei um ninho de corvo numa árvore aqui perto!

Rindo com o irmão, Maja colocava a pasta na mesa olhando para você e Nohr como ao comentar enquanto Thomas corria para fora claramente esperando que a irmã a seguisse.

– Eu já volto! Prometo!

Correndo atras de Thomas, você e o Marques permaneciam em silêncio na sala, em sua mão havia a longa pena negra e um documento recém assinado que já não tinha mais assinatura.

– Tome cuidado Henrik, juramentos são perigosos se feitos de maneira leviana.

Dizia o Marques ao colocar a caneca sobre a mesa e apontar para a pena negra, em um claro pedido para que você a entregasse.

"Essa energia é contagiante não é?!"

Era com um sorriso enorme na face que testemunhava a entrada de Thomas, sua fala sobre o ninho de corvo e a reação de Maja. Provavelmente se a figura do Marques não estivesse ali eu certamente teria corrido junto de Maja para espiar o tal ninho, porém, permanecia sentado apenas com um sorriso na face enquanto observava a interação entre os dois irmãos.

Olhando então na direção do Marquês, assim que os dois irmãos já não estavam mais presentes, era com um sorriso tranquilo que eu respondi o mesmo:

-Agradeço o conselho, mas não é algo que eu tenha pensando muito antes de fazer, apenas estou retribuindo agora tudo que não pude fazer antes. Trouxe problemas demais para todos da minha família, prover para meus sobrinhos um lar e uma vida confortável é o mínimo em agradecimento a tudo que minha irmã fez por mim. Enfim, estou muito feliz com essa mudança, até mesmo para me ajudar a entender a mudança que chegará no meu futuro próximo.

Fazendo questão de me levantar e caminhar até o Marques, para lhe entregar diretamente em mãos a pena negra.

-Aqui está! Obrigado pela atenção e por toda ajuda com as questões, especialmente sobre a educação das crianças.

Esperando o Marques receber a pena, para então voltar a me sentar.

-Bom, além dessas obrigações legais as quais eu reforço que estou muito grato por sua ajuda, existe algo que possa fazer pelo Senhor ou existe algo que queira tratar?

Questionava enquanto me esticava para pegar a minha caneca de café e terminar de beber a mesma com tranquilidade.

O ar da sala que havia se renovada com a animada movimentação de seus sobrinhos parecia mais leve e mais gelado, algo que não lhe passava despercebido, mas diante da presença de Asle aquele era um detalhe pequeno.

O Marques ouvia atentamente suas palavras, ponderando sobre elas ele recebia a pena negra em mãos, rindo com isso era em um gesto simples que ele tomava sua mão e murmurava algumas palavras no idioma que você só imaginava ser o gaélico.

- Gu'm bi do ghealladh air a choimhlionadh, agus gu'm fanadh t' onoir ro-ghràsmhor.

Neste momento a pena vibrava na mão do Marques, voando para seu pulso ela se enrolava enquanto girava em torno deste para se solidificar em um simples bracelete de prata negra, olhando em seus olhos Norh sorri ao guardar a caneta que havia se separado da pena.

Bracelete:

– Já tive sua idade e posso compreender perfeitamente seus sentimentos rapaz, e sei que nossa família é que nos mantém intactos com nossa natureza. Torço para que você consiga manter sua promessa rapaz.

Andando até a mesa Norh guardava os documentos enquanto ouvia suas palavras, balançando a cabeça de forma negativa este sorria ao dizer de maneira simples e bem humorada.

– Na parte jurídica está tudo encaminhado, acredito que logo você receba os documentos finais da oficialização. Quanto a nossa natureza, bem eu gostaria de lhe pedir cuidado. Não sabemos como sua presença pode influenciar seus sobrinhos, mas é fato que talvez eles se tornem tocados devido ao convívio, e para tocados compreender o que somos é sempre mais complexo.

Comentava o barão ao cuidadosamente ajustar suas vestes, os olhos experientes do sidhe mais velho deixavam claro que o assunto era sério.

– Além disso, se tem corvo aqui perto quer dizer que Magnar já está cuidando para que você e seus sobrinhos estejam defendidos, o velho redcap pode não gostar de você ser o herdeiro de Manchesto, mas não vai faltar com seus deveres.

"Isso é gaelico é? Será que todo Sidhe sabe falar? Eu deveria aprender? Impressionante como eu não consigo nem imaginar o significado dessas palavras."

Observando com curiosidade a ação do Marquês, era de forma espontânea que acompanhava com os olhos o movimento da pena que se transformava no bracelete, ao qual eu prontamente levava a mão oposta para tatear e sentir as runas e todos os detalhes de seu acabamento.

"Bem bonito esse bracelete, pelo visto fiz um juramento bem importante, mas como não fazer? Se eu não acreditar que consigo, teria sido melhor nem ter recebido meus sobrinhos... Sei que vai ser difícil, mas confio que o Henrik do futuro vai ser cada vez melhor que o do passado, é isso."

Levemente distraído pelo bracelete, levava alguns instantes para me atentar a seriedade do assunto referente aos corvos e a figura de Magnar. Porém, assim que entendia a mudança do assunto, prontamente respirava fundo e olhava para o Marquês, antes de responder ao sidhe mais experiente.

-Se escutasse essa mesma frase a alguns dias atrás, ficaria incomodado e até irritado. Porém, depois de todos os acontecimentos e de tudo que pude aprender, acho que é até justificável essa atenção e preocupação de todos. Existe um pouco de bizarro em mim e em como me tornei o que somos, sinceramente acho que vai ser um eterno mistério para mim, todavia, espero que possa ao menos ser capaz de construir um legado de honra que possa ser apreciado no futuro. Afinal, eu sou o primeiro do meu nome né?

Tirando a mão do novo bracelete, olhava em direção a parte externa da casa, mesmo que não fosse possível ver os meus sobrinhos, a ideia era indicar que estaria a falar sobre eles.

-Ficarei bem atento, entendo o risco. Vou evitar a utilização de artes e glamour na proximidade deles e caso perceba alguma epifania ou qualquer indicativo de uma crisálida, irei informá-los. Pode ter certeza, não quero que eles passem por algo tão confuso como foi para mim e a K.

Dando alguns passos para o lado e me virando para o Marques, deixava um sorriso escapar ao finalizar o meu pensamento.

-Fico contente em saber que o Lorde Magnar segue com seus deveres e espero que sua herdeira também o faça, mas sinceramente e com todo respeito, se o velho redcap gostar de quatro pessoas eu ficaria profundamente surpreso!

Banhado por uma aura silenciosa, Norh observava atento suas ações e ouvia mais atentamente ainda suas palavras, terminando de ajeitar o terno elegante, este se concentrava em bebericar da caneca de café enquanto ponderava sobre suas palavras.

Pela janela, era possível ver do outro lado da rua, Maja e Thomas observando atentamente a arvore no quintal do vizinho, uma grande ave negra estava pousada em um dos galhos e mesmo a distancia era como se ave sorrisse para as crianças que pareciam animadas.

– Tha fìrinn anns na faclan agad...

Murmurava a figura alva do marques, mais como se estivesse pensando em algo muito distante, tomando mais um gole do café, Nohr sorria para a caneva vazia ao voltar seus olhos azulados para voce e comentar.

– Sei que é incomodo essa vigilância toda, mas não é só sobre sua natureza única. Magnar pode não gostar muito de muitas coisas, mas existe honra nele. Uma forjada pelo trabalho duro, e isso ele reconhece com justiça.

Colocando a caneca sobre a mesa, Nohr sorria ao pegar a maleta e se preparar para partir, já que haviam tarefas ainda a serem feitas por este.

– Quanto a Lorde Magnar, eu não o chamaria assim, não exista nada que ele odeie mais do que o próprio título, por isso ele ficou feliz quando a herdeira de Sgiath nan Cnàmhan passou por sua crisálida. O titulo que pertence a Magnar é dela por direito e logo ela honrará os deveres do avô e a herança que carrega dele.

Andando até a porta, Norh se virava para encara-lo sorrindo de maneira simples e educada.

– Ouça, se você tiver duvida sobre como sua natureza pode afetar seus sobrinhos, procure por Ella, ela tem uma livraria perto do mar e já viajou o suficiente para conseguir sanar as duvidas dos curiosos, além disso é bom ter uma boa convivência com os Senhores e Senhoras que estarão ao seu lado na corte. Agora se me permite, eu ainda tenho que visitar alguns clientes.

Esperando por suas palavras Norh se despedia com um breve aceno para ganhar a rua e rir com o estardalhaço que o corvo fazia ao ve-lo.

"E lá vai ele de novo falando nessa língua maluca de novo!"

Em silêncio enquanto observava a figura do Marques provar o café que havia sido servido ao mesmo pela minha sobrinha, cruzava os braços e inclinava levemente a cabeça em uma tentativa falha de interpretar qualquer coisa que havia sido dita pelo mesmo na sua primeira frase. Já desistindo, voltava a minha atenção para o lado exterior da casa, para então fazer um sinal positivo com a cabeça para a frase do Marques sobre a figura do Lorde Magnar.

-Entendi a parte da herdeira e que ela passou pela crisálida, mas devo assumir que não consigo imaginar o que foi dito entre essas informações. Mas não tentei se ofensivo ou desrespeitoso para com a figura do Lorde, é apenas a impressão que o mesmo sempre me passou e não convivi muito com o mesmo. Mas obrigado de qualquer forma, a sua ajuda com meus sobrinhos foi muito importante e é o tipo de ajuda que não é possível de ser esquecida...

Fazendo uma curta pausa, para propriamente acompanhar a figura do Marquês até a saída de maneira bem educada e respeitosa, abrindo a porta para o mesmo e antes de retribuir o sinal de despedida, afirmava:

-Ella? Certo, vou aproveitar essa manhã mesmo para fazer uma visita a mesma. Preciso tirar algumas dúvidas e incertezas, até para a própria segurança deles. Obrigado pelo apontamento e mais uma vez, obrigado pela assistência jurídica. Até breve!

Fazia enfim um aceno de despedida para o homem e prontamente olhava na direção dos meus sobrinhos, para sorrir ao ver a interação deles com o corvo. Para então, após alguns instantes fazer um gesto e chamar a atenção deles, os chamando para dentro da casa.

-Deixem o corvo em paz, pobre ave! Venham para dentro de casa, tenho uma novidades para vocês... Vamos!

Mantinha a porta aberta, esperando ser ouvido pelos mais jovens.

Um sorriso simples nascia nos lábios de Nohr, este ria baixo diante de sua pequena confissão e por nenhum momento parecia se ofender com isso, deixando o assunto de lado o Marques acenava de maneira positiva a suas palavras e cuidados que teria diante da sugestão que lhe fora dada, assim a figura pálida e altiva deste partia com um breve aceno e passos rápidos de alguém que claramente ainda tinha muito a ser feito.

A grande ave negra grasnava do outro lado da rua para seus sobrinhos, era claro que o corvo não esperava que seu ninho tivesse sido encontrado, e muito menos esperava pelas crianças curiosas que faziam barulho ali, a ave se remexia no ninho ainda em processo de construção e grasnava de maneira inquieta, mas por nenhum momento ameaçava seus sobrinhos, nem mesmo quando as quatro longas asas batiam agitadas para a alegria dos dois irmãos.

Ouvindo seu chamado, Thomas era o primeiro a correr para dentro, inquieto o jovem rapaz ria ao passar correndo para dentro da casa, já Maja fazia questão de olhar para os dois lados da diminuta rua antes de atravessa-la com rapidez, ela ainda ria quando um segundo corvo pousava na arvore e grasnava na direção da porta aberta em uma tentativa de aviso que só as aves conseguiam entender.

– Desculpa tio, eu nunca tinha visto um ninho de corvo tão perto.

Comentava a menina que adentrava para sala se atentando a sua figura, já Thomas pegava um dos biscoitos e concordava com um breve aceno enquanto dizia.

– Pois é o papai dizia que eles atraem azar, mas eu não acho isso não!

Dizia antes de morder o biscoito, Maja ria do comentário com acenando em uma pequena concordância com o comentário de Thomas, mas voltando a ficar séria este demonstrava um leve toque ansioso nas palavras ao mudar de assunto.

– Mas o que você queria contar pra gente tio?

De pé e ainda com a porta da casa aberta, aguardava as reações e o retorno de cada um dos meus sobrinhos enquanto os observava atentamente. Assim que por fim, Maja fazia a entrada final, trava logo de fechar a porta para que o frio não tomasse o interior da casa e com um sorriso tranquilo comentava, enquanto caminhava até o entro da sala onde os papéis haviam sido assinados.

-Bom, primeiro, acho que é importante tomar cuidado com qualquer ninho que encontrarem, qualquer deles poderia causar machucados viu!

Sentando no sofá, apontando para os papeis na mesa de centro, comentava:

-Ah sim! Queria dizer que acabei de assinar a guarda de vocês, agora é só esperar a oficialização, em resumo, não vai demorar praticamente nada para que vocês voltem à escola e para que eu seja legalmente o responsável por vocês dois. É isso!

Sorrindo, compartilhava a notícia com os mais jovens com alegria, mesmo que houvesse um peso da ausência dos pais dos dois, eu não conseguia simplesmente fingir indiferença quando estava tão aliviado por tudo ter dado certo até o momento.

-E agora que eu já sou praticamente o responsável por vocês, o horário de ir para cama é as nove. Ok?

Começava a fala de maneira séria, mas ao chegar no valor numérico já começava a sorrir e acabava por deixar uma risada divertida escapar ao questionar se ambos haviam entendido a falsa ordem, enquanto ainda ria da própria brincadeira, pegava o celular para enviar uma mensagem para Gabriella, questionando se ela já havia saído para a rota matinal de exercícios.

"Independente da notícia, preciso me manter em forma e sempre pronto. Espero que ela ainda não tenha saído, correr sozinho é bem chato!"

Era impossível não rir da reação que meu sobrinho tinha diante daquela brincadeira simples que eu havia feito com o mesmo. E era assim, com um sorriso no rosto que eu lia a mensagem de resposta que chegava no meu celular e então, prontamente me levantava e me esticava por inteiro, para então olhar na direção da Maja e fazer um claro sinal de positivo com a mão esquerda.

-Fechado! Se vocês puderem então organizar tudo certinho, agente fica só pra fazer essas fotos. Podemos até contratar algum fotografo, mas acho que é exagero, com um pouquinho de paciência e talvez com a ajuda da K, agente faz umas boas fotos dessas caronas de vocês não é!?

Mantendo o sorriso e o tom jocoso na minha fala, mostrava a língua para Maja para deixar claro que estava somente brincando o tempo inteiro, para então me virar e comentar.

-Bom, vou sair pra minha corrida matinal agora vou deixar vocês ai a vontade pra terminar o café, cuidado com o ninho de corvos lá fora e outra coisa. Olhem seus emails, verifiquem se alguma documentação ficou pra trás, se tem alguma informação, temos que fazer tudo isso bem certinho tá? E vou subir pra me trocar e já to indo!

Era com uma verdadeira alegria que anunciava pros meus sobrinhos que iria realmente sair para correr no começo da manhã, a minha rotina de exercícios era quase que executada de forma religiosa e eu me orgulhava de manter meu corpo e a minha mente sempre o mais saudáveis possíveis.

"Preciso estar sempre pronto!"

Animando-me, já subia para o meu quarto afim de me trocar novamente e já sair ao encontro de Gabriella para a qual eu enviava uma resposta positiva via mensagem e perguntava onde eu a encontraria naquela manhã. Para também aproveitar a oportunidade e enviar um emoji de coração para o celular da K.

Seu riso apenas fazia com que Thomas risse mais ainda da brincadeira, porém quando você levantava do sofá os olhos de Maja instintivamente o seguiam e a garota ria ao lhe responder com uma língua a mostra imitando sua ação brincalhona antes de responde-lo.

– Sem problemas, mas vê se não se atrasa pro almoço, o senhor Manchesto ficou de pegar a gente as 13 horas em ponto. E Thomas nada de me fazer passar vergonha comendo que nem um troll esfomeado esperando pessoas passarem na ponte!

Comentava a garota implicando com o irmão que maliciosamente imitava um gigante enquanto Maja começava a correr para longe, era com essa imagem na cabeça que você subia as escadas do quarto para se arrumar enquanto mandava uma mensagem carinhosa para Gabriella.

Fazendo a troca rápida de roupas sem muitos problemas, seu celular vibrava em uma resposta única da jovem atleta.

Mensagem Gabriella:

Sem pensar muito você se encaminhava para a janela apenas para ver um Gabriella feliz e sorridente acenando de forma efusiva, do outro lado da rua, porém era possível observar que um segundo corvo os observava enquanto o primeiro permanecia aconchegado no ninho recém feito.

– Vamo Henrik! Se demorar demais eu vou ter que aquecer de novo!

Soava a voz da jovem abafada pela janela fechada.

-Escute a sua irmã, você ainda nem tem tamanho para comer feito um troll... Não que eu também tenha né, mas você entendeu!

Afirmava com um sorriso divertido no rosto, para então me despedir temporariamente dos meus sobrinhos afim de retornar ao meu quarto e me preparar completamente para conseguir correr do lado de fora de casa sem virar um bloco de gelo. E assim que ouvia a voz de Gabriella, sorria empolgado e me aproximava da janela para fazer um simples sinal de "espera" com a mão esquerda bem aberta, para me certificar que havia sido compreendido. Assim, saia em direção a porta, mas sem antes avisar em alto e bom tom:

-Estou saindo para uma corrida, já volto! Qualquer coisa, se cuidem e me liguem!

Dizia, ao me certificar de estar com o celular no bolso e prontamente indicar para K que estaria indo correr, como fazia todas as manhãs. Para então, já do lado de fora, me aproximar da figura de Gabriella e abrir um largo sorriso.

-Ei! Bom dia! Ainda não fiz meu aquecimento, me ajuda? Ou vamos até algum lugar e lá eu dou uma aquecida, como cê prefere? E pode conduzir pra onde quiser, hoje eu to alegre, só boas notícias, então é momento de pegar pesado né?! Pra não acostumar!

Dizia de muito bom humor, aguardando as reações da minha amiga de exercícios e atividades mais dinâmicas e atléticas.

Seus sobrinhos riam diante da brincadeira e continuavam a rir como bons irmãos enquanto você subia para se arrumar, já no quarto a tarefa era simples e até rápida, porém a mensagem e a voz de Gabriella eram mais, e assim a jovem loira acenava de forma positiva para você deixando claro que te esperaria.

Pegando o celular para avisar a Katri que você sairia para sua corrida matinal a resposta era quase que imediata, já que você recebia um emoji do coração como resposta, algo que indicava que a jovem estava ocupada com alguma tarefa naquele momento.

Guardando novamente o celular você não perdia tempo em descer para correr, encontrando Gabriella que dava alguns pulinhos no mesmo lugar para se manter aquecida, a jovem sorria feliz com suas palavras.

– Bom dia Henrik! Ajudo sim, mas nada de pegar pesado, afinal não é só o senhor que tem boas noticias! [/i]

Dizia a jovem de maneira sorridente ao indicar que te ajudaria a aquecer sem nenhum problema, focando em um aquecimento de músculos rápido e eficiente Gabriella mantinha o foco, já que o exercício era sua verdadeira paixão, por fim quando ela segurava sua perna para ajudar a alongar sua coxa a garota olhava para você e revelava a novidade.

– Então, você ficou sabendo que vão abrir uma academia na cidade? Eu meio que consegui um emprego de Personal Trainer e só, só talvez eu tenha conseguido passar pro curso de Educação Física!

Esperando por sua reação Gabriella ria ao começar uma corrida deixando claro que ela iria ditar o ritmo naquela manhã.

– Eu criei uma rota legal pelo porto, vai até a praia e volta, a gente leva uns 50 minutos pra fazer, se você achar pouco dobramos a rota!

-Novidade é?

Perguntava já com um sorriso na face enquanto recebia a ajuda para realizar o meu alongamento, os meus exercícios físicos não eram somente importante para minha rotina, era fundamentais para a manutenção das minhas capacidades e uma forma de sempre me deixarem prontos para os verdadeiros treinamentos, a constante sensação de sempre estar "um passo atrás" por não ser um Troll era algo que eu precisava superar, transformando meu corpo em uma ferramenta pronta para me ajudar a manter os pés firmes onde eu queria chegar.

-Nossa! Que notícia maneira! Já vou me matricular nessa academia e ser seu primeiro aluno!

Comentava rindo, em tom de brincadeira, para então tomar a liberdade de prontamente abraçar a jovem em comemoração a notícia sobre o sucesso dela na empreitada de entrar na faculdade.

-Parabéns! Essa notícia é ainda mais maneira, é sempre muito importante celebrar essas conquistas! Precisamos marcar uma festa! Tô muito feliz por ti, porque sei que você vai conquistar muitas atenções no curso!

Com um largo sorriso no rosto, terminava meu alongamento para então sinalizar que estava pronto para começar o exercício a falar:

-Vamo aproveitar essa gás das notícias boas e adiantar o passo, tô curioso pra conhecer essa nova rota! E já pode ir pensando em dobrar!

A jovem Gabriella acenava de maneira positiva a sua pergunta, porém nos primeiros momentos de corrida a jovem não conseguia segurar sobre as novidades ou deixar de rir feliz com suas reações, ainda assim ela ditava um ritmo agradável para que vocês pudessem conversar sem dificuldades.

– Vai ser uma honra ter você como primeiro aluno! A ficha ainda não caiu e eu vou ter que me desdobrar pra manter as coisas, mas eu to feliz e sinto que posso me dar bem fazendo os dois!

Comentava a garota enquanto gesticulava animada em meio a corrida, por conhecer Gabriella era fácil notar o quanto aquilo era importante para a jovem, principalmente pela barra pesada que ela havia lidado sozinha até sua amizade surgir.

– Mas bora! A gente para na praia pra descansar 10 minutos e continua!

Dizia a garota ao bater as mãos e começar a ditar um ritmo forte e corrida, correndo na frente Gabriella parecia conhecer bem o caminho e logo na ponte você já sentia todo o frio do começo da primavera ser bem vindo, já que o suor começava a escorrer pela face enquanto a corrida parecia só estar no começo.

Ao longo de quase dois quilômetros Gabriella manteve um ritmo forte, mas logo a brisa gelada do mar chegava a suas narinas e uma pequena praça com canhões antigos se apresentava aos seus olhos, ali a garota parava para respirar e descansar um pouco.

Sobre a maré calma do inicio da manhã pequenos grupos de lontras marinhas nadavam perto da praça, algas eram levadas pela maré e o vento frio logo fazia a jovem bater os pés no chão, apenas esperando por você para continuar a corrida.

– E ai? Gostou da rota nova? Na volta vai ter menos vento eu juro, a gente vai por dentro das ruas é mais protegido, mas não tem uma vista tão agradável.

Rota percorrida:

"Deve ser muito triste viver uma vida inteira sem ter essas oportunidades de ver a maré ir e vir, de sentir o vento e de se sentir vivo e ativo, a banalidade é cruel de uma forma muito triste e silenciosa, eu sei bem, talvez a dois anos atrás eu não pudesse imaginar jamais perder tempo com algo assim e hoje, é minha rotina. Talvez seja isso... Tive uma ideia!"

O exercício físico fazia parte da minha rotina e especialmente do meu treinamento, correr em meio ao frio era bem mais tranquilo do que duelar em cima de grifos ou ter que manter a linha de escudo firme enquanto um troll com o dobro do meu tamanho insistia em me derrubar.

Era com um largo sorriso no rosto avermelhado e naturalmente esbaforido que eu me aproximava novamente da figura de Gabrielle e esfregava as mãos ao dizer:

-Se eu gostei? Eu adorei! É muito linda a vista né? O vento faz parte, até é interessante pra dar uma condicionada na respiração!

Me aproximando o suficiente para que pudesse usar um tom de voz mais calmo, respirava fundo e levantava o indicador esquerdo, na intenção de chamara a atenção de Gabriella antes que já recomeçasse a ação de correr.

-Eu tive uma ideia, porque você não improvisa um caminho de volta, da maneira que você sentir mais correta e interessante? Não precisa se preocupar com vento, com vista, nada disso, só com o destino e a sua criatividade, afinal, você já correu por quase todos os cantos da cidade, acho que você nem precisa de rota! De repente pode ser algo diferente a ser oferecido nas suas aulas de personal, sabe? Corria intuitiva ao ar livre! Quem sabe? Vamos?

Ao propor a ideia, mantinha sempre um sorriso empolgado e animado na face, não é que eu acreditava na ideia, na verdade eu não tinha nem pensado sobre, era apenas um improviso que me parecia divertido e que poderia induzir mais positividade e confiança nos próximos passos de Gabrille, algo que eu realmente me importava, o sucesso da jovem. E era com esse objetivo em mente que tentava estimular, através da inspiração, a produção gradual de glamour pela jovem.

[Off: Teste de Epifania, caminho da inspiração: Percepção + Keening]