Lugo Narrador
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| Assunto: Re: Ficha de Travis Archibald 9/1/2019, 22:46 | |
| - História:
Tenho total consciência sobre todos os privilégios que me cercam, nasci em um berço de ouro e não possuo nenhuma razão para esconder ou deixar de carregar com orgulho o sobrenome de minha família para toda a eternidade. No entanto, apesar destas vantagens, devo admitir que nunca fui o mais brilhante dos três filhos homens de meu querido e falecido Pai. Não bastava ser o mais novo e por tal, ser naturalmente o foco mais distante dos holofotes, nunca consegui levar profundamente a sério as oportunidades intelectuais e acadêmicas que surgiam em minha frente, ou que eram impostas a mim por minha Mãe e suas incansáveis teorias educacionais que praticamente me proibiam de ser uma criança “normal”.
Mesmo não ocupando o cargo de “herdeiro” da minha poderosa e riquíssima família, meus irmãos aos poucos aprenderam que eu não seria o elo mais fraco, tão pouco o alvo das brincadeiras ou armações. Nossas diferenças de nascimento eram pequenas, não chegando a alcançar dois anos inteiros de um para o outro e por algum motivo, fui eu o que alcancei a maior estatura corporal e física! Meu irmão mais velho parece exatamente como meu Pai, um inglês murcho, já meu segundo irmão, tornou-se uma mistura das heranças britânicas e finlandesas, afinal, minha mãe é uma nativa das terras geladas a norte e segundo a própria, eu sou exatamente como o irmão mais velho dela outrora fora. Ou seja, dentro da hierarquia da família de meu pai, a que realmente importou e significou durante toda minha infância (minha mãe era uma empresária de baixo nascimento), sempre me viu como uma figura estranha e de destaque inesperado, uma espécie de ovelha branca, com os perdões do péssimo trocadilho.
E sei que pode parecer um pouco estranho, afinal, meu sobrenome é de uma tradicional família de alta nobreza inglesa, mas não se esqueça que antes dos estados unidos da américa se tornar a grande potencia que hoje era, antes dos anos de guerras, ainda eram as forças do Império Britânico que regiam o mundo e esse próprio grande território que hoje é admirado por todos, foi uma colônia do Império. Sou nascido e criado em um braço financeiro e imobiliário que permaneceu em terras Norte-Americanas, mas sempre retornava a terra natal de meu Pai para as celebrações mais importantes de cada ano.
Assim sendo, enquanto meus irmãos adentravam verdadeiramente a vida em prol dos negócios da família, eu me dedicava ao lado mais social, sempre participando das festas, jantares, viagens e usufruindo de todas as regalias possíveis das quais meus irmãos nunca conseguiram de fato se destacar, seja por causa de suas aparências desfavorecidas, ou por suas dificuldades de fala, timidez ou insegurança. Acredito que no fim, as redomas douradas que cercaram os primeiros filhos dos meus pais eram fortes demais e acabaram por gerar crianças delicadas e cheias de “não-me-toques” enquanto eu, era quase que exclusivamente, criado pela minha mãe e sua irmã mais nova que veio morar conosco quando eu tinha algo em torno de 14 anos.
E é através da figura de minha tia, Tove, que a minha vida começou a de fato mudar drasticamente. Ela era muito mais nova que minha mãe, estava no começo dos seus vinte e poucos anos e acabou por vir a Nova Iorque para estudar advocacia. Antes da presença dela, eu era apenas um rapaz que se afirmava através da própria estatura para desafiar tudo e a todos, botando meus irmãos em uma posição de medo de me contrariarem e chegando ao ponto de ouvir meu Pai dizer quem “desistiria” de mim caso eu não encontrasse logo um rumo. Bom, sei que é um pouco vergonhoso admitir isso, mas Tove foi meu primeiro amor e isso é claro começou quando a mesma decidiu que na noite do meu aniversário de 15 anos, havia chegado a minha hora de deixar de ser um garoto e me tornar “um homem”. Ela passou a ser então uma espécie de norte moral para meus ouvidos, comecei a ouvir melhor a minha própria mãe e entender que havia algo de anormal dentro de minha própria família!
Digo, não somente o fato de haver um relacionamento entre um menor de idade e sua tia estrangeira. Mas sim algo não normal em uma direção sobrenatural inesperada, minha própria mãe sumia por longas horas durante algumas noites ou levava horas em ações secretas durante o dia, preparando ou gerenciando pessoas e informações que jamais teriam haver com os negócios de meu pai. Aos poucos Tove também começou a fazer coisas similares e pude, após alguns anos a observar essa curiosa situação, enfim confrontá-las a respeito disso. Afinal, eu já havia chegado aos meus 20 anos, estava a cursar a faculdade de Ciências Políticas com foco em Diplomacia Internacional, o meu relacionamento com Tove já havia se transformado enfim em algo profundamente familiar e saudável, além do mais, eu já estava distante de mais de meu Pai e irmãos para tentar me aproximar dos assuntos e questões pessoais que se passavam por eles. Por fim, obtive minhas respostas e elas não poderiam ter sido mais inesperadas e exóticas!
Ambas eram vassalas daquela que viria a ser minha Eterna Senhora. Michaela, Princesa de Nova Iorque e da ilha de Manhattan, a titã do sangue azul que firmou seu trono dentro da mais poderosa e importante zona urbana do novo mundo, cujas próprias mãos esculpiram a mais alta das torres de marfim da América do Norte e estruturou um verdadeiro e incontestável legado digno de uma verdadeira Realeza. E inevitavelmente, meu caminho seria o mesmo que o delas! Afinal, Mikaela (É esse o nome que ela prefere ser chamada por aqueles que ela julga “dignos”), não poderia se alimentar de qualquer outra fonte de vitae que não pertencesse aos herdeiros de sua terra natal, o povo das terras gélidas do Norte da Europa. E assim, de rebanho pelos primeiros anos, fui observado de perto pelos olhos experientes daquela poderosa anciã que reconheceu em mim a essência de liderança que ela tanto buscava nesse novo mundo. E por fim, tornei-me um vassalo de seu sangue quando completei 25 anos.
Porém, notei rapidamente que eu não era tratado como os demais vassalos de Miakela eram. Tão pouco me aproximava das funções que minha mãe e tia executavam para a regente de Nova Iorque. A mim não cabiam tarefas administrativas, mas sim aulas sobre a história da Clã Ventrue, lições sobre o dialeto natal de minha futura Senhora, longas noites de estudos e revisões das complicadíssimas e difíceis tradições e etiquetas sociais do clã dos Reis e Rainhas. Fui apresentado a vários convidados especiais que vinham a corte mais poderosa dos EUA, assim como também fui junto dela, conhecer as proles que ela havia deixado no velho continente, todos influentes e atuantes dentro do clã ou da Camarilla.
Os anos se passavam e as lições se tornavam a cada vez mais duras e constantes, as exigências subiam e com esforço eu conseguia sobrepuja-las. Não porque eu era obrigado, não era sobre isso e jamais seria. Não era uma obrigação como meu Pai afirmava que era, a coroa jamais ficará sobre a cabeça daquele que não for digno de usá-la, independente de sua força, de sua posição ou seu nascimento, um líder não nasce pronto, ele precisa se tornar um e para tal, é necessário muito esforço, sangue e determinação.
Mikaela me desafiou a ser um verdadeiro Ventrue, exatamente como aqueles que eu estudava e lia a respeito durante tantos anos. E eu aceitei o desafio, assim meu abraço ocorreu, totalmente consciente e seguindo todos as normas e rituais de etiqueta e tradição do maior e mais poderoso dentre todos os Clãs dos filhos de Caim. Meu sangue, que sempre carregou dentro de si a semente de verdadeira nobreza, tornou-se azul e meus olhos se abriram para o verdadeiro desafio: Encontrar a minha coroa!
Não sei explicar exatamente porque após o abraço eu não me coloquei como um herdeiro natural de Mikaela e seu trono de enorme poder e importância, seria algo que todos da corte local esperariam, na realidade acredito que sempre irão esperar! Mas minha Senhora sabe que esse não é o meu desejo, isso ficou bem claro durante a nossa última conversa presencial. Afinal, após os primeiros anos como um Ventrue, agora com acesso total aos poderes, as limitações e a vivência que a condição imortal nos concede, pude de fato dedicar-me a aprender os caminhos, as ferramentas e as engrenagens que fazem as forças do Clã se movimentarem. Foi dessa forma, durante meu aprendizado, que notei que o peso da coroa de Nova Iorque seria pesado em demasia para a minha cabeça e que este teria para sempre uma verdadeira e inexorável realeza para vestir, Mikaela, por tanto, diante dessa situação onde eu não aceitaria ser apenas um eterno “futuro príncipe” como meus irmãos de sangue outrora foram, decidi que faria meu próprio caminho, forjando com as minhas mãos a minha dignitas e a partir dela, encontrar uma coroa para mim.
Ainda nos anos 1980, enquanto estudava sobre o clã e suas tradições e aproveitava as noites de NY, pude conhecer um prospero professor de finanças de Oxford que estava em viagem de férias com sua família, era sua primeira viagem aos Estados Unidos e o mesmo não estava gostando tanto assim do que via, ao contrário de sua esposa e filhas. Uma simples conversa de bar se estendeu durante uma noite inteira, onde o mesmo realmente me dava impressionantes lições e novas visões sobre as mais modernas formas de estruturação financeira corporativa e imobiliária, mas não era apenas isso, esse professor que se chamava Lewis Hester era extremamente fiel a suas promessas e palavras, por isso, enfrentava um complicado casamento diante de uma infiel esposa e ali, o mesmo prometeu que aceitaria a minha proposta de trabalharmos juntos quando ele resolvesse a situação familiar dele, uma postura que me impressionou positivamente. Assim sendo, em 1988, quando a mais nova de suas filhas alcançou a maior idade, Lewis se separou de sua mulher e veio ao meu encontro para que assim pudéssemos selar a nossa parceria, foi graças as perspectivas dele que pude dar inicio as minhas próprias investidas no setor financeiro. Hester veio então a se tornar, inevitavelmente, meu primeiro vassalo.
Por fim, no início dos anos 2000 consegui adentrar as estruturas do Clã Ventrue, afinal, eu sabia os nomes importantes aos quais eu deveria procurar e isso facilitava muito. Minha Senhora, também me auxiliou, especialmente após o falecimento natural da minha família, ela se tornou uma figura profundamente presente e preocupada com essa minha “transição” como ela costumava dizer. E no final de 2015, após completar todas as solicitações e condições para me oficializar como um “Tribunes”, fazendo meu juramento aos eternos antigos do clã e aos Strategoi responsáveis pelos territórios dos Estados Unidos da América. Aceitando recentemente a minha primeira missão, no final de 2017, de transformar a recente ascensão monetária de membros do Clã Ventrue localizados no vale de Prescott, uma missão de instrução, análise e configuração desses membros e suas posses de acordo com as engrenagens que estudei por toda a minha vida.
Ou seja, seria a primeira vez que iria de fato mudar a minha residência para outra cidade. Era o começo da minha vida independente, uma oportunidade para vivenciar minhas próprias experiências, de enfrentar o peso de um desafio equivalente à minha força e capacidades, para assim, me descobrir profundamente, tanto como líder, quanto como verdadeiro Ventrue. Será o meu primeiro desafio e para evitar que o mesmo fracassasse logo de imediato, dediquei-me durante praticamente toda a primeira metade do ano na construção de um refúgio legal dentro da cidade, estruturando também uma forma de mover o meu rebanho e seus familiares para a cidade. Minha mudança apesar de ser anunciada logo no começo do ano, demorou realmente para se consolidar, não só por causa das várias preocupações e passos de segurança e preocupação que dei, mas também para que eu pudesse assegurar que não haveria nenhuma farpa ou mal entendido entre minha Eterna Senhora e as minhas decisões, foi somente com a benção dela que eu enfim consolidei a minha recente mudança.
Sei que sempre terei uma casa e um lugar para voltar, sei que ela será para toda a minha eternidade a Minha Senhora e que Nova Iorque poderá um dia ser totalmente minha. Todavia, eu não me perdoaria se me tornasse apenas um qualquer a assumir o lugar de uma figura tão grandiosa por simplesmente ser seu herdeiro. Por tanto, em primeiro ponto, me tornarei grande dentro do clã e provarei a todos o meu valor, provarei especialmente ao mais crítico de todos aqueles que eu conheço: Eu mesmo. De que a coroa que um dia ficará sobre a minha cabeça estará lá por que sou digno desta!
Por fim, acredito que seja necessário revisar o formato das ações tomadas por mim para a execução desse primeiro grande objetivo que me foi ofertado pelo grandioso Clã Ventrue. O primeiro passo foi a transferência de um vassalo para a cidade, Lewis Hester, o mesmo se estabeleceu na cidade a fim de dar início a compra de uma propriedade para si e receber as possíveis visitas de seus familiares, enquanto também faria a procura formal junto da Camarilla para resolver a questão do meu domínio. Assim como também foi necessário encontrar uma forma para que os três membros, selecionados por mim e minha Senhora, do nosso antigo Rabanho, afinal, compartilhamos em termos básicos da mesma imposição de alimentação, pudessem realizar essa mudança de cidade e vida sem que seus planos pessoais fossem totalmente devastados.
- Revisão da História:
Em minhas anotações entregues ao clã, eu não sou realmente tão sincero quanto deveria e espero que isso nunca venha a me assombrar. A grande verdade é que eu nunca tive a minha fidelidade amarrada aos laços tradicionais que minha Senhora sempre aplicou em suas proles ou vassalos. Em meus anos como seu vassalo, pude assistir abusos incontáveis, a vida dos serviçais para Minha Senhora eram vidas de pouco valor e isso sempre me ardeu e corroeu por dentro.
Quando tive a oportunidade e a permissão de ter meu primeiro vassalo, escolhi um professor ainda novo em sua profissão, com uma linha de pesquisas financeiras e políticas que me encantavam e dei a ele toda a liberdade que os subalternos de Michaela nunca tiveram, tanto para fazer uma experiência, quanto para tentar compensar um pouco a dor moral a qual eu estava submetido. Assim eu pude ver o mesmo envelhecer, casar e ter filhas, esse é Lewis, meu grande amigo, meu primeiro vassalo e meu primeiro sucesso. Sim, sucesso, afinal a felicidade vibrante nos olhos dele ao me contar sobre o amor que ele nutria por suas filhas me fez ter a certeza de que eu tenho razão: A vida de todos tem valor.
Secretamente, afinal eu não levantava suspeita por ser impecável aos olhos de minha Senhora e seus aliados, obtive meu segundo Vassalo: Brandon. Esse seria o meu agente externo, aquele que começaria a colocar em ação o meu plano de mudança, foi ele que encontrou dentro da sociedade de Prescott Valley. Em seguida, retirei de dentro do rebanho de minha Senhora, duas jovens vibrantes e únicas: Barbara e Donna. Essas serão, se tudo der certo, as minhas proles quando eu estiver finalmente livre das amarras de aço da minha Senhora.
Assim, quando a oportunidade surgiu por causa do interesse do Clã Ventrue nos membros de Prescott Valley, uni o útil ao agradável e nos meus últimos anos em NY estruturei um pequeno rebanho e aos poucos, financiei a mudança deles para Prescott e as regiões próximas, contando com as ações de Lewis e Brandon que já estavam por lá. Finalmente, quando chegou a hora das ordens do clã serem cumpridas e minha oportunidade de estruturar minha própria família se concretizou, já tinha uma estrutura preparada para minha chegada e das minhas futuras proles.
Vejo em Brandon a figura de um capitão, ele não tem o que um Ventrue precisa, mas tem dentro dele um potencial enorme e é esse potencial que eu irei estimular. Já Lewis tem sua família e esse é seu tesouro máximo, nada ameaçará esse tesouro, quando ele desejar ele terá toda a liberdade para viver exclusivamente para esse tesouro que eu aprendi a admirar. Donna e Barbará são distintas, cada uma traz dentro de si o que eu procuro para a minha linhagem e juntas elas serão incomparáveis!
Última edição por Lugo Narrador em 1/5/2019, 21:19, editado 3 vez(es) | |
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