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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli

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Lugo Narrador

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MensagemAssunto: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime25/1/2023, 21:27

1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli

Data: 18 de Abril - Domingo - Hora: 13:00 - Lua: Gibosa - Local: Melbourne


Ascendendo aos céus, a nuvem negra de fumaça se destacava como um erro grotesco em uma tela que antes mostrava uma paisagem limpa de um dia radiante e quente como aquele. Além de borrar a paisagem, a fumaça borrava todo aquele dia que, até então, ia muito bem, mas que agora, era marcado pela imagem de terror que ficava escancarada no rosto da pequena Ivy.

Cobrindo o rosto enquanto soluçava de tanto chorar, você tentava acalmar a garota que pouco conseguia reagir a sua fala, além de balançar a cabeça em concordância antes de enterrar a face nos braços do irmão, que também estava visivelmente abatido. No entanto, apesar de se solidarizar com os dois, você também era tão afetada quanto eles, afinal, o acampamento era onde você morava e onde suas coisas estavam.

Dessa forma, sem pensar duas vezes você seguia Grigoria que andava na frente conversando com os tios de Ivy e Simon. Quando você alcançava a mulher, ela ouvia o que você falava e respondia com urgência.

- A gente chega antes de 5 minutos facilmente.

A determinação na fala e no rosto da mulher era implacável. Pelo pouco que você tinha conhecido Grigoria, você já sabia que a relação dela com a família Anderson era bem próxima e por isso ela não vacilava ou hesitava naquela situação.

Assim que você estava acompanhando o passo dela e os tios de Ivy se separaram de vocês para irem até o carro deles, Grigoria acelerava ainda mais o passo para chegar até o carro dela. Felizmente ela tinha conseguido estacionar próximo da entrada e imediatamente destrancava, entrava e ligava o carro. Da mesma forma que ela, você também não pensava muito e no mesmo momento que Grigoria abria o carro, você tomava o seu lugar no assento do passageiro.

Era de se esperar que, por conta da urgência, Grigoria fosse acelerar ou dirigir mais perigosamente, mas nem mesmo em seus sonhos mais ousados você teria feito o que a mulher acabava de fazer.

Saindo de ré sem olhar para os lados, a mulher dava um cavalo de pau para reposicionar o carro da forma mais rápida e acelerava com toda potência do carro, que não estava completamente preparado e saia cantando pneu.

O movimento todo era muito rápido e agressivo, o que fazia você se sentir dentro do que seria um liquidificador, mas além da velocidade que quase te enterravam no assento do carro, a policial parecia não se importava com as leis de trânsito e simplesmente cruzava todos os sinais vermelhos, além de ultrapassagens altamente perigosas.

Apesar de toda a direção extremamente perigosa e rápida de Grigoria, vocês chegavam até o local muito mais rápido do que você imaginava e assim que o carro parava na frente do acampamento, você finalmente conseguiu ter uma visão real do que estava acontecendo.

O que era um acampamento anteriormente, agora era uma cena de apocalipse. Com vários trailers pegando fogo, pessoas correndo para fora do acampamento cobertas de fuligem ou de queimaduras enquanto outras pessoas tentavam ajudar quem estava dentro. Por mais que a torre de fumaça estivesse realmente muito maior do que você esperava, ainda não havia nenhum sinal dos bombeiros ou de ambulâncias, portanto, tudo que as pessoas conseguiam fazer era tentar tirar quem estava lá dentro.

Assim que Grigoria saia do carro, ela ia até a mala do carro, tirava uma camisa que estava guardada e pegava uma garrafa de água que carregava. A mulher rapidamente rasgou um pedaço da camisa para encharcar e te oferecer.

- Tem muita fumaça aqui, use para cobrir o rosto.

Ao te entregar, ela fazia a mesma coisa em mais um pedaço de pano e não pensava nem mais um segundo antes de agir.

- Eu vou procurar pelo sr. Anderson! O trailer dele fica no perto do centro do acampamento.

Parando por um momento, você conseguia, se aproximar um pouco do acampamento para ver a cena com cuidado. O acampamento tinha uma rua principal que era larga o bastante para fica longe do fogo e que dava tranquilamente para as pessoas irem e virem sem dificuldade. Além disso, apesar do intenso, o fogo não tinha chegado, ainda, nos trailers da entrada e, portanto, o mesmo estava concentrado mais para o fundo do acampamento, onde os inquilinos mais novos, incluindo você, acabavam ficando.
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime26/1/2023, 21:33

O choro e o terror de Ivy me faziam engolir em seco, não só pela jovem e sua família, mas até mesmo pelo pouco que eu havia conquistado desde que havia saído de casa, com isso em mente eu respirava fundo ao seguir Grigoria pelo parque.

– Certo!

Era a única resposta que saia da minha boca, não que eu duvidasse de Grigoria, eu só esperava que nenhum outro acidente acontecesse naquele dia, mantendo o ritmo da mulher mais experiente, eu quase corria quando esta desbloqueava o carro, me sentando no banco do passageiro era puxando o cinto ao bater a porta com força que me fazia segurar o banco com força.

Surpresa pela direção rápida e até quase hollywoodiana de Grigoria, meus pés se firmavam no chão do carro enquanto eu lutava pra colocar o cinto de segurança e me segurar o mais rápido possível. Fechando os olhos diante de cada carro ultrapassado ou sinal vermelho ignorado da minha boca saia um misto de reza e xingamentos que com toda a certeza não seriam bem vistos em situações melhores.

“Eu não quero morrer! Eu não quero morrer!”

A visão da fumaça tomando o camping que se aproximava com a direção de Grigoria me fez parar de falar, diante cena eu só podia respirar fundo e me concentrar no que precisava ser feito, afinal muitas famílias viviam ali e precisavam de ajuda.

Respirando a o ar quente ao sair do carro, o som dos gritos e o calor me diziam claramente que aquilo não era um pesadelo, segurando qualquer reação instintiva de me afastar eu recebia o lenço molhado de Grigoria acenando de forma positiva.

– Obrigada. Eu vou pros fundos ver se consigo salvar alguma coisa no meu trailer e ajudar as pessoas. Se ficar muito perigoso volto pra frente!

Respondia a Grigoria enquanto observava o melhor caminho para seguir com meu plano, percebendo a estrada principal mais longe das chamas e relativamente a salvo, seria mais fácil chegar até meu trailer ou ajudar as pessoas no caminho.

– Vamos torcer pro vento não ganhar força ou virar derrepente!

Comentava antes de me assegurar que o lenço estava bem amarrado em meu rosto e começar a correr em direção aos fundo do acampamento.
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Lugo Narrador

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime30/1/2023, 20:05

Entrar no acampamento e andar pela rua principal dele parecia estar indo diretamente para dentro de um forno. O calor intenso dos trailers que queimavam se mostrava ser muito maior do que você esperava. Como os trailers eram majoritariamente feitos de madeira e apenas alguns poucos eram revestidos completamente de alumínio, o fogo se espalhava muito rápido, apesar da falta de vento forte.

Ao trotar na direção do seu trailer, você via cenas que pareciam terem saído de um filme. Pessoas correndo com queimaduras expostas, outras se arriscando para salvar o pouco que tinham e algumas poucas, como Grigoria, tentavam ajudar as que mais precisavam.

Seguindo pela trilha, o calor ficava cada vez mais forte à medida que você entrava mais no acampamento. Chegando ao fim da rua principal, você conseguia ver que o fogo estava bem mais concentrado no lado direito do acampamento, onde justamente o seu trailer ficava, portanto era impossível não ficar apreensiva quando você virava a rua para ir até o seu trailer.

Como esperado, o calor ficava ainda mais intenso ao se aproximar do seu trailer e com muito mais fumaça ao redor, era difícil de respirar e até mesmo ver. Felizmente Grigoria havia te dado aquele pano, pois sem ele você com certeza teria desmaiado de tanto inalar fumaça.

Para sua surpresa, assim que você chegava perto do seu trailer, o calor abrandava e você conseguia enxergar com mais clareza. O vento empurrava o fogo para o lado oposto do seu caminho e estranhamente o fogo começava no trailer próximo ao seu, sendo assim o seu trailer ainda não sendo tão afetado pelo incêndio. No entanto, algo estranho chamava a sua atenção: a porta do seu trailer estava aberta, escancarada.

Aparentemente todo mundo daquela área já havia evacuado, portanto não havia nenhuma alma viva naquele lugar que já fora um belo acampamento de trailers. Dessa forma, você se aproximava da sua residência e não pensava duas vezes para entrar e tentar salvar algumas coisas que você tinha guardado.

Assim que você entrava, seus olhos imediatamente batiam com uma bagunça generalizada no interior da casa móvel. Todos os seus pertences tinham sido vigorosamente revirados e quem havia feito aquilo não parecia ligar nem um pouco para esconder o que havia sido feito. Era bem claro que o motivo da porta estar aberta era porque alguém havia entrado ali, mas quem teria feito aquilo? Quem teria motivos para isso?

Sem pensar muito, você adentrava ainda mais no trailer, indo para o quarto para procurar pelo seu cofre e ao chegar no mesmo você conseguia ver que ele também havia sido revirado, porém o cofre permanecia fechado. Olhando bem para o mesmo, você não conseguia identificar sinais dele ter sido violado e ao digitar a senha você ainda via seus pertences mais valiosos ali, porém, no meio do barulho do fogo, gritos e trailers se desmontando, você ouvia alguem entrar no trailer.

Sem saber quem era e imaginando que era Grigoria, você voltava para a sala mas se deparava com uma figura estranha mas familiar. Ali de pé estava uma pessoa que você há muito tempo havia deixado para trás. Uma pessoa que era um dos motivos pelo qual você havia fugido: Layla!

Layla:

Olhando-a de lado, a mulher que vestia toda de preto, mostrava apenas um dos lados do rosto enquanto cobria o outro com o cabelo. Sem exibir um sorriso ou qualquer outra expressão, ela te olhava de cima para baixo e falava.

- Finalmente apareceu, ein! Estava começando a achar que você ia deixar sua casinha de merda pegar fogo também… sister.

Se antes você não via nenhuma expressão na mulher, agora era possível tocar no desprezo que ela expressava ao falar com você.

- Que cara é essa? Não sentiu saudades de mim? Porque eu estava morrendo pra te ver de novo!

Ao falar aquilo, a mulher se virava completamente na sua direção e mostrava a outra face do rosto que estava coberta pelo ângulo da sua visão e pelos cabelos dela. O rosto que era bem cuidado desde pequena agora carregava uma marca brutal de queimadura, já cicatrizada, que pegava toda a boxexa e uma parte da boca.
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime31/1/2023, 12:26

Se o pesadelo daquela manhã era real ou não, já não fazia diferença, as imagens que meus olhos presenciavam na corrida desenfreada eu realizava me faziam suar frio mesmo por de baixo de todo aquele calor.

Era quase como o inferno ter aberto suas portas e deixado suas labaredas escaparem, o misto de gritos de desespero e dor me faziam respirar com dificuldade, principalmente por conta da fumaça que batia em meu rosto, por sorte o pano molhado me ajudava a manter a consciência.

Usando minhas forças para chegar até meu trailer, o primeiro sinal de que havia algo de errado me fez parar de correr abruptamente, a porta aberta teria me feito recuar, porém, eram minhas coisas que estavam ali e se eu pudesse salvar o mínimo valia a pena o risco.

“Certo, é entrar e sair! Nada de mais...”

Respirando fundo para me manter concentrada e o mais calma possível, eu corria para dentro do trailer, me deparar com a bagunça apenas fazia com que o alerta de que algo não se encaixava aumentasse, porém eu me focava na tarefa e com isso corria para o quarto atrás do pequeno cofre.

Percebendo que minhas coisas haviam sido reviradas, eu sentia o medo começar a me dominar, mas as dúvidas e possibilidades ainda me davam espaço para agir, abrindo o cofre eu retirava a mochila de lona velha com minhas reservas e economias dentro, jogando em minhas costas eu ainda tentava catar qualquer livro de estudos que pudesse estar pelo local.

O som de alguém entrando no trailer me fez desistir da busca, fechando a mochila eu a jogava em minhas costas para sair do quarto, acreditando que fosse Grigoria minhas palavras morriam em meus lábios ao ver a figura que se apresentava ali.

– Grigoria eu... Layla...

Ainda surpresa, as palavras e reações da minha irmã de criação demoravam a fazer sentido, mas sentir o desprezo que sempre houvera em nossa relação apenas fez com que a raiva que eu me esforçava em conter revelasse suas próprias garras.

Socando a parede mais próxima do trailer eu virava a cara quando Layla revelava o rosto queimado, segurando a vontade de chorar ou até mesmo socar a garota a minha frente, era com um riso seco que a respondia sem medo.

– Você é DOENTE! Qual é o seu maldito problema garota! A sua vida perfeita ruiu quando não tinha mais eu por perto pra carregar as merdas que tu fazia!

Avançando para frente em uma tentativa de empurrá-la, eu me esforçava para sair do trailer.

– Esse rosto combina mais com você! Ele só mostra a merda que você é de verdade!
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Lugo Narrador

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime11/2/2023, 21:17

A aparição da sua irmã de criação era mais do que uma surpresa indesejada, era uma explicação para toda a desgraça que estava acontecendo. A mulher que foi o tormento da sua infância mostrava agora ainda mais repulsa e ódio para com você. Se antes ela apenas te atormentava e provocava, agora você conseguia ver o desprezo que ela parecia carregar por você.

- Eu sou doente!? EU!? Se eu sou doente, você é a minha doença! Você e a porca da sua mãe! Desde que vocês apareceram minha família foi destruída e quando você fugiu toda a merda que VOCÊS fizeram caiu sobre mim!

Ouvir as palavras da mulher trazia à tona aquele sentimento que você havia sentido mais cedo. Seu corpo reverberava com as palavras ácidas de Layla, mas tentando suprimir aquilo você apenas retrucava e tentava avançar para forçar sua saída.

Avançando para cima dela, você tentava empurrá-la para o lado, no entanto, a mulher também fazia força e não deixava você passar. Ela absorvia o impacto do seu empurrão e se jogava por cima de você te colocando contra a parede e pressionando um dos braços contra o seu pescoço. Por ser maior que você, a mulher conseguia usar o peso do corpo juntamente de alguma técnica para te prender contra a parede.

- Não se preocupe, eu vou deixar o seu rosto igualzinho ao meu, irmãzinha…

Enquanto você lutava para tentar tirar o antebraço dela do seu pescoço, seus olhos viam ela puxar um canivete do bolso com a mão livre. O canivete era pequeno e tinha um mecanismo que, ao apertar, expelia a pequena, mas bem afiada, lâmina.

Naquela situação, você lutava de todas as formas para se desvencilhar da armadilha de sua irmã, mas como o braço dela pressionava o seu pescoço e restringia sua respiração parcialmente, além do fato de você ter atravessado todo o acampamento no meio da fumaça, você se sentia nauseada, tonta e sem força.

Ainda assim, algo dentro de você te movia de uma forma frenética. Como um animal selvagem que lutava pela sua vida, você se debatia, empurrava e chutava sua irmã, mas a mulher estava em uma posição muito favorável para te manter presa.

No entanto, sua luta fazia com que a mulher sentisse dificuldades para aproximar o canivete de você. Manter o equilíbrio, te prender na parede e levar a faca até seu rosto era uma tarefa mais que difícil e que requisitava uma improvisação da mulher que rapidamente fechava o canivete para te dar um soco no estômago e te derrubar, ficando por cima de você novamente. Imediatamente ela agarrava seu pescoço com a mão que estava livre e sacava o canivete mais uma vez, mas dessa vez com muito mais facilidade que antes.

- Vamos deixar uma marca bonita nesse seu rostinho de boneca!

O calor intenso, a falta de ar e a dor da sua irmã apertando sua garganta ia ao pouco escurecendo a sua visão e tirando a força do seu corpo. Era então que mais uma vez você se via naquele sonho. Sentada e abraçada com as suas pernas, você olhava ao redor e tudo que via era a escuridão intensa, porém, ao olhar para frente você via algo se mexer nessa mesma escuridão.

Não demorava muito para que um par de olhos amarelos surgisse há alguns metros. Te observando, o par de olhos gigantes, que mais pareciam duas bolas de basquete, se aproximava de você para revelar uma figura inesperada. Saindo da escuridão como se pertencesse a ela, um lobo enorme aparecia à sua frente. Com mais de dois metros de altura, ainda em quatro patas,  o animal de pelo negro e cinza se aproximava tranquilamente e sem demonstrar nenhuma má intensão, na verdade, você se sentia estranhamente bem com a aproximação dele.

Quando ele chegava a menos de um metro, o animal colocava a cabeça a frente do seu rosto e te encarava por um momento. Mais uma vez você não se sentia ameaçada por ele e de alguma forma sentia que ele falava com você. Apesar de não ouvir palavras ou algo do tipo, a energia que ele te passava te fazia lembrar do abraço caloroso de sua falecida mãe. Assim, após alguns segundos te olhando, o lobo dava um passo para trás e levantava a cabeça para soltar um uivo longo e alto que estremecia toda a escuridão ao seu redor.

Como se a escuridão fosse líquida, ela começava a subir pela sua perna, porém, em momento algum você se sentia com medo, ameaçada ou algo de ruim. Em pouco tempo a água negra subia todo o seu corpo e literalmente te engolia, escurecendo tudo mais uma vez.



Abrindo seus olhos a primeira coisa que você via era um céu estrelado e a copa das árvores que te cercavam. Respirando fundo você não sentia cheiro de fumaça nenhuma e apenas o cheiro vivido da floresta entrava em seus pulmões e te faziam ter certeza de que não estava morta.

Levantando-se lentamente, você se sentava e notava que estava deitada em um sofá de madeira bem rústico e que estava em volta a uma fogueira a céu aberto. A fogueira ficava na parte exterior de uma cabana bem diferente e rodeada por uma floresta densa.

- Parece que ela finalmente acordou.

Ainda meio atordoada após acordar, você acabava não notando a aproximação da voz estranha que vinha da porta da casa. Olhando na direção da casa mais uma vez, você agora via uma mulher de cabelos brancos e várias cicatrizes no rosto. A mulher desconhecida te olhava de forma singela, com um sorriso suave no rosto, e em seguida começava a andar na direção da fogueira para se sentar na cadeira que ficava do outro lado da fogueira.

Logo após a mulher desconhecida se sentar, era a vez de Grigoria aparecer na porta da casa segurando uma jarra com água e alguns copos. Ela prontamente se aproximava de vocês, colocava a jarra e os copos em uma mesinha que ficava do lado das cadeiras e se sentava no sofá que você estava dormindo para checar como você estava.

- Korina! Graças a Gaia você acordou cedo. Como você está se sentindo?
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime12/2/2023, 16:11

A raiva que a simples presença de Layla despertava em mim, me fazia ranger os dentes com força e mais força ainda me conter, ainda assim minha mente inevitavelmente encontrava as respostas as perguntas que explicavam a desgraça que acabava de se abater em minha vida.

“Por quê?!”

Ouvindo as palavras de Layla era por impulso que tentava sair dali, forçando meu corpo a agir, eu era pega de surpresa pela força que a mulher demonstrava ter, ainda assim eu tentava me libertar enquanto internamente lutava para me manter calma o suficiente e consciente do que acontecia ao meu redor.

– Desgraçada!

Me contorcendo diante do fato de estar imobilizada, minhas mãos e pés buscavam desesperadamente uma saída para aquela situação, durante minha infância Layla nunca havia demonstrado ter tal força e sendo pega de surpresa a única coisa que me restava era lutar, a luta apenas aumentava diante do canivete, ali se ainda restava alguma tentativa de manter a cabeça focada eu desistia completamente, porém eu não imploraria.

O soco no estômago roubava o pouco ar que me esforçava para puxar, sentindo a dor aguda ser substituída pelo peso de Layla por cima de mim, eu lutava para conseguir me recuperar ou ao menos respirar, coisa que se tornava quase impossível quando a mão se fechava contra meu pescoço, agarrando-me a mão em uma luta desesperada eu virava o rosto tentando não encara a lâmina que inevitavelmente faria seu trabalho, já sem forças ou condições de lutar era a escuridão que me cercava por completa.

No escuro ao qual eu não estava acostumada, podia sentir meus braços se apertarem em torno de minhas próprias pernas, fora isso não havia o sentido de frio ou calor, encarando a escuridão de alguma forma eu sabia que não estava sozinha, os dois olhos amarelados que me encaravam por entre as sombras eram o sinal disso, ainda assim quando os olhos ganhavam o contorno de um gigantesco lobo negro eu não sentia medo, já não esse sentimento dentro de mim, uma onda de calor quase maternal se apossava de meu corpo e ali à saudade parecia crescer quase me tomando por completamente.

Quando o lobo uivou, meus olhos seguiram seus movimentos, sem lutar contra a escuridão que me engolia completamente, me deixando sozinha. Assustada meus olhos se abriam para encarar o céu estrelado, o cheiro da floresta imundava meus pulmões fazendo com que lagrimas surgissem em meus olhos sem que eu pudesse evitar.

Respirar me dava a certeza de que eu estava viva, mas também fazia com que o medo voltasse, levantando-me sem a certeza da onde estava, eu olhava em volta a procura de um ponto de referência, a casa e a luz da fogueira me diziam claramente que não estava em um lugar conhecido, sentindo a madeira do sofá rustico eu tentava firmar meu corpo enquanto era surpreendida pela voz estranha.

Surpresa, eu segurava o ar ao ver a mulher de cabelos brancos, virando o rosto para tocar em minha própria face, eu sentia meu corpo inteiro gelar a simples lembrança do canivete de Layla, ainda perdida eu sentia a garganta secar antes mesmo de tentar perguntar alguma coisa, mas era a voz de Grigoria que pela primeira vez me fazia relaxar mesmo que ainda atordoada.

Respirando fundo para me firmar sentada, eu testava a força de meus joelhos enquanto Grigoria se aproximava, ainda incapaz de me levantar eu demorava algum tempo para responder à mulher sem ter a completa certeza do que estava falando.

– Eu estou bem, eu acho... O que aconteceu? Onde eu estou?

Eu perguntava enquanto uma nova onda de lagrimas se esforçavam para escapar de meus olhos.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime18/2/2023, 01:36

Mesmo sem saber se o que tinha acontecido realmente era real, você acordava confusa, com os olhos carregados de lágrimas e ainda com todos os sentimentos de raiva, angústia e medo do que parecia ser o seu momento final.

Lembrando-se das cenas, você revivia os segundos antes de sua visão escurecer e tocava em seu próprio rosto onde o canivete de Layla havia rasgado-lhe a carne. Para sua surpresa, você não sentia nenhuma dor, nenhuma marca de corte ou cicatriz.

Além disso, ao checar se estava tudo bem com seu rosto, você finalmente notava que as roupas que vestia não eram mais as mesmas. As roupas que você usava claramente não eram suas, afinal tocar nela te dava a sensação de que a roupa era velha e, apesar de não ter nenhum odor, era muito confortável e um pouco maior do que o seu tamanho.

Ainda assim, aquilo ainda não era tudo que deixava a situação confusa. Olhando ao redor você não reconhecia o local que estava e muito menos como havia chegado ali. E para finalizar, a aparição da mulher desconhecida tornava o mistério ainda mais complicado.

Por um momento, parecia que você havia acordado em um universo completamente diferente, mas a presença de Grigoria era uma lufada de esperança e sanidade naquele momento turbulento.

Sentando-se ao seu lado, Grigoria se mostrava prestativa e tentava lhe dar o suporte que você precisava enquanto a mulher misteriosa se sentava do outro lado da fogueira e ficava te olhando com curiosidade.

- Está tudo bem agora. Nós estamos em local protegido e você está segura aqui.

Grigoria falava com bastante empatia, porém o olhar intenso que vinha do outro lado da fogueira fazia a mulher parar de falar por um momento.

- Está é Viktoria Antonse. Por mais que ela pareça um pouco assustadora, ela tem um coração maior do que as cicatrizes. Ela é a dona dessas terras e é uma de nossas maiores protetoras.

Depois de ouvir a fala de Grigoria, a mulher se levantava e arrastava a cadeira até próximo de vocês. Se sentando novamente, mas dessa vez bem de frente para você, ela então falava te olhando diretamente nos olhos.

- Korina Mitrouli, filha de Thalia Mitrouli e Nikos Androulakis. Neta de Callie Androulakis, também conhecida como “protetora-da-lua”. Você não deve reconhecer o nome da sua avó assim como não conhece o nome do seu pai, certo? Mas saiba que sua avó foi uma guerreira extraordinária que deu a sua vida pelos propósitos da sororidade de nossa tribo. Felizmente, você herdou o poder da sua avó.

Após revelar aquilo, a mulher então tirava o colar que estava escondido debaixo da roupa e dos longos cabelos brancos. O colar era basicamente um cordão que prendia uma pedra negra do formato que lembrava a presa de um animal. Ela tirava o colar no pescoço e levava a pedra até a frente da boca, onde sussurrava algumas palavras que pareciam ser grego, porém que você não compreendia.

Assim que ela terminava de falar, os olhos dela mudaram para o mesmo formato e cor dos olhos amarelos que você havia visto na escuridão. Quando os olhos dela mudaram, todo o cenário ao redor de vocês parecia mudar. Os ventos se intensificaram, as árvores balançavam como se estivessem a dançar e o som de asas batendo tomava o ambiente.

Durante alguns segundos vocês ficaram naquele turbilhão, até que tudo parava e o silêncio reinava. Assim que tudo tinha se acalmado, a mulher esticou a mão para pegar no seu braço gentilmente e virar sua palma da mão para cima. Segurando o cristal, que agora emitia um leve brilho, a mulher o passava por cima da sua mão e revelava um símbolo que reagia com o mesmo brilho do cristal.

- Me diga Korina, quais as suas últimas memórias do que aconteceu no trailer? O que você viu? Como você acha que chegou até aqui?

Depois de fazer aquele breve “ritual” a mulher falava com você e exibia um sorriso satisfeito, enquanto colocava o cristal de volta no pescoço e se encostava na cadeira.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime18/2/2023, 21:00

Sentindo-me deslocada e perdida, as reações demoravam mais do que gostaria, e as informações que vinham com elas apenas aumentavam a sensação de deslocamento. O toque em minha própria face me fazia atentar para a roupa larga que vestia, inquieta com isso eu recolhia as pernas para cima do sofá, em uma reação de me proteger, ainda mais quando a voz da mulher estranha se fazia presente.

“O que diabos aconteceu?”

Era com um suspiro de alivio que via Grigoria, por mais que houvesse acabado de conhece-la havia certo reconhecimento e até mesmo admiração pela mulher, evitando de olhar para o outro lado da fogueira eu sentia a pressão de estar em desvantagem diante de uma desconhecida, ainda assim eram as palavras de Grigoria que me faziam respirar mais aliviada.

Voltando meus olhos para Victoria quando esta era apresentada, eu tentava sorrir de maneira educada, mas o semi sorriso morria no rosto quando o nome de minha mãe era dito. Encolhendo-me contra o sofá eu respirava ao lembrar das inúmeras brigas e gritos dos quais já havia recebido de Thalia, e por mais que os últimos meses de sua vida ela tivesse mudado ainda existia o sentimento de ressentimento com sua figura, principalmente diante do tratamento que ela dispensava a Layla.

“Ainda assim ela não valia nada praquela vaca!”

Observando a aproximação de Victoria, meus olhos a encaravam enquanto ela tirava o colar do pescoço, ali mesmo inquieta eu me controlava para entender o que estava acontecendo, e o que se seguia me fazia tremer diante das reações do vento a nossa volta. Ainda assim quando Victoria encostava em meu braço eu não lutava, não diante dos olhos amarelados ou do brilho quase etéreo do cristal que revelava a estranha marca e minha mão.

– Se você me pergunta é porque tem mais respostas do que eu. Não é mesmo?

Eu comentava ao encarar Victoria que voltava a se recostar na cadeira, passando a mão por cima da palma onde estivera a marca eu respirava fundo lutando contra a indecisão e lembranças das quais não queria me lembrar.

– Acho que nem a Thalia sabia o nome dele. Mas eu acho que herdei os olhos dele, ou da Callie, porque ela adorava usar isso contra mim quando estava brava.

Sentindo a confusão tomar conta da minha mente eu tomava meu tempo para responder as perguntas que haviam me sido feitas.

– No trailer eu me encontrei com a minha irmã de criação, a princesa que minha mãe sempre quis ter e eu não era. A Layla me perseguiu até aqui, e eu não faço ideia do porque aquela doente me odiar tanto. Na real é bem capaz dela ter colocado fogo no acampamento só pra me ferrar, porque ela sempre fez as merdas dela e jogou em mim... Eu tentei empurrar ela pra sair de lá, mas ela me imobilizou, foi quando eu tentei lutar, mas ela tinha um canivete.

Tocando em minha face eu sentia as lagrimas secas que escorria, mas nenhum corte ou dor, o que apenas me deixava mais confusa e inquieta.

– Eu tenho certeza que ela me cortou quando eu já não tava mais acordada, mas não lembro... E sinceramente tirando o sonho estranho com o lobo negro eu não faço ideia de como cheguei aqui, e menos ainda do porque a herança da minha avó ser tão importante pra vocês.

Enxugando as lagrimas com a mão eu desviava o olhar quando terminava de falar, ainda assim eu respirava tentando fazer com que os últimos acontecimentos fizessem algum tipo de sentido em minha mente.

– Desculpa, eu não quis faltar com respeito. Eu só não sei o que pensar.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime20/2/2023, 01:08

Os olhos bestiais de  Viktoria te observavam com cuidado enquanto você contava a sua história dos fatos recentes. Vendo como você reagia e o que falava, ela expressava um sorriso em alguns momentos e acenava positivamente com a cabeça em outros, porém, quando você falava da herança de sua avó a mulher sorria de uma forma divertida, como se achasse graça.

- A herança da sua avó foi o que te fez ficar viva, minha pequena. Se o seu rosto não está marcado, se você continua respirando e vivendo, é por conta da sua herança!

Desencostando da cadeira, a mulher se aproximava de você novamente, sem se levantar, e tocava com o indicador do dedo no meio do seu peito.

- A loba que você viu, é você!

Mais uma vez a mulher se afastava, se encostando novamente, para sorrir e continuar a falar.

- A sua mãe era uma mulher fraca que se rendeu a um homem ainda mais fraco. Ela não era digna de herdar os poderes que você tem. Não existe uma forma fácil de falar isso, mas você não é uma pessoa normal. Assim como eu e Grigoria, você é uma obra da natureza, criada pela nossa mãe, Gaia. Nós somos chamadas pelos leigos de homens-lobos, ou no nosso caso, mulheres-lobas!

Depois de falar, Viktoria esboçava um sorriso confiante e fazia uma pausa, dando a Grigoria a oportunidade de falar.

- Homem-lobo é a forma vulgar de nós categorizar. Nós nos chamamos de Garous. Filhos e filhas de Gaia que carregam os genes de Garous das gerações que vieram antes de nós. Não existe certeza de os filhos de um Garou vão virar também pois isso depende de uma série de fatores. Geralmente eventos de grande tensão desencadeiam o que chamamos de primeira transformação e foi exatamente isso que aconteceu com você. Agora você é uma de nós.

A mulher fazia uma pausa, para te deixar processar aquelas informações para continuar após alguns segundos.

- Quando nos transformamos, nós temos força, velocidade e regeneração sobrenaturais, por isso você não tem nenhuma marca do que Layla fez em seu rosto.

- Já aquela outra coitada… foi engolida pelo fogo que ela mesma começou… um fim digno para uma mulher do calibre dela! - Falava Viktoria, interrompendo Grigoria e provocando uma expressão de fúria na mesma.

- Eu ouvi a sua transformação por meio da comoção e só te vi quando você saiu do trailer, portanto, eu não vi o que aconteceu enquanto vocês duas estavam lá, mas é difícil dizer que Layla tenha sobrevivido. Felizmente você não ficou muito tempo transformada, então eu consegui te seguir para te resgatar e te trazer para cá quando sua fúria passou. - Dizia Grigoria após a interrupção de Viktoria.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime20/2/2023, 11:29

As reações de Viktoria não me passavam despercebidas, mas as palavras que saiam de minha boca ainda pareciam absurdas demais para serem consideradas reais, ainda assim tanto a estranha mulher quanto Grigoria pareciam considerá-las melhor do que eu.

“Eu devo ter enlouquecido... Ou isso é um tipo de inferno pessoal antes de ser julgada pela bosta de qualquer entidade.”

O toque de Viktoria em meu peito e as palavras sobre eu ser a loba me faziam encara-la com curiosidade e surpresa, ainda assim as palavras que se seguiam sobre a fraqueza de minha mãe doíam mais do que eu poderia imaginar, virando o rosto para a escuridão da floresta eu respirava tentando ao máximo assimilar aquelas palavras dobre lobisomens e heranças.

– Certo... É coisa demais.

Respirando fundo eu colocava os pés no chão dando tempo para que minha mente trabalhasse, nada fazia sentido, mas ainda assim eu estava ali viva e sem nenhuma marca no rosto apesar do que Layla havia feito, saber que possivelmente minha “irmã” estava morta também não melhorava em muito as coisas.

Me levantando para respirar, eu cruzava os braços enquanto encarava a escuridão ao nosso redor, não que fizesse diferença já que meus olhos podiam trespassar aquele empecilho sem muitas dificuldades.

“Minha mãe deu sorte ou azar? Como as coisas teriam sido diferente?”

Balançando a cabeça eu evitava que novas lagrimas se formassem em minha face, ainda respirando fundo eu olhava para Grigoria e Viktoria sem ter muita certeza do que aconteceria dali para frente.

– E o que acontece agora? Mesmo que a Layla fosse uma vaca, é crime matar pessoas, eu não deveria estar sendo presa?

Perguntava olhando mais para Grigoria, afinal a mulher era policial e bem ainda era um crime matar pessoas, por mais que aparentemente eu fosse um monstro mitológico. Rindo de nervosa, eu fechava os olhos ao perguntar de maneira sincera.

– O que eu preciso fazer pra entender o que sou? Vocês duas não estariam aqui se isso não fosse importante.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime21/2/2023, 21:14

As duas mulheres continuavam a te olhar com atenção enquanto você tentava assimilar tudo que havia sido falado. Grigoria com um semblante preocupado enquanto Viktoria parecia estar sempre analisando com olhos afiados.

Você então se levantava, andava, olhava para as árvores mas tudo que via era a vegetação e um caminho que se abria pela por trás da casa. Ainda assim, os pensamentos de culpa se misturavam com a confusão que estava em sua cabeça e sem saber como prosseguir, você indagava Grigoria.

A primeira reação da mulher era balançar a cabeça em concordância, porém, a mulher respirava fundo antes de falar.

- De fato, pela lei seria um crime, mas você não estava agindo por vontade própria e estava em um cenário de vida ou morte. Se você não tivesse agido, quem estaria morta agora não era Layla. Além disso, ela colocou fogo em centenas de casas, várias pessoas foram feridas e duas pessoas morreram. O incêndio foi tão grande que ele propagou para fora do acampamento e atingiu uma parte do parque e residências na região. Foi necessário uma força tarefa para conter e ainda assim, os danos foram enormes. Ela não era inocente e você estava apenas se defendendo.

Grigoria falava de uma forma tranquila e lógica, porém, Viktoria se pronunciava logo em seguida mostrando sua própria forma de ver isso.

- Você terá de se acostumar com a morte pois Layla é apenas uma formiga comparado a todas as coisas que serão uma ameaça a sua vida a partir de agora. Um Garou é muito mais do que um mito, uma lenda, nós somos seres que ultrapassam a barreira física. Nós somos guerreiras, literalmente, de corpo e espírito. Nós somos o elo entre o mundo real e o espiritual. Portanto, além de Layla, você encontrará verdadeiros monstros tão mitológicos quanto nós: vampiros, espíritos, aparições, seres corrompidos que serão uma ameaça não só para você, mas para todo o mundo!

Assim que ela falava, Grigoria se levantava e tentava repreender Viktoria com palavras fortes.

- Basta! Você não precisa jogar tudo em cima dela agora! O que aconteceu com a nossa conversa de ir com calma!

Pela primeira vez você via Grigoria sair do controle e quando ela falava, as palavras pareciam sair com uma força anormal. Além da força nas palavras, você sentia como nunca antes a tensão no ar como um aroma forte e salgado. No entanto, Viktoria não se acanhava e prontamente se virava para a outra mulher, se curvava um pouco como um animal pronto para atacar e retrucava.

- Não se atreva a levantar sua voz! Sob minha vigília, nenhuma Fúria será criada como um cachorro de rua!

O choque entre as duas era poderoso e nenhuma delas parecia ceder, mas Viktoria logo se voltava para você e ali você conseguia ver uma face diferente. Os olhos dela brilhavam mais do que antes, presas apareciam e uma expressão selvagem aparecia.

Ela então balançava a cabeça e escondia o rosto com a mão para em seguida caminhar na sua direção e falar.

- Você quer saber o que é ser uma Garou de verdade? Venha comigo e eu mostrarei o mundo que não aparece nos seus olhos! Mostrarei a verdade nua e crua da nossa existência!

Ao terminar de falar, a mulher caminhava em um semi-círculo, ficando de costas para a mata fechada e estendo a mão para você, esperando que você a acompanhasse. Por outro lado, Grigoria tinha uma expressão cautelosa, como se não gostasse da ideia, mas não se opunha e se limitava a falar.

- Não existe pressa Korina, se você não se sentir confortável nós podemos ir com calma.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime22/2/2023, 14:51

O olhar compreensivo de Grigoria era um contraste ao analítico de Viktória, em ambos os casos só me ajudavam a permanecer no limbo de confusão e teorias malucas que se infiltravam em meus pensamentos.

Ali de pé na orla da escuridão eu ouvia as palavras de Grigoria sobre o crime que havia cometido, minha suposta inocência não ajudava em nada na sensação de culpa, principalmente por descobrir o tamanho do estrago que Layla havia feito.

“Droga! Como é que eu vou encarar o Senhor Anderson?!”

Cruzando os braços diante das palavras de Viktória eu encarava o chão por alguns instantes imaginando a quantidade absurda de criaturas mitológicas que poderiam simplesmente existir, ainda assim era diante da mudança brusca de Grigoria que me assustava.

Recuando um passo para atras, eu sentia a tensão quase palpável no ar, o gosto salgado na boca era quase forte demais para ser ignorado, e ali diante de meus olhos as duas mulheres mediam força de uma forma que estava acostumada a ver em animais, não em pessoas.

Diante da visão da face alterada de Viktória eu me surpreendia, suas palavras e ações me faziam refletir sobre o que estava me esperando, mas era a preocupação de Grigoria que me fazia respirar profundamente.

– Eu quero respostas Grigoria, eu sinto que vou enlouquecer se parar pra pensar agora. E sinceramente a ultima coisa que me resta é a droga da minha sanidade, não me sobrou mais nada.

Dando um passo na direção de Viktória, eu respirava fundo empurrando os medos e inseguranças para longe da minha mente, encarando a mulher de cabelos brancos eu prendi a respiração ao andar na direção desta e segurar em sua mão perguntando.

– Essa raiva toda que eu sempre senti, é parte dessa herança?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime23/2/2023, 15:18

Ao sentir o toque da sua mão na dela, Viktoria sorria satisfeita com a sua decisão e Grigoria acenava positivamente com a cabeça, compreendendo a sua posição e o seu desejo de entender tudo que estava acontecendo.

- Aí é que você se engana, minha pequena. Você vai encontrar um novo mundo para explorar e conquistar com as suas próprias garras!

Respondendo a sua primeira fala, Viktoria te guiava com tranquilidade e por um caminho de pedras que levava na direção da mata. Te trazendo para o lado dela e se virando na direção da trilha, a mulher passava um dos braços por trás de você para tê-la próxima enquanto ela continuava a falar.

- Sei que há muitas dúvidas em sua cabeça agora, portanto não vou entrar em detalhes sobre a história dos Garous, isso ficará para um momento futuro e por hora iremos focar no básico.

Assim que você começava a seguir a trilha de pedras, Viktoria abria o caminho pela mata e Grigoria seguia atrás de vocês. Usando o próprio corpo e as roupas, a experiente mulher abria o caminho entre os galhos das árvores que quase formavam uma cerca viva. A mulher acabava tendo o trabalho mais difícil e conseguia te proteger da maioria dos galhos, porém, você ainda conseguia senti-los bater contra seu rosto e braços enquanto passava.

Uma vez do outro lado, você via um campo verde que se estendia por algumas centenas de metros até ser obstruído por mais uma cerca natural formada de árvores e arbustos altos. A cerca formava uma proteção natural ali dentro mas que não abrigava nada de mais além de uma fonte de pedras que ficava no final do espaço.

- A Fúria de um Garou é a força mais primordial que Gaia nos deu. É literalmente a representação do poder de gaia que corre em nossas veias. É o nosso contato com a natureza e também com a violência. Portanto, todo Garou precisa aprender a controlar sua raiva, se não nós seremos apenas bestas descontroladas e um perigo a todos.

Ainda caminhando ao seu lado, a mulher agora te soltava um pouco, te dando o espaço para andar e agir da forma que quisesse.

- Em contra partida, a Gnose é o espírito de Gaia que habita em nós. Esse poder representa a sabedoria de Gaia e é o contraposto à fúria. Por meio da gnose nós podemos acessar o mundo espiritual que fica escondido dos humanos e podemos nos conectar diretamente com a sagrada mãe para usar os Dons dela.

Terminando de explicar o conceito, ela fazia uma pausa para olhar na sua direção antes de continuar.

- Todo Garou possui esses dois elementos dentro de si. Em alguns, a fúria é maior, mas em outros a energia espiritual se sobressai e isso acontece por vários fatores: a raça e a fase da lua que o Garou nasceu. Geralmente, Garous lupinos, que nascem como um lobos, possuem uma conexão maior com a natureza do que os hominídeos, portanto eles geralmente possuem maior energia espiritual. Enquanto isso, Garous que nasceram sob a lua cheia são geralmente mais propensos a fúria do que os que nasceram em outras fases da lua.

Ao terminar de falar, a mulher tirava o colar que havia usado a pouco tempo e te mostrava novamente.

- Além disso, a Gnose serve para acessar os Dons e Rituais que Gaia e os espíritos nos oferecem. Lembra da marca que estava em sua mão? Eu usei minha energia espiritual para revelá-la. Aquela marca é a marca das Fúrias Negras, umas das tribos da sociedade Garou e a tribo a qual pertencemos. Aquela marca foi colocada em você quando você nasceu pela sua avó para que pudéssemos te encontrar caso você se tornasse uma de nós. Por fim, algumas tribos também possuem uma conexão maior com o mundo espiritual e possuem poderes, que chamamos de Dons, que precisam de mais energia espiritual.

- Aquela Kookaburra que você viu quando acordou era o espírito que ficou responsável por te acompanhar desde que a marca foi colocada e aquele mesmo espírito que nos avisou que sua transformação estava próxima e nós disse onde encontrá-la. - Complementava Grigoria, repassando a palavra a Viktoria.

- Esse é um ritual que fazemos para marcar e encontrar nossos descendentes e é importante para a nossa tribo, as Fúrias Negras, porque nós apenas aceitamos mulheres. Você deve se perguntar o porquê dessa regra e a verdade é que existem muitos motivos, mas um deles, e o que eu acredito ser o principal, é porque nós somos descendentes de Artemis, a deusa da caça e da lua e porque as primeiras Fúrias que nasceram na Grécia eram guerreiras implacáveis que lutavam pelos seu direitos, portanto, nós honramos nossas antepassadas ao manter as nossas tradições.

Mais uma vez a mudança na explicação acontecia e Grigoria retomava a fala.

- Assim como as Fúrias Negras, existem muitas tribos e a junção dessas tribos forma a nossa sociedade. Desde muito tempo atrás os Garous se escondem da humanidade e os protegem de aberrações sobrenaturais. Para que a ordem seja mantida, as tribos criaram regras que os Garous devem seguir. Uma dessas regras é que um Garou nunca deverá caçar e se alimentar de um humano. Por isso que eu disse que a morte de Layla foi uma fatalidade.

- Ainda assim, existem humanos e Garous que decairam com o tempo e foram contaminados com a corrupção do mundo. Por isso eu falei para você se acostumar com a morte.

Por um momento, a conversa deu uma pausa quando vocês finalmente chegaram ao lago, que ficavam elevado no fim do campo. Viktoria era a primeira a subir, pelas escadas de pedra, seguida por você e enfim por Grigoria. Na beira do lago você via que tinha uma cadeira de madeira e em cima da cadeira havia uma roupa parecida com a que você usava.

Viktoria se dirigia até a cadeira, tirava a roupa da cadeira e entrava para Grigoria, que colocava por cima das roupas que já usava. A mais experiente das mulheres se sentava na cadeira, enquanto Grigoria se sentava na pedra, à beira do lago e com as pernas cruzadas para não encostar na água, e indicava para você fazer o mesmo.

- Nós iremos te levar para o mundo espiritual, mas antes, você gostaria de fazer alguma pergunta sobre o que falamos até agora? - Dizia Grigoria que ficava esperando pela sua resposta.
Lago:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime24/2/2023, 16:40

O toque na mão de Viktoria e o consentimento de Grigoria, me faziam acenar de forma positiva ao que me era dito, embora a sensação de que tudo aquilo não ser real ainda permanecesse, as duas mulheres estavam sérias demais para que tudo fosse resumido em uma brincadeira de mal gosto.

“Garras, o que mais eu ganhei com essa herança da Callie?”

Deixando que Viktoria me guiasse, eu respirava fundo em uma tentativa de estar atenta as palavras da mulher, ainda assim ser guiada como uma criança não ajudava que a tenção diminuísse, principalmente quando ela me puxava para mais perto me abraçando.

Compreendendo o motivo do estranho abraço, era com cuidado que protegia meus olhos, seguindo assim sem reclamar ou questionar para onde estávamos indo, quando por fim a barreira natural era trespassada, meus olhos logo avistavam o lago, a beleza do lugar me fazia suspirar enquanto as palavras de Viktoria se iniciavam.

Atenta ao que me era dito, era com alivio que sentia que está me dava mais espaço, tomando o cuidado de enrolar o cabelo, eu buscava pela figura de Grigoria apenas para ter certeza de que ela estava ali, depois era com calma que seguia a caminhada sem reclamar, mas tomando o cuidado com caminho.

“É um mundo inteiro... Quanto mais está escondido dos olhos ignorantes? O quão ignorantes podemos ser ao ponto de simplesmente não ver essas “sociedades secretas”?

Descobrir que a kookaburra que havia visto na janela do trailer logo depois de meu pesadelo não era um pássaro normal me fez encarar as duas com curiosidade, voltando a tocar na mão que havia sido marcada pela minha avó.

As informações sobre a sociedade da qual eu participava me eram dadas com calma, algo que me ajudava a processar aquele montante de conhecimento novo, quando a conversa cessava, o ar escapava de meus corpo em busca de ar e calma para entender tudo que me era dito.

De pé em frente ao lago, eu observava com curiosidade o ato de Grigoria vestir a roupa por cima da usada, ainda em silencio eu me sentava ao seu lado enquanto ouvi a pergunta que me era feita, e ali eu escolhia as melhores a serem feitas.

– Tenho algumas. Hamm.. Certo nossa tribo é feita só de mulheres, mas o que acontece se nascer um menino e ele despertar? Além disso, não seria mais fácil e menos problemático ter filhos com outro garou? Se ser um garou não é uma maldição como na cultura popular, isso quer dizer que temos controle da nossa forma? Não dependemos exclusivamente da lua pra isso?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime27/2/2023, 21:57

Viktoria se sentava e com calma se encostou na cadeira para ouvir as suas perguntas. Com atenção ela ouvia seus questionamentos e à medida que você falava ela balançava a cabeça positivamente, como se estivesse entendendo as suas perguntas.

- Suas perguntas são muito boas. - Começava respondendo a mulher mais velha. - Caso uma Fúria Negra tenha um filho homem e este se transformar, infelizmente ele será excluído de nossa tribo.

Viktoria respondia de forma direta. A mulher era bem clara com suas palavras e não demonstrava nenhum remorso por excluir um homem de seu círculo tribal.

- Felizmente isso não é o fim do mundo para ele, pois ele pode ser aceito por outra tribo, da mesma forma que nós podemos aceitar outras mulheres que não se identificam com a tribo que nasceram.

Como Viktoria não dava indicativos de que iria explicar mais a fundo esse detalhe, Grigoria era quem assumia a fala para complementar a resposta e aproveitava para continuar a responder às suas outras dúvidas.

- Porém, Garous que recusam suas raízes, ou que são recusados por elas, geralmente não são tão bem vistos por outros Garous. Você por exemplo, é a neta de uma grande guerreira da nossa tribo, portanto é uma adição valiosa para nossa tribo, mas se você optasse por outra tribo, isso não lhe serviria de nada e dependendo da tribo, eles poderiam até mesmo retaliar por isso.

Grigoria explicava tudo de uma forma bem tranquila e olhando diretamente nos seus olhos, para ter certeza de que você estava compreendendo.

- E como você falou, seria muito fácil um Garou cruzar com outro Garou para ter certeza de que geraria mais um Garou, mas essa prática é proibida porque o fruto dessa geração é literalmente um monstro, uma criança que nasceria já na forma mais agressiva de um Garou e que poderia matar a mãe antes mesmo de nascer. Uma criatura que é uma ameaça ao segredo da nossa existência e é justamente por isso que nós tentamos rastrear todas as herdeiras das nossas linhagens.

Assim que Grigoria terminava de falar, era Viktoria que retomava o poder da palavra de imediato.

- Essas criaturas geradas por dois Garous se chamam Metis. Eles nascem na forma que chamamos de Crinos e é a forma que assumimos quando nós transformamos pela primeira vez e quando lutamos. É a forma que nos dá mais força e velocidade, além da regeneração sobrenatural que falamos antes e diferentemente das lendas inventadas, nós não nos transformamos exclusivamente sob a lua cheia, nós podemos nos transformar a qualquer momento.

A mulher então fez uma pausa para olhar para cima e apontar na direção da lua.

- A lua não dita quando nós vamos nos transformar, mas ela influencia de algumas formas, afinal, a fúria que Gaia nos deu é a energia que usamos para nos transformar e essa energia é também uma benção de Luna, o espírito celestial da lua!

Depois de explicar, a mulher voltava a olhar na sua direção para falar.

- Bom, agora que suas dúvidas foram saciadas, vamos lhe mostrar o verdadeiro significado de ser uma Garou e o verdadeiro motivo pelo qual existimos! Quando estiver pronta, fique de pé no centro do lago, mantenha os olhos fixos no reflexo da água e esvazie sua mente. Se concentre apenas na energia à sua volta e na energia que flui dentro de você mesma.

Terminando de falar, a mulher cruzava as pernas em cima da cadeira e falava de uma forma bem tranquila.

- O que vamos fazer agora é literalmente atravessar a película que divide o mundo físico para entrar na Umbra, o mundo espiritual. Para isso, precisamos canalizar nossa gnose para nos mover pela película. A primeira vez é sempre difícil, mas eu e Grigoria estamos aqui para te guiar.

Assim que ela terminava de falar, Grigoria te olhava de uma forma confiante e tocava nas suas costas para te incentivar.

- Pode parecer um pouco assustador mas não se preocupe, com a gente aqui não há nenhum perigo. - Falava a grega de cabelos negros enquanto te olhava.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime28/2/2023, 16:46

Em silêncio eu via Viktoria se recostar na cadeira, suas palavras me deixavam surpresa já que não esperava o exílio como resposta, porem ainda era menos pior do que havia imaginado a princípio.

“Ah bom, pelo menos não matam eles como nas lendas gregas.”

Atenta as palavras que me eram ditas por Grigoria, eu me sentava ao seu lado para ouvi-la melhor, principalmente porque a dinâmica entre as duas mulheres me soava de alguma maneira hierárquica e naquele instante a última coisa que queria era de alguma forma quebrar isso.

“Cães andam em matilhas, faz sentido existir posições sociais. Isso parece refletir no comportamento dos garous também. Haha até parece que isso não me assusta mais!”

Ouvindo sobre o fruto de uma relação entre dois garous um suspiro seco escapava de meus lábios, aquele era realmente um crime muito pesado para alguém simplesmente nascer, imaginar como isso deveria ser considerado por um metis, ainda assim saber que eu havia sido rastreada desde meu nascimento não facilitava as coisas.

“Uma grande guerreira... Provavelmente vão querer que eu faça juz ao nome dela, mas eu nem a conheci.”

Voltando os olhos para Viktoria, era de certa forma reconfortante saber que poderia controlar a transformação, embora me parecesse algo simplesmente impossível, já que conviver com minha eterna fúria já era algo degastante o suficiente na minha adolescência.

Ainda processando as informações que me eram ditas, eu sorria ao imaginar que a lua pudesse ter um espírito, mas as palavras sérias de Viktoria não deixavam muitas margens para a dúvida, embora ainda houvessem perguntas a serem feitas, elas podiam esperar.

Levantando-me com calma eu segurava a barra do vestido que usava quando entrava no lago, a água fria era mais um indicativo de que nada daquilo era um sonho, ainda assim eu sentia um certo alívio nas pernas com o toque gelado da água.

– Certo, esvaziar a mente. Difícil com tanta coisa acontecendo.

Murmurava baixinho, olhando para Grigoria por alguns instantes eu voltava meus olhos para minha imagem refletida no lago, ali com calma eu deixava que os pensamentos se acalmassem, silenciando qualquer vontade de pensar em alguma coisa, era o brilho amarelado dos olhos da loba que havia visto no sonho que procurava em meus próprios olhos ali refletidos.

“Somos a mesma coisa não é?”
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime6/3/2023, 21:19

Seguindo as ordens de Viktoria, você se deslocava para o centro do lago e ficava de frente para Grigoria, que estava sentada na beira do mesmo lago. Tocando os pés na água gelada, você sentia que o lago era todo feito de pedra e mais parecia com uma banheira natural do que um lago.

Assim que você estava em posição, seus olhos encontraram Grigoria e Viktoria uma última vez antes de se ficarem no reflexo da água embaixo de você. Esvaziar a mente era muito mais difícil do que você imaginava, mas aos poucos os pensamentos e as inúmeras dúvidas que você tinha iam sumindo, dando espaço para a sua imagem que vibrava com as pequenas ondas que passavam pelo lago.

Enquanto seus olhos se focavam na imagem do reflexo da água cristalina, os sons e os cheiros únicos da natureza ao redor de vocês se intensificaram. Alí você ouvia o som dos pássaros, o bater das asas, galhos quebrando e até mesmo gotas de água caindo no lago.

Após algum tempo observando o seu reflexo, nenhuma mudança aconteceu, porém, a voz de Viktoria voltava a se fazer presente e em poucos segundos a água do lago ficava completamente parada, como um reflexo de um espelho.


O som da voz da experiente mulher reverberou com as paredes naturais da vegetação ao redor e tomava o ambiente por inteiro. A voz dela ecoava pela sua cabeça e seus olhos se fixavam no reflexo. Alí seus olhos viam uma enorme lua no céu, a maior que você já havia visto e que quase não cabia no reflexo do lago.

A lua brilhava incessantemente, como o sol ficava de dia, mas seus olhos não doíam ao olhar para ela, na verdade, você se sentia acolhida pela grandiosidade dela. Apesar do brilho intenso da lua, você notava que tudo ao redor parecia ficar mais escuro, o que realçava ainda mais a luz que ela emitia.

Depois de alguns segundos olhando para ela, a imagem parecia começar a se aproximar, você não tinha certeza de como aquilo estava acontecendo até que você sentia a água bater nos seus joelhos e somente então você percebia que seu corpo estava afundando no lago.

Apesar de ser uma situação anormal, a voz de Viktoria lhe inspirava confiança que faltava para enfrentar aquela situação sem qualquer medo ou angústia. Como se você já soubesse o que fazer inconscientemente, você ficava ali parada, esperando seu corpo afundar no lago e quando suas mãos tocavam na água, você sentia o toque de outra mão. Porém, dessa vez você não tinha tempo para reagir e assim que o toque acontecia, o seu corpo era puxado e você afundava completamente no lago.

Tecnicamente você havia afundado no lago, mas na realidade o que acontecia era completamente diferente. Assim que você passava o reflexo do lago, o seu corpo saia da água como se você tivesse sido puxada para fora dele e a pessoa que havia te puxado tinha sido Grigoria, que agora estava de pé na beira do lago.

- Bem vinda a penumbra, o primeiro mundo da Umbra. - A mulher falava sorrindo e te ajudando a ficar em pé.

Assim que seus olhos se acostumaram com o ambiente você reparava no brilho intenso da enorme lua que pairava sobre sua cabeça. Ainda maior do que você tinha visto no reflexo, ela iluminava tudo e nenhuma nuvem ousava passar na frente dela. Além disso, tudo ao seu redor parecia estranhamente mais escuro, exceto às árvores e a vegetação que pareciam ter uma aura brilhante sobre elas. Por fim, você ainda sentia uma energia diferente ao seu redor, uma energia que lhe trazia paz e harmonia com o ambiente em que estava.

Ao olhar na direção de Grigoria, você percebia que a imagem dela também estava ainda mais nítida que o normal e que a mulher também tinha um brilho diferente. Após analisar a mulher por um breve momento, você finalmente notava que ela não vestia nada além do manto que havia colocado por cima das roupas.

Depois de conferir Grigoria, seus olhos se voltavam para onde Viktoria estava sentada, porém, você não via a mulher e sim uma silhueta borrada do que parecia ser um lobo sentado e olhando na direção de vocês.

- Viktoria ficou para trás para que eu pudesse lhe explicar como a penumbra funciona. A penumbra é basicamente um reflexo do nosso mundo, a maioria das coisas naturais, como árvores e a vegetação, vão estar presentes aqui. Animais geralmente também vão ser representados, mas isso depende de vários motivos, como a conexão deles com o mundo espiritual. E por fim, pessoas e outros seres, tipo Garous e outros seres sobrenaturais serão representados por um espectro da imagem real deles. Veja Viktoria por exemplo, ela é uma Garou, logo sua conexão espiritual é muito forte com a umbra e ela pode ser vista por quem está na penumbra, mas um humano normal dificilmente será visto daqui.

Assim que ela terminava de falar, seus olhos viam a imagem efêmera tomar forma. O que era apenas uma nuvem desfocada e brilhante de animal quadrupede sentado sob as patas traseiras, se tornava em uma imagem real de um lobo de pelos negros e cinzas.

Lobo:

- Pode parecer estranho mas essa é Viktoria. Quando atravessamos a película nós assumimos a nossa forma de nascença e, por mais difícil que seja de acreditar, ela é uma lupina. Além disso, quando atravessamos nossas roupas e qualquer coisa mundana que esteja conosco ficará para trás, apenas roupas que receberam um tratamento especial de um ritual podem aparecer aqui, por isso eu e você ainda estamos com essas roupas, caso contrário nós teríamos aparecido sem qualquer roupa.

Depois que Grigoria falava aquilo, o lobo ficava sobre as quatro patas e balançava os pelos, como se estivesse se secando, para em seguida falar com a voz de Viktoria.

- Então, o que achou da sua primeira viagem pela película?
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime9/3/2023, 14:31

A ultima olhada para Viktoria e Grigoria me dava a calma necessária para esvaziar minha mente, ali diante de meu próprio reflexo os pensamentos eram acalmados pela voz da mulher de cabelos brancos, embalada pelo tom melancólico eu me entregava ao que estava prestes a acontecer.

Ver o reflexo da lua crescer no lago não me assustou, quando a água por fim avançava contra meu corpo que afundava eu prendia a respiração permanecendo parada, mas era o toque quente em minha mão que me assustava.

Sendo puxada ao invés de simplesmente afundar, eu saia da água arfando assustada, olhando em volta para ver tudo de certa forma igual e mudado, era presença de Grigoria que me acalmava.

Ainda respirando descompassadamente meus olhos estudavam a minha volta com interesse enquanto as palavras da grega mais velha me explicavam o que havia acontecido, mas ver a imagem borrada do que seria um lobo no lugar de Viktoria me surpreendia em muito.

“Então ela é uma lupina? Faz sentido eu acho... Quer dizer combina com ela.”

Andando até a borda do lago eu me içava para me sentar ali, atenta as palavras de Grigoria, era com certa surpresa que via Viktoria atravessar, as explicações que me eram dadas ajudavam a sanar as lacunas do que havia acontecido e de certa forma criavam novas perguntas. Mas ver a loba que era Viktoria falar me surpreendia de verdade.

– Você fala? Quer dizer é claro que você fala! Estavamos falando até agora a pouco.

Dizia rindo de minha própria pergunta idiota, respirando fundo eu espremia o cabelo afim de tirar o excesso de água desse enquanto colocava meus pensamento em ordem.

– Sinceramente eu não sei o que dizer, mas sinto que não estou mais enlouquecendo.

Balançando a cabeça afim de soltar meus cabelos, eu olhava em volta vendo as auras das arvores a nossa volta, aquela era uma visão estranha, mas de certa forma acolhedora, afinal ali eu não era mais descolacada de algo que não fazia parte.

– Se este é o primeiro mundo, quer dizer que existem outros? Se podemos ver da penumbra, outras garous podem nos ver do mundo real?

Sem saber ao certo o que fazer, eu permanecia sentada e atenta as duas mulheres, tanto a grega quanto a loba.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime19/3/2023, 16:44

Após Viktoria atravessar a película e falar, você saia do lago com ajuda de Grigoria e fazia uma pergunta que tirava uma risada breve da mulher que te ajudava.

- Pode não parecer, mas ela é uma muito antiga e depois de tanto tempo alguns Garous conseguem transformar partes do corpo. Algumas são mais fáceis do que outras, mas falar na forma de lobo é algo bem difícil.

Viktoria por sua vez não falava e nem fazia uma ação às palavras de Grigoria e, logo após a fala, a loba se movia, saindo da cadeira e fazendo um movimento gracioso e ágil para realizar um pulo duplo na direção da beira do lago e, em seguida, indo para o gramado.

Assim que você via a loba se mover, você tentava enxugar os cabelos para sair e somente então notava que você não havia se molhado. Na verdade, todo seu corpo, roupas e cabelo estavam secos e o único lugar que estava molhado era os seus pés que ainda estavam submergidos no lago.

Ao sair do lado, você soltava seus cabelos e se sentava para apreciar o ambiente ao seu redor enquanto continuava com as perguntas.

- É um sentimento diferente estar aqui, não é? Essa é a nossa outra metade, a qual não está acessível aos olhos humanos, mas ainda assim as ações deles também são refletidas aqui. - Grigoria começava respondendo e fazia uma pausa para apreciar um pouco da natureza como você fazia. - Sim, existem infinitos mundos além desse. E não, nós não podemos ver Garous ou outros seres do ponto de vista do mundo físico.

Andando um pouco e se espreguiçando, a grega parecia se alongar como se estivesse se preparando para algo. Enquanto isso, Viktoria caminhava em um semicírculo para observar as matas ao redor de vocês e, assim que terminava, a loba se virava na direção de vocês para emitir um rosnado suave.

- Eu sabia que você ia ter pressa. - Respondia Grigoria. - Bom, que tal a sua primeira mudança consciente? Nós vamos ter que nos mover com velocidade, portanto é melhor mudar para a forma lupina. Não existe uma forma de explicar como fazer a mudança, é algo que você faz naturalmente. Acho que a forma mais fácil que eu posso dizer é: tente mentalizar a forma e sentir o lobo dentro de você.

Assim que ela terminava de falar, a mulher e a loba ficavam te olhando e esperando que você realizasse a mudança.

[Off: Teste de Vigor + Instinto Primitivo]


Última edição por Lugo Narrador em 27/3/2023, 21:03, editado 1 vez(es)
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime20/3/2023, 19:05

Atenta as palavras de Grigoria depois de sua risada, eu sorria observando a forma lupina de Viktoria por alguns segundos, era surreal ver um lobo falar, e mais surreal ainda saber que era possível transformar partes do corpo.

“Eu vou ter que me acostumar com isso, daqui pra frente vai ser uma enxurrada de informações!”

Vendo os movimentos da lobo eu parava ao perceber que meu corpo estava seco, vendo que apenas minhas pernas que ainda estavam na agua que permaneciam molhadas eu sorria, aquilo era tão surpreendente quanto a loba falante, ainda assim eu sentia alivio por estar ali, mesmo que a carga de informações parecesse não ter fim.

Saindo da lagoa eu olhava curiosa a nossa volta, principalmente com as palavras de Grigoria, as ações de Viktoria e seu rosnado faziam com que minha atenção se voltasse para a grega, principalmente quando ela mencionava a transformação consciente.

– Ah, certo... Acho que consigo fazer isso, se não existe forma de explicar vou ter que tentar achar uma não é?

Comentava sem ter a real certeza do que estava falando, dando alguns passos para longe da lagoa eu observava a minha volta por alguns instantes antes de fechar os olhos, ali eu procurava pela imagem da loba que havia visto no sonho antes do meu despertar naquela nova realidade, tentando lembrar do timbre do uivo que ela havia soltado e dos olhos amarelados que haviam me encarado de volta.

“Somos uma só.”

OFF: Teste de Vigor + Instinto Primitivo = 5d10
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime20/3/2023, 19:05

O membro 'Jess' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


'D10' : 3, 6, 4, 7, 7
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime27/3/2023, 23:23

Após ouvir as instruções de Grigoria, você saia do lago, olhava ao seu redor para em seguida fechar os olhos. A imagem da cerca viva que te rodeava era a primeira coisa a aparecer em sua mente, por que havia sido a última coisa que seus olhos haviam visto, porém logo a imagem sumia e a escuridão retornava.

Mais uma vez você se via perdida em seus pensamentos e em busca da loba que habitava dentro de você. Mentalizar trazia de volta a imagem em sua cabeça, porém ainda não era o suficiente. Em busca do algo a mais que Grigoria havia falado, você deixava se levar pelo momento e logo novas sensações surgiam.

Aos poucos os sons das árvores que se mexiam pelo movimento dos ventos crescia e agora você conseguia ouvir os ranger dos galhos, pássaros pousando e levantando voo. Além de ouvir as árvores se movendo como as ondas do mar, você conseguia sentir a umidade no ar e a temperatura daquele mundo alternativo que você havia adentrado. Como se você estivesse no meio de uma nuvem no céu, o ar parecia acariciar o seu rosto como uma mão fria e molhada te tocasse. Por fim, você finalmente abria os olhos e via um mundo como nunca havia visto antes.

Sua visão nunca havia sido tão boa. Se antes tudo que você via era um aglomerado de folhas e a escuridão da noite, agora você via as aves que havia ouvido e também os insetos que andavam nos galhos e fugiam dos predadores. Você via além disso, por entre os mínimos espaços entre as folhas, você via roedores olhando-a com curiosidade e medo, afinal, quem os olhava não era mais um bípede e sim o maior predador daquelas matas. Olhando para baixo, você não via pés, mas sim patas peludas, negras e munidas de garras mais afiadas do que a faca que Layla havia usado para te ameaçar.

Levantando sua cabeça novamente, seus olhos buscavam por Grigoria, que ainda em sua forma humana te olhava com um largo sorriso no rosto. Como uma mãe que via sua criança andar pela primeira vez, Grigoria não escondia a felicidade em ver seus primeiros passos sendo dado como uma Garou.

Já ao olhar para Viktoria, você agora notava as cicatrizes no focinho dela e que antes estavam escondidas embaixo do pelo dela. A loba te olhava intensamente e não demonstrava nenhuma expressão facial, afinal, ela não tinha essa capacidade, mas assim que seus olhos se encontravam, ela levantava a cabeça, apontando o focinho para a lua e uivava.

Pela primeira vez você ouvia um lobo uivar de tão perto, mas em momento algum você se sentia acuada, na verdade, o uivo de Viktoria fazia seu corpo tremer de ansiedade. Era como se ela estivesse liberando todos os seus músculos e te preparando para algo que você não fazia ideia, mas que estava completamente animada para fazer!

Após o longo uivo, Grigoria estendia o braço e em uma fração de segundo suas audição captava um movimento vindo das árvores atrás de você. Virando o rosto você via uma ave de pelos brancos, asas azuis e um bico engraçado voar e pousar no braço de Grigoria. Você não só conseguia ver todo o percurso que ela fazia até a mulher, como também via os movimentos suaves e graciosos que ela fazia para se impulsionar e planar no ar.

Com os olhos fixados no pássaro de tamanho considerável e cores mais vibrantes do que nunca, você rapidamente a reconhecia. Sim, era a Cucaburra que havia te despertado! Assim que ela parava no braço de Grigoria, a ave soltava sua famosa risada e olhava na sua direção.

-  Eu estava certo! Eu estava certo! - Gritava a ave com um som estridente. -  Finalmente estou livre! Livre! - Continuava a falar o pássaro.

Ao ouvir o pássaro, Viktoria rosnava agressivamente e se colocava em suas quatro patas enquanto Grigoria balançava a cabeça negativamente.

- Tudo bem, nós já sabemos. Mas você aceitou o chiminage então foi uma escolha sua.

A resposta da grega era imediata e fazia o pássaro soltar um grito ainda mais agressivo para expressar sua raiva com o comentário da mulher, porém, ele se sentava e abaixava o pescoço, se conformando com sua situação. Assim que ele fazia isso, a mulher se virava na sua direção, se agachava e lhe mostrava o animal.

- Korina, esse é o espírito que estava te vigiando ultimamente. Todos os espíritos possuem personalidade própria e comportamentos diferentes, esse aqui é dos mais famosos espíritos australianos, Tulu, a Cucaburra. Alguns espíritos são difíceis de lidar, outros são só maniacos que nem esse aqui.

Depois que Grigoria falava aquilo, o pássaro mais uma vez soltava uma risada maquiavélica para em seguida responder a mulher.

-  Eu sou um maníaco? Você que me contrataram para seguir essa garota! Você tem noção que ela passou a maior parte do tempo dentro daqueles monstros móveis que vocês usam!

Assim que ele respondia, era Viktoria que mostrava os dentes e rosnava com ainda mais ferocidade.

-  Ela está de mal humor hoje né? - Provocava o pássaro com mais uma risada.

- Sim, portanto, vamos ao que interessa. Nós precisamos encontrar a raiz do incêndio. Infelizmente algo sobrenatural está intensificando o incêndio e nós precisamos descobrir o que ou toda a região da cidade vai ser consumida e é aí que você entra. O que você quer em troca?

Ao ouvir a solicitação de Grigoria, o espírito pulava lateralmente até chegar na mão da mulher e fazer um pequeno voo até a sua cabeça. Pousando, você ainda conseguia ver a ave que baixava o bico e te dava duas bicadas entre os olhos antes de falar.

-  Só porque eu gostei de você, vou te dar a honra de ser minha caçadora por uma semana! Me traga cobras! Meu território ficou infestado porque eu tive que te vigiar por tanto tempo!

A demanda do espirito fazia Viktoria bufar pelas narinas e Grigoria revirar os olhos. No fim, a grega olhava na sua direção e falava.

- O que está acontecendo é o que chamamos de chiminage, uma troca com um espírito. Nós podemos fazer um pedido e ele cobra o seu preço. Quanto maior ou mais importante, mais ele vai cobrar. O inimigo natural do Tulu são cobras, ele quer que você cace espíritos de cobras. Honestamente não é uma tarefa difícil, mas nunca se sabe. Nós não podemos aceitar isso por você, no entanto ele ainda pode fazer uma nova demanda…

- Nãaaao! Não dá! - Gritava o pássaro antes de te bicar mais duas vezes. - Ela e só ela! Sem ajuda de ninguém! - resmungava o pássaro que novamente provocava reações irritadas de Viktoria. - Então pequena filhote. Você vai me alimentar com muitas cobras ou vocês vão procurar pelo problema de vocês sozinhas?

[Off: último post para o fim do ato.]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime28/3/2023, 23:41

O tempo parecia já não fazer sentido, pelo menos não ali enquanto eu me mantinha concentrada em uma tarefa que não sabia ao certo com executar, ainda assim eu tentava, era o mínimo que podia fazer.

Sentindo a mudança do ambiente, como se a sensação de estar em casa e ainda ser uma intrusa fosse singelamente substituída pelo abraço frio do vento noturno, quase me fazendo sorrir, os sentidos também mudavam, eles se expandiam criando novos horizontes e sensações das quais eu não estava acostumada.

Abrindo os olhos o mundo a minha volta parecia crescer, enchendo-se de detalhes e sinais que antes me passavam despercebidos, os mais estranhos eram as diminutas figuras vivas que via, havia medo nelas e eu quase podia senti-lo no ar.

“Funcionou?”

Era o que me perguntava antes de ver a longas e grandes patas que agora estavam no lugar de minhas mãos, a garras afiadas me davam a suave sensação de segurança, mas era o uivo de Viktoria que me dizia que eu havia nascido como uma garou.

Sentindo meu corpo estremecer diante do longo uivo, eu me balançava em uma tentativa de expulsar o acumulo de energia, sentando-me diante da figura de Grigoria eu esperava, afinal havia orgulho nos olhos da grega mais velha, e em respeito a isso eu esperava.

O som das penas de encontro ao vento foi a primeira coisa que eu senti da ave, depois observando seu voo eu quase sorria vislumbrando cada pequeno detalhe da ação tão complexa que ali era feita, mas diante da fala da cucaburra eu me levantava surpresa e curiosa, virando a cabeça de lado eu ouvia atentamente o pequeno dialogo da barulhenta ave com Grigoria.

O rosnado de Viktoria e a brincadeira do espirito apenas me deixavam mais curiosa, mas diante da explicação de Grigoria eu podia ver a relação mutua que tínhamos com os espíritos.

“Ele deve estar falando do caminhão de entrega... É a cidade é grande eu passo muito tempo no trabalho.”

Sentindo o peso de Tulu em minha cabeça eu recuava um passo, principalmente quando este bicava minha testa, segurando a vontade de balançar a cabeça, ainda respeitando o curioso espirito minhas orelhas se abaixavam quando este gritava que a tarefa deveria ser feita somente por mim e sem ajuda.

Tomando meu tempo para ponderar sobre a questão, era balançando a cabeça para afastar Tulu de minha cabeça que latia uma única vez, saber que havia de alguma forma o envolvimento de um espirito com o alastramento do incêndio me deixava preocupada, além disso caçar cobrar por uma semana não me parecia um preço tão absurdo, mesmo que o espirito em questão fosse abusado.

Abaixando a cabeça de leve eu concordava com o pedido, mas em um claro sinal de aviso eu mantinha os dentes a mostra, afinal não era nada agradável receber bicadas em minha cabeça, ou ser acordada com as risadas de Tulu pela manhã.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli    1º Arco: Ato II da Narrativa de Korina Mitrouli  I_icon_minitime

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