1º Arco: Ato V da Narrativa de Korina Mitrouli

1º Arco: Ato IV da Narrativa de Korina Mitrouli

Segunda-feira - 19 de Abril de 2021 - Melbourne

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A sua vida até dois dias atrás era completamente normal. Você tinha um trabalho, um local para morar, aproveitava seu tempo para fazer as coisas que gostava e estudava para crescer no futuro. Porém, foram necessárias apenas 72 horas, ou até menos que isso, para que você tivesse uma mudança completa de perspectiva. Se antes você era uma garota normal, que tinha lá seus problemas que nem todas as pessoas têm, agora já não sabia o que poderia chamar de normal.

De trabalhar em um delivery para chegar a ter uma reunião com lobisomens, criaturas, até então, mitológicas e atrozes, você se via cada vez mais ingressa em um mundo místico, fantástico e assustador que você havia apenas visto em filmes. Talvez mais do que assustador, essa nova realidade era completamente desconhecida e, como você já tinha percebido, as informações eram passadas aos montes.

Infelizmente, não havia livros ou cartilhas que lhe explicassem o que era ser um Garou, por isso era fundamental absorver o máximo de informações que poderia, afinal, você já tinha até enfrentando uma criatura demoníaca que poderia facilmente ter tirado sua vida. Felizmente, você não parecia estar se encaminhando para mais uma dessas situações, afinal, que mal poderia encontrar em um bar, além de alguns Garous é claro?


Seguindo a alta e imponente grega, vocês adentravam no bar sem muita cerimônia para ver que o mesmo ainda estava bem vazio, exceto por uma mesa no final do bar que abrigava duas pessoas, um homem asiático alto e uma punk de cabelos brancos.

O homem asiático era alto, forte, com uma barba cheia e um longo cabelo amarrado em um coque. Ele vestia um casaco de couro e por cima de uma camisa branca e calças jeans, mas tinha uma aparência bem mais “clean” do que a mulher sentada a frente dele. A garota por sua vez era bem mais jovem do que o homem e tinha um cabelo curto e branco, enquanto usava roupas de quem havia acabado de sair de um show punk.

Além de serem os únicos clientes ali, Grigoria se movia na direção do estranho trio assim que vocês pisavam no bar, indicando que realmente eram aquelas pessoas que vocês vieram encontrar. E de fato era. A grega te guiava até a dupla, que imediatamente reconheciam a aproximação de vocês e se levantavam, um a um, para falar com Grigoria.

- Achei que teríamos pelo menos três aqui... – Falava a grega com um tom divertido e abraçando o homem primeiro.

- Eu também, mas No’iri’n pediu que convocou os demais. Parece que as coisas estão esquentando... - O homem asiático era extremamente calmo, com uma voz tranquila e eloquência de alguém que parecia ser bem estudado. Assim que ele respondia a grega, os olhos dele se voltavam para você e ele completava. – Então essa é a filhote que vocês estavam rastreando?

- Sim, ela mesma. – Grigoria respondia o homem enquanto se aproximava da outra mulher para abraçá-la carinhosamente e inserir todos na conversa. – Korina, este é Nate Shojiro, também conhecido como caminha-nas-nuvens, e esta é nossa caótica Sasha Fraser.

Assim que a mulher, que nesse ponto já havia se tornado sua tutora, fazia as apresentações, Sasha era a primeira a se aproximar de você com os olhos cerrados e uma postura um pouco curvada. A mulher então começava a te circular e te cheirar enquanto te olhava de cima a baixo. Enquanto ela passava por trás de você, seus olhos captavam as reações de Grigoria e Nate que praticamente reviravam os olhos ao mesmo tempo.

Logo após observar a reação deles, Sasha reaparecia na sua frente, ficando a poucos centímetros de você e te observando com intensidade nos olhos. Assim vocês ficavam por alguns poucos segundos e, antes mesmo de você conseguir reagir, ela se afastava e abria um sorriso divertido para falar.

- Você achou que eu era uma loba ne? Fala a verdade. Minha atuação foi muito boa ne? – Mais uma vez as ações da mulher de cabelos brancos provocavam reações distintas dos demais que acabavam soltando uma risada da situação.

- Ok, Sasha. Que tal não espantar a nova filhote nos primeiros 2 minutos? – Dizia Nate puxando a garota pelos ombros, lhe dando espaço para falar e respirar.

A sensação de estar perdida se fazia grande no meu peito, afinal até bem pouco tempo atras eu tinha uma vida relativamente “normal”, agora só me restavam mistérios e duvidas sobre o que era ser um garou, e mesmo que não quisesse seria impossível fugir dessa parte de minha natureza que havia se revelado.

“Não tem como fugir de si mesmo não é?”

Respirando fundo eu seguia Grigoria para dentro do pub, para minha surpresa o ambienta normal para qualquer outro pub que já havia estado me fazia relaxar e de certa forma quebrava toda a aura mística que minha mente fértil havia criado sobre a matilha de Grigoria.

Atenta as duas pessoas que estavam no lugar, eu deixava que a grega mais velha fosse a frente, para então segui-la apertando a alça da minha mochila com força, enquanto via o cumprimentar de Grigoria aos dois desconhecidos, observando os contrastes do homem asiático e a punk de cabelos brancos, eu me surpreendia quando a punk se aproximava me estudando.

Ainda em silencio eu me mantinha calma enquanto observava as reações de Grigoria e Nate, afinal a punk era companheira de matilha deles e eles mais do que eu sabiam com ela era, a abertura do sorriso desta me fez rir baixo de nervosa, balançando a cabeça eu a respondia de maneira simples.

– Desculpa, eu não tenho muita base de comparação.

Colocando a mochila no chão e limpando as mãos na calça jeans eu a estendia na direção de Nate e Sasha para então me apresentar.

– Korina Mitrouli, é um prazer eu acho.

Assim que Sasha ouvia sua resposta, a garota demonstrava uma expressão cabisbaixa, fazendo ate um biquinho com a boca, antes de falar. – Verdade, não dá para considerar a Vik como base, ela era mais humana que eu! – Assim que a garota falava, você via que por trás dela Nate levava uma das mãos ao rosto e fazia uma expressão que misturava diversão e constrangimento.

- O prazer é todo nosso Korina. Ouvimos falar que Viktoria conheceu sua avó ou algo assim, então estávamos curiosos. Enfim, vamos nos sentar para conversar... Vocês querem pedir alguma coisa? – perguntava Nate.

- Eu quero ovos com bacon! Duplo! – respondia Sasha com olhos arregalados.

Nate e Grigoria riam da resposta de Sasha, que mais parecia uma criança empolgada do que uma Garou de verdade. A grega, no entanto, apenas fazia um sinal com a mão e com a cabeça, indicando que não iria pedir nada e lhe dava espaço para fazer um pedido se quisesse.

Com tempo de sobra para escolher algo para pedir, Nate chamava a atendente e prontamente fazia os pedidos para, assim que ela saísse, continuar a conversa com a calma que somente ele parecia ter.

- Então Korina, como você está se sentindo após a mudança? O que está achando até então? – Ele perguntava e fazia uma breve pausa. – Sei que pode ser difícil falar sobre, depois do que aconteceu, mas saiba que...

As palavras de Nate eram como a calmaria antes da tempestade e você conseguia ver uma empatia muito grande vindo do homem que parecia até mesmo medir as palavras para falar. Ao contrário dele, Sasha era a impulsividade em pessoa e não tinha a mesma cautela para falar como o asiático.

- Deve ter sido foda pra caralho luta com a Vik contra aquele bicho! A Vik usou a labrys? Eu faria de tudo para estar nessa luta! Ahhhh, que inveja!

Mais uma vez, Nate olhava para Sasha, mas dessa vez com um olhar de repreensão por talvez ela ter cruzado uma linha e esperava pela sua resposta com certa ansiedade e angústia. Grigoria por sua vez não se intrometia na conversa e apenas olhava em sua direção para ouvir sua resposta.

A reação de Nate diante de Sasha me fazia relaxar um pouco, era claro que aquela maneira impulsiva e divertida era natural da garota, e eu a mais nova daquele peculiar grupo não podia julgar.

“Uma matilha... É eu não teria um dia de tédio se eu fizer parte da matilha deles...”

Rindo baixo diante da reação quase infantil demais de Sasha ao anunciar seu pedido, eu sorria ao responder de maneira breve mas real.

– Acho que vou aceitar uma caneca de café, se não for um incomodo é claro.

Sentando-me na mesa eu ainda pensava sobre a pequena revelação de saber que Viktória havia conhecido minha avó materna, o nome de Callie ainda ecoava em meus pensamentos quando já em posse da caneca de café eu ouvia as palavras calmas e até gentis de Nate.

A tempestade que Sasha encarnava me fazia suspira, principalmente quando o oriental a censurava com os olhos, respirando fundo eu encarava a caneca de café em minhas mãos e então finalmente respondia a Nate.

– Eu sinceramente não sei bem... Eu não conheci meu pai e muito menos minha avó paterna, então eu me sinto perdida com tudo isso, nem sabia que a Viktória tinha conhecido a Callie.

Voltando os olhos para Sasha eu sorria de leve ao responde-la.

– Ela usou sim, foi ela que acabou com a luta, eu só servi pra chamar a atenção daquele maldito. Desculpe eu não consegui ajuda antes que ela partisse.

Voltando os olhos para a caneca de café eu ainda sentia o terror daquela luta, assim como a admiração ao lembrar da potencia dos golpes de Viktória.

A sua reposta fazia Nate sorrir e seus olhos brilharem um pouco ao imaginar a cena da batalha; Grigoria por sua vez parecia divertida, como se tivesse lembrado de algo que provocasse uma risada discreta; e por fim a expansiva Sasha ouvia seu relato boquiaberta.

- Wooow! A Vik era nossa melhor guerreira, mas tive poucas chances de compartilhar o campo de batalha com ela.

A resposta de Sasha trazia um tom melancólico para a mesa, fazendo os demais compartilharem uma breve troca de olhares antes de Grigoria tomar a palavra.

- Tenho certeza de que ela estará te observando daqui em diante. – A grega começava a falar e colocava a mão sobre a cabeça de Sasha, que balançava a cabeça positivamente. – Ou melhor estará nos observando.

As palavras de Grigoria eram ouvidas e fazia Nate e Sasha balançarem a cabeça positivamente antes da conversa morrer por um momento quando a garçonete chegava com os pedidos. Depois de alguns segundos arrumando a mesa e colocando os pedidos de cada um no seu lugar, a mulher saia e Nate era quem continuava a conversa.

- Veja Korina, muitos de nós temos essa mesma relação que você tem com sua família. É muito comum Garous se afastarem de suas famílias por conta da nossa missão com Gaia, ou até mesmo por medo do que pode acontecer com seus parentes e amigos mais próximos, mas isso não significa que é uma regra, na verdade ter uma linhagem de Garous de sucesso é uma virtude, por assim dizer. Um Garou que conhece e cuida de sua linhagem é extremamente bem-quisto, ainda mais os seus filhos que se tornarem Garous também. – Ele falava e fazia uma pausa para beber o café que havia pedido. – Você é neta de uma Fúria, e pelo que Viktoria falou sua avó foi uma grande guerreira. Isso vindo de uma outra grande guerreira como Viktoria era, é um elogio imenso. Além disso, você vai ter a oportunidade de conhecer mais sobre sua própria linhagem agora que é uma Garou, tanto por meio da umbra quanto pelos espíritos e, principalmente, pela tribo.

As calmas palavras de Nate trazia paz ao ambiente enquanto Sasha devorava o enorme prato de ovos com bacon que havia chegado. Grigoria por sua vez ouvia a atentamente o que Nate falava e concordava com tudo, até ela mesma decidir falar.

- E sobre a luta, muitas matilhas lutam dessa forma. Essa estratégia faz parte de como nos caçamos e lutamos, portanto nunca subestime o papel de distração em uma batalha, até porque essa aqui nem isso conseguiu fazer na primeira luta.

Por mais que Grigoria estivesse tentando lhe guiar com mais instruções, ela não perdia a oportunidade de mexer com Sasha que imediatamente parava de comer para encarar a grega com os dentes a mostra e até mesmo rosnando de raiva. Por outro lado, Nate, que tinha uma postura impecável, também não conseguia se controlar e quase espirrava café para todo lado ao ouvir aquela direta.

- O que importa é que hoje você é uma Garou forte e destemida, Sasha! Mas por outro lado, temos a certeza que a Korina já sabe os fundamentos básicos antes do rito de passagem.

Apesar de Grigoria aliviar um pouco no começo de sua fala, a segunda parte era claramente mais uma afronta a Sasha que dessa fez pegava um pedaço de bacon com a mão e ameaçava jogar na grega. Ideia essa que era rapidamente abortada pela garota que mastigava o bacon com agressividade.

As reações de admiração por Viktória em meu breve relato, me faziam ter certeza da força dela, e principalmente do respeito que os outros tinham por ela, ainda assim havia o peso da primeira batalha em meus ombros, a leve sombra de que talvez eu pudesse ter feito mais.

“Observando... Ela partiu, mas não completamente.”

Tomando meu próprio tempo para bebericar do café que era servido pela garçonete, era com curiosidade que observava Sasha se acabar no prato pedido, ainda assim eram as palavras de Nate que me chamavam a atenção.

Saber que talvez eu pudesse descobrir mais sobre a família de meu pai me deixava inquieta, principalmente por não ter certeza de que isso seria algo positivo, ainda assim a simples ideia de aprender mais sobre Callie era algo que me despertava a mais pura curiosidade.

Voltando os olhos para Grigoria eu acenava de maneira positiva a sua explicação, com isso o simples alivio de saber que eu não havia sido um completo peso para Viktória me faziam finalmente relaxar, apenas para segurar o riso diante da provocação de Grigoria a Sasha.

Segurando o riso eu bebericava do café para então comentar de maneira breve e calma com Nate.

– Eu não posso simplesmente só culpar meu pai, a educação que minha mãe teve não dava muitas aberturas pra uma mãe solteira, meus avós eram bem ortodoxos e eles não aceitaram muito bem as coisas. De qualquer forma, fico feliz em saber que eu posso descobrir um pouco mais do legado da Callie, depois eu vejo como aceitar isso ou não, essa talvez seja mais uma das coisas que eu vou empurrar pra debaixo dos problemas que eu não quero ter que lidar e esquecer dele até se tornar impossível.

Comentava respirando fundo enquanto brincava com a caneca de café que me havia sido servida, balançando a cabeça eu sorria em um claro desabafo, voltando a beber um pouco de café era com calma que forçava o silencio a minha mente barulhenta para só então voltar meus olhos para Grigoria e Nate e perguntar.

– Certo, o que acontece daqui pra frente? Eu ainda to meio perdida e sinto que a torrente de informação nunca vai acabar, então quero saber se isso fica mais fácil em algum momento?

A mesa tinha um misto de personalidades muito distintas mas que se complementavam muito bem. Apesar de Sasha ser uma pessoa muito explosiva e emotiva, Grigoria e Nate conseguia balancear a escala e controlar a situação. E era justamente com a calma e compostura de Nate, que ele começava a lhe responder.

- Todas as tribos possuem registros sobre seus membros, alguns são registros orais como músicas ou lendas, outros são mais visuais como símbolos, runas, e passagens descritas. Sua avó foi, pelo que eu soube, alguém de grande honra então não deve ser difícil de encontrar algo sobre ela. De toda forma, tenho certeza de Grigoria vai lhe mostrar mais sobre isso, já que é algo que pertence a tribo de vocês.

- Sim, no seu devido tempo.

Após os dois responderem a sua pergunta inicial, Nate voltava a bebericar o chá que havia pedido enquanto Grigoria lhe observava para ouvir sua segunda pergunta com atenção. Assim que você falava, a grega olhava rapidamente para Nate, que tomava um tempo para terminar o chá antes de começar a lhe responder.

- Eu queria poder dizer que fica mais fácil, mas não seria cem porcento de verdade. – Ele falava com certa diversão. – Após a primeira mudança é realmente um turbilhão de informações, mas o básico você vai entender muito rápido. Porém... – Ele fazia uma pausa mais longa e exibia um meio sorriso antes de continuar. – Entender tudo é algo que nem mesmo os mais antigos de nós consegue. Não existe um manual que Gaia deixou explicando como interagir com a umbra ou com os espíritos ou uma “bíblia” que diz como tudo aconteceu. Então ser um Garou é um aprendizado contínuo e eterno que...

Nate parecia realmente empolgado em continuar a falar, porém a grega cortava a resposta do homem de forma me direta.

- Para resumir: não. Fica mais confuso cada vez que você tenta entender mais. Porém, você já está se saindo muito bem para quem acabou de ter a transformação. Você já conseguiu se transformar conscientemente, já conseguiu atravessar a película e já até fez um chiminage com espírito.

- Ela já fez um chiminage? – Ressaltava Nate, surpreso com aquela descoberta. – Realmente, você já está bem avançada, praticamente pronta para o rito de passagem. Bom, como Grigoria falou, existem pré-requisitos que você deve cumprir para ser aceita como uma Garou. Quando um filhote completa esses pré-requisitos ele faz o rito de passagem e escolhe sua tribo. Antes disso, o filhote fica sob tutela do Garou que o encontrou até ser apresentada em um Caern, no seu caso, Grigoria é sua tutora, mas você pode contar conosco também!

- Caerns são locais sagrados que nós protegemos e nutrimos. Eles são poderosos e importantes, por isso nossas reuniões são lá. Não acho que vamos demorar para te apresentar Korina. O que você acha? Acha que já está pronta para o próximo passo? – a mulher terminava te olhando com um sorriso no canto do rosto.

Atenta as palavras calmas e ponderadas de Nate, era com curiosidade que olhava na direção de Grigoria quando este mencionava que talvez a grega tivesse mais conhecimento sobre quem fora minha avó, com certa relutância eu assentia de maneira positiva as palavras de Grigoria, afinal ela era mais velha e experiente.

“Acho que nunca vou parar de sentir que estou afundando...”

Bebericando o café minha atenção voltava a se focar em Nate, afinal suas explicações estavam me ajudando a colocar as coisas no lugar, mesmo que não houvesse muito o que ser organizado, era essencial manter minha mente focada em algo que eu pudesse ao menos compreender.

- Certo, então a sensação de estar perdida nunca vai ficar muito longe, entendi.

Comentava com brevidade, enquanto Nate se surpreendia com o chiminage que havia feito na noite anterior, algo que me fazia suspirar só de imaginar Tulu me incomodando para cumprir com o acordo ou simplesmente para se divertir.

- Aquele pombo super desenvolvido do Tulu não quis firmar com a Grigoria ou a Viktoria, então eu fiz o que achei ser o mais certo no momento.

Dizia ao voltar meus olhos para Nate em um sorriso simples e educada, olhando para Grigoria eu terminava o café de minha caneca sem pressa antes de responde-la.

- Se eu parar pra pensar muito vou dizer que não, então podemos dizer que neste momento eu acho que estou. Acredito que a logica não se aplique muito a nossa natureza então vou me guiar com isso por enquanto. Sim Grigoria eu estou pronta, mas qual seria o próximo passo?

Ouvindo suas primeiras reações, Nate e Grigoria voltava a compartilhar uma sorriso divertido enquanto Sasha balançava a cabeça positivamente para sua fala sobre a sensação de estar perdida. No entanto, era a sua próxima fala que chamava e muito a atenção dos dois garous apresentados por Grigoria.

- Você já conheceu o Tulu? Vou usar essa da próxima vez que o vir. Pombo superdesenvolvido! Hahaha!

Sasha novamente não fazia nenhum esforço para conter a voz e praticamente gritava com a boca cheia antes de rir desenfreadamente do novo xingamento que havia aprendido. Nate por outro lado, ficava boquiaberto com a revelação e olhava para Grigoria, que dava de ombros e se virava para você novamente.

- Espera, você fez um chiminage com o Tulu? – Perguntava Nate mais uma vez, como se não tivesse ouvido da primeira vez. – Esse pássaro sabe mesmo aproveitar cada momento... O Tulu não poderia fazer um chiminage com a Grigoria ou com a Viktoria porque elas fazem parte da nossa matilha e o Tulu é o totem da matilha. O totem é um espírito “padrinho” da matilha, então teoricamente nós já temos um acordo continuo com ele.

- Ele vai ficar muito puto quando ouvir essa! Haha!

- Ele vai é morder seu rabo se você falar isso.

Apesar de Nate tentar explicar a situação, Sasha continuava processando aquele novo apelido até Grigoria cortas as asas da garota e fazê-la por uma expressão receosa.

- De toda forma... É bom que você já conheceu o Tulu, até porque se você eventualmente entrar na nossa matilha, ele precisaria te aprovar para ceder a benção dele.

Terminando a explicação, Nate deixava que a grega fizesse a pergunta final para ouvir sua pergunta e expressar um sorriso confiante antes da resposta de Grigoria.

- Muito bem, quando te apresentarmos iremos dar inicio ao seu rito de passagem, até lá vamos lhe ensinar mais sobre como é ser um Garou, ou seja, piorar a confusão na sua cabeça.

Brincando com a situação, Grigoria terminava de falar e voltava a bebericar o chá que estava tomando, dando assim o espaço para Nate voltar a falar.

- Bom, se esse for o caso, temos uma reunião para atender agora. Se você quiser ir, acredito que será uma experiência válida e talvez podemos até mesmo apresentá-la agora. O que vocês me dizem?

As palavras de Nate acendiam uma lâmpada na cabeça de Grigoria, que imediatamente olhava para você e lhe dava a chance de escolher.

- Então, o que você acha? Não precisamos nos apressar, mas é uma boa oportunidade para saber um pouco mais sobre as interações entre os Garous.

Havia certa cumplicidade entra Grigoria e Nate, e de certa forma isso me deixava relaxada, afinal me parecia claro que o tempo em matilha era algo importante na nova fase de minha conturbada vida até então.

A reação de Sasha me fazia baixo, minha primeira interação com Tulu havia sido no mínimo complexa demais para ser posta em palavras, principalmente pelo abuso da gigantesca ave, acenando de forma positiva a Nate, eu revirava os olhos ao descobrir que alem de abusada Tulu era um grande aproveitador de situações.

- Certo vou tentar não arrancar as penas dele... De qualquer forma eu fiquei devendo uma semana de caça a cobras pra ele, afinal ele ficou uma semana me seguindo antes da primeira mudança.

Respondia a Nate enquanto via Grigoria acabar com a alegria de Sasha, já que a relação da matilha com o totem parecia ser importante e deveria ser respeitada.

“Bom enlouquecer eu não vou... Mas é tanta coisa pra lembrar.”

Prestando a atenção em Grigoria e Nate, eu ponderava sobre como as coisas seriam dali pra frente, e sem muitas perspetivavas eu sorria ao responder aos dois de maneira direta e calma.

- Quero sim, eu não posso fugir dessa parte minha e quanto mais rápido eu aprender sobre melhor vou ficar. Ou em outras palavras, se eu parar pra pensar acho que enlouqueço, e sinceramente essa é a ultima coisa que eu quero. Então se puderem me dizer o que não fazer nessa situação eu ficaria bem agradecida.