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Narrativas De World of Darkness Estruturadas Nas Versões de 20 Anos
 
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 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli

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Lugo Narrador

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MensagemAssunto: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime24/10/2022, 19:22

1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli

Data: 18 de Abril - Domingo - Hora: 10:00 - Lua: Gibosa - Local: Melbourne



Fazia menos de um ano que você havia se mudado para Melbourne e já havia se acostumado ao clima da cidade. No outono, as noites demoravam mais do que o normal para cair e tinham um clima agradável do que em Brisbane. No entanto, algo estava diferente naquela noite.

Caminhando pela rua, você reparava na ausência de pessoas e carros e como os prédios e construções pareciam maiores do que o normal. Além disso, a escuridão daquela noite era maior do que qualquer outra e mesmo com a boa visão que você geralmente tinha, era impossível de ver mais do que alguns metros à sua frente.

O som da cidade não existia e você se via andando em uma cidade completamente abandonada. Uma selva de prédios que não possuíam luzes acesas e sem pessoas ou qualquer ser vivo transitando. Em silêncio você andava por alguns quarteirões, procurando por algo ou alguém até que finalmente uma pessoa aparecia.

Ao longe você via um homem de costas e parado de frente para a entrada do Metrô. Ele estava imovel e cautelosamente você se aproximava dele. Ao chegar próximo o suficiente, o homem parecia finalmente reagir e percebia a sua aproximação, se virando na sua direção e mostrando sua face.

Um rosto completamente inumano, com vinhas subindo pelo pescoço e entrando pelo ouvido, olhos completamente opacos e com a cor da pele cadavérica, ele olhava em sua direção e mostrava um sorriso. Apesar da aparência grotesca daquele homem, os seus olhos não se enganavam e você sabia exatamente quem era aquela pessoa: Caleb!

- Ora, ora, olha quem finalmente apareceu! - Ele falava com uma voz gutural e imediatamente o corpo dele começava a mudar. Ficando cada vez mais irreconhecível, o homem dobrava de tamanho, seus membros se alongavam e garras longas cresciam na ponta de seus dedos. - Papai estava com saudades! - Ele grunhiu as palavras com dificuldade para se curvar e saltar na sua direção com uma velocidade nunca extraordinária.

….

toc, toc, toc. - Era o som abafado de algo batendo na sua janela que te acordava. Ainda com os sentimentos à flor da pele por conta do pesadelo, seus olhos se abriam de supetão revelando um ave do tamanho de um cachorro pequeno do lado de fora da janela do seu quarto. Assim que você acordava, a ave parava de bicar a janela, emitia um som um pouco assustador que parecia uma risada maligna para em seguida olhar diretamente nos seus olhos antes de bater as asas e alçar vôo para longe da sua vista.

Olhando ao redor, você se via ainda dentro do pequeno trailer que estava alugando no acampamento recém aberto ao lado do Cliff Harvey Lagoon Reserve e próximo do Bimbark Park. O local que era bem tranquilo, com acesso a rodovia, tinha chamado a atenção por ser um local novo, mas alguns poderiam argumentar que o lado negativo era a constante presença de animais na região.
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime25/10/2022, 15:16

O tempo havia passado e se antes eu estava sozinha no que deveria ser meu lar, agora eu estava sozinha e por conta própria, mas ao contrário da solidão de estar cercada e ser invisivel, eu me sentia bem e viva pela primeira vez em minha vida, mesmo que com isso o medo de ser seguida ainda guardasse seu espaço em meus pensamentos.

A cidade nunca era realmente silencioasa, por isso muitas vezes eu me escondia na reserva, porque lá o barulho era outro e não me oprimia, porém caminhar pela escura cidade que me cercava conseguia me oprimir muito mais do que ela fazia quando estava barulhenta.

Minha visão que normalmente não se incomodaria com a escuridão, mal conseguia enxergar alguns metros a minha frente, oque só servia para aumentar a aura apreensiva que me cercava, respirar se tornava um exercício essencial para controlar meus passos e mente, por isso quando ao enxergar a figura masculina um certo alívio se apossava de mim.

Infelizmente o alívio durou pouco, ele foi substituído brutalmente pelo medo, a figura de Caleb por si só me teria feito travar, mas aquela coisa não era o Caleb, não totalmente ele… A cor cadavérica e as vinhas que se enrolavam em seu pescoço e adentravam em seus ouvidos me teriam feito gritar, mas a voz havia simplesmente sumido. Meus joelhos tremiam diante da transformação grotesca que acontecia bem diante de meus olhos, e antes mesmo de que eu pudesse tomar qualquer reação, e ainda sem reação ele avançava me pegando desprevenida.

Um grito seco escapou entre cortado pelos meus lábios ao acordar, o som da ave apenas serviu para me assustar mais ainda enquanto o suor escorria pelas minhas costas, olhando para grande ave eu levava algum tempo para me situar, e enquanto a ave finalmente voava ela era acompanhada de palavras nada amistosas de minha parte.

– Maláka pombo gorducho! Não se pode dormir mais no domingo?

Respirando fundo minhas mãos se ocupavam de enrolar meus cabelos para longe de meu rosto, fazendo menção de me sentar direito na cama eu ria de nervoso ao comentar comigo mesma.

– Foi só um sonho Korina, só um sonho!

“Eu espero que tenha sido só isso… Ele não levaria 1 ano pra me denunciar.”

Ainda sentada eu pescava meu celular pela cama afim de descobrir se havia algo de urgente a ser feito ou não naquele domingo.

– Bem que eu podia pular o café e ir almoçar fora, isso é bem melhor do que pizza velha.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime26/10/2022, 21:41

Apesar do longo tempo de paz que você estava tendo, os fantasmas do passado pareciam sempre voltar quando menos esperávamos. A aparição de Caleb trazia de volta os piores sentimentos que haviam sido enterrados com muito trabalho e dedicação no último ano, mas ainda não era o suficiente.

Sentando-se na cama depois de xingar o estranho pássaro que tinha te acordado e que você não havia reconhecido assim que acordou, mas ao ouvir o som que ela fazia, era impossível não saber que aquela era uma Kookaburra, o pássaro mais australiano que existia. Você já havia visto outras aves daquela durante sua vida na Austrália, mas nenhuma delas tinha o mesmo tamanho da que apareceu na sua janela hoje.

Após esfregar o rosto e afastar os sentimentos ruins daquele pesadelo, você rapidamente pegava seu celular para conferir os seus compromissos. Depois de muitos empregos de meio-período sem estabilidade, trabalhando praticamente todos os dias e, as vezes até dois turnos por dia, você finalmente havia encontrado um emprego estável onde não era necessário trabalhar aos domingos.

Dessa forma, você via sua agenda vazia e com o dia livre para fazer o que quisesse. Apesar de ainda não ter nenhum plano estabelecido, você sabia que domingo era o dia de uma feira famosa que acontecia em no Camberwell Market, além de pequenos eventos nos vários parques da cidade que sempre atraía várias pessoas ou quem sabe essa não seria a oportunidade de se aventurar em umas das inúmeras trilhas que esses parques poderiam oferecer?

Enquanto você ponderava sobre onde iria comer e o que iria fazer, três batidas na porta do seu trailer lhe chamava a atenção. Felizmente, ou infelizmente, dessa vez não parecia ser uma Kookaburra, afinal você ainda não conhecia um pássaro que falasse que nem gente. - Alguém aí? Eu ouvi um grito vindo desse trailer… Está tudo bem? - A voz de uma mulher surgia do lado de fora do seu trailer, mas era uma voz que você não reconhecia.
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime27/10/2022, 17:41

Permanecendo sentada na cama, eu me esticava a fim de afastar a sonolência do meu corpo, mentalmente eu reconhecia a ave que havia me assustado, oque apenas me fazia rir, embora já tivesse visto inúmeras kookaburras, aquela era com toda a certeza a maior até então avistada.

“Ok, nada como uma ave mutante batendo na janela pra começar o dia bem”

Rindo comigo mesma, era com certo alívio ver minha “agenda” livre para o dia de domingo, acostumada a me matar em trabalhar, a estabilidade de meu novo emprego ainda me surpreendia.

Voltando a me deitar na cama eu perdia alguns instantes respirando fundo e aproveitando o fato de não ter nada sério para fazer, isso até a batida na porta e a voz feminina, resistindo por alguns instantes a simples vontade de ignorar as batidas, era com um suspiro que me levantava para falar em voz alta.

– Já vai!

Resmungando baixo em grego, eu andava até a porta do trailer para abrir a porta e responder à mulher de maneira mais apropriada, mesmo que eu estivesse vestindo meu pijama velho ou estivesse com cara de sono.

– Desculpa, eu esqueci que o acampamento está mais cheio e gritei mais alto que imaginava. Ta tudo bem, sim, eu só me assustei com uma ave na janela e bati o dedinho por conta disso.

Dizia enquanto levantava o pé descalço, tentado fazer daquela história algo mais crível.

“Seja lá quem for, não precisa saber que eu tive um pesadelo!”

Pijama usado:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime31/10/2022, 22:38

Aos trancos e barrancos, você se levantava e ia até a porta do seu trailer com a dificuldade de quem havia acabado de acordar de uma noite difícil, e como foi difícil. Chegando até a porta, ao abri-lá você via a figura de uma mulher negra, por volta dos 40 anos, um pouco mais baixa do que você, vestindo roupas casuais e que tinha uma aparência amigável.

A mulher te olhava com uma expressão um pouco assustada por você aparecer de forma repentina e um pouco desorientada por ter acordado recentemente, mas apesar do susto inicial, a mulher logo abria um sorriso acolhedor e até mesmo exibia um sorriso mais aberto quando você menciona o pássaro. - Ahh esses pássaros nunca nos deixam em paz, não é mesmo? Outra dia uma andorinha cismou com algo dentro da minha casa e ficou batendo no vidro e fazendo barulho o dia todo! - Ela comentava colocando as mãos na cintura de uma forma divertida.

Após a resposta inicial, a mulher então olhava para você dos pés a cabeça, dando uma atenção aos seus pés, para depois continuar. - Mas fico feliz em saber que está tudo bem. Estava passando por aqui e ouvi o grito então fiquei preocupada. - Ao terminar de falar, a gentil mulher te olhava um pouco mais como se estivesse analisando algo até que continuava. - Pensando bem, você é nova para mim… você deve ser a nova residente, não é mesmo? Eu não consigo me lembrar do seu nome… era um nome bem diferente né? - Ela perguntava enquanto fazia uma expressão clara de quem tentava lembrar de algo mas não conseguia. - Ainda não havia te visto pessoalmente e não tive tempo de me apresentar antes, mas me chamo Kathy Anderson e sou a esposa do proprietário do acampamento. - assim que a mulher falava, ela prontamente estendia a mão para te cumprimentar, ainda com um sorriso acolhedor no rosto.

O nome Anderson realmente era familiar para você e ao ouvir você se lembrava do senhor, também por volta dessa idade mas um pouco mais velho, que havia lhe mostrado o local e que estava te alugando o trailer onde estava morando.
Kathy Anderson:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime1/11/2022, 13:38

Lutando contra os resquícios da difícil noite que tive, eu me surpreendia com a reação da mulher quando finalmente abria a porta, porém os sinais de que ela mesma também havia acordado a pouco eram claros demais e sorrindo de maneira encabulada me mantinha na porta tentando ser educada.

“Tenho que tomar mais cuidado, não quero levar uma multa por barulho.”

Rindo de leve e com breve aceno, era sem muitos problemas que saia do trailer para sentir o clima daquela manhã enquanto conversava com a mulher.

– No meu caso foi uma kookaburra enorme, não é nada agradável o som que elas fazem, até parece coisa de filme terror!

Enrolando o cabelo para atrás numa tentativa de ajeitá-lo e me tornar mais apresentável apesar do pijama, era com um sorriso educado que ouvia as palavras da mulher, conhecendo pouco os vizinhos, era sempre interessante saber quem estava por perto, afinal permanecer no acampamento era um plano a médio prazo então contar com a ajuda dos vizinhos poderia ser essencial.

– Obrigada pela preocupação, foi só um susto mesmo. Ah, sim, eu sou Korina Mitrouli, o nome é grego, então é bem diferente sim.

Comentava ao estender a mão e aceitar o cumprimento de Kathy, ainda apertando sua mão com firmeza eu continuava a respondê-la com educação.

– O senhor Anderson foi muito atencioso quando me mostrou o acampamento, e peço desculpas por não ter me apresentado antes. Eu trabalho com serviço de entregas, então passo a semana toda bem ocupada.

Usando a mesma mão que havia cumprimentado Kathy para apontar para o trailer, eu sorria ao convidá-la por educação.

– A senhora não quer entrar? Possa fazer um café pra espantar o sono e o susto.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime4/11/2022, 21:08

Quando você mencionava a Kookaburra, a mulher claramente fazia uma expressão de risada enquanto balançava a cabeça em sentido positivo. - Concordo plenamente e ainda tem gente que acha bonita. Vai entender esse povo! - A risada em conjunto com a fala dela fazia parecer que ela mesma já tinha sido alvo do mesmo susto que você ou que pelo menos simpatizava com a situação.

Depois do pequeno comentário, a mulher te ouvia ainda com o sorriso no rosto e reagindo bem a conversa. - Korina isso mesmo! Grego em, que chique! - Falava animada. - Não precisa se desculpar por nada minha querida! Você acabou de chegar, ainda deve estar se organizando e ainda tem que trabalhar em uma idade dessas… Eu só queria que minha filha fosse responsável assim como você é! - A mulher falava com muita tranquilidade e simpatia, e não se intimidava com o fato de você ser uma completa estranha. Na verdade, ela parecia bem espontânea e amigável para uma pessoa que estava tendo uma primeira conversa, especialmente se tratando de um acampamento de trailers onde muitas pessoas eram excluídas socialmente ou marginalizadas.

No entanto, ao convidá-la para tomar um café a mulher reagiu com uma expressão de surpresa pela primeira vez. Ela claramente não esperava por tal convite e não conseguia esconder a reação de imediato. - Oh minha querida, obrigada pelo convite, mas eu não quero incomodar. Você acabou de acordar e eu já tomei café hoje, mas… - Ela olhava para você e desviava o olhar para o interior do seu trailer, como se procurasse algo ou alguém de uma forma muito discreta mas ainda visível. - Hoje minha família vai se reunir aqui no parque para um almoço em família e você está mais que convidada! Não sei se você mora sozinha ou com alguém, mas o convite também está a sua família! - A mulher falava com mais um sorriso acolhedor.

Antes de você responder, ela levantava as mãos de uma forma tranquilizante e falava para finalizar - Não precisa responder agora. Você pode decidir e aparecer por lá se quiser! A gente vai estar nas mesas da entrada do parque Bimbark por volta do meio-dia! Não precisa levar nada, tá certo?! Agora vou deixar de te incomodar minha querida. Nós vemos mais tarde! - Deixando um espaço para você responder, ela te ouvia e partia após dar um chãozinho.

Ficando sozinha ali, você finalmente podia tomar um tempo para ver o quão bonito estava aquele dia. Ensolarado, um pouco mais quente que o normal para o outono, mas ainda mantendo um clima agradavel. Além disso, você conseguia ver algumas pessoas do lado de fora dos trailers, algumas trabalhando, estendendo roupas e fazendo as demais atividade cotidianas, mas claramente havia mais pessoas do que em um dia normal.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime5/11/2022, 17:44

As reações risonhas de Kathy me faziam sorrir mais à vontade, sem costume de lidar com outros adultos que não estivessem me cobrando ou chamando a minha atenção, aquela pequena conversa me fazia relaxar um pouco, principalmente depois daquele pesadelo.

– Elas são até bonitas, mas o som que fazem com toda a certeza não é!

Dando de ombros diante do comentário sobre meu nome eu continuava a sorrir de forma educada, por mais que estivesse relaxada o simples fato de ainda não me considerar uma adulta completamente ainda criava barreiras das quais eu não sabia ao certo como transpor.

“Sobreviver não é ser adulto. Ou é?!”

– Por mais ocupada que eu estivesse, teria sido mais educado ter passado para dar um oi. Mas logo eu termino de arrumar as coisas e vou ter mais tempo de ficar sossegada.

Surpresa pela reação de Kathy diante do convite eu sorria sem entender, mas suas palavras sobre já ter tomado café e não querer incomodar me faziam assentir sem problemas, curiosa com a olhadela para dentro do trailer era em silencio que ouvia o convite para o almoço em família, sem saber como realmente responder eu cruzava os braços sorrindo.

“Ok! Como eu digo não sem soar mal educada?! Mas seria comida de verdade de graça!”

Coçando a garganta de leve eu assentia ao responder da maneira mais educada que possuia.

– Claro, eu vou tentar dar uma passada lá!

Ainda parada no mesmo lugar eu acenava para a despedida de Kathy enquanto imaginava a simples possibilidade de ir em um almoço de outra família sem conhecer ninguém. Respirando fundo era sem pressa que me dava ao luxo de sentir a temperatura mais quente daquela manhã, enquanto meus olhos estudavam a movimentação mais cheia do acampamento.

“Aqui tá começando a encher, seria bom ter um relacionamento saudavel com o dono e sua família… Tá eu acho que dá pra fazer um pouco de loukoumades, mesmo que ela tenha dito que não precisava de nada.”

Entrando no trailer eu fechava a porta antes de ir lavar o rosto e me arrumar para o dia que se iniciava.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime8/11/2022, 23:52

Com a saída de Kathy, você observava a mulher por um momento e via que a mesma passava por outras pessoas e as cumprimentava. Algumas delas com um cumprimento mais contido, outras já recebiam um abraço ou um aceno sorridente. Ficava evidente que Kathy era, além da dona do local, uma pessoa extremamente social e com um aspecto acolhedor com todos ao seu redor.

Depois de observá-la e observar o ambiente ao redor, você voltava para o interior escuro do seu trailer. Com a iluminação interna ainda bloqueada pelas cortinas das poucas janelas do trailer, você finalmente tinha seu tempo para fazer seus primeiros afazeres diários como tomar café da manhã básico, tomar um banho e arrumar o seu trailer.

Após completar os seus primeiros passos no dia, você finalmente parava na frente do balcão/cozinha do trailer e ponderava sobre fazer uma sobremesa para levar ao almoço que havia sido convidada. Uma sobremesa que era típica do seu país de origem e que era consideravelmente fácil de fazer, afinal você apenas tinha que preparar a massa, fritá-la e completar depois de frita.

Rapidamente, você começava abrindo as gavetas dos armários na procura dos ingredientes, mas após muito procurar você notava que não possuía todos os ingredientes para fazer a sobremesa. Faltando a farinha e alguns ingredientes para a guarnição, você se via empacada logo no começo da receita.

Assim que você descobria isso, sua vista ficava levemente pesada, sua cabeça esquentava e você perdia o seu controle de uma forma explosiva. Gritando um palavrão em grego, você inconscientemente arremessou uma tigela de cerâmica na parede e somente o som da tigela se quebrando te “acordava” do pequeno surto.

Ao se aproximar do local onde a tigela havia caído, você notou que a mesma havia acertado um abajur que você tinha comprado recentemente. Agora sem todos os ingredientes, sem uma das tigelas e sem um abajur, você se encontrava ainda mais empacada na receita. No entanto, por mais que você tivesse se atrapalhado na receita, o que mais te impactou foi na verdade a súbita mudança de temperamento que tinha acabado de acontecer.

Era verdade que o estresse acumulado do trabalho e do último ano de “fuga” ainda não havia passado e que seu humor ainda era volátil, afinal esse era o primeiro final de semana de descanso que você tinha, mas aquela era a primeira vez que você se descontrolava por completo, mesmo que por pouquíssimo tempo, e agia agressivamente.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime9/11/2022, 15:31

Observar Kathy parando para falar com todas as famílias que a cumprimentavam, me faziam sentir um frio na espinha, claramente a mulher era alguém extrovertida e querida pela comunidade que começava a se formar no acampamento, balançando a cabeça com isso eu respirava fundo antes de me voltar para o começo do dia.

Colocando o café preto para fazer enquanto eu tomava uma ducha rápida, não era com dificuldade que achava uma roupa confortável para o resto do dia, calçando por fim o tênis puído pelo tempo e uso, eu me sentava por alguns minutos enquanto comia uma torrada com o café recém-passado.

“Ok, nada muito pesado já que eu vou almoçar cedo hoje… Isso se eu criar coragem né!”

Varrendo o chão do trailer era com calma que por fim que começava a reunir os ingredientes da receita que havia escolhido, o cheiro das loukamades me faziam salivar, isso até a primeira onda de frustração me fazer respirar fundo, ela logo era acompanhada de outras ondas e a respiração não era simplesmente capaz de acalmar meus nervos.

Olhando para parte dos ingredientes em cima do balcão eu sentia a velha e já conhecida raiva crescer, rangendo os dentes enquanto meus olhos se fechavam, eram os instintos que vazavam sem controle nenhum, e o som da minha própria voz que ganhava meus ouvidos se unia ao som do quebrar da tigela arremessada de encontro a luminária recém comprada.

Abrindo os olhos apenas para observar o movimento que meu corpo havia feito ao arremessar a tigela, minha mente levava alguns instantes para entender completamente o que havia acontecido, a pequena explosão havia me custado uma boa tigela e uma luminária nova, mas não era isso que me incomodava.

– Malaká.

Sentindo o corpo tenso pela explosão agressiva, um suor frio escorria pelas costas enquanto me forçava a recolher os cacos, olhando para a bancada que ainda exibia os ingredientes eu respirava fundo tentando colocar meus pensamentos em ordem.

– Saco é só farinha e pó de canela! Não é o fim do mundo Korina!

Coçando a nuca com força, era com rapidez que guardava os ingredientes, apenas para no fim pegar minha mochila e um casaco e sair do trailer, levando os cacos para o lixo central enquanto torcia para não conversar com ninguém.

“Melhor eu ficar sozinha hoje, não quero agredir ninguém. Se eu fiz isso por conta de farinha, nem quero pensar o que eu faria se ouvisse uma piada idiota!”

Respirando fundo, eu olhava as horas imaginando se ainda conseguiria algo comestível no Bimbark Park antes de ir andar perto do lago da reserva.

“Desculpa Kathy, mas hoje não vai rolar...”

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime12/11/2022, 00:46

A explosão de emoções te fazia limpar o trailer pela segunda vez em menos de 10 minutos e mudar de ideia sobre o que fazer naquele dia. Com o plano inicial de ir ao almoço da familia de Kathy abortado, você colocava seu casaco, cobria-se com o capuz, pegava sua mochila e partiu em direção ao parque Bimbark.

Enquanto você caminhava, você ainda conseguia sentir a raiva presente em seu corpo. Irritada, você caminhava como um tanque de guerra e as pessoas claramente precisavam evitar esbarrar contra você enquanto andava. Felizmente, ninguém se atrevia a entrar no seu caminho e muito menos te abordava para conversar enquanto você cruzava o aglomerado de gente que havia no acampamento de trailers.

Apesar do parque ser “ao lado” do acampamento, a entrada do mesmo ficava do lado oposto, portanto, a caminhada era de aproximadamente meia hora e durante esse tempo você conseguia colocar as emoções em ordem à medida que o tempo passava. Deixando o barulho do acampamento para trás, você reparava que a cidade estava bem mais movimentada do que o imaginado.

Melbourne era a segunda maior cidade da Austrália, mas a movimentação daquele dia estava realmente mais acentuada do que o normal. Demorava um pouco para você realmente entender o motivo de todo aquele movimento, mas depois de passar por diversos grupos de pessoas vestindo camisas de times de futebol australiano, ficava evidente que algum evento estava para acontecer.

Era somente ao chegar no parque que você realmente entendia a magnitude do que estava acontecendo. Logo na entrada do parque, você encontrava com uma grande quantidade de pessoas, algumas devidamente trajadas com as camisas de times enquanto outras não, mas nada que dificultasse sua entrada no parque. A entrada era gratuita, portanto não havia filas, mas a quantidade elevada de pessoas deixava tudo um pouco mais complicado.

Seguindo o caminho principal, a primeira área que encontrava era um local destinado a piqueniques, com mesas de madeira bastante espaçosas entre cada uma delas, que dava a privacidade suficiente para cada mesa. Lembrando do convite de Kathy, ali provavelmente era o local que a mulher havia mencionado e onde o almoço de família iria acontecer. No entanto, ao seguir pelo caminho principal você logo encontrava um largo campo aberto que era onde aconteciam os eventos e dessa vez não era diferente.

No campo, pelo menos 10 tendas foram erguidas com um certo espaçamento entre elas e no meio, após passar as tendas, você via que um telão havia sido montado. Ali várias pessoas se reuniao para acompanhar o que seria o jogo de futebol australiano e almoçar.

Imagem de referência:

No caminho até o telão, as tendas formavam um corredor, com 5 tendas de cada lado, e em cada uma delas você encontrava um tipo de gastronomia diferente. Churrasco australiano, comida oriental, peixe frito com batatas e as famosas tortas de carnes que os estrangeiros nunca entendiam como aquilo era tão popular. Felizmente a variedade era grande e você podia ter a liberdade de escolher o que queria comer.

[Off: Fazer um teste de Percepção + Prontidão. Diff 8]
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime13/11/2022, 20:28

A segunda limpeza no trailer e a longa caminhada me faziam recuperar o controle, mas a raiva ainda estava mais agitada do que o costume e isso me deixava desconfortável, principalmente para lidar com pessoas e desconhecidos.

Respirando profundamente enquanto caminhava até a entrada do parque, meus pensamentos se organizavam para o resto do dia, isso até eu começar a notar a movimentação mais atípica daquele fim de semana, curiosa com o que estava acontecendo, foi apenas quando finalmente entrei no parque que pude perceber o jogo que aconteceria.

“Deve ser a final… Ou alguma disputa bem importante, caso contrário não montariam o telão só pra uma partida normal.”

Observando os preparativos pro jogo que ainda ia começar, e as mesas destinadas às famílias logo na entrada do parque, eu puxava mais ainda o capuz do meu casaco enquanto andava para as barracas, por mais calma que eu estivesse agora, a última coisa que precisava era de perguntas sobre minha família, não depois daquele pesadelo que parecia ter mexido mais comigo do que eu realmente queria admitir.

O cheiro da comida me atingia em cheio me fazendo suspirar, olhando para as inúmeras opções que se apresentavam era o cheiro inconfundível de peixe frito e batata que mais me chamavam a atenção, me colocando na fila eu já planeava de pegar a porção dupla junto de uma bebida para então ir encontrar um lugar mais calmo na sombra e assistir ao jogo de longe, ou simplesmente ir até o lago em busca de silêncio e sossego.

“No meio desse pessoal todo a Kathy não vai me achar, e eu posso dizer que acabei encontrando algum amigo por aqui… É vai ser bom descansar a cabeça hoje.”

OFF: Teste Percepção + Prontidão = 5d10 dif.8
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime13/11/2022, 20:28

O membro 'Jess' realizou a seguinte ação: Rolagem de Dados


'D10' : 5, 4, 7, 10, 1
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime16/11/2022, 21:43

Se esquivando de qualquer possibilidade de encontrar Kathy e sua família, você colocava o capuz do casaco e adentrava na multidão. Guiada pelo cheiro, você se misturava e se mesclava no meio do fluxo de pessoas que ia e vinha. Apesar de não estar caracterizada como os demais, a cor neutra de roupas não te destacava tanto e assim você seguia.

Os diferentes cheiros e aromas de comidas te distraíam de uma barraca para outra. Pulando entre elas, você via os mais diferentes tipos de comida disponíveis, mas era o famoso “Fish and Chips” que realmente atiçava os seus sentidos. O prato tradicionalmente britânico, havia sido importado e tinha sido difundido na cultura Australiana que tinha raízes profundas com o velho país.

Rapidamente entrando na pequena fila da barraca que vendia a iguaria, você não passava mais do que 10 minutos esperando para realizar o pedido. Como a comida era basicamente peixe e batata frita, tudo saía muito rápido e era muito barato. Entregando o dinheiro para a atendente, a mesma lhe dava uma ficha e pouco depois o número dela era chamado para você recolher o pedido.

Como você havia pedido para viagem, o pedido tinha sido colocado em uma sacola e, com ela em mãos, você decidiu se afastar da multidão para comer em paz. Já que voltar para entrada não era uma opção, para não se encontrar com Kathy e sua família, você acabava entrando mais no parque. Como essa já não era sua primeira vez naquele parque, você ia para um dos lugares mais calmos que havia encontrado.

Para chegar no local, você seguia pela estrada principal e entrava em uma das ramificações mais remotas. Após alguns minutos de caminhada, você chegava até uma pequena barragem de pedra que bloqueava um pequeno rio e traçava o limite das construções e da floresta densa.

O local era calmo, com o som de água correndo, peixes e outros animais que passavam pela mata próxima. Se sentando em uma mesa que havia no local, você abria seu almoço e não pensava duas vezes para começar a devorá-lo. Apesar de ser uma porção dupla você comia tudo com facilidade, afinal, você tinha andado bastante para chegar no parque, e dentro dele também, além é claro de ainda não ter comido tão bem desde que acordou.

Para sua sorte, ninguém parecia estar se aventurando pelo local onde havia escolhido comer e ali você fazia sua refeição com tranquilidade. Após comer, você ainda conseguia aproveitar a calmaria do local até que algo lhe chamava a atenção. Do mesmo caminho que você tinha vindo, uma pessoa aparecia, na verdade ela não aparecia e sim caia! Isso mesmo, vindo pela trilha, um homem de meia idade, usando roupas comuns, óculos escuros, boné e portando uma câmera acabava tropeçando e rolando no final da ladeira que chegava até onde você estava.

- Argh… Merda…

A cena toda seria cômica se não fosse trágica, afinal, o homem, que aparentava estar na meia idade, tinha caído feio por cima da câmera, quebrando-a e se machucando ao ponto de ficar no chão por alguns minutos.
Pessoa desconhecida:
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Jess

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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime17/11/2022, 15:49

Evitar pessoas e chamar o mínimo de atenção possível, eram minhas habilidades mais comuns, por isso eu não sentia culpa em evitar o almoço em família da Kathy, principalmente quando eu simplesmente não queria causar problemas aos outros.

“Seria uma péssima ideia dar um chilique no almoço do dono do acampamento… Espero que eles não fiquem chateados.”

Balançando a cabeça para afastar os pensamentos “culposos” eu me dedicava a tarefa de comprar a comida, algo que não demorava muito já que de certa forma já estava acostumada com aquele tipo de venda.

A espera não demorava muito, pegando minha sacola de comida e guardando a bebida dentro da mochila, era um pequeno desafio sair da multidão famintas, ainda assim por já conhecer o parque era com facilidade que o fazia, escolhendo uma das rotas mais calmas para seguir meus passos ganhavam com rapidez a tão desejada calma daquele dia.

O silêncio do caminho escolhido me fez suspirar, mesmo que já tivesse caminhado grande parte da manhã, era naquele caminho que finalmente conseguia empurrar a raiva para seu devido lugar, isso pelo menos até ela extravasar de novo, respirando fundo eu sentia o frescor no rosto enquanto abria o casaco e colocava o capuz para trás, já não tinha motivo para me esconder, afinal eu estava em uma das trilhas do parque e nem mesmo o som da multidão chegava ali.

Um sorriso calmo tomava meu rosto quando finalmente chegava na barragem, escolhendo uma das mesas para me sentar, era com calma que retirava a garrafa de água da mochila e finalmente abria minha sacola de comida, levando meu tempo para comer, não era surpresa nenhuma ver aquela porção dupla de batata frita e peixe frito sumir, finalmente me sentido satisfeita era da melhor forma possível que limpava minhas mãos e jogava fora a embalagem para então voltar a me sentar na mesa e relaxar.

Deitada sobre a mochila, eu observava o movimento típico de insetos e pássaros perto da barragem, talvez por isso o som de passos tenha me chamado a atenção, mas claramente não me preparava para o que estava acontecendo.

Vendo o homem escorregar pela trilha e cair em cima do equipamento fotográfico me fez fechar os olhos, segurando o instinto de rir era só com o som do xingamento que eu abria os olhos para vê-lo ainda no chão.

– Acabou o sossego.

Murmurava baixo ao me levantar e ir até o homem para ajudá-lo a se levantar.

– Senhor! Você se machucou?

Estendendo a mão, eu o encarava preocupada enquanto esperava por sua reação.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime23/11/2022, 23:53

A queda do homem desconhecido era espalhafatosa. Além de cair por cima da câmera, ele deixava sua mochila cair e praticamente se esparramava no chão. O fato de que ele caiu por cima do equipamento também era preocupante, mas não no sentido da perda material e sim de ter causado alguma lesão, afinal o homem se contorcia no chão logo após cair.

Revirando os olhos, você decidiu por se levantar e ir ajudar o homem. O tempo que você levava para chegar até onde ele estava era o suficiente para se recuperar do impacto da queda, parar de remoer a dor e se colocar de joelhos. Ao se aproximar, você estendia a mão e perguntava se o mesmo estava bem, mas ele tomava alguns segundos para perceber que você havia se aproximado.

Ao olhar na sua direção, ele ficava surpreso e congelava momentaneamente. Logo em seguida, ele aceitava sua ajuda para se levantar depois de desviar o olhar. Você percebia que ele pressionava a região abdominal com a mão direita, como se tentasse controlar a dor enquanto virava o rosto, evitando o contato visual direto com você. - Ahh.. Obrigado pela ajuda. Estou bem… estou bem. Arg… cadê meus equipamentos. - Assim que se levantava, o homem se mostrava bem nervoso e começava a olhar ao redor a procura dos seus pertences. Visivelmente com dor, ele rapidamente se movia para pegar sua mochila e a câmera que havia deixado cair. - Essas trilhas são realmente bem perigosas, não é? Mas está tudo bem… não me machuquei.

Ainda bem transtornado, ele começava a mexer na câmera tentando ver o estrago que havia sido feito nela. Observando-o era possível notar que o aparelho era robusto e aparentava ser bem profissional. Além disso, na mochila aberta dele você também conseguia ver lentes e alguns outros acessórios que claramente eram para o equipamento. - É acho que já era. - Irritado e desapontado, ele falava e depois olhava na sua direção como se tivesse esquecido que você estava ali. - Há… Que falta de educação a minha. Gostaria de dizer que é um prazer te conhecer, mas a situação é bem desagradável… Ainda assim, obrigado por me ajudar… moça. Acho que esse é o fim das minhas aventuras por hoje.

Com a expressão desapontada, você notava que a reação dele parecia um pouco estranha e logo depois de falar, o homem pegou o equipamento e colocou dentro da bolsa. Com bastante pressa, ele fechava a bolsa e a colocava de volta nas costas para falar novamente. - Bom… err… deve ter sido um belo espetáculo a minha queda, mas, como falei, acho que… bem… vou embora. - De alguma forma, o desconhecido parecia ter dificuldades de formar uma frase até mesmo para dizer que ia sair e sem pensar duas vezes o homem dava um pequeno aceno, se virava e começava a andar a passadas rápidas na direção do caminho que tinha acabado de vir.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime24/11/2022, 15:40

Rangendo os dentes só de imaginar a dor que o desconhecido sentia após a queda, eu tomava meu tempo para ir ajudá-lo, já de joelhos era talvez pelo impacto que este demorava a me notar, algo que me deixava desconfiada, embora pudesse ser apenas o impacto da queda e do equipamento perdido que o deixará tonto.

Firmando os pés na trilha era com calma e até costume com peso que o ajudava a se levantar, afinal o trabalho com entregas era sempre um desafio quando se tratava de peso e acidentes corriqueiros, como pés amassados ou bundas ao encontro do chão duro e escorregadio.

– Malaká, foi uma queda bem feia moço, tem certeza?

Eu perguntava ao começar a ajudá-lo a recolher as coisas que havia se espalhado pelo chão, entregando em suas mãos com cuidado de deixar claro que eu estava devolvendo e não roubando, na situação era a simples falta de contato visual que mais me incomodava, mas não havia sobre o que reclamar naquele momento.

“Ok, achei alguém mais tímido do que eu! Sério como isso é possível?!”

Observando as reações dele com mais calma, era com um gesto simples que o segurava pelo braço quando este fazia menção de ir embora, ainda o segurando com leveza eu o encarava comentando de maneira educada e racional.

– Moço! Você caiu bem feio, tem certeza que não bateu a cabeça? Porque a gente não se senta um pouco e você toma um relaxante muscular que eu tenho na bolsa, eu trabalho com entregas e sei que você deve tá sentindo bastante. Depois de uma queda dessa não é muito legal ficar sozinho ou supervisão.

Soltando o braço deste, eu apontava para a mesa onde estavam minhas coisas, inclusive a garrafa de água pela metade e minha mochila.

– Eu me chamo Korina, prometo que não vou te assaltar nem nada, mas quando você estiver melhor eu te ajudo com a trilha. Tudo bem?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime29/11/2022, 22:14

Apesar das suas boas intenções em ajudar o homem, o mesmo se mostrava muito nervoso quando você se aproximava do mesmo. Quando você tentava ajudá-lo a pegar as coisas do chão, ele rapidamente coletava o que tinha caído, às vezes até pegando abruptamente da sua mão, e colocava diretamente dentro da mochila que carregava. Além disso, ao segurar em seu braço, ele tomava um leve susto e recuava o braço, evitando contato corporal, e se mantendo a uma certa distância.

Muito além de nervoso, o homem parecia um pouco transtornado com toda a situação, mas ao ouvir sua fala para se sentar até melhorar, ele parava e desviava o olhar para pensar. -  É.. acho que sim. Foi uma queda forte mesmo. - A expressão de dor ainda era visível no rosto do homem e no comportamento dele ao tentar, novamente, pressionar as costelas com o braço.  -  Korina? - Sem expressar uma reação, ele pausava mais uma vez para então lhe responder. -  Imagino que se você fosse realmente me roubar já teria tentado enquanto eu estava caído. - Ele falava com certa relutancia. -  Me chamo Alan e… obrigado pela ajuda.

Agora um pouco mais “tranquilo”, o homem fechava a mochila, depois de colocar todos os equipamentos dentro dela, e te acompanhava até a mesa ainda cobrindo a região das costelas e claramente ainda com a guarda alta. -  Você costuma vir aqui? Essa é minha primeira vez no parque e eu não sou muito de trilhas, mas pensei em aproveitar para tirar algumas fotos que nunca tinha feito antes. - Depois de olhar ao redor em desconfiança, o homem se sentava do lado oposto da mesa e levantava a camisa para ver como estava o abdômen.

Mesmo que ele tivesse se virado para ficar de costas para você, ao inclinar a cabeça era possível ver que o hematoma já se formava na região. Ao ver a situação, ele mesmo tentava tocar e imediatamente se arrependia e soltava um grito abafado de dor que mais parecia com um grunhido. Assim ele abaixava a camisa e se virava na sua direção para falar com um sorriso amarelo no rosto. -  Bom, eu realmente adoraria continuar a conversa sobre o parque e as trilhas, mas parece que eu vou precisar ir. Se você não se importar, eu gostaria de pagar uma refeição ou algo do tipo como retribuição pela sua ajuda. Que tal você me passar seu telefone para que a gente possa marcar. - Depois de falar, ele fazia uma pequena pausa e complementava antes de você respondê-lo.  -  Ah e não se preocupe, não é um encontro nem nada. Eu tenho uma esposa e dois filhos. Se quiser eles podem ir também. - Depois de uma primeira impressão estranha do homem, ele finalmente parecia mais sociável e calmo apesar de tudo.

Assim que terminava de falar, ele se levantava, se preparando para sair enquanto esperava pela sua resposta.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime30/11/2022, 13:39

Surpresa com as reações quase que agressivas do homem, eu permanecia em silêncio, talvez fosse o susto da queda ou a simples vergonha que o faziam agir assim, ainda assim quando este dizia que ia embora era com certa ênfase que não o deixa ir.

– Foi uma queda bem feia mesmo, provavelmente você vai sentir por algumas semanas!

Respirando aliviada quando este me acompanhava até a mesa, eu estendia a garrafa de água pela metade enquanto pegava minha mochila a procura do remédio que havia mencionado.

– Não que eu já tenha roubado alguém na vida, mas roubar uma pessoa caída é bem mais fácil do que alguém que pode correr atrás, né?

Comentava ao finalmente achar o remédio, levantando os olhos era de relance que via a mancha roxa começar a se formar no lugar em que ele havia caído por cima do equipamento, desviando o olhar eu estendia o relaxante muscular enquanto o respondia.

– Eu alugo um trailer aqui perto no acampamento aqui perto, como é meu dia de folga resolvi aproveitar pra descansar um pouco por aqui, fora que não é a primeira vez que eu faço essa trilha. Então, sim, costumo vir aqui sempre que posso e o tempo permite. E sério, Alan, eu seria uma verdadeira escrota se não te ajudasse depois dessa queda.

Colocando a mochila no chão, eu cruzava as mãos sobre a mesa de pedra, atenta as reações do homem a minha frente, eu me mantinha em alerta a qualquer sinal de uma ferida maior do que ele inicialmente apresentava.

“Ele vai ter sorte se não trincou uma costela nessa brincadeira. Pera, hoje tem jogo no telão do parque, então pode ser que tenha alguma equipe médica pela região.”

Voltando minha atenção para Alan, era com uma risada mal contida que me levantava para acompanhá-lo.

– Olha, você não me deve nada. Sério mesmo! Mas só por precaução, acho melhor eu te acompanhar pela trilha, além disso, tá tendo sendo transmitido um jogo no telão central, e talvez tenha alguma equipe médica. Seria muito bom que você procurasse atendimento o mais rápido possível.

Comentava ao estender a mão para ajudá-lo a se levantar da mesa.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime1/12/2022, 22:21

Assim que vocês chegavam à mesa, você logo oferecia água e um remédio para o homem, no entanto, ele apenas fazia um sinal negativo com a mão e recusava o medicamento. Apesar de provavelmente estar sentindo dor, ele parecia estar controlando bastante sua reação, afinal, o máximo que ele fazia era cobrir a região abdominal com a mão, como já estava fazendo antes.

- Você mora aqui em um acampamento aqui perto? Eu não sabia que tinha algo do tipo por aqui. Deve ser muito bom morar perto do parque, isso no caso se você realmente gosta de fazer trilhas, né.

Ao terminar de falar, ele voltava a te escutar e, mais uma vez, ele fazia um sinal negativo com a mão, mas dessa vez com um sorriso amarelo no rosto. - Imagina. Você não me deve nada, eu que te devo por me ajudar. E honestamente, você não tinha que me ajudar. Muita gente não teria feito nada. - Com um tom de voz já bem mais tranquilo, ele tentava negar sua ajuda de uma forma educada.

No final das contas, o homem te ouvia novamente insistir em ajudá-lo, dessa vez para levá-lo até o atendimento médico do evento que acontecia e, depois de respirar fundo, ele fechava os olhos, tocava um pouco na região da ferida e chegava até a fazer uma leve careta. - Tudo bem. Sinceramente não quero ser um incomodo, mais do que já fui, e, novamente, você não me deve nada. Mas eu concordo que a trilha pode ser um pouco complicada então eu aceito sua ajuda até a equipe médica do jogo, se é que tem uma.

Depois de falar, o homem prendia bem a mochila nas costas e apertava as fivelas para deixar o mais fixo possível. Assim ele olhava na sua direção e falava praticamente já iniciando a caminhada. - Vamos? - Você não sabia se ele estava realmente sentindo muita dor ou se ele só estava apressado, mas ele não esperava muito por você e começava a caminhada sem olhar para trás.

Assim que você recolhia suas coisas e apertava o passo para chegar perto dele, você conseguia notar que ele andava um pouco curvado e compensando o peso da mochila no lado oposto da ferida. Ao notar que você havia se aproximado, e já caminhando em uma marcha rápida, ele olhava levemente na sua direção e falava. - Bom, se você não quiser aceitar o jantar como agradecimento, você pode me dizer seu endereço e eu posso passar pra te deixar um presente pela ajuda. Acho melhor né, afinal, seria meio estranho irmos em um jantar. - Terminava de falar com uma risada desajeitada.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime2/12/2022, 15:28

Em silêncio eu via Alan recusar a água e o remédio, voltando a guardá-los na mochila com um gesto de concordância eu sorria ao comentar de maneira breve.

– Depende muito, tipo eu gosto das trilhas e da calma que isso me traz, mas se você não gosta de insetos ou aves batendo na sua janela pela manhã não recomendo nem um pouco. Ou barulho, as vezes os vizinhos podem ser bem barulhentos.

Dando de ombros diante as palavras de Alan me era impossivel negar a conclusão que ele chegava, afinal houve momentos em minha vida que havia precisado de ajuda e tudo que encontrará foi o descaso ou os olhares de julgamento alheio.

“É nem todo mundo ajudaria, mas eu não sou assim...”

Ainda em silencio era com um simples sorriso aliviado que me arrumava para acompanhar Alan até o atendimento medico mais perto, afinal a queda havia sido bem feia para não ser acompanhada de perto por um médico ou enfermeiro.

Terminando de colocar a mochila nas costas eu apressava meu passo para acompanhar Alan, notando que este mantinha uma distancia “segura” eu abria espaço de maneira natural enquanto o seguia atentamente.

– Não é que eu não queira aceitar, é que eu sou bem ocupada mesmo. Então se você quiser realmente me recompensar por uma coisa que não precisa, você pode levar pro Acampamento Lagoon Reserve e deixar com o senhor Anderson, ele é o proprietário do acampamento e como eu fico mais tempo fora do que lá ele me entrega sem problemas.

Me colocando ao lado de Alan da trilha eu deixava algum espaço entre nós para dar a liberdade que ele parecia tanto manter intacta, respirando fundo era com calma que me preocupava em observar o caminho a procura de algum possível buraco ou declive.

– Mas se você quiser me pagar um café, eu aceito, ou pizza. Acho que tem uma Domino’s aqui perto. Assim eu não fico como pessoa que não aceita as coisas também.
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime8/12/2022, 13:18

Caminhando em um ritmo rápido, vocês andavam pela trilha sem muitos problemas e sem pausas. Mesmo que o homem soltasse um suspiro de dor em algumas ocasiões ou parecesse indicar que iria parar para descansar, ele não queria parar e continuava a trilha sem pensar duas vezes.

Apesar de bastante focado na trilha, o homem não deixava de ouvir suas resposta a pergunta dele, principalmente quando você falava que morava no acampamento e falava sobre pagar uma pizza como recompensa pela ajuda, já que ele estava realmente interessado em lhe recompensar. - Você mora nesse acampamento então… Ouvi falar dali recentemente, parece ser um bom local e bem localizado. Digo isso porque tenho uma amiga que está se mudando para Melbourne também. E imagino que os animais possam ser um problema, mas bem, estamos na Austrália, eles são um problema em qualquer lugar.

Após falar, ele tocou mais uma vez a região abdominal e exibiu novamente o rosto de dor para, somente então, poder lhe responder novamente. - Olha, depende do que os médicos disserem. Eu não sei se vou precisar ir em um hospital mas se estiver tudo bem e não for nada além de um hematoma, por mim pode ser também. - A resposta dele fazia sentido, afinal, você mesma havia visto que era um hematoma grande e ele poderia facilmente ter fraturado alguma costela.

- Mas não se preocupe, qualquer coisa eu deixo sim um presente de agradecimento. -  Depois de ouvir a resposta dele, a caminhada era  tranquila e não demorava para vocês chegarem no objetivo. Encontrando com a massa de gente que se aglomerava para ver o jogo de futebol australiano, vocês circulavam o evento e logo encontram um ponto de atendimento. O ponto em sí era apenas uma tenda separada do aglomerado e contava com três atendentes, uma maca para atendimento e o extremamente necessário, além de uma ambulância.

O homem rapidamente tomava a dianteira e prontamente começava a falar com os atendentes. Não demorava muito para que ele explicasse o que havia acontecido e sem delongar dois dos para-médicos o colocaram na cama e começaram os procedimentos básicos. Observando toda a cena, você via que quando o homem tirava a camisa o hematoma parecia um pouco maior do que o esperado, mas além disso, você reparava que o homem parecia estar bem condicionado, apesar da idade. Outra coisa que te chamava a atenção era a presença de uma nametag e uma tatuagem de uma âncora e uma bússola sobre o coração dele.

Observando de uma certa distância, você notava que os paramédicos faziam perguntas para o homem enquanto tratavam do ferimento e, por conta disso, você acabou não reparando em quem se aproximava por trás. - Korina? - Foi somente ao ouvir a voz familiar de Kathy que você notava a aproximação da mulher. Ao se virar, você reparava que Kathy agora usava uma camisa de um time de futebol e caminhava na sua direção juntamente de uma mulher estranha, mas belíssima. -  Eu sabia que você iria aparecer em algum momento e fico muito feliz que teve como vir, mas está tudo bem? Você se machucou ou algo do tipo? - Comentava ela em um mix de felicidade e preocupação -  Ah sim, que grosseria minha, deixe-me apresentar uma amiga da nossa família. Esta é Grigoria Mavralli, ela nos ajudou muito na construção dos nossos empreendimentos e na nossa comunidade também e, coincidentemente, é grega que nem você!

A mulher ao lado de Kathy era, como dito, portadora de uma beleza incrível, mas a sua beleza não era a única coisa que chamava a atenção, afinal, ela uma mulher bem mais alta que o comum e também não parecia seguir o padrão de moda, afinal, ela usava roupas confortáveis e claramente surradas de tanto usar. - Prazer em te conhecer. Kathy me falou bastante sobre você, ela disse que temos muito em comum. Você se mudou para a Austrália faz muito ou pouco tempo? - Prontamente após falar, a mulher estendia a mão para você e te cumprimentava com um aperto de mão bem firme.
Grigoria:
Roupas:
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime9/12/2022, 21:23

Mesmo com o passo rápido da trilha, era com cuidado que me preocupava em ver como Alan andava ou se demonstrava algum sinal de uma possível concussão, já que a queda havia sido feia e problemática devido à câmera esmagada.

– Bom, se eu fosse sua amiga daria uma olhada nas vagas. O lugar é novo e o aluguel é mais barato, e já ta começando a encher de gente.

Comentava de maneira calma sobre a possibilidade da amiga de Alan alugar um trailer no acampamento, concordando com um breve aceno sobre a possibilidade da pizza ser o “pagamento” de Alan pela ajuda prestada, eu continuava atenta a trilha.

“Acompanhar alguém até a enfermaria mais próxima nunca foi tão recompensador. “

Adentrar novamente na parte central da reserva me fez suspirar, a grande quantidade de nos obrigou a circular a multidão, por sorte isso ajudou a localização do posto de atendimento, acompanhando Alan até os enfermeiros era com surpresa que me o via tomar a dianteira.

Me mantendo afastada, mas a vista do que estava acontecendo no atendimento, era de relance que via o hematoma, um feito pela queda, além da tatuagem e a nametag, algo que me fazia franzir o cenho em curiosidade, me distraindo ao caçar pelo fone de ouvido que costumeiramente deixo nos bolsos de minhas calças, era a voz de Kathy que fazia suspirar.

“Malaká! Essa mulher tem um gps nas minhas costas?!”

Respirando fundo, eu me virava para encara Kathy e a mulher que a acompanhava, surpresa pela reação preocupada de Kathy e principalmente pela figura que não esperava ver ao lado desta, eu balançava a mão com ênfase ao respondê-la.

– Não! Não, eu não me machuquei. Na realidade eu fui dar uma volta pela trilha que leva até a barragem, e bem o cara ali caiu feio na trilha.

Comentava ao apontar na direção de Alan, voltando a encarar as duas, eu colocava as mãos nos bolsos da jaqueta e continuava a falar.

– Como não tinha ninguém por perto, achei melhor trazer ele para ver se ele não quebrou nada.

Sorrindo na direção de Grigoria eu estendia a mão para cumprimenta-la, havia certa surpresa pela firmeza do aperto, mas saber que estava diante de uma conterrânea me fez relaxar um pouco.

– Eu tinha 7 anos quando minha mãe e o marido resolveram se mudar para Austrália, ou seja, já faz um tempinho isso. E você está aqui à muito tempo?

“Vou ignorar o fato que a Kathy só me conhece a menos de 4 horas. Acho que ela só quer ser simpática, mas sério essa mulher precisa de um emprego!”
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime15/12/2022, 21:45

Kathy realmente parecia ser o tipo de mulher que não deixava nada escapar e que nem desistia de algo. Insistente e persistente, ela havia conseguido te achar novamente no meio daquela multidão e enquanto estava acompanhada. Mas apesar disso, era fácil ver que Kathy era uma mulher muito social e que fazia amizade com todas as pessoas, o que não era ruim, afinal, ela até mesmo tinha te convidado para comer de graça.

Grigoria, no entanto, era uma figura nova misteriosa. A alta mulher de grande beleza acabava sendo sua conterrânea e logo de início apresentava uma personalidade mais reservada do que Kathy. Ainda assim, com um sorriso no rosto a mulher lhe ouvia atentamente para te responder logo em seguida. - Eu vim para a Austrália quase o dobro da sua idade, mas estou aqui há tanto tempo que praticamente parece que nasci aqui. Já morei em várias cidades daqui, mas Melbourne ganhou um lugar no meu coração e desde que cheguei não saí mais. - Ao falar da cidade era possível ver os olhos dela brilhar e pelo que havia falado, ela realmente parecia amar a cidade.

Após ouvir a mulher, Kathy esperava um pouco para falar mas acabava comentando - Levando em consideração tudo que você passou por aqui quando chegou, ainda fico surpresa que você tenha criado todo esse vínculo com a cidade. -  Observando as duas, você notava que Grigoria fazia um sorriso amarelo e balançava a cabeça positivamente, como se confirmasse que algo ruim havia acontecido.

- Acho que foi justamente pelas dificuldades que encontrei e que me deram um propósito por aqui. - Respondia brevemente e fazia uma pausa para olhar na sua direção e voltar a falar logo em seguida. - Só para que você possa entender, quando me mudei para Melbourne, eu trabalhava na delegacia de crimes contra mulheres e ela estava praticamente abandonada, então enfrentamos muitos problemas naquela época, mas, felizmente muito mudou desde então. - Você notava que apesar de, claramente, estar orgulhosa dos feitos, ela não parecia falar com muita empolgação e mantinha a calma e expressão tranquila desde o começo.

Depois da mulher se explicar, ela e Kathy levantavam os olhos para a direção da tenda que estava atrás de você. Assim que elas faziam isso, você tinha tempo de se virar e notar a aproximação de Alan, que já estava vestido e com um sorriso amarelo no rosto. Ele se aproximava cuidadosamente, como se não quisesse interromper a conversa. - Olá, tudo bem? - ele começava dirigindo a palavra para as duas mulheres que ainda não conhecia e fazia um cumprimento a distância, que era retribuído pelas mulheres - Desculpa interromper, eu só queria passar para agradecer pela ajuda e dizer que eu vou mesmo precisar ir ao médico. Parece que eu fraturei ou trinquei uma ou algumas costelas, então vou ter que fazer um exame de imagem para saber. - Comentava ele falando na sua direção. - Obrigado pela ajuda e qualquer dia eu passo para deixar um presente de agradecimento! - Assim que ele terminava de falar, o homem te dava algum tempo para responder e iniciava sua caminhada na direção da saída do parque.

- Nossa, mas que senhor educado. Espero que fique tudo bem com ele. Pelo que ele falou a queda deve mesmo ter sido feia, né? - Ela falava com um tom de surpresa ao ouvir a resposta dele. A fala de Kathy mostrava que ela estava encantada com a atitude do homem, mas ao olhar na direção de Grigoria, você via a mulher encarar o homem com cuidado enquanto ele se distanciava. Após alguns segundo, era Kathy a voz de Kathy que voltava a falar e chamava a atenção. - Bom, o que você acham de irmos comer uma torta? Minha filha fez uma maravilhosa para o jogo hoje! - Antes de responder, Grigoria olhava na sua direção e esperava uma posição sua.
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Jess

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1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli Empty
MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime18/12/2022, 19:50

Ainda meio irritada com o fato de que Kathy havia conseguido me achar em meio a multidão, eu respirava fundo me concentrando na resposta de Grigoria, afinal não era todo dia que se encontrava uma conterrânea.

“Eu sei que ela não fez por mal, mas sério ela precisa de um passatempo menos invasivo.”

Atenta as troca de palavras das duas mulheres a minha frente, era fácil perceber que Grigoria possuía uma personalidade forte, a escolha de profissão parecia ser um eco disto, sorrindo de maneira educada era me esforçando para acompanhar a conversa que comentava.

– Ah, seu trabalho é bem importante então. Eu não consigo imaginar o porque de deixarem departamentos tão importantes a mingua.

“Ela é policial então! Deve ser uma barra bem dura, principalmente no departamento feminino.”

Entretida no esforço de me manter o sociável, era a movimentação de Alan ao se aproximar que me chamava a atenção, escutando-o sobre a possibilidade de ter quebrado ou simplesmente trincado as costelas eu fazia uma careta de dor concordando com um breve movimento.

– Isso deve estar doendo pra caramba! Tudo bem, fico feliz que não tenha sido nada mais grave e espero que você melhore logo.

Respondia sem saber ao certo como me despedir de uma pessoa que apenas havia ajudado, vendo-o se afastar e ouvindo as palavras de Kathy sobre a torta era concordando com a mesma que a respondia.

– Ele caiu por cima do equipamento fotográfico, acho que foi isso que machucou mais. Bom acho que não posso recusar um pedaço de torta né?

Curiosa sobre as reações de Grigoria, meus olhos seguiam pra figura de Alan que se afastava em uma tentativa de entender quais seriam as suspeitas de Grigoria, por fim colocando as mãos no bolso eu perguntava em grego.

– Ta tudo bem?
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MensagemAssunto: Re: 1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli   1º Arco: Ato I da Narrativa de Korina Mitrouli I_icon_minitime

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