Sua moto a levou de volta para o seu refúgio, a estação de trem mais antiga da cidade. A parte da estação conhecida como "a estação de onde nada parte", afinal, é uma das poucas obras que nunca encontraram o avanço da modernidade e acabou por tornar-se um "marco histórico" sem receber mais nenhum tipo de reforma ou nenhum trem sequer. A sua gangue de motoqueiros já não estava mais ali, eram quase 4 horas da manhã e eles certamente estavam bêbados em algum pub fedido.
Após estacionar a moto e seguir para o interior da estação, o silêncio a acompanhou por muito tempo. Apenas o barulho do vento rodopiando entre as colunas de concreto, o balançar das correntes metálicas que erguiam algumas lâmpadas antigas e amarelas, o estalar das luzes dos pequenos postes, luzes tão velhas que estalavam por não conseguir mais iluminar como faziam a quarenta anos atrás, tremulando sua força e causando várias construções únicas das sombras.
-Então a mais bela retorna, como uma verdadeira visão dos Deuses pervertidos. Com suas roupas rasgadas, curvas tentadoras e de beleza única... Ela caminha, puta com alguma coisa e isso deixa tudo mais especial. A grande pena aqui é, eu não me importo mais com tais coisas, se vivo fosse seria inesquecível,mas convenhamos... Não tem nada especial em nós não é mesmo?
Disse uma voz masculina muito conhecida, sempre com seu humor estranho e suas perguntas sem respostas. Era Mikael que aparecia entre as colunas, sempre o mais furtivo e astuto dos seus amigos da cidade.