Aibellee Lenoxx - Ato I: War and Rain

Os olhos de Ruth, que estavam fechados quando o sangue dela havia sido totalmente drenado, se abriram de novo. Dessa vez se mostraram com a tonalidade escarlate cobrindo todo o cristalino de seus olhos. Era uma visão que misturava o pânico ao terror completo e absoluto. Pois sua ação não havia terminado, estava longe de terminar. Suas presas continuavam cravadas no pescoço dela tentando sugar o que não havia mais para ser sugado. Era como fazer força para tirar vácuo usando sucção. Parecia impossível que algo se resultasse daquele processo. Afinal você nunca havia feito nada parecido.

Então veio. Veio um frio em seus caninos. Era um frio aterrorizante que corria até seus nervos. Poderia ser considerado como a maior de dente que você jamais tivera. Só que logo esse frio foi passando. A temperatura de seus caninos foi aumentando. Começou gradativo e então ficou muito discrepante o crescimento. Seus caninos pareciam estar queimando enquanto você começava a sentir algo entrando. Era impossível descrever, sequer com mil palavras o sentimento "daquilo" adentando suas veias. Seu corpo se contorcia e sua besta rugia. Gritava, ela estava ficando mais forte, mais violenta. Sua besta corre para suas presas e a mesma controla seus caninos que agora pareciam em chamas.

As chamas parecem de fato existir. Pois o corpo da Ruth começa a queimar. Mas não havia fogo o queimando. Só que as manchas de queimadura surgiam por toda sua pele exposta. O tecido de sua roupa ia ficando carbonizado junto. Os olhos dela secaram de vermelho e eram apenas trevas agora. A besta dela não existia mais. Apenas as queimaduras. Que iam borbulhando e se tornando mais profundas. Até o momento que as cinzas começaram a se acumular por sua pele, cada vez mais cinzas. Todo seu corpo se sucumbia ao pó. E apenas o pó restou. Uma mancha escura de cinzas no chão.

Disse Tayanita enquanto observava a cena junto de Karla que parecia aterrorizada. Mas as palavras quase que não entraram em sua cabeça. A sua besta gritando ecoava dentro de ti com tanta força que parecia que você ia explodir. Seu sangue corria com tanta potência que você não tinha mais ideia se controlava ou não seus membros. Mas sua besta não lhe tomou por completo. Quem venceu foi a vertigem. Sua visão começou a ficar embaçada. Dava para sentir que sua consciência estava se apagando. Mais alguns instantes e estaria dormindo.

As presas brancas se cravaram na garganta da caída, o sangue imundou a garganta de Aibelle silenciando o grito de desespero de Ruth, o gosto doce e antigo quase foi rejeitado pelo corpo da mais nova, com um tremor esta se esforçou para continuar o que havia começado.

A besta interior de Aibellee urrou de prazer ao lutar com a fraca besta de Ruth, a ferida logo caiu sobre o peso da mais nova fazendo com que tremores trespassassem o corpo da cainita quando o vazio do sangue se fez presente.

" Eu não posso parar agora..."

Aibellee abocanhou com mais voracidade o corpo inerte de Ruth, chegando a quase deitar por cima deste como uma ave carniceira, sua mão tampou os olhos de Ruth em um espasmo quando aos poucos o vazio era preenchido pelo calor. A estranha fome que se apossou fez com que a cainita sugasse aquele calor com força, a mente fazia desta era tomada aos poucos pelo correr de sangue em seu próprio corpo e a voracidade.

Sentir o corpo debaixo do seu se desmaterializar aos poucos como cinzas fez com que Aibelle cravasse as mão no tórax deste, empurrando contra o chão a cainita buscava instintivamente não larga-lo, em sua mente a luta para se manter consciente e no controle se travava com agressividade. A besta muito mais forte revelava sua natureza selvagem, Aibellee por sua vez se agarrava a esta impedindo o controle.

Quando as forças abandonaram tanto a besta quanto Aibellee a negra jogou seu pescoço para trás em um espasmo, não havia mais o sentido de corpo e mente dentro desta, os olhos amarelados da africana procuraram a figura da gata mais velha fazendo com que uma voz gutural ecoasse pela garganta.

- Feito... Senhora

Caindo para o lado Aibellee sentiu a escuridão se aproximar e se entregou a ela sem medo.